ÁREA
Ensino de Química
Autores
Victoria Gomes Sobral, J. (UNIFAP) ; Wendel Moreira Ataide, D. (UNIFAP) ; Jarlene Cardoso Chaves, M. (UNIFAP) ; Emanuelle da Silva Moraes, C. (UNIFAP) ; Silva da Silva, V. (UNIFAP) ; Esteban Quintero Jimenez, D. (UNIFAP) ; Barboza Malheiros, J. (UNIFAP) ; Luis Belem dos Santos, K. (UNIFAP)
RESUMO
A oficina temática “Compostagem de resíduos orgânicos” foi elaborada com intuito de estabelecer elos entre os conteúdos químicos e a vida em sociedade, visando sensibilizar o aluno e gerar uma reflexão sobre a importância do aproveitamento dos resíduos orgânicos. A abordagem do tema se deu através da oficina vinculando os conteúdos de Química, Física e Biologia, utilizando a interdisciplinaridade através de uma metodologia contextualizada com o intuito de aumentar a compreensão do ensino de química, parceria entre acadêmicos do curso de Química e professores da rede pública de ensino.
Palavras Chaves
Oficina temática; Interdisciplinaridade; Ensino de Química
Introdução
No Brasil, as residências geram grandes quantidades de resíduos sólidos diariamente, e muitas áreas não possuem métodos adequados de disposição e coleta de resíduos, logo, paisagem urbana divide espaço com lixeiras aditivas, aterros sanitários e até lixões a céu aberto (SIQUEIRA, ASSAD, 2015). O descarte inadequado desses resíduos pode trazer impactos ambientais significativos, principalmente os resíduos orgânicos, pois sua decomposição produz um líquido conhecido como Chorume, que em contato com o lixo eletrônico e produtos químicos, produz substâncias tóxicas que poluem o solo (SOARES, GRIMBERG, BLAUTH, 1998). A compostagem é um processo biológico natural de transformação de resíduos orgânicos em compostos mais simples (substâncias húmicas), quando realizada de maneira responsável pode de diminuir danos ambientais, transformando resíduos em adubo orgânico (MARAGNO, TROMBIN, VIANA, 2007). Nessa perspectiva, a oficina de Compostagem propõe uma metodologia para o ensino de química cujo objetivo “busca abordar o conhecimento de forma conectada e contextualizada, envolvendo os alunos ativamente nas aulas (SILVA, SILVA, DA SILVA, 2020). Para Batalha et al. (2008), contextualizar conteúdos e incorporar aspectos das sociais no currículo, como questões ecológicas, políticas, econômicas, sociais e culturais relacionadas à ciência e tecnologia é de suma importância no contexto atual. A oficina temática de compostagem é resultado prática de uma pesquisa documental, qualitativa e aplicada. Desenvolvida por acadêmicos para alunos e professores da rede pública de ensino, atuando em três momentos sendo eles: duas sessões de 2h/aula, a saber: I) roda de diálogo e contextualização do tema; II) construção da composteira; III) aplicação do questionário final.
Material e métodos
O trabalho ocorreu em uma escola pública da cidade de Santana no Estado do Amapá, foi desenvolvida, por 5 acadêmicos do curso de Licenciatura em Química, 17 alunos da 1ª série do nível médio e 2 professores das disciplinas Química e Sociologia. Contou com material de apoio (roteiro) para alunos e professores, sendo um guia para ajudar o professor a aplicar a oficina, com dicas de perguntas norteadores e descrição das etapas, e outro sendo o roteiro experimental para os alunos. O primeiro momento da oficina adveio de uma roda de diálogo sobre o destino de resíduos sólidos e desperdício de alimentos, com o objetivo de testar o entendimento existente dos alunos sobre educação ambienta¬¬l. Esse diagnóstico foi desenvolvido a partir de questões norteadoras envolvendo os conceitos de matéria orgânica, compostagem e reaproveitamento de resíduos. A composteira foi constituída por: três baldes de manteiga de 15 litros, resíduos de alimentos, terra preta e folhas secas para ajudar na decomposição do material orgânico. No segundo momento ocorreu a montagem do material em cooperação com os alunos, evidenciando nas etapas e o funcionamento da mesma, como os furos na tampa do primeiro balde para ventilação, o fundo dos baldes 1 e 2 a serem furados para que o chorume seja drenado para o balde 3 (coletor). Na 3ª etapa da oficina foi aplicado um questionário semiestruturado, elaborado com 5 perguntas focadas em identificar o conhecimento adquirido posterior às etapas de Contextualização/Problematização e de Aplicação.
Resultado e discussão
A problematização inicial vinculou a prática cotidiana ao tema da oficina.
Durante a conversa, os participantes se preocupavam muito pouco com o lixo
orgânico, porém, uma parte interessante da conversa foi a menção à jardinagem
familiar e o costume de enterrar restos de comida junto às raízes das plantas,
logo, a contextualização destaca as informações sobre os resíduos orgânicos mais
adequados para compostagem e onde eles se encaixam (ricos em carbono, ricos em
nitrogênio).
Durante a prática, os professores e alunos participaram ativamente demonstrando
interesse e discutindo sobre resíduos orgânicos, durante a montagem da
composteira, como mostra a figura 1.
A ciência e a educação social acontecem na associação do conhecimento químico e
sua responsabilidade ambiental. Segundo Eckhart et al. (2016), além da
mineralização dos nutrientes, ocorre também a imobilização da matéria orgânica,
ou seja, durante o processo de compostagem, os nutrientes contidos na matéria
orgânica passam da forma orgânica para a forma mineral, que pode ser aproveitada
pelo desenvolvimento de plantas. A compostagem torna-se assim um processo
importante no desenvolvimento das plantas e a sua utilização aumenta o teor de
diferentes nutrientes no solo.
Após a prática, todas as respostas ao questionário semiestruturado foram
satisfatórias, sendo algumas delas evidenciadas na tabela 1, onde os alunos
demonstraram compreender que a coleta seletiva de lixo é um fator importante na
mitigação dos problemas ambientais associados ao descarte adequado do lixo.
Sobre esse ponto, Souza et al. (2011) observaram que a escola é um espaço
especial que pode desempenhar um papel integral na estruturação dos alunos dessa
responsabilidade socioambiental.
Conclusões
A reciclagem é fundamental para a reutilização de materiais orgânicos e inorgânicos, pois possibilita o reaproveitamento destes e ajuda a diminuir os danos ambientais decorrentes de processos incorretos ou da falta de processos de reciclagem. Deste modo, trabalhar a educação ambiental através do processo de compostagem foi de grande importância, pois os alunos se propuseram a colaborar no processo de montagem da composteira, possibilitando uma experiência que poderá ser muito útil em suas vidas dentro e fora do ambiente escolar.
Agradecimentos
Agradecer a escola e a Professora de Química por ter dado o espaço pela execução da atividade, e aos alunos que nos permitiu compartilhar essa experiência tão fascinante.
Referências
BATALHA, S.S.A.; FREITAS, C.KA.; PONTES, A.N.; SERRÃO, C.R.G.; SANTOS, D.P. O ensino de química no nível médio: um olhar a respeito da motivação. Belém – Pará, 2008.
ECKHARDT, D.P.; ANTONIOLLI, Z.I.; JACQUES, R.J.S.; LORENSINI, F.; REDIN, M.; SANTOS, M.L.; WILER, D.A. Mineralization and efficiency index of nitrogen in cattle maure fertilizes in the soil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 46, n. 3, p. 472-477, 2016.
MARAGNO, E.S.; TROMBIN, D.F.; VIANA, E. O uso da serragem no processo de minicompostagem. Eng. Sanit. Ambient. Vol. 12, nº 4, p. 355-360, 2007. PELICIONI, M.C.F. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saúde e Sociedade 7(2); 19-31, 1998.
SILVA, R. dos S.; SILVA, M. A. A.; DA SILVA, J. G. . Os limites e potencialidades de uma oficina temática como estratégia para o ensino de química. Revista de Estudos em Educação e Diversidade - REED, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 207-230, 2020.
SIQUEIRA, T.M.O.; ASSAD, M.L.R.C.L. Compostagem de resíduos sólidos urbanos no Estado de São Paulo [Brasil]. Ambiente & Sociedade. V.XVIII, n. 4, p. 243-2664. São Paulo. 2015.
SOARES, A.P.M.; GRIMBERG, E.; BLAUTH, P. Coleta seletiva e o princípio dos 3rs. Instituto Pólis. DU nº 109, São Paulo. 1998.
SOUZA, G.S. et al. Educação Ambiental na escola Pública Municipal Hamilton Cerqueira, Cruz das almas - BA: um relato de experiência. Revista educação ambiental em ação. 2011.
