AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA ATIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS DO MEIO AMBIENTE PARA ALUNOS COM TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Ribeiro, A.L.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Loiola, L.C.P.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Lopes, C.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Ribeiro, M.E.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Dutra, M.K.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Khan, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Fernandes, R.M.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)


RESUMO

A utilização da Aula de Campo como recurso de Metodologia Ativa no Ensino de Ciências da Natureza tem interferência direta no processo de Ensino-Aprendizagem de alunos com Transtornos de Aprendizagem. Esta auxilia no processo de construção do conhecimento das Ciências por esses alunos com dificuldades. Portanto, o trabalho teve objetivo de pesquisar, adaptar e utilizar essa prática de maneira consciente e adaptativa, de acordo com a necessidade e demanda dos alunos, relacionando e aplicando os conteúdos das aulas no cotidiano dos mesmos, melhorando, não só a assimilação da matéria de estudo, como também as relações e desenvolvido dos estudantes.


Palavras Chaves

Metodologias Ativas; Transtornos ao aprender; Educação Inclusiva

Introdução

As práticas de Metodologias Ativas voltadas ao Ensino estudam os métodos que direcionam os caminhos para a Aprendizagem Significativa. Nesta, o aluno atua como princípio direto na construção dos seus conhecimentos, ou seja, exerce papel de protagonista na sua formação. Devem ser analisadas, então, as dificuldades desses alunos e adaptar a melhor metodologia para promover um melhor processo de aprendizagem, possibilitando, assim, uma melhor assimilação de conteúdos e incentivar a busca ativa por novos conhecimentos, inter-relacionando educação, cultura, sociedade, política e escola. Dentre os processos de implementação de novos métodos e técnicas nas salas de aula, existe uma grande variedade de possibilidades, que devem ser analisadas de acordo com cada aula e necessidades, para que haja uma melhor absorção dos conteúdos. Esse processo de aprendizagem, por vezes, torna-se mais difícil para alguns alunos, aqueles que apresentam Transtornos de Aprendizagem. Visando a redução da dificuldade no processo de assimilação de conteúdos e conhecimentos, deve haver adaptação das Metodologias aplicadas no Ensino Básico, momento em que os alunos estão passando por processos de formação e construção socioeducacional. FERREIRA (2015), aponta que é importante utilizar estratégias e recursos que auxiliem na aprendizagem significativa de alunos que apresentam quadros de transtornos de aprendizagem, uma vez que esses transtornos interferem significativamente no rendimento escolar e atividades diárias. Logo, atentar-se para as dificuldades nessa fase da vida de crianças e adolescentes acaba por interferir diretamente no futuro dos mesmos, tanto nos quesitos de rendimento escolar, como nas atividades diárias e de convívio em sociedade. Ao implementar Práticas Ativas de Ensino, devem ser expostos os objetivos, necessidade, tempo, recursos, bem como quem será o público-alvo beneficiado com o método. Pois, o processo de aprendizagem depende do meio e das condições em que o aluno está inserido, assim como das modalidades didáticas de ensino implementadas pelo professor (BASÍLIO; OLIVEIRA, 2016). Logo, as melhores abordagens e tipos de aula, se fazem de maneira adaptativa, levando em conta a necessidade dos alunos, assim como a disposição dos recursos e matérias que serão fornecidos pela instituição de ensino. Adequar Métodos e Práticas de Ensino para alunos com Déficits de assimilação de conteúdos, faz-se sumamente importante analisar as características de cada aluno, assim como seu Transtorno, uma vez que pode haver casos de uma metodologia se aplicar mais a uma dificuldade do que a outra. De acordo com CHIARELLO (2019), os Transtornos de Aprendizagem mais comumente observados nas salas de aula são: Dislexia; Disgrafia; Discalculia; Transtorno do Espectro Autista; Transtorno do Déficit de Atenção; Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. As práticas trabalhadas devem ser pensadas para que as dificuldades desses alunos sejam reduzidas, independente da sua condição, sem que hajam distinções, promovendo assim, maiores interações e inclusão dos alunos. Portanto, o trabalho teve como principal objetivo de pesquisar e implementar a Aula de Campo como um tipo de Metodologia ativa em alunos com Transtornos de Aprendizagem, visando a maior assimilação dos conteúdos de Ciências da Natureza, assim como contribuir para o crescimento individual e coletivo dos alunos envolvidos no projeto.


Material e métodos

O procedimento metodológico do trabalho foi subdividido em três etapas, caracterizadas por: Pesquisa; Coleta e Análise de dados; e, Aplicação de Metodologia. No primeiro momento, fez-se um levantamento do perfil dos Transtornos de Aprendizagem e Metodologias Ativas de Ensino, pois através da investigação o pesquisador pode ter uma ideia mais nítida sobre o problema e buscar solução (SOBREIRA, et al., 2021). Durante o processo de pesquisas, feitas por meio de livros, artigos, seminários e congressos, chegou-se, assim, ao levantamento de Metodologias Ativas de Aprendizagem (MAA), assim como os principais Transtornos de Aprendizagem que estão relacionados às questões de ensino. Após levantamento destes Transtornos e os métodos que podem ser utilizados, foram feitas observações e caracterização do espaço de atuação: o Centro de Ensino Cônego Ribamar Carvalho, escola da rede pública da Educação Básica localizada no município de São Luís - MA. Sendo assim, foram levantados pontos importantes a serem observados na instituição de ensino, como: estrutura; quantidade de salas, alunos e professores; metodologias e recursos utilizados; formação continuada dos docentes; alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), sejam estas físicas, motoras, psicológicas e/ou de aprendizado. A coleta de dados no Centro de Ensino ocorreu por meio de conversas e entrevistas com os professores, alunos, coordenação e gestão da instituição, sob justificativa de compreender o processo de ensino-aprendizagem, assim como as abordagens utilizadas na escola, de maneira conferente das práticas utilizadas nas salas de aula regulares, assim como na Sala de Recursos Multifuncionais, uma vez que este é o ambiente em que os alunos com Transtornos de Aprendizagem (que possuem laudos comprobatórios) são atendidos e são trabalhadas as suas dificuldades de assimilação dos diversos conteúdos, assim como são aprimoradas suas habilidades cognitivas, sensoriais e motoras. Por fim, após analisar Metodologias, Transtornos de Aprendizagem e Coleta de dados na instituição, pôde-se iniciar a última etapa desta pesquisa: definição, preparo e aplicação da Metodologia Ativa escolhida: uma Aula de Campo, adotando a metodologia de sala de aula invertida. Para tal prática, foi organizado um passeio com os alunos da Instituição, onde os estudantes puderam observar e aplicar, na visita ao “Parque Ambiental ALUMAR”, os conteúdos sobre: a importância da preservação do Meio Ambiente; os animais que fazem parte do ecossistema; fotossíntese das plantas; e, sustentabilidade. Após a aplicação da Metodologia, os alunos foram avaliados de maneiras adaptadas e diferidas de acordo com suas capacidades. Alguns estudantes responderam oralmente a algumas perguntas sobre a visita, enquanto outros fizeram desenhos e textos como forma de relatório de caso, além de rodas de conversa sobre o espaço de visita.


Resultado e discussão

Quanto à primeira proposta deste trabalho, que consiste no levantamento de Metodologias Ativas de Ensino e Transtornos de Aprendizagem, foram identificadas e classificadas as melhores práticas e abordagens a serem utilizadas de acordo com as características das Dificuldades, chegando à conclusão da importância e necessidade de utilização de novos métodos de ensino em benefício de alunos com algum desses Transtornos. Acerca das observações da escola e questionamentos feitos nas entrevistas com os professores da instituição, pôde-se destacar o fornecimento bimestral, semestral e/ou anual de oficinas e palestras de formação contínua na escola, onde os educadores são instruídos como trabalhar com esses alunos. Outros questionamentos foram voltados a adaptação de atividades e provas dos alunos, assim como sobre a existência do Plano Educacional Individualizado (PEI) para cada aluno com algum Transtorno diagnosticado. As Metodologias Ativas de Aprendizagem correspondem aos métodos voltados a problemas relacionados com as vivências dos estudantes, podendo ser reais ou imaginários, para que desperte nestes o interesse em buscar os conhecimentos (BASÍLIO & OLIVEIRA, 2016), visando a solução através de pesquisas, projetos e recursos, precisando desempenhar e aplicar os conhecimentos adquiridos na sua construção de conhecimentos, até chegar a uma possível solução à problemática. Bacich & Moran (2018), apontam as seguintes Metodologias como as mais eficientes a serem implementados em sala de aula: Sala de aula invertida; Aprendizagem baseada na Investigação; Aprendizagem baseada em projetos; Aprendizagem por histórias e jogos; STEAM. Além de analisar os métodos utilizados nas salas de aula, os Transtornos de Aprendizagem (TA’s) têm apresentado destaque no processo de ensino-aprendizagem. Estes podem ser caracterizados por dificuldades de assimilação de conteúdos relacionados ao ambiente escolar. CHIARELLO (2019), destaca Dislexia, Disgrafia, Discalculia, TEA, TDA e TDAH, como as dificuldades de aprendizagem mais comuns vistas em sala de aula. Dentre essas, foram identificadas no Espaço de Atuação, o C.E. Cônego Ribamar Carvalho, apenas alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Portanto, a Metodologia escolhida foi determinada e adaptada para reduzir as dificuldades destes. BASÍLIO & OLIVEIRA (2016), destacam que é importante haver um modelo de ensino que seja motivador e que desperte a curiosidade dos alunos, ou que os alunos possam transpor os conhecimentos aprendidos em sua realidade. Logo, a metodologia de Aula de Campo permitiu a esses alunos aprenderem fora do espaço de sala de aula, sobre as questões ambientais, assim como estimulou a interação social com os outros alunos e professores. Durante a aplicação da prática metodológica os alunos foram levados ao Parque Ambiental ALUMAR para a realização de uma visita, na qual estes puderam observar e estudar o local, sendo fornecidas palestras, trilhas e oficinas voltadas às práticas ecológicas e um desenvolvimento sustentável, aplicando assim, os conteúdos vistos em sala de aula em suas realidades. Os alunos fizeram uma breve trilha no espaço, chamada de “Trilha do Marfim”, possibilitando maior aprendizagem sobre os conteúdos de vegetação, meio ambiente, clima e relevo, passando a entender melhor sobre as sucessões ecológicas e a importância dos animais inseridos no meio ambiente. Por fim, foi observado e constatado, por meio dos relatos e atividades propostas aos alunos com Transtornos de Aprendizagem, que a metodologia utilizada na aula prática de Campo, que atuou como forma de Sala de aula Invertida, foi efetiva e trouxe benefícios significativos para a assimilação dos conteúdos de Ciências da Natureza vistos em sala de aula, bem como possibilitou maiores interações sociais entre os alunos da escola, sejam estes com algum Transtorno de Aprendizagem ou não. Além disso, pôde-se observar que a implementação da metodologia aplicada trouxe visibilidade sobre esses alunos para além dos espaços da comunidade escolar, visto que a visita ao Parque Ambiental ALUMAR foi noticiada em alguns portais de notícias, jornais e redes sociais, demonstrando a importância da inclusão e adaptação das práticas educacionais na vida dos alunos com Transtornos de Aprendizagem.

figura 1

Alunos assistindo à Palestra sobre Meio Ambiente no \r\nParque Ambiental ALUMAR.

Figura 2

Alunos realizando uma trilha no Parque Ambiental \r\nALUMAR.

Conclusões

A proposta apresentada neste trabalho destaca o levantamento e a importância da utilização de Metodologias Ativas no ensino da disciplina de Ciências com alunos que apresentem Transtornos de Aprendizagem nas redes de ensino da educação básica. Possuindo assim, o objetivo de facilitar o ensino e aprendizagem desta disciplina por meio de aulas práticas experimentais relacionadas aos conteúdos vistos em sala de aula. Dessa forma, foram feitos levantamentos sobre os Transtornos de Aprendizagem e as melhores metodologias a serem aplicadas de acordo com cada necessidade. Para tal, foram analisadas as práticas e vivencias desses alunos com dificuldades de assimilação no Centro de Ensino Cônego Ribamar Carvalho. Além dos alunos, foram levadas em consideração as abordagens e metodologias utilizadas na instituição pelos professores efetivos da escola. Após verificações, iniciou-se a organização de uma visita ao Parque Ambiental ALUMAR, que atuou como metodologia de aula de campo, possibilitando aos alunos uma melhor assimilação, visualização e aplicação cotidiana dos conceitos voltados ao Meio Ambiente, assim como maiores interações sociais com outros alunos. Para verificação da aprendizagem dos alunos inclusos, foram elaboradas, pelos estudantes, atividades, adaptadas de acordo com o potencial de cada um, que relatassem a visita ao Parque. Podendo assim observar melhor assimilação dos conteúdos por esses alunos, além de comprovar, com a prática, a efetividade das metodologias de ensino previstas nas literaturas.


Agradecimentos

À Universidade Estadual do Maranhão e ao PIBEX pelo incentivo à esta pesquisa. À Dra. Raquel Maria Trindade Fernandes por sua orientação. Aos colegas de pesquisa e amigos pelo apoio e auxílio durante a realização deste trabalho.


Referências

BACICH, LILIAN & MORAN, JOSÉ. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática.  Porto Alegre: Penso, 2018.
BASÍLIO, J. C.; OLIVEIRA, J. C. Metodologias ativas para o aprendizado em ciências naturais no ensino básico. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE, v. 1, 2016.
CHIARELLO, MARILUCE PAOLAZI. Dificuldades e transtornos de aprendizagem. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 04, Vol. 04, pp. 102-120. Abril de 2019.
FERREIRA, Cláudia. Transtornos de aprendizagem: da teoria à prática. Uni Duni Editora de Livros LTDA, 2015.
SOBREIRA, A. A. .; BARBOSA , A. M. L. .; SOUZA, A. C. S. de .; CASTILHO, C. M. de .; SANTOS, D. do S. N. dos .; COSTA, E. do S. F. .; SILVA, E. de L. dos S. da .; FERREIRA, E. M. da S. .; COSTA, H. F. da .; ARAÚJO, J. V. .; MACHADO, J. M. de C. .; MOURA, M. M. G. .; SILVA, R. R. S. da .; SILVA, S. C. M. . Learning disabilities: a literature review on dysgraphia and dyscalculia. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 2, p. e15510212564, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i2.12564. Disponível em <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/12564>. Acesso em: 13 apr. 2023.

PATROCINADORES

CFQ PERKINELMER ACMA LABS BLUCHER SEBRAE CRQ XV CAMISETA FEITA DE PET LUCK RECEPTIVO

APOIO

UFRN UFERSA IFRN PPGQ IQ-UFRN Governo do Estado do Rio Grande do Norte Natal Convention Bureau Nexa RN