ÁREA
Ensino de Química
Autores
Silva, M.V. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ) ; Cavalcante, I. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ) ; Sampaio, D.R. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ) ; Resende, E.C. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ) ; Nobre-da-silva, N.A. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ) ; Valdo, A.K.S.M. (IF GOIANO - CAMPUS IPORÁ)
RESUMO
Este estudo relata a experiência de projeto de ensino de nivelamento em Química 1 para estudantes do segundo ano de cursos técnicos integrados ao ensino médio. O projeto envolveu 44 estudantes e as aulas foram ministradas por licenciandos em Química. Metodologias variadas, como exposições dialógicas, contextualização e atividades lúdicas, foram empregadas. Os resultados indicaram impactos negativos do ensino remoto de Química 1 durante uma avaliação inicial. Durante o projeto, porém, a aplicação de metodologias alternativas e o estímulo à participação ativa levou a avanços significativos no aprendizado de conceitos básicos de Química. Logo, destaca-se a importância do nivelamento para enfrentar os desafios pós- pandêmicos.
Palavras Chaves
ensino remoto; nivelamento; Química básica
Introdução
No ingresso de estudantes em uma instituição de ensino, é comum que eles apresentem diferentes níveis de aprendizagem. Dado esse cenário, torna-se relevante o emprego de atividades de nivelamento. O Conselho Nacional de Educação compreende o nivelamento como uma avaliação diagnóstica e formativa dos estudantes e ainda, uma forma de promover a recuperação do conteúdo de alguns estudantes (OLIVEIRA, 2020). Sendo assim, o nivelamento é uma estratégia pedagógica que visa fomentar o aprendizado de estudantes em uma turma, recuperando eventuais defasagens que alguns estudantes apresentem em determinados conteúdos. O ensino remoto apresenta, nas últimas décadas, uma tendência de crescimento, mas durante a pandemia foi a estratégia usada para não interromper definitivamente os estudos. Entretanto, essa foi uma medida paliativa, cuja implantação foi rápida e não teve o suporte necessário para o pleno desenvolvimento do estudante. Além disso, outros fatores que impactam diretamente no aprendizado, se intensificaram, como: desigualdade social, o acesso aos meios de comunicação, acesso à internet, local apropriado para o estudo, dentre outros (PORTO; QUEIROZ, 2020). Logo, os projetos de nivelamento, apesar de comum no ingresso das instituições, tornaram-se uma ferramenta importante dado o período pós-pandemia. Os impactos escolares do período pandêmico ainda estão sendo relatados, contudo já ressalta- se o abismo educacional gerado por uma estrutura socioeconômica tão desigual no nosso país (ECHALAR; ROSA; LIBÂNEO, 2023). Esse trabalho visa compartilhar a experiência de um projeto de ensino ofertado durante o ano de 2022 para as turmas de segundo ano dos cursos técnicos integrados ao ensino médio com o foco em revisar os conteúdos de Química ofertados durante o ensino remoto.
Material e métodos
Os estudantes da turma ingressante em 2021 foram o foco desse trabalho. A percepção do impacto do ensino remoto foi notada no início de 2022, durante a disciplina de Química 2, na qual muitos dos referidos estudantes estavam apresentando dificuldades de aprendizado. Isso era esperado, devido ao caráter cumulativo da Química. Portanto, esse cenário motivou a implantação de um projeto de ensino de nivelamento visando revisar os conteúdos de Química 1. Na nossa instituição são ofertados três cursos de ensino técnico integrado ao médio, sendo eles: Agropecuária, Desenvolvimento de Sistemas e Química. O convite foi feito para todas as turmas, 44 estudantes se inscreveram para participar do projeto. Esses estudantes foram separados em três grupos. Os encontros com os estudantes desses grupos ocorreram por dez semanas, com aulas de uma hora de duração semanal. Os conteúdos foram ministrados por estudantes do curso de Licenciatura em Química da mesma instituição de ensino. No primeiro encontro foi solicitado a resolução de uma lista de exercícios sobre diversos temas de Química 1 para avaliação das dificuldades dos estudantes. Durante as demais aulas, foram expostos os conteúdos de forma expositivo- dialogadas e também com o uso de metodologias alternativas, como jogos. Os conteúdos trabalhados foram: história da Química, modelos atômicos, estrutura atômica, tabela periódica e propriedades periódicas, ligações químicas, reações químicas, balanceamento de equações químicas, número de oxidação e nomenclatura de compostos com funções inorgânicas. Além do momento em sala de aula, os estudantes resolveram listas de exercícios sobre cada um dos temas. No final do projeto foi solicitada a resoluções de exercícios extraídos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Resultado e discussão
No questionário inicial, foi observado que todos os estudantes deixaram ao menos
uma questão sem responder. Já nas questões respondidas, observou-se que os
estudantes não tinham domínio de conceitos químicos básicos, como a definição de
átomos e íons. Com esse primeiro questionário foi possível observar os fortes
impactos negativos do ensino remoto no aprendizado de conteúdos de Química 1
para esses estudantes. Esse impacto também foi verificado por Neto e
colaboradores (2022), os quais relatam que a Química foi a disciplina mais
prejudicada no período pandêmico, pois não havia possibilidades da realização de
aulas práticas e a utilização de metodologias diversas.
No decorrer dos encontros, essas defasagens tentaram ser minimizadas. O uso de
metodologias alternativas levou à uma maior participação dos estudantes durante
as aulas. Sendo isso intensificado com o emprego de jogos e mapas conceituais.
Além disso, o uso da contextualização de conceitos químicos levou a aulas mais
dinâmicas e participativas. A contextualização refere-se a um aproveitamento e
junção das experiências advindas dos estudantes com foco de aprendizagem
objetivado (WARTHA; SILVA; BEJARANO, 2013).
Ao final do projeto, por meio da resolução de exercícios do ENEM, observou-se
por parte dos alunos um maior domínio sobre os conteúdos essenciais da Química
1. Além disso, os estudantes relataram que o projeto foi importante no
aprendizado de Química básica e solicitaram que um projeto similar fosse
executado novamente. Por fim, verificou-se também uma melhora no desempenho dos
estudantes participantes no projeto na disciplina de Química do segundo ano do
ensino médio. Dessa forma, esse trabalho também reforça a importância de
atividades de nivelamento em um contexto de pós-pandemia.
Conclusões
O impacto negativo no aprendizado durante o ensino remoto foi verificado com a execução desse projeto. Logo, percebe-se que a forma que a instituição conduziu esse período não foi satisfatória para proporcionar um aprendizado de conceitos básicos de Química 1. Além disso, com a execução do projeto com foco em nivelamento, foi observado que foi possível suplantar as principais dificuldades dos alunos em relação a aprendizagem de Química 1. Verificou-se também, que estratégias com uso de jogos, mapas conceituais e contextualização são significantes no engajamento do aprendizado dos estudantes.
Agradecimentos
A colaboradora do projeto Adenilda Rodrigues da Silva. Ao Instituto Federal Goiano pela bolsa de projeto de ensino.
Referências
ECHALAR, Adda Daniela Lima Figueiredo; ROSA, Sandra Valéria Limonta; LIBÂNEO, José Carlos. Finalidades educativas escolares e didática: ressonâncias da Pandemia.1.ed. Goiânia, GO: IF Goiano, 2023.
NETO, Mário do Nascimento; OLIVEIRA, André Lucas Santos de; SANTOS, Bruno Moraes Batista; SANTOS, Nadia Farias dos. Pandemia: efeitos e dificuldades no ensino da Química. In: Anais do VIII Congresso Nacional de Educação, Maceió. Campina Grande: Realize Editora, 2022.
OLIVEIRA, Danielly. Nivelamento mede aprendizagem de aluno durante pandemia. Desafio da Educação. Disponível em: <https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/nivelamento-aprendizagem-pandemia/>. Acesso em 24 ago 2023.
PORTO, Paulo Alves; QUEIROZ, Salete Linhares. Covid-19 e volta às aulas presenciais. Química Nova na Escola. V. 42, n. 3, p. 207, 2020.
WARTHA, Edson José; SILVA, Erivanildo Lopes da; BEJARANO, Nelson Rui Ribas. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 84-91, 2013.