O LÚDICO NO ENSINO DE QUÍMICA: A EVOLUÇÃO DAS METODOLOGIAS E NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Jucá, J.C.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gonçalves, A.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Duarte, A.R.C.L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)


RESUMO

Este artigo avaliou a eficácia dos jogos lúdicos como alternativa de revisão de conteúdo no ensino de química, focando no balanceamento químico. O método utilizado foi o jogo de tabuleiro "Trilha de Química", seguido por um simulado de 6 questões. Os resultados mostraram que a maioria dos alunos (18 de um total de 21 alunos) acertou todas as questões, indicando um bom desempenho após a revisão com o jogo. Alunos com dificuldades iniciais superaram-nas e obtiveram sucesso na avaliação. Conclui-se que os jogos lúdicos são efetivos para promover a aprendizagem, tornando a revisão mais interativa e engajadora, resultando em melhor rendimento acadêmico. Essa abordagem complementar ao ensino tradicional de química estimula o ambiente educativo e facilita a assimilação de conceitos.


Palavras Chaves

Jogos lúdicos; Revisão no ensino; Balanceamento químico

Introdução

A educação é um campo em constante transformação, e ao longo dos anos temos presenciado a evolução das metodologias de ensino. Através de diversas abordagens, busca-se aprimorar a forma como o conhecimento é transmitido aos estudantes, tornando o processo de aprendizagem mais efetivo e significativo. Nesse contexto, a utilização do lúdico no ensino tem se destacado como uma estratégia promissora, capaz de engajar os alunos e tornar o aprendizado mais prazeroso (FREIRE, 1968; VYGOTSKY, 1991). A evolução das metodologias de ensino acompanhou as mudanças sociais e tecnológicas ao longo do tempo. No passado, predominava uma abordagem tradicional, baseada na transmissão de conhecimento de forma unidirecional, onde o professor desempenhava um papel central na sala de aula, enquanto os alunos eram receptores passivos. No entanto, essa abordagem mostrou-se limitada, uma vez que nem todos os estudantes aprendem da mesma maneira (FREIRE, 1968; VYGOTSKY, 1991). Com o avanço das teorias pedagógicas e o surgimento de novas concepções sobre o processo de aprendizagem, foram sendo desenvolvidas metodologias mais dinâmicas e participativas. Segundo Freire, valoriza-se o protagonismo do aluno, incentivando sua participação ativa na construção do conhecimento. Dessa forma, a sala de aula torna-se um espaço de interação e troca, onde o professor assume o papel de facilitador e mediador do aprendizado (FREIRE, 1968; VYGOTSKY, 1991). Uma das abordagens que tem ganhado destaque é a utilização do lúdico no ensino. O lúdico envolve o uso de jogos, brincadeiras e atividades recreativas como ferramentas pedagógicas. Ao introduzir elementos lúdicos na sala de aula, os educadores proporcionam um ambiente mais descontraído e estimulante, capaz de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos (RIBEIRO & BAPTISTA; SANTOS & REIS, 2018). No contexto específico do ensino de Química no ensino médio, algumas dificuldades podem ser identificadas. A complexidade dos conceitos, a abstração dos fenômenos químicos e a falta de conexão com a realidade cotidiana são alguns dos desafios enfrentados pelos estudantes. Além disso, a memorização excessiva de fórmulas e nomenclaturas muitas vezes torna o processo de aprendizagem cansativo e pouco significativo (RIBEIRO & BAPTISTA; SANTOS & REIS, 2018). Nesse sentido, a aplicação do lúdico na Química pode ser uma alternativa para superar tais dificuldades. Ao utilizar jogos e experimentos práticos, os alunos são estimulados a explorar conceitos químicos de forma concreta e vivencial. Por meio de atividades interativas e desafiadoras, o ensino se torna mais atrativo e envolvente, possibilitando uma compreensão mais profunda e duradoura dos conteúdos abordados (RIBEIRO & BAPTISTA; SANTOS & REIS, 2018). Em suma, a evolução das metodologias de ensino tem buscado romper com o modelo tradicional, valorizando a participação ativa dos alunos. Nesse contexto, a utilização do lúdico no ensino se apresenta como uma estratégia promissora, capaz de tornar o aprendizado mais prazeroso e efetivo. No ensino de Química, essa abordagem pode superar as dificuldades e despertar o interesse dos estudantes, proporcionando uma compreensão mais profunda e duradoura dos conteúdos químicos (FREIRE, 1968; RIBEIRO & BAPTISTA, 2019; SANTOS & REIS, 2018). O uso de metodologias de ensino lúdicas na Química tem se mostrado eficaz para engajar os estudantes e facilitar a assimilação de conteúdos. Essa abordagem busca romper com a tradicional forma de ensinar baseada em aulas expositivas e promover uma aprendizagem mais ativa e significativa (FREIRE, 1968; RIBEIRO & BAPTISTA, 2019; SANTOS & REIS, 2018). Uma das principais necessidades para a aplicação de metodologias lúdicas na Química é a utilização de novas ferramentas que possam auxiliar os educadores nesse processo. Essas ferramentas podem variar desde jogos educativos até experimentos práticos (FREIRE, 1968; RIBEIRO & BAPTISTA, 2019; SANTOS & REIS, 2018). Os jogos educativos são uma opção bastante utilizada, pois permitem a aprendizagem de forma divertida e desafiadora. Existem diversos jogos de tabuleiro, cartas e até mesmo aplicativos para dispositivos móveis que abordam conceitos químicos. Esses jogos proporcionam uma experiência interativa, estimulando o raciocínio, a resolução de problemas e a aplicação dos conhecimentos teóricos em situações práticas (FREIRE, 1968; RIBEIRO & BAPTISTA, 2019; SANTOS & REIS, 2018). Para o nosso objeto de estudo foi utilizado então uma metodologia lúdica por meio de um jogo de tabuleiro (Figura 1), com o intuito de revisar o conteúdo de balanceamento químico, onde também mostraremos que os jogos possuem fácil adaptação para o conteúdo que o professor deseja mudar a metodologia de ensino.


Material e métodos

A metodologia foi aplicada em uma escola de Ensino Médio localizada em Belém do Pará. Antes do jogo, foi realizada uma revisão prévia para relembrar o balanceamento de equações químicas. A turma selecionada para participar da atividade era composta por alunos do 2º ano do Ensino Médio, totalizando 21 estudantes, que foram divididos em 4 grupos. Cada grupo recebeu uma trilha de jogo personalizada (Figura 1). Essas trilhas continham 16 degraus numerados, nos quais se encontravam equações químicas (Tabela 1) a serem balanceadas pelos participantes. Os alunos, em seus respectivos grupos, jogaram dados e avançaram pelas casas da trilha de acordo com os números obtidos. Ao chegarem em uma casa, os alunos eram desafiados a realizar o balanceamento da equação química correspondente. Caso acertassem, o grupo avançava na trilha. Entretanto, se errassem, o grupo era penalizado, sendo obrigado a retroceder um número de casas equivalente à quantidade obtida no lançamento dos dados. Essa abordagem proporcionou uma revisão interativa e participativa, estimulando a colaboração entre os alunos e promovendo o engajamento com o conteúdo. As reações químicas não foram organizadas seguindo um padrão de dificuldade crescente. Ao invés disso, as equações químicas foram dispostas de forma aleatória nos degraus da trilha. Essa abordagem aleatória permitiu que os alunos enfrentassem diferentes desafios de balanceamento químico em cada casa da trilha, sem um padrão previsível de complexidade. Dessa forma, os alunos foram expostos a uma variedade de equações químicas, desenvolvendo suas habilidades de balanceamento de forma abrangente e estimulante. Reações Químicas a serem balanceadas Numeração na tabela e Reações (não balanceadas) 1 - C2H6O + O2 → CO2 + H2O 2 - Na2CO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2 3 - C6H12O6 → C2H6O + CO2 4 - C4H10 + O2 → CO2 + H2O 5 - FeCl3 + Na2CO3 → Fe2(CO3)3 + NaCl 6 - NH4Cl + Ba(OH)2 → BaCl2 + NH3 + H2O 7 - Ca(OH)2 + H3PO4 → Ca2(PO4)2 + H2O 8 - Fe2(CO3)3 + H2SO4 → Fe2(SO4)3 + H2O + CO2 9 - Na2O + (NH4)2SO4 → Na2SO4 + H2O + NH3 10 - FeS2 + O2 → Fe2O3 + SO2 11 - NH3 + O2 → NO + H2O 12 - KMnO4 + H2SO4 → Mn2O7 + K2SO4+ H2O 13 - CS2 + O2 → CO2 + SO2 14 - H3PO4 + CaO → Ca3(PO4)2 + H2O 15 - Na2CO3 + H3PO4 → Na3PO4 + H2O + CO2 16 - KMnO4 → K2MnO4 + MnO2 + O2


Resultado e discussão

Neste estudo, foi realizado um método de avaliação após a revisão, consistindo em um simulado com 6 questões sobre balanceamento químico. Participaram da revisão um total de 21 alunos, os quais foram submetidos ao jogo lúdico como método de revisão. Dos alunos que participaram da metodologia, 18 (86%) acertaram todas as questões do simulado. Isso evidencia a eficácia do uso dos jogos lúdicos como ferramenta de revisão, uma vez que a grande maioria dos estudantes obteve um bom desempenho na avaliação. Outros 3 alunos (14%) cometeram apenas um erro no simulado, o que ainda indica um resultado satisfatório considerando o nível de dificuldade das questões. Esses resultados demonstram que o jogo lúdico contribuiu para uma melhor assimilação e retenção dos conceitos de balanceamento químico pelos alunos. Por outro lado, os alunos que não participaram da revisão utilizando o jogo lúdico não apresentaram o mesmo rendimento na avaliação. Isso sugere que a metodologia de revisão baseada em jogos lúdicos oferece uma vantagem significativa em relação aos métodos de revisão tradicionais. Como é possível ver no gráfico 1. Gráfico 1: Resultados da pesquisa Fonte: Autores (2023) Além disso, é interessante notar que os alunos que inicialmente apresentavam dificuldades durante a revisão foram capazes de superá-las e alcançar um bom desempenho no simulado. Isso indica que o jogo lúdico proporcionou um ambiente de aprendizado estimulante, que ajudou esses alunos a compreender e dominar os conceitos abordados. Esses resultados corroboram a importância dos jogos lúdicos como alternativa de revisão de ensino. Os jogos lúdicos são capazes de envolver os alunos de forma ativa, estimular a sua motivação intrínseca e facilitar a aprendizagem de forma mais lúdica e prazerosa. Ao transformar o processo de revisão em uma experiência interativa e engajadora, os jogos lúdicos promovem a retenção de conhecimentos e habilidades de forma mais efetiva. Considerando os resultados obtidos neste estudo, foi possível verificar que a utilização de jogos lúdicos como método de revisão é uma estratégia pedagógica valiosa para aprimorar o rendimento dos alunos, estimulando o aprendizado de forma significativa e eficiente na disciplina.

Figura 1

Trilha química utilizada na revisão

Gráfico 1

Resultados da pesquisa

Conclusões

Os jogos lúdicos têm se mostrado uma alternativa eficaz e promissora para a revisão de conteúdos no ensino, como evidenciado pelos resultados deste estudo. A utilização desses jogos proporciona um ambiente de aprendizado mais interativo, estimulante e engajador para os alunos. Através dessa abordagem, foi possível observar uma melhora significativa no rendimento dos estudantes, com a maioria deles obtendo um desempenho satisfatório no simulado aplicado. Através da utilização dos jogos lúdicos como método de revisão, os alunos são envolvidos ativamente no processo de aprendizagem, o que promove a motivação intrínseca e o interesse pelos conteúdos abordados. Além disso, a interação e a competição saudável entre os alunos contribuem para a criação de um ambiente de aprendizado colaborativo e estimulante. No entanto, é importante mencionar que os jogos lúdicos também podem apresentar alguns aspectos negativos que devem ser considerados. Por exemplo, em algumas situações, a competição acirrada pode gerar um ambiente de estresse excessivo, levando à pressão e à diminuição do prazer na aprendizagem. Além disso, é necessário garantir que os jogos sejam adequados ao nível de desenvolvimento dos alunos e aos objetivos pedagógicos estabelecidos. Outro aspecto que merece atenção é a necessidade de equilibrar o uso dos jogos lúdicos com outras estratégias de ensino, garantindo que os conteúdos sejam abordados de forma abrangente e que todas as competências e habilidades sejam desenvolvidas. Os jogos lúdicos devem ser considerados como uma ferramenta complementar no processo de ensino-aprendizagem, integrando-se a outras metodologias e abordagens pedagógicas.


Agradecimentos


Referências

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido, 46ª ed., Editora Paz e Terra, 1968

RIBEIRO, S. G., & BAPTISTA, A. L. Ludicidade e educação: Jogos, brinquedos e brincadeiras no contexto escolar. Editora Vozes, 2019.

SANTOS, M. L. C., & REIS, R. C. O lúdico na educação: Contribuições para a formação docente. Editora Wak, 2018.

VYGOTSKY, L. S. A Construção do Conhecimento: contribuições de Vygotsky, Piaget e outros, 2ª ed Editora Martins Fontes,1991.

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