INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA NO ENSINO DE QUÍMICA: ANÁLISE COMPARATIVA EM ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR DO AMAPÁ

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Maria Barbosa da Silva, A. (UNIFAP) ; de Sousa Rodrigues, V. (UNIFAP) ; Marques de Oliveira, H. (SEED/AP) ; Luis Belém dos Santos, K. (UNIFAP)


RESUMO

Este estudo reflete a inclusão de dois alunos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Ensino de Química. O objetivo deste estudo foi verificar como as escolas de ensino médio incluem os alunos do TEA, conforme exigido por lei. Além disto, a pesquisa propõe uma abordagem inclusiva perante as observações feitas em sala de aula. Foram feitas duas observações, a primeira foi um aluno TEA na rede pública de ensino e a segunda observação de um aluno TEA da rede particular de ensino no Estado do Amapá. Ambas as observações tiveram duração de dois meses com o intuído de saber como se dar o desenvolvimento desses alunos no ensino de química, como, também, quais os métodos usados pelos professores, se eram inclusivos ou não e se o aluno conseguia acompanhar a turma.


Palavras Chaves

Ensino inclusivo ; Ensino de química; TEA

Introdução

O presente estudo investiga o processo de inclusão e/o alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ambiente escolar, com foco específico no ensino de Química. O objetivo é compreender se a disciplina é ministrada de forma adaptada com metodologias inclusivas ou de maneira tradicional. TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se caracteriza por desenvolvimento atípico, dificuldade na comunicação, na interação social, padrões de comportamentos repetitivos, atraso no cognitivo ou acima da média. O TEA apresenta variações individuais, onde cada autista possui suas especificidades. Alguns podem ter dificuldades na interação social, enquanto outros não. O grau de comprometimento em cada área afetada também pode variar entre os indivíduos, influenciado por fatores internos e externos, como o acompanhamento médico e terapias recebidas. (PEREIRA, 2019). Alguns professores ainda enfrentam dificuldades em lidar com alunos TEA e não buscam formas de incluí-los em suas aulas, seja por falta de informação, formação ou apoio da escola. Além disso, a pesquisa busca analisar como as relações sociais afetam a aprendizagem e inclusão do aluno TEA no ambiente escolar, considerando a influência da diversidade e interação com outros indivíduos no desenvolvimento humano (VYGOTSKY, 2001). É por este motivo que cada autista é único e cabe as pessoas permitir-se a conhecê-los de maneira acolhedora, respeitando o seu espaço e o seu tempo, seja em casa, na rua ou na escola, é com este olhar que o professor e toda a regência de uma escola devem ver e este aluno. Cabe à escola e ao estado acolhê-lo, lhe dando suporte e ensino de qualidade inclusivo.


Material e métodos

Neste estudo de caso, a pesquisa iniciou com base bibliográfica para compreender os conceitos relacionados à temática da inclusão de alunos com síndrome de Asperger no ensino de Química. Inspiradas na monografia de Dias (2017), as metodologias aplicadas incluíram observações do aluno autista e do professor em sala de aula. Essas observações resultaram em uma metodologia didática e inovadora, utilizando maquetes e mapas mentais para explicar os conteúdos de Química aos alunos. Dois alunos foram observados, um na escola pública e outro na escola privada, como o aluno da escoa pública saiu por falta de suporte, os pais do aluno da rede privada deu autorização para o estudo de caso para os autores, por isso a imagem possui desfoque nos alunos não pertencentes ao estudo. Além disso, a pesquisa adotou duas abordagens pedagógicas: a metodologia ativa e a metodologia lúdica. A abordagem ativa envolveu experimentos, pesquisas e problematização para incentivar a autonomia do aluno na aprendizagem, seguindo a ideia de Freire (1996) e Demo (1996). A metodologia lúdica foi usada para tornar as aulas mais atrativas e inclusivas, promovendo prazer associado ao aprendizado, conforme proposto por Piaget (GARCEZ, 2014). No contexto educacional atual, é essencial agir ativamente no processo de inclusão escolar, oferecendo suporte para o desenvolvimento e convívio dos alunos em sociedade. Os professores desempenham um papel importante na criação e oferta de estratégias didático-metodológicas para apoiar a aprendizagem (PAN, 2012). Em síntese, a pesquisa buscou promover a inclusão do aluno com TEA no ensino de Química, utilizando metodologias ativas, lúdicas e observações como ferramentas para tornar o ensino mais envolvente, efetivo e inclusivo.


Resultado e discussão

Foram realizados dois estudos de caso. O primeiro observou um aluno com TEA de nível 1 no Ensino Médio em uma escola pública no Amapá. O aluno autista não obtinha acompanhamento necessário que é feito pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE), decretado por lei, que tem por obrigação a função de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação, considerando todas e quaisquer necessidades específicas dos alunos. Ele enfrentava dificuldades na escrita e nas aulas, mas se destacou em um experimento no laboratório. Infelizmente, deixou a escola antes da conclusão da pesquisa sobre metodologias inclusivas. No segundo estudo de caso, em uma escola particular no Amapá, observou-se um aluno com TEA de nível 1 e quatro anos de aprendizagem. Embora recebesse apoio do AEE e provas adaptadas, não tinha suporte adequado em sala de aula, o que afetou sua participação. As metodologias lúdica e ativa foram aplicadas com sucesso para a turma. Na primeira aplicação, usou-se a metodologia ativa em um experimento de “ebulioscopia” com o aluno com TEA e outro colega. Todos se divertiram, e houve interação ao responder perguntas sobre o tema (FIGURA 1). Na segunda aplicação, com a metodologia lúdica, criou-se um jogo sobre "Radioatividade" em equipes. Todos se divertiram, inclusive o aluno com TEA, mesmo sendo mais tímido e não respondendo perguntas (FIGURA 2). Ambos os momentos tiveram como objetivo incluir mais o aluno com TEA nas aulas, observando sua interação com a turma e o professor. O progresso da turma pode ser visto durante a prova final da disciplina de química, refletindo os benefícios da aplicação das metodologias inclusivas.

Figura 1

Execução de um experimento.

Figura 2

Aplicação de um jogo de tabuleiro.

Conclusões

A inclusão de alunos com TEA nas escolas ainda é um desafio no ensino básico, tanto público como particular. A falta de formação adequada dos profissionais, especialmente dos professores de exatas e ciências, dificulta o avanço desse processo. No Ensino de Química, em particular, a inclusão também enfrenta obstáculos. Para efetivar a inclusão, é necessário considerar a estrutura das escolas, a disponibilidade de profissionais capacitados, a preparação dos professores e o entendimento da realidade inclusiva para lidar com a diversidade dos alunos (BENITE, 2014; RADMANN; PASTORIZA, 2016).


Agradecimentos

Agradecer ao Curso de Licenciatura em Química (CCLQ/UNIFAP) da Universidade Federal do Amapá, assim como ao Núcleo de Estudos do Ensino de Química (NEEQ/UNIFAP) do qual sou integrante.


Referências

BENITE, A. M. C. et al. O Diário Virtual Coletivo: Um Recurso para Investigação dos Saberes Docentes Mobilizados na Formação de Professores de Química de Deficientes Visuais. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 36, p. 61-70, 2014.

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1991.

DIAS, A.M. A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (Síndrome de Asperger): uma proposta para o ensino de Química. Dissertação (Pós-graduação em ciências e matemática – Faculdade de Educação, Universidade de Pelotas. Rio Grande do Sul, p 1-142, 2017.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 156 p. (Coleção Leitura).

GARCEZ, E. S. C. O Lúdico em Ensino de Química: um estudo do estado da arte. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Goias - UFG, Goiânia - GO, 2014;

MAZZOTTA, M. J. S. Fundamentos de Educação especial. São Paulo: Pioneira, 1982

Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. proposta para o ensino de Química. Pelotas: UFPEL, 2017. Dissertação (Mestrado

PAN, M. O direito à diferença: uma reflexão sobre deficiência intelectual e educação inclusiva. Curitiba: Editora InterSaberes, 2012.

PEREIRA, Silva. Comportamento alimentar de crianças com transtorno do Espectro Autista (TEA). Pernambuco, 2019. p. 11-14.

RADMANN, Tatiane; PASTORIZA, Bruno Santos. A educação inclusiva no ensino de Química. In: Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), 18, 2016, Florianópolis.

VIGOTSKI, L.S. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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