O Ensino de Termoquímica mediante uma Sequência Didática Investigativa: Uma proposta de ensino.

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Vilhena, E.C.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; da Cruz, E.N.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; dos Santos, E.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Machado, J.R.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)


RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de apresentar uma Sequência Didática Investigativa para o ensino de conceitos de Termoquímica no Ensino Médio. Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico sobre a definição e o processo metodológico da Sequência Didática e como desenvolvê-la em um ambiente investigativo, partindo da perspectiva de alfabetizar cientificamente o aluno. Como resultado, foi produzida uma proposta de ensino dividida em quatro etapas: problematização, investigação, sistematização do conhecimento e contextualização do conhecimento. Todas as etapas se focam em abordar a questão: “Por que houve aumento dos focos de incêndio na Amazônia, embora seja um bioma úmido?”.


Palavras Chaves

Alfabetização Científica; Ensino Investigativo; Ensino de Química

Introdução

O ensino de química pode oferecer ao indivíduo subsídios necessários para compreender, analisar e se utilizar de diversos fenômenos que ocorrem no seu cotidiano (AFONSO et al., 2018). Entretanto, o cenário educacional brasileiro apresenta estudantes com dificuldade nos conteúdos de química. Estudos relatam que os alunos apresentam dificuldade de compreender certos conceitos abstratos como energia de ligação, calor, entre outros conceitos de Termoquímica (SOUZA, 2007). Diante disso, é relevante repensar-se o ensino de Termoquímica, objetivando não só uma melhor compreensão dessa importante ferramenta para a “leitura” da realidade natural, mas também para o exercício do senso crítico em relação à própria natureza da ciência e aos fenômenos sociais correlacionados.


Material e métodos

A partir de levantamento sobre os conceitos de Alfabetização Científica e definições para a construção de uma Sequência Didática de cunho investigativo (SDI), foi desenvolvida uma pesquisa de caráter bibliográfico, com o objetivo de produzir uma proposta de ensino para Termoquímica que contemplasse os ideais de educação propostos, visando a aprendizagem de conceitos, mas, igualmente, o desenvolvimento do senso crítico e alfabetização científica. Neste trabalho, compreende-se Alfabetização Científica como o ensino que proporciona condições para o indivíduo de se apropriar e utilizar elementos e conceitos de uma realidade cultural científica, no sentido de autoformação e transformação consciente da sua realidade (CHASSOT, 2000). Para isso, é necessário um ambiente investigativo em que o aluno possa desenvolver o “fazer científico”, por meio da análise crítica, formulação de hipóteses e criando formas de testá-las, contribuindo na formação de indivíduos que sejam capazes de enxergar os fenômenos, quaisquer que sejam, de maneira contextualizada (CAMPOS; NIGRO, 2009). A Sequência Didática, por sua vez, é definida como “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim de conhecimentos tanto pelos professores como pelos alunos” (ZABALA, 1998). Dessa forma, tal abordagem se configura como um caminho para a construção do processo de ensino aprendizagem que possibilita a integração de diferentes tipos de atividades e suportes e um deslocamento do foco de “cumprir o conteúdo” para os objetivos de aprendizagem, orientando não somente o planejamento do professor como oferecendo a oportunidade do próprio aluno de contemplar e compreender o seu próprio processo de aprendizagem.


Resultado e discussão

Fundamentando-se nas definições metodológicas de Carvalho (2013), na concepção da Alfabetização Científica, foi produzida uma sequência didática de cunho investigativo como proposta de ensino em Termoquímica para turmas do 2º ano do Ensino Médio. A SDI consiste em quatro etapas: problematização, investigação, sistematização do conhecimento e contextualização do conhecimento. Em todas as etapas, os alunos devem anotar em folhas de papel identificadas suas respostas sobre cada questionamento. A partir de manchetes de revistas ou jornal, no primeiro momento, será discutido em sala de aula a pergunta: Por que houve aumento dos focos de incêndio na Amazônia, embora seja um bioma úmido? A partir dessa questão, pretende-se trabalhar os conceitos de calor, energia e combustão. Em um segundo momento, os experimentos da “água no balão” e da “chama fria” serão realizados com os alunos a fim de investigar o efeito da umidade nas trocas de calor, e então construir o conceito de entalpia, reações endotérmicas e exotérmicas. Na terceira etapa, as respostas escritas das duas primeiras etapas serão discutidas em sala, com o objetivo de transpô-las para a linguagem química. Para a última etapa, será proposta aos alunos uma atividade de pesquisa sobre os Impactos socioeconômicos das queimadas na Amazônia e alternativas para as queimadas na agropecuária, as quais serão discutidas em conjunto. A SDI deve oportunizar aos alunos analisarem a questão de maneira contextualizada para buscar uma solução mediante o método científico - através de observação e hipóteses plausíveis - e refletir criticamente sobre os impactos das queimadas, buscando também informações em outras áreas de conhecimento. Dessa forma, é possível a construção de um ambiente propício para a Alfabetização Científica.

Conclusões

O professor de química deve contribuir para a ampliação e concretização de um repertório teórico e prático de meios para formar um cidadão apto a ler e modificar sua realidade numa perspectiva científica. Propostas didáticas como esta podem ser importantes fontes de renovação metodológica para o docente na busca de um ensino crítico e contextualizado. Para um próximo momento, está prevista a aplicação desta SDI em uma turma de alunos dentro do programa de Residência Pedagógica, visando a coleta de dados empíricos que corroboram a sua validade.


Agradecimentos

Agradecimentos ao programa de Residência Pedagógica (CAPES).


Referências

AFONSO, A. F.; MELO, U. O.; CANCINO, A. K. N. P.; HERCULANO, C. C. O.; DELFINO, C. O.; TEIXEIRA, M. D.; OLIVEIRA, M. V. A. O papel dos jogos didáticos nas aulas de Química: Aprendizagem ou diversão? Pesquisa e Debate em Educação, v. 8, n. 1, P. 578-590, 2018.
CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Teoria e prática em ciências na escola: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 2009.
CARVALHO, A. M. P. O ensino de ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. In A. M. P. Carvalho (Org.) Ensino de Ciências por investigação: Condições para implementação em sala de aula (p. 1–20). São Paulo: Cengage Learning, 2013.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Editora Unijuí, 2000.
SOUZA, V. C. A. de. Os desafios da energia no contexto da termoquímica: modelando uma nova idéia para aquecer o ensino de química. 2007. 155 f. Dissertação. (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
ZABALA, A. A prática educativa. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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