O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E O ENSINO DE QUÍMICA COMO FERRAMENTA PARA COMBATER A DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA DE SARS-COV-2

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Farias, R.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Santos, V.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Freitas, C.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Silva, F.D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Albuquerque, M.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)


RESUMO

Este resumo trata de um relato de experiência de uma oficina temática que teve como objetivo orientar e combater fake news com uso do conhecimento científico, a mesma foi desenvolvida com alunos de 2ª série do ensino médio, utilizando o laboratório da escola como espaço de investigação e discussão. A abordagem qualitativa, envolveu os educandos em quatro momentos, tais como problematização, roda de conversa, palestra e experimentação, a metodologia utilizada resultou na aprendizagem significativa dos estudantes, concluindo que não cabe mais o ensino apenas para memorização mecânica de conceitos científicos, mas que sejam úteis para o aluno e para a sociedade.


Palavras Chaves

Ensino de química; Fake News; Oficina temática

Introdução

No cenário desafiador da pandemia de SARS-CoV-2, o conhecimento científico e o ensino de química surgem como poderosas ferramentas para desvendar a verdade em meio ao caos de informações contraditórias e enganosas. Um dos objetivos das oficinas temáticas é auxiliar o desempenho dos alunos quanto ao combate a desinformação, onde os conhecimentos científicos possam ser discutidos, levá-los a fazer mais pesquisas e desenvolver atividades que sejam úteis para si e para a sociedade (WHINKLER, SOUZA & SÁ, 2020). Podendo assim, contribuir para o ensino- aprendizagem da Química, pois o objetivo é tornar os alunos mais ativos e engajados, onde as aulas não são voltadas apenas para o conteúdo, utilizando mais que a memorização, tornando-os mais críticos quanto aos conceitos químicos e refletindo sobre os fenômenos ao seu redor. Normalmente, as oficinas buscam soluções para problemas que os alunos resolverão com a ajuda de um professor que orientará os tópicos de cada etapa (ROMERO, 2020). Um grande problema a ser investigado e esclarecido é quanto as Fakes News e conhecimento científico, haja vista, que divulgar e compartilhar falsas informações pode causar risco de vida ou a morte de muitas pessoas. Neste sentido, os casos de COVID-19 ainda são muito altos no Brasil porque entre muitos fatores um é que muitas pessoas não se vacinaram, outro é as “receitas milagrosas” que que foram compartilhadas para a cura e por fim o desdém com a prevenção quanto ao uso de máscaras e uso do álcool em gel (FIOCRUZ, 2020). O objetivo desta oficina temática foi apresentar conceitos químicos de pH, acidez, basicidade e solução tampão e fornecer informações precisas e baseadas em evidências para que possam tomar decisões informadas e seguras sobre sua saúde e combater as notícias falsas.


Material e métodos

A oficina temática foi realizada na Escola Estadual José Firmo, localizada no município de Macapá/AP, a pesquisa foi realizada na turma da 2ª série do ensino médio. O primeiro momento os alunos receberam um texto, que contém uma receita e deviam circular as informações falsas. O segundo momento foi uma roda de conversa sobre conhecimentos das Fakes News, conforme a figura 1, onde os alunos foram questionados sobre o que são Fake News? Quais eles poderiam relatar? Onde comumente elas circulam? Se na sua família já ocorreram casos de pessoas que caíram em Fake News? No terceiro momento foi promovida uma palestra pelo Farmacêutico Calléu Mourão de Freitas, com o intuito de solucionar dúvidas e perguntas comuns presentes nos âmbitos familiares dos estudantes. Perguntas como: “Meu pai disse que essa vacina tem um chip para espionar a gente’’, e por fim, “Essa vacina é só água, não existe essa doença, é só uma gripe’’. Esse terceiro momento focalizou no ministro de material audiovisual e apresentação de slides para apresentar informações científicas e técnicas no combate à COVID-19, com notas técnicas, relatórios da ANVISA e boletins do ministério da saúde. Já no quarto momento da oficina foi realizado a experimentação, utilizando o suco do repolho roxo e eles deveriam verificar a mudança de coloração em algumas amostras de suco de limão, laranja, água sanitária, bicarbonato de sódio e água da torneira, água da torneira, anotar o pH mais próximo segundo uma escala que receberam e circular no texto os pH que estavam registrados de forma incorreta. Em seguida, receberam um questionário para análise dos resultados obtidos, do que aprenderam e como a oficina contribuiu para sua aprendizagem sobre o conhecimento científico e o combate as Fake News.


Resultado e discussão

Os alunos não entenderam de início que a receita era falsa, precisaram ser provocados e só identificaram que o pH estava incorreto após o experimento quando foram comparar com a escala de pH, conforme imagem 2, os alunos foram auxiliados no processo da experimentação. Neste sentido, GUIMARÃES (p. 198, 2009) entende que “quando não há relação entre o que o aluno já sabe e aquilo que ele está aprendendo, a aprendizagem não é significativa” e é justamente este o papel do professor na atualidade de guiar e orientar o educando em sua trajetória. Através dos resultados obtidos pode-se compreender as necessidades de questionar a verdade de uma informação recebida através das redes sociais antes de compartilhá-la (Santos & Sá, 2021). Foi explicado que o pH do sangue não pode ser alterado pelo consumo de alimentos cítricos (AGUIAR, 2022). O questionário sobre as Fakes News e o conhecimento científico continha 2 questões abertas sobre a o ensino-aprendizagem de Química e foi respondido por 4 grupos. Os resultados foram suficientes para contradizer a “receita fake”,tais resultados corroboram com os obtidos por Silva, Silva & Pacheco (2009) quanto a coloração e pH do limão e da laranja. O conhecimento de ácido-bases pode contribuir no combate a Fakes News? As respostas foram positivas no sentido de que contribui, “evitando problemas futuros”, “ajudar com a própria saúde tanto do corpo, quanto psicológica” e “não passar informações falsas”. As repostas foram suficientes para crer que aplicação da oficina trouxe um debate rico e importante, que o estudante não pode ser apenas bombardeado por conceitos sem ligações com seu cotidiano, meio ambiente e sociedade, que o uso desenfreado da tecnologia e notícias falas compromete a saúde, a economia e a vida de muitas pessoas (LIMA, 2018).

Figura 1 – Roda de conversa sobre o combate à fake news

Fonte: Autoria própria

Figura 2 – Auxiliando o aluno com a experimentação

Fonte: Autoria própria

Conclusões

Com a oficina temática foi possível levar o diálogo e o conhecimento científico até a escola e associar ao combate das Fakes News. A atividade de experimentação de ácidos e bases com o suco do repolho roxo e substâncias de baixo custo pode contribuir para a aprendizagem pois se trabalha de forma interativa, haja vista, que os estudantes que realizaram a atividade de forma autônoma bastando a orientação e supervisão. Portanto, o combate as notícias falsas geram debates relevantes e possibilitaram aos estudantes formas de ver que a Ciência está em seu cotidiano e é importante para a sociedade.


Agradecimentos

À Universidade do Estado do Amapá. À Universidade Federal do Amapá. À E. E. Professor José Firmo do Nascimento. À professora Ágatha Monalisa da Silva Coelho. À turma 2A. À Marcos Silva Albuquerque.


Referências

AGUIAR, Luíza Soares de. Fake news na pandemia: ensino de química no combate à disseminação de notícias falsas na pandemia do Sars-Cov-2. 2022.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA. Vol. 31, N° 3, ago, 2009.
FIOCRUZa. Pesquisa revela dados sobre 'fake news' relacionadas à COVID-19. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-revela-dados-sobre-fakenews-relacionadas-covid-19. Acesso em: 27 mai. 2023.
ROMERO, L. Oficinas Temáticas como prática de construção do conhecimento científico no Ensino de Química: a busca por uma aprendizagem significativa e pelo desenvolvimento intelectual dos alunos. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Instituto de Química. 14 de out de 2020) p. 07. Acesso em 20 de mar de 2023, disponível em https://www.embrapa.br/busca-denoticias/-/noticia/75085849/ciencia-e-tecnologia-tornaram-o-brasil-um-dos-maioresprodutores-mundiais-de-alimentos.
SILVA, Juliana et al. ESTUDO DA EFICÁCIA DO EXTRATO DE REPOLHO ROXO COMO INDICADOR ÁCIDO-BASE. ENCICLOPEDIA BIOSFERA, v. 5, n. 7, 2009.
WINKLER, Manuel Edgardo Gomez; SOUZA, JRB de; SÁ, Marilde Beatriz Zorzi. A utilização de uma oficina de ensino no processo formativo de alunos de ensino médio e de licenciandos. Química Nova na escola, v. 39, n. 1, p. 27-34, 2017.

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