Laboratório Itinerante de Ciências: Uma Proposta Inovadora para o Ensino

ÁREA

Ensino de Química


Autores

de Souza, A.S. (IFPA - CAMPUS BELÉM) ; Silva, H.D.F. (IFPA - CAMPUS BELÉM) ; Lima, P.H.M. (IFPA - CAMPUS BELÉM) ; Franco, C.J.P. (IFPA - CAMPUS BELÉM) ; Araújo, J.M. (IFPA - CAMPUS BELÉM) ; Costa, K.A. (SEDUC- PA)


RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo geral promover um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual os alunos possam explorar conceitos científicos de forma prática e experimental.O laboratório itinerante na escola é uma proposta pedagógica que visa estimular o interesse e a aprendizagem dos alunos em ciência, por meio de atividades experimentais que possam proporcionar aos educandos uma vivência prática e interativa da ciência, complementando os conteúdos teóricos abordados em sala de aula.De modo, a favorecer o desenvolvimento de habilidades como observação, investigação, raciocínio lógico, criatividade e cooperação, além de despertar a curiosidade e o espírito científico dos estudantes.


Palavras Chaves

Ciências; Ensino; Laborátorio Itinerante

Introdução

Atualmente os estudantes enfrentam uma dificuldade por não conseguir relacionar a teoria com a prática, com isso, professores buscam diversificar o processo de aprendizagem, interligando o conteúdo teórico com a vivência dos discentes. Segundo Souza et al. (2015), A interdisciplinaridade visa promover a integração e o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento, buscando soluções conjuntas para problemas complexos que exigem uma abordagem multidimensional, pressupõe uma atitude de respeito e valorização das diferentes perspectivas e saberes, bem como uma disposição para aprender com os outros e compartilhar experiências, contribuindo para o desenvolvimento de uma visão mais ampla e crítica da realidade, estimulando a criatividade e a inovação. As aulas experimentais são muito importantes para o ensino de ciências, pois estimulam o aluno a se interessar pelo conhecimento científico. Através das atividades práticas, o estudante pode observar e investigar diversos fenômenos relacionados às Ciências, desenvolvendo habilidades e competências para o aprendizado. A experimentação é uma ferramenta didática que aproxima a teoria da realidade e torna as aulas mais dinâmicas e motivadoras. (VOIGT, 2019). A prática de experimentos no aprendizado de Química é vista como uma ótima estratégia para que o estudante visualize o conteúdo e possa fazer a conexão entre a teoria e a realidade. (CONCEIÇÂO, 2018). A abordagem prática e interativa proporcionada pelo laboratório itinerante desperta o estímulo dos estudantes pela Ciência. Ao vivenciar os experimentos, observar os fenômenos e analisar os resultados, os alunos desenvolvem uma maior motivação e curiosidade em relação aos conceitos científicos, promovendo um aprendizado amplo. O laboratório itinerante permite a realização de experimentos que são diretamente relacionados com a realidade dos estudantes, possibilitando a contextualização dos conteúdos científicos com situações do cotidiano. Essa conexão entre a teoria e a prática contribui para uma melhor compreensão dos conceitos e desperta a percepção da relevância da Ciência em sua vivência (FERES-RODRIGUES et al, 2014). O presente trabalho tem por objetivo geral promover um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, no qual os alunos possam explorar conceitos científicos de forma prática e experimental. Ademais, o projeto consistiu-se em três objetivo específicos: Estimular o interesse e a curiosidade dos estudantes em relação às ciências, por meio de atividades práticas e experimentos realizados no laboratório itinerante; proporcionar aos estudantes a oportunidade de vivenciar o método científico na prática e propor metodologias de experimentos de baixo custo utilizando-se no laboratório itinerante.


Material e métodos

Um dos maiores desafios do ensino de Química, nas escolas de nível fundamental e médio, é construir uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos alunos. Frequentemente, a ausência deste vínculo é responsável por apatia e distanciamento entre alunos e professores (VALADARES, 2016). Esse Projeto foi desenvolvido a partir das observações dos autores nas escolas que realizaram os estágios, pois, nenhuma delas possuíam laboratório de ciências. As atividades foram realizadas nas Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada no Distrito de Icoaraci e bairro do Sideral pertencentes ao município de Belém-PA. Foram selecionadas quatro turma do 9° do ensino Fundamental II com total de 120 alunos. Os materias e vidrarias utilizados foram: 2 Becker 25ml,2 Becker 50ml, 4Becker 100ml, 44 Tubos de Ensaio 12 x 120 mm, 2 Estante para tubo de Ensaio , 2 Bastão de Vidro, 4 Pissetas, 2 Colheres, 6 Pipeta Pauster. Os reagentes dos experimentos são :Água (H2O) ; Álcool Etílico(C2H6O) 70%; Ácido Acético; Cloreto de Sódio; Sacarose (C12H22O11); Leite; Detergente; Sabão Líquido; Óleo; Areia; Pedrinhas; Parafusos; Pó de café; Soro fisiológico; Corantes, Farinha e gelo. Para as turmas, foi ministrado uma aula teórica de 50 minutos sobre o conteúdo de Substância e misturas Homogênea e Heterogênea, posteriormente, as turmas foram divididas em 2 grupos, em seguida foram realizados os experimentos conforme os procedimentos como exemplos: 1º Experimento: Adicione no tubo ensaio Água (H2O) + Álcool Etílico(C2H6O) 70% e observe o resultado; 2º Experimento: Adicione no tubo ensaio Água (H2O) + Pedrinhas e observou-se o resultado, e assim, foram realizados 15 experimentos com os discentes e cada experimentos realizados eram elaboradas perguntas pelos professores aos estudantes de acordo com o conteúdo . Após a aplicação dos experimentos, os alunos receberam um questionário elaborado para avaliar o método aplicado, contendo questões objetivas. Após a coleta de dados, foi realizada a leitura descritiva de todo o material e elaborado um pequeno resumo do material sintetizado, extraindo os pontos mais relevantes para discussão dos resultados em relação à meta proposta.


Resultado e discussão

De acordo com os dados obtidos pela aplicação do questionário contendo perguntas a respeito do conteúdo de Substâncias e Misturas, os discentes que participaram da aula experimental apresentaram um bom desempenho em relação ao assunto exposto, obtendo uma melhor assimilação entre a teoria/prática. Conforme afirmam Lima; Garcia (2011), diferentemente das aulas teóricas, as atividades práticas permitem que o aluno seja um “pesquisador”, que elabora os seus próprios saberes, faz suas inferências e retém melhor essa vivência. Ao responderem sobre o laboratório itinerante, os alunos demostraram entusiasmo pelas práticas aplicadas. Isso é demostrado pela participação dos estudantes nas atividades proposta em sala, tanto no fazer, no observar e anotar, quanto na interação entre eles. Como e demostrado na figura 1. As atividades experimentais revelaram-se interessante por parte dos discentes, que se prontificaram em realizar tal atividade e participar da pesquisa. Os dados obtidos através do questionário figura 2 , aplicado ao final da intervenção referente à temática da pesquisa visando avaliar a metodologia aplicada, percebeu-se, que os alunos não haviam participado de alguma atividade experimental de ciência ou Química, o que ressaltar os benefícios para o aprendizado. A seguir encontram-se descritos algumas respostas dos alunos sobre o laboratório itinerante que deixam claro a compreensão deles a respeito da contribuição da atividade experimental para o processo de ensino e aprendizagem. Demonstrado nos gráficos abaixo: Aluno 1: “O laboratório itinerante possibilitou minha aprendizagem com os experimentos, esse conteúdo estava com muita dificuldade em aprender, agora eu conseguir entender”. Aluno 2: “Foi muito interessante quando pude realizar os experimentos, com certeza observei tudo que aconteceu e lembrei da explicação dos professores no início da aula e diferenciei as misturas” Aluno 3: “Não imaginava que poderíamos realizar experimentos com materiais do nosso cotidiano, fiquei muito surpreso e achei bem legal”. Constatou-se que 90% dos alunos conseguiram aprender o conteúdo através dos experimentos, justificando que os experimentos práticos proporcionaram uma abordagem mais dinâmica e interativa, o que contribuiu significativamente para o processo de aprendizagem dos estudantes. Permitiu vivenciar na prática os conceitos teóricos apresentados em sala de aula, o que facilitou a compreensão e retenção do conhecimento. Além disso, os experimentos despertaram a curiosidade dos alunos, estimulando a participação ativa e o interesse pela disciplina de ciências. Segundo Guedes (2017), os experimentos nas aulas são bem recebidos pelos alunos por diversas razões, que se relacionam com um objetivo principal: tornar concretos os conceitos abstratos envolvidos nas várias teorias científicas. O questionário revelou que os alunos valorizam e desejam mais atividades experimentais e gostariam que acontecessem com uma maior frequência, no entanto, enfrentam obstáculos como a ausência de laboratório de ciência e o tempo limitado do professor. O que ressalta a pesquisa de Lima; Amorim; Luz (2018), que apontam como principais dificuldades para a experimentação, e a falta de tempo para preparar o material, a insegurança em controlar as turmas e a falta de instalações adequadas. Ressaltando que mesmo sem dispor de muitos recursos, é possível realizar experimentos na sala de aula que estimulem o aprendizado dos alunos. Essa ideia está de acordo com Borges (1997), que afirma que os experimentos podem ser feitos em qualquer contexto educacional, sem que se faça uso de aparelhos sofisticados.

Figura 1: Realização dos experimentos com os alunos em sala de aula

Fonte: Autores, 2023

figura 2: (A) O Laboratório Itinerante é uma ferramenta importante par

Fonte: Autores, 2023

Conclusões

O uso de um laboratório itinerante no ensino das Ciências tem se mostrado uma estratégia eficaz para promover o sucesso dos estudantes nessa área. Através dessa abordagem, foi possível proporcionar experiências práticas e significativas, enriquecendo o aprendizado dos alunos e despertando o interesse pela disciplina. Foi constatado que o laboratório itinerante ofereceu vantagens significativas em relação ao ensino tradicional em sala de aula a possibilidade de levar os experimentos e atividades diretamente para as escolas e comunidades amplia o acesso ao conhecimento científico, especialmente para aqueles que não usufruíram a oportunidade de frequentar um laboratório convencional. As atividades práticas realizadas com os estudantes, proporcionou a eles a oportunidade de aprender através de metodologia diferenciada por meio da interatividade com experimentos realizados com substâncias presentes no cotidiano, com manipulações de vidrarias, observações dos fenômenos e a análise dos resultados. Diante dos resultados positivos obtidos, é importante destacar que o sucesso alcançado com a proposta de ensino na área das Ciências está diretamente relacionado à dedicação e comprometimento de todos os envolvidos. Professores, estudantes e comunidade desempenharam papéis fundamentais para o êxito desse projeto, tornando-o uma experiência enriquecedora para todos. E por fim, uma forma de estimular o aluno a se envolver com a ciência é por meio de aulas experimentais, que mostram na prática os conceitos e as aplicações nas áreas, a continuidade e expansão do laboratório itinerante na área das Ciências se mostram promissoras, pois, é necessário investir em recursos, capacitação e parcerias para ampliar o alcance desse projeto, garantindo que cada vez mais estudantes tenham a oportunidade de vivenciar o ensino de forma prática e significativa.


Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará ( IFPA - Campus Belém) e a Professora Drª Karen Albuquerque Dias da Costa.


Referências

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VOIGT, Carmen Lúcia, O ensino de química 2. Ponta Grossa - PR, Atena Editora, v.2, 2019.ISBN 978-85-7247-290-6.

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