CICLO DE PALESTRAS: UMA ATIVIDADE DE ENSINO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Ferraz, J.M.S. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Lima, L.K. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Farias, J.S. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Soares, E.M.C. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Brito, L.T.G. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Melo, K.S.G. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Silva, K.H.T.F. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Silva, G.F. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Silva, R.M.M. (IFPB - JOÃO PESSOA) ; Figueirêdo, A.M.T.A. (IFPB - JOÃO PESSOA)


RESUMO

O Ciclo de Palestras é uma atividade do Programa de Educação Tutorial - PET Química do Instituto Federal da Paraíba – IFPB, Campus João Pessoa. Tal atividade colabora para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos licenciandos durante o curso. Assim, o objetivo deste trabalho foi contribuir na formação dos estudantes e prepará-los para suas carreiras como educadores. Foram ministradas 10 palestras, abordando temas que destacam os diversos contextos da Química. Mediante a uma abordagem qualitativa e quantitativa, foi entregue um Questionário de Sondagem Inicial (QSI), antes da palestra, e no término, um Questionário de Sondagem Final (QSF). Portanto, tal atividade contribuiu de forma enaltecedora na aquisição de conhecimentos químicos, além de uma formação mais ampla e enriquecedora.


Palavras Chaves

Ensino; Palestra; Química

Introdução

Frente aos desafios contemporâneos relacionados à área de Química, tanto as instituições de ensino superior públicas, quanto as privadas têm a responsabilidade de preparar profissionais que atuem diretamente contra a disseminação de concepções deturpadas desta Ciência. Belo, Leite e Meotti (2019, p.2), enfatizam que “a qualificação profissional é uma das principais estratégias para a conquista de uma educação de qualidade, visto que a formação inicial é insuficiente para atender as exigências impostas pela sociedade atual”. Para superar esses obstáculos, é essencial promover ações de colaboração e incentivo na formação de profissionais que estejam aptos a transitar em diferentes áreas de conhecimento. Isso envolve repensar currículos educacionais e criar espaços para a troca de ideias entre as disciplinas. Sob esta ótica, acredita-se que a incorporação de eixos temáticos contextualizados e interdisciplinares no ensino, se revela como uma estratégia altamente eficaz para a formação de conhecimentos científicos mais abrangentes e efetivos. Oliveira (2005, p. 13), sublinha que a contextualização no ensino de Química é um recurso para “[...] promover inter-relações entre conhecimentos escolares e fatos/situações presentes no dia-a-dia dos discentes, imprimindo significados aos conteúdos e fazendo com que os alunos aprendam de forma significativa”. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) (Brasil, 2006, p. 117) também defendem a ideia de que a contextualização: “[...] é uma abordagem que integra temas sociais (do cotidiano) e que, não dissociados da teoria, não sejam pretensiosos ou meros elementos de motivação ou de ilustração, são uma maneira eficiente de contextualizar os conhecimentos químicos e torná-los socialmente mais relevantes”. Além disso, em um mundo cada vez mais interconectado, as situações raramente se restringem a uma única área de conhecimento. Corroborando com esta concepção, Alves et al. (2020) enfatizam que a abordagem interdisciplinar promove a convergência entre diferentes áreas de conhecimento, como ciência, tecnologia e sociedade a fim de possibilitar discussões e análises complexas, devido à variedade de perspectivas aplicadas a uma mesma situação. Em suma, a interdisciplinaridade será, então, o meio articulador do processo de ensino e aprendizagem, assumindo-se a partir de uma atitude que se estabelece no encontro dialógico dos sujeitos que ocupam o território das disciplinas (FAZENDA, 1979). Dessa forma, temas geradores pouco difundidos devem ser implementados na matriz curricular dos cursos de formação docente, especialmente na área de Química, ampliando os seus conhecimentos técnico-científicos e adaptando-se às informações e mudanças que vêm ocorrendo. Kraisig, Rocha e Braibante (2018, p. 136), afirmam que tais temas “[...] contribuem para um estudo da realidade, enfocando uma situação que tenha significação individual, social e histórica”, o que faz dessas abordagens tematizadas recursos essenciais para o programa de licenciatura. Dentro dessa perspectiva multitemática, o Programa de Educação Tutorial – PET Química, do Instituto Federal da Paraíba – IFPB, Campus João Pessoa, desenvolveu uma atividade de ensino intitulada “Ciclo de Palestras” que aborda temas relevantes do cotidiano do discente que não são tratados habitualmente pelo professor na sala de aula. Algumas das palestras aludiram acerca de contextos sociais, ambientais e históricos, coadunando esses temas com áreas específicas da Química. De acordo com essa premissa, abordagens temáticas demonstram contribuir para uma compreensão mais acentuada dos mecanismos químicos envolvidos nos diferentes casos estudados, constatando-se a importância e o papel da Química nos mais diversos processos. Destarte, o objetivo deste trabalho foi apresentar a atividade de ensino “Ciclo de Palestras”, aos discentes graduandos do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal da Paraíba, Campus João Pessoa, de forma contextualizada e interdisciplinar.


Material e métodos

O trabalho foi realizado com uma abordagem quantitativa e qualitativa. “O planejamento de uma pesquisa qualitativa ou quantitativa, ou mesmo as que usam metodologias mistas, precisa considerar as possibilidades de alcance e produção de entendimento sobre determinado fenômeno e, também, os limites das abordagens construídas.” (DOURADO; RIBEIRO, 2023, p. 13). A atividade intitulada “Ciclo de Palestras” ministrada pelos bolsistas do PET Química do IFPB, Campus João Pessoa, ocorreu presencialmente no auditório desta instituição, no turno matutino. O público-alvo dessa atividade foram 16 (dezesseis) graduandos do Curso Superior de Licenciatura em Química do Campus. As palestras aconteceram durante 5 (cinco) dias, em que foi estabelecido 2 (duas) palestras pela manhã, utilizando-se projetor multimídia e quadro branco para as mais diversas abordagens propostas pelos ministrantes, sendo elas intituladas: “A fascinante fusão entre ciência e gastronomia molecular”; “A Química dos produtos de limpeza: saúde e meio ambiente”; “Fenômenos naturais” ; “Contexto histórico da ciência: um estudo sobre armas químicas no período das guerras mundiais”; “Mercúrio na mineração de ouro: prejuízos socioambientais e caminhos para uma exploração sustentável”; “A Química da tatuagem: o que está por trás da sua pigmentação?”; ”Processo de fabricação de cerveja: da moagem à fermentação”; “Acidentalmente o primeiro antibiótico”; “Biocombustíveis: uma energia renovável com seus malefícios e benefícios”; “Revelando os mistérios das explosões: uma análise Química de reações exotérmicas”. Cada palestra teve uma duração média de 45 (quarenta e cinco) minutos cada, ampliado por mais 10 (dez) minutos para possíveis questionamentos do público presente. Por fim, com a finalidade de obter dados a respeito da atividade, foram aplicados um Questionário de Sondagem Inicial (QSI) e outro Questionário de Sondagem Final (QSF), após o término de cada palestra ministrada, que demandou em média 20 (vinte) minutos para os estudantes responderem.


Resultado e discussão

O “Ciclo de Palestras” baseia-se na apresentação de temas na área de Química que geralmente não são ofertados no currículo do curso de Licenciatura em Química. Dessa forma, tal atividade apresenta-se como uma estratégia educacional inovadora, que tem o intuito de enriquecer a formação dos licenciandos, proporcionando-lhes uma qualificação mais abrangente. Visto que, essa abordagem teve como meta fomentar o desenvolvimento de futuros profissionais da área supracitada com um currículo sólido e mais completo. A atividade também caracterizou-se como um método interdisciplinar que buscou o encontro da Química com outras disciplinas ou temas que fogem da matriz curricular convencional. Sob esse viés, esse método interdisciplinar relacionou a Química com diversas temáticas extracurriculares, auxiliando os graduandos a refletirem sobre as temáticas abordadas e, consequentemente, melhorando a sua atuação profissional. Além disso, essa atividade de ensino contribuiu para a promoção de habilidades e competências e na aquisição de novos conhecimentos (Barbosa, 2020), visando estimular o interesse dos alunos em outras áreas da Química. Nesse contexto, foi aplicado em todas as palestras um Questionário de Sondagem Inicial que tinha a principal indagação: “Você já ouviu falar sobre essa temática em sala de aula ou em outro local?” O Gráfico 1 apresenta o percentual médio dos resultados obtidos nas 10 palestras realizadas. Nessa conjuntura, a análise desses dados revela claramente a falta de familiaridade prévia dos participantes com os temas abordados. Assim, essa avaliação proporciona uma visão mais precisa do alcance da atividade em relação à superação da lacuna existente entre o currículo tradicional do curso de licenciatura e os temas menos explorados. Além disso, a constatação da ausência de conhecimento sobre as temáticas reforça a importância do “Ciclo de Palestras” como uma iniciativa que busca proporcionar uma exposição enriquecedora sobre tópicos pouco convencionais. Sendo assim, os temas das palestras foram diversificados, porém, todos abordaram conceitos fundamentais da Química no intuito de explorar suas aplicações relacionadas ao cotidiano e ao contexto social e, ainda, ampliar o entendimento em diversas áreas do conhecimento, conforme demonstra a Tabela 1. De acordo com a Tabela 1, observa-se que tal atividade proporcionou uma abordagem interdisciplinar e contextualizada da Química, conectando-a a diversos campos do conhecimento e realçando seu papel vital em nossa sociedade e ambiente. Logo, essa ampla exploração de assuntos oferece ao aluno uma perspectiva abrangente sobre a importância da Química em várias esferas, o que contribui para consolidar seu interesse e envolvimento com os assuntos. Ademais, durante as palestras, os graduandos demonstraram um interesse expressivo em aprender, visto que além de questionarem, debateram intensamente sobre cada tema. Sendo assim, durante a apresentação das palestras, foi percebido um grande entusiasmo da turma, pois houve uma interação significativa, com questionamentos frequentes, e com situações em que possibilitaram a reflexão dos conteúdos explorados, o que, consequentemente, facilitou a dinâmica entre os palestrantes e os ouvintes. Perante o exposto, após às apresentações das palestras, foi aplicado um Questionário de Sondagem Final em todas as palestras no intuito de saber a opinião do público sobre a metodologia utilizada, assim, a questão principal discorreu em: “Dê uma nota de 0 a 10 para a metodologia aplicada na palestra de hoje”. Constatou-se que, dos 16 (dezesseis) licenciandos que estavam assistindo às palestras, 13 (treze) atribuíram notas superiores a 8,0 (oito) em relação ao desempenho metodológico dos discentes bolsistas palestrantes do PET Química, o que mostra a importância da atuação de uma atividade interdisciplinar a qual corroborou para uma ampliação do conhecimento dos graduandos em relação ao método utilizado.

Gráfico 1: Percentual médio dos resultados nas palestras.

Gráfico 1: Percentual médio dos resultados nas \r\npalestras.

Tabela 1: Assuntos abordados em cada palestra

Tabela 1: Assuntos abordados em cada palestra

Conclusões

As considerações prévias do público pesquisado destacaram a falta de familiaridade com os temas abordados durante as palestras. Isso ressalta a importância de se trabalhar temas fora da matriz curricular do curso de Licenciatura em Química. Nesse sentido, verificou-se que os temas das palestras, embora diversos, conseguiram abordar conceitos fundamentais da Química de maneira contextualizada, relacionando-os ao cotidiano e ao contexto social. Esse enfoque ampliou a compreensão dos estudantes sobre a aplicabilidade dessa ciência em diferentes áreas do conhecimento. Além disso, estimulou a participação ativa dos alunos, que se envolveram em debates e questionamentos, demonstrando um genuíno interesse em aprender e compreender melhor as questões discutidas. Assim, a atividade promoveu o pensamento crítico, a capacidade de análise e a busca por soluções sustentáveis para problemas reais, como no caso da palestra sobre os impactos do mercúrio na mineração de ouro. A interdisciplinaridade, o estímulo ao debate e a contextualização dos temas foram elementos-chave que podem servir de inspiração para outras instituições de ensino superior, públicas e privadas, na busca por uma educação de qualidade que atenda às exigências da sociedade contemporânea e promova a ampliação da ciência Química. Portanto, o “Ciclo de Palestras” demonstrou ser uma iniciativa valiosa para a formação de profissionais de Química mais bem preparados e conscientes de sua responsabilidade social e ambiental, proporcionando uma visão ampla e integrada da referida disciplina, conectando-a a diferentes aspectos da vida cotidiana e do conhecimento humano.


Agradecimentos


Referências

ALVES, J. N. et al. Ciências na pandemia: uma proposta pedagógica que envolve interdisciplinaridade e contextualização. Revista Thema, Diamantina/MG, v. 18, p. 184-203, 2020. Disponível em: https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/1850/1566. Acesso em: 19 ago. 2023.
BARBOSA, J. E. P. Ensino, pesquisa e extensão universitária: a indissociabilidade dessa tríade como método na formação do bacharel em direito. Revista Manus Iuris. Mossoró: Universidade Federal Rural do Semi-Árido. v. 1. n.1. 2020.
BELO, T. N.; LEITE, L. B. P.; MEOTTI, P. R. M. As dificuldades de aprendizagem de química: um estudo feito com alunos da Universidade Federal do Amazonas. Scientia Naturalis, Rio Branco, v. 1, n. 3, p. 1-9, ago, 2019.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Volume 2. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2006.
BRASIL. L. D. B. Lei 9394/96–Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC. Brasília. 1996.
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DOURADO, Simone; RIBEIRO, Ednaldo. Metodologia qualitativa e quantitativa. Editora chefe Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Editora executiva Natalia Oliveira Assistente editorial, p. 12, 2023.
FAZENDA, I. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo, Loyola, 1979.
KRAISIG, Ângela Renata; ROCHA, Thaís Rios; BRAIBANTE, Mara Elisa. Abordagem da temática “cores” em um minicurso para estudantes dos cursos técnico e licenciatura em Química. Revista Debates em Ensino de Química, v. 4, n. 2, fev. 2018.
OLIVEIRA, A. M. C. A química no ensino médio e a contextualização: a fabricação do sabão como tema gerador de ensino aprendizagem. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Naturais e da Matemática) – Curso de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e da Matemática, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, p. 261. 2005. Disponível em: https:// repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/16027/1/AnaMariaCO.pdf. Acesso em: 19 ago. 2023.

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