ÁREA
Ensino de Química
Autores
Pantoja, L.S. (UNIFAP) ; Marques, G.S. (UNIFAP) ; Nascimento, V.F. (UNIFAP) ; Oliveira, H.M. (SEED/AP) ; Santos, K.L.B. (UNIFAP)
RESUMO
Este relato busca discutir sobre o uso da experimentação como alternativa de ensino-aprendizagem mais contextualizada e significativa, além de compartilhar experiências através da execução da ExpoQuímica, evento de feira de ciências em escolas da rede pública, tendo foco no experimento do “sopro mágico”, com objetivo ensinar conceitos da química como o equilíbrio ácido-base, indicadores, entre outros. Além de levar feira de ciências para escolas da rede pública de forma acessível, incentivando as escolas e professores a realizarem suas próprias feiras.
Palavras Chaves
Experimentação; Prática pedagógica; Ensino de Química
Introdução
O método de ensino-aprendizagem utilizado na maioria das escolas segue o paradigma convencional, onde o professor passa para o aluno um conjunto de ideias, fatos e fórmulas para fazê-lo memorizar a matéria, o que pode levar ao desinteresse do aluno pela disciplina. A contextualização dos temas e a experimentação no ensino de química estão vinculados aos aspectos sociais, culturais, científicos e tecnológicos (GOMES et al., 2015). A ExpoQuímica é um projeto de extensão criado em 2017, que possui como objetivo levar feiras de ciências para as escolas públicas do Amapá e possui docentes e acadêmicos de licenciatura em química da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) que integram este projeto. As atividades da ExpoQuímica foram realizadas por alunos da graduação em licenciatura em química, em sua maioria alunos da disciplina de prática docente que tiveram pouco contato com a sala de aula, assim tendo a oportunidade de trabalhar com os alunos de perto e colocar seus conhecimentos teóricos à prova, além de desenvolverem a sua oratória e outros atributos importantes para um futuro docente. O experimento “Sopro mágico” tem como objetivo mostrar que o CO2 liberado na respiração perturba o equilíbrio da equação dos reagentes presentes na solução de bicarbonato de sódio (NaHCO3). De acordo com o princípio de Le Châtelier: se um sistema em equilíbrio for perturbado por uma variação na temperatura, pressão ou na concentração, o sistema se deslocará opondo- se a perturbação (BROWN et al., 2016). Essa perturbação na concentração dos reagentes desloca a reação para a direita, favorecendo os produtos, o que resulta na formação do ácido carbônico (H2CO3). Esse experimento ajuda os alunos a compreenderem conceitos como: Equilíbrio ácido-base, titulações e indicadores ácido-base.
Material e métodos
A primeira ExpoQuímica de 2023 foi executada no dia 4 de abril, contando com uma média de trinta participantes, entre orientadores, coordenadores, equipe de apoio e expositores. O evento foi realizado no refeitório de uma escola pública na zona norte de Macapá, em média participaram cerca de 300 alunos do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio e também alunos do oitavo e nono ano do ensino fundamental. Uma segunda edição também foi realizada no dia 27 de junho deste ano na Escola Estadual Cecília Pinto no bairro do Muca em Macapá com uma média de 300 alunos dos três anos de ensino médio. O mesmo experimento foi mantido (Ver Figura 1). Os Materiais utilizado no experimento Sopro Mágico são: Canudos; Conta gotas; Espátula ou colher pequena; 3 Béquer ou outro recipiente transparente (copos plásticos); Bicarbonato de Sódio (NaHCO3); Água destilada (H2O) e Fenolftaleína (C20H14O4). No procedimento experimental, foi pesado 1,5 g de bicarbonato de sódio e foi adicionado em uma solução de 250 mL de água, uma outra solução de 20 mL foi adicionado 5 gotas de fenolftaleína, e no final ambas as soluções foram misturadas resultando na coloração rosa por conta do indicador, após isso os alunos foram convidados a "soprar" na solução fazendo com que a solução ficasse incolor. Durante a experimentação as seguintes problematizações foram feitas: “O que são ácidos e bases?” “Você consegue dar exemplos de ácidos e bases do seu cotidiano?” “Por que houve a mudança de coloração?”. Assim também como a contextualização, trazendo outros exemplos relacionados a região norte.
Resultado e discussão
É evidente que as práticas experimentais atraem a
atenção dos alunos mais do que
simplesmente trabalhar o assunto em sala, ficou
perceptível durante a execução
da ExpoQuímica, que os alunos estavam mais
interessados, fazendo anotações e
perguntas, tirando suas dúvidas em relação aos
experimentos. É de conhecimento
dos professores de ciências o fato da
experimentação despertar um forte
interesse entre os alunos em diversos níveis de
escolarização (GIORDAN, 1999).
Através deste experimento com o uso de
materiais alternativos foi
possível trabalhar diversos conteúdo da química de
forma simples, além de
relacionar com o cotidiano do aluno, como por
exemplo o açaí como indicador
ácido-base orgânico, o ácido ascórbico popularmente
conhecido como vitamina C
como exemplo de ácidos presente em frutas cítricas
e os produtos de limpeza como
exemplo de bases. Esses e outros exemplos do
cotidiano permitem a construção de
um conhecimento mais contextualizado (COELHO,
2007).
Comparando as duas escolas das quais foram
aplicados os experimentos, algo em
comum entre elas é, que, os alunos sempre tem uma
visão exagerada dos ácidos,
sendo apenas algo perigoso e corrosivo o que de
fato é, porém também há presença
de ácido dentro do próprio corpo humano assim como
também está presente nas
frutas. Na segunda edição, com o tempo mais
otimizado e com os expositores mais
organizados, notou-se uma melhora na execução e
explicação do experimento. Na
segunda escola não havia tanta participação dos
alunos, mas após algumas
indagações dos expositores para os alunos, os
mesmos então começaram a
participar mais, sentindo-se motivados. Para os
expositores a ExpoQuímica, foi
uma experiência nova e transformadora, abrindo os
olhos para novas metodologias
de ensino (Ver Figura 2).
Conclusões
A execução da ExpoQuímica evidencia o fato de a experimentação ser uma opção bastante interessante para o ensino de química de forma mais significativa, despertando o interesse em estudar química por parte dos alunos. Foi um evento importante principalmente para os alunos da disciplina de prática docente, onde tiveram a oportunidade de relacionar as teorias discutidas em sala de aula com a prática da feira de ciências, trabalhando sua prática pedagógica e também levando um evento científico de forma acessível para as escolas da rede pública, assim possibilitando uma troca de conhecimento.
Agradecimentos
Agradecer ao Curso de Licenciatura em Química (CCLQ/UNIFAP) e ao Departamento de Extensão (DEX/UNIFAP) da Universidade Federal do Amapá, assim como ao Núcleo de Estudos do Ensino de Química (NEEQ/UNIFAP) do qual sou integrante.
Referências
BROWN; LEMAY; BURSTEN; Química: A ciência central. 13. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil Ltda, 2016. p. 710;773-781.
COELHO, Juliana Cardoso; MARQUES, Carlos Alberto. Contribuições freireanas para a contextualização no ensino de Química. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, v. 9, n. 1, p. 49-61, 2007.
GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química nova na escola, v. 10, n. 10, p. 43-49, 1999.
GOMES, A. .; MOREIRA, A. M. .; MENDES, M. F. .; FERREIRA, R. .; GURGEL, M. F. . A PRÁTICA DOCENTE INICIAL APLICADA AO ENSINO DE QUÍMICA E A FEIRA DE CIÊNCIAS . ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, [S. l.], v. 11, n. 20, 2015.