Ensino de Química e Alfabetização Científica: Relato de Experiência no Colégio Princesa Izabel, Belém, Pará

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Cristiano do Espírito Santo Coelho, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Souza de Sá Pereira, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; dos Reis Dias, A.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Carriço de Lima Montenegro Duarte, A.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; dos Santos Gomes, W. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)


RESUMO

O presente trabalho consiste no relato de experiência de atividades experimentais de química geral realizadas na escola Princesa Izabel, situada em Ananindeua, estado do Pará, com o objetivo de possibilitar a compreensão dos alunos sobre os diversos tipos de reações químicas e suas aplicações no cotidiano. Assim, ministrou-se aulas expositivas introdutórias sobre alguns assuntos de química geral, como gases, ácidos e bases e eletroquímica. Após a abordagem teórica dos assuntos, seguido da realização dos experimentos, verificou-se que os alunos despertaram sua curiosidade em relação aos assuntos trabalhados, demonstrando maior interesse pela química, onde conclui-se que o ensino contextualizado associado à realização de experimentos contribui para a alfabetização científica dos estudantes.


Palavras Chaves

experimentos; saber científico; química geral

Introdução

O conceito de alfabetização científica é fundamental para garantir a associação dos saberes populares e o conhecimento técnico, tendo em vista que possibilita a correlação entre os conteúdos e as situações-problema do cotidiano dos alunos. O conceito de educação asséptica de Attico Chassot permite uma reflexão sobre as metodologias de ensino, pois ele relata que a realidade do aluno fora da escola pode ser um fator de influência no processo de ensino e aprendizagem (CHASSOT, 2018). Nesse sentido, o professor deve ser um pesquisador que constrói e reconstrói seu modelo pedagógico e a sua prática docente (DEMO, 2007). Ou seja, a atuação do educador em sala de aula deve ser baseada em aspectos linguísticos, regionais, culturais e socioeconômicos de seus alunos. Em termos gerais, a alfabetização científica compreende a escrita e a leitura de textos científicos, promovendo a construção e a análise do conhecimento técnico. Além disso, é considerada uma possibilidade para a inclusão social, tendo em vista que proporciona aos estudantes a sua inserção em uma nova matriz sociocultural (TEIXEIRA, 2013; CHASSOT, 2003). Dessa forma, este artigo teve como objetivo possibilitar a compreensão dos alunos sobre os diversos tipos de reações químicas e suas aplicações no cotidiano, fundamentando-se no conceito de alfabetização científica.


Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido por meio da realização de encontros presenciais com cerca de 300 estudantes do 9º ano do ensino fundamental e das 3 (três) séries do ensino médio da E.E.E.F.M Princesa Izabel, localizada no bairro do Atalaia, em Ananindeua, estado do Pará. As atividades ocorreram em sala de aula, onde foi realizado um rodízio com os estudantes do ensino fundamental e médio do turno da tarde. De modo inicial, foram levantados os seguintes questionamentos aos alunos, com o objetivo de verificar seus conhecimentos prévios: "O que é química?" "A química faz parte do nosso cotidiano?" "O que são reações químicas?" "Vocês consideram as reações químicas importantes?" A partir das respostas obtidas, os professores voluntários de licenciatura em Química ministraram aulas expositivas introdutórias sobre alguns assuntos de química geral, como gases, ácidos e bases e eletroquímica. Posterior a isso, organizou-se uma oficina de química a qual foram executados alguns experimentos de verificação qualitativa da ocorrência de reações, como mudança de coloração, produção de gás, produção de corrente elétrica e mudança na textura de um material. Para a realização dos experimentos, utilizou-se as vidrarias e reagentes cedidos pela Faculdade de Química da UFPA, além de materiais de uso cotidiano.


Resultado e discussão

Os experimentos realizados em sala de aula foram “o camaleão químico” e “pasta de dente de elefante”. Para o primeiro, foram necessários: açúcar, hidróxido de sódio, 2 (dois) bastões de vidro, 1 (um) béquer de 1000 mL, 2 (dois) béqueres de 250 mL, colheres descartáveis, água, pincel atômico e permanganato de potássio. Para o segundo, foram necessários os seguintes materiais: corante líquido, detergente, água oxigenada concentrada, iodeto de potássio, 1 (uma) proveta de 500 mL e 1 (um) recipiente de plástico. As Figuras 1 e 2 mostram o segundo experimento sendo realizado e a reação dos alunos ao observar a reação química acontecendo. Ao final dos experimentos, realizou-se novos questionamentos a fim de verificar se os alunos associaram os conceitos científicos à sua realidade. Dentre as perguntas feitas, destacam-se: Os experimentos facilitaram o entendimento e a aprendizagem sobre as reações químicas? A compreensão da química se tornou mais fácil depois das reações feitas em sala? Existem dúvidas em relação aos experimentos realizados? Dessa forma, uma grande parte dos alunos relataram que a demonstração dos experimentos tornou a aula mais “legal”. Além disso, também disseram que “não sabiam que a química estava em tudo”, e que “dava pra fazer essas coisas com esses materiais”. Segundo estudos, a experimentação é uma metodologia que possibilita ao aluno observar, questionar, discutir e analisar os resultados obtidos, garantindo sua alfabetização científica e facilitando o processo de ensino e aprendizagem (SANTOS; NAGASHIMA, 2017).

Figura 1.

Explicação e montagem de experimento “pasta de dente \r\nde elefante

Figura 2.

Reação dos alunos ao ver o experimento “pasta de \r\ndente de elefante”\r\n

Conclusões

Considerando a lacuna existente entre a teoria e a prática no ensino de química das escolas públicas, notou-se a necessidade de elaboração de um projeto de extensão com ênfase na difusão do conhecimento químico. Após a realização das aulas, verificou-se que o trabalho desenvolvido motivou o aprendizado dos estudantes em relação à química. Portanto, conclui-se que o ensino contextualizado associado à demonstração de experimentos, contribuiu para sua alfabetização científica, sendo possível associar os assuntos à realidade dos alunos, e evidenciar a importância da química em sociedade.


Agradecimentos

Ao professor Dr. Walber dos Santos Gomes pela orientação no projeto, à Faculdade de Química da Universidade Federal do Pará (UFPA) e ao Programa Residência Pedagógica (CAPES).


Referências

CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, v. 22, p. 89-100, 2003.

CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 8. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2018. 232 p.

DEMO, P. Educar Pela Pesquisa. 8 ed. Campinas: Autores Associados, 2007.

SANTOS, D. M.; NAGASHIMA, L. A. Potencialidades das atividades experimentais no ensino de Química. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 8, n. 3, p. 94-108, 2017.

TEIXEIRA, F. M. Alfabetização científica: Questões para reflexão. Ciência & Educação (Bauru), v. 19, n. 4, p. 795-809, 2013.

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