ÁREA
Ensino de Química
Autores
da Silva Pimentel, D. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Costa Rocha, Q. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) ; Brandão Amorim, Z. (INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO)
RESUMO
O presente trabalho discute, a partir de uma pesquisa bibliográfica de produções publicadas nos últimos cinco anos, o potencial pedagógico de uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) quando atrelada ao ensino contextualizado de química. Dado seu rico valor nutricional e características diversas, o uso da ora- pro-nóbis como objeto de contextualização tem relevância social e pode ser potencialmente usada como ferramenta pedagógica no ensino de química. Apesar da crescente difusão da ora-pro-nóbis pelo seu rico potencial nutracêutico, o levantamento e a análise desses textos apresenta a escassez de trabalhos que aproximem a utilização da ora-pro-nóbis como um recurso pedagógico.
Palavras Chaves
Ora-pro-nóbis; Ensino de Química; Potencial pedagógico
Introdução
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) são consumidas diariamente pela população sem seu conhecimento devido. Existem mais de 3.000 espécies de plantas com potencial alimentícios ocorrentes no Brasil e a maioria não fazem parte da nossa matriz agrícola convencional, limitada a cerca de 100 espécies do mundo. PANC é a designação para todas as plantas alimentícias, sendo elas nativas ou não, mas que normalmente não fazem parte do cardápio cotidiano. Ressaltando que um cultivo que é tido como não convencional para uma região, é considerado convencional ou comum em outra, ou seja, o termo PANC pode ser utilizado para o que é tido como não convencional em uma região específica (KINUPP; LORENZI, 2014). Entre tantas variedades de PANC, a ora-pro-nóbis (OPN), uma cactácea, que é conhecida popularmente como “bife dos pobres”, se destaca pelo seu potencial nutracêutico. Guimarães (2018), em estudo sobre a caracterização físico-química de três espécies de OPN (Pereskia aculeata Mill., Pereskia grandifolia L. e Pereskia bleo L.) apresentou as plantas como excelentes fontes de proteína, aminoácidos, fibras, vitaminas A, C e do complexo B. Para além, o autor, indica e quantifica a presença de elementos como K, Ca, Mg, S, P, Mn, Fe, Zn e Cu. Seus óleos essenciais apresentam atividade antioxidante e anti-inflamatória. Essas características abrem o caminho para uma possível contextualização no ensino de Química. A partir dessa premissa, a proposta deste trabalho foi analisar as produções publicadas nos últimos cinco anos que abordaram a ora-pro-nóbis como objeto de contextualização, a fim de refletir as potencialidades dessa PANC no processo de ensino-aprendizagem.
Material e métodos
As reflexões que são apontadas neste trabalho surgem a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o uso da ora-pro-nóbis como recurso para a contextualização do ensino e consequentemente a difusão do consumo de PANC, com enfoque na área de Ciências da Natureza. Para isso, elaboramos um protocolo de seleção e análise de trabalhos publicados de 2018 a 2022 no repositório do Google Acadêmico e no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para a seleção dos textos no Google Acadêmico, foram selecionados os artigos que continham no título ou no corpo do trabalho os descritores “ora-pro-nóbis” ou “pereskia” em pares com “ensino de química”, ou “ensino de ciências”, ou “sequência didática”. Já no Catálogo da CAPES, usamos o termo “ora-pro-nóbis” como descritor, refinando a busca utilizando “Educação” e “Ensino” como Área de Conhecimento. Dos trabalhos selecionados nessa pesquisa, foram excluídos aqueles que não usavam a ora-pro-nóbis como objeto principal dentro da proposta pedagógica. Ao fim do levantamento, apenas três trabalhos foram utilizados para a discussão do tema proposto, a saber: “Utilização de ora- pro-nóbis (Pereskia aculeata miller) em alimentos:revisão da literatura científica e pesquisa exploratória” de Piccini et al. (2020); “Explorando o potencial nutricional dos vegetais: validação de uma sequência didática que propõe alternativas de consumo de proteínas visando a alfabetização científica” de Covre (2022); e “A transposição didática e a educação alimentar e nutricional aliadas à indicação do Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill.) como um alimento alternativo” Tessarini (2021).
Resultado e discussão
Os resultados obtidos a partir da pesquisa bibliográfica mostram que a ora-pro-
nóbis tem se tornado conhecida principalmente na área da nutrição, emergindo
como fonte de nutrientes básicos e importantes para a saúde. Todavia, quando a
pesquisa é direcionada para a área da educação, depara-se com grande escassez de
trabalhos que envolvam a PANC abordada, principalmente relacionados ao ensino de
Química. Santos e Schnetzler (1996) afirmam que o uso de temas químicos sociais
desempenham um papel fundamental no ensino de química para formar o cidadão. As
características encontradas na ora-pro-nóbis oportunizam o diálogo com diversos
conteúdos químicos, alguns exemplos estão contidos no Quadro 1. Outros assuntos
capazes de revelar seu potencial de interdisciplinaridade são dentro das
disciplinas de história, geografia, biologia, entre outros. Apesar de sua
grandeza, importância e potencial, conforme levantado na pesquisa bibliográfica,
a ora-pro-nóbis ainda não conseguiu adentrar à sala de aula por meio das aulas
de química. Além disso, destacamos ainda que a ausência do tema PANC nas salas
de aula faz com os alunos continuem limitados nutricionalmente, privando-os dos
benefícios nutracêuticos, já comprovados, pelo consumo de ora-pro-nóbis.
Conclusões
Podemos concluir que, embora a busca tenha alcançado resultados que aproximam-se com o tema desta pesquisa, ainda há uma escassez de estudos voltados para a utilização da ora-pro-nóbis como recurso para a contextualização no processo de ensino-aprendizagem. Com base nas pesquisas já realizadas a respeito da ora-pro- nóbis, podemos explorar as potencialidades no uso do tema PANC ao trabalharmos em uma aula de química, como foi possível destacar alguns exemplos do seu uso contextualizado em alguns conteúdos químicos.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vila Velha, por oportunizar a realização deste estudo.
Referências
COVRE, N. G. Explorando o potencial nutricional dos vegetais: validação de uma sequência didática que propõe alternativas de consumo de proteínas visando a alfabetização científica. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Educação e Divulgação em Ciências) - Instituto Federal do Espírito Santo, Vila Velha, 2022
GUIMARÃES, J. R. de A. Caracterização físico-química e composição mineral de Pereskia aculeata Mill., Pereskia grandifolia Haw. e Pereskia bleo (Kunth) DC. Tese (Doutorado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu, 2018.
KINUPP, V. F.; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum de estudos da flora, São Paulo, 2014.
PICCINI, C.; BORTOLUZZI, E.; FIORENTIN, G.; BATISTA, K.; FORTES, S. Utilização da Ora Pro Nóbis (Pereskia Aculeata Mill) em alimentos: Revisão de literatura científica e pesquisa exploratória. Repositório IFSC. Xanxerê, Santa Catarina, 2020.
SANTOS, W. L. P. dos; SCHNETZLER, R. P. Função social: o que significa ensino de química para formar o cidadão. Química nova na escola, v. 4, n. 4, p. 28-34, 1996.
TESSARINI, S. A transposição didática e a educação alimentar e nutricional aliadas à indicação do Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Mill.) como um alimento alternativo. 2021 . Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ensino de Ciências e Saúde) - Universidade Anhanguera, São Paulo, 2021.
