O uso de medicamentos como tema gerador para o ensino de química orgânica. Uma pesquisa de opinião exploratória.

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Borges, B.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Alves, C.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Reis, F.K.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Santos, I.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)


RESUMO

A química medicinal é popularmente conhecida como a química dos medicamentos, e abrange muitas subáreas, como a Química Computacional, a Síntese Orgânica e a Química de Produtos Naturais. Os medicamentos, em termos de estrutura química e funções orgânicas, caracterizam-se pela presença de fármacos em sua composição. Dessa forma, o presente estudo buscou avaliar a opinião dos alunos sobre a inserção do tema “química dos medicamentos” no conteúdo das aulas de química do ensino médio em escolas públicas e particulares do estado do Pará. Foi gerado um formulário on-line com questões de múltipla escolha. As respostas foram analisadas com estatística descritiva e a análise mostrou que a inserção do tema “química dos medicamentos” é considerado importante pela maioria dos participantes.


Palavras Chaves

Ensino de química; Remédio; Medicamentos

Introdução

A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folhas talvez tenha sido uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais. A história do desenvolvimento das civilizações Oriental e Ocidental é rica em exemplos da utilização de recursos naturais na medicina, no controle de pragas e em mecanismos de defesa, com destaque para as civilizações Egípcia, Greco-romana e Chinesa (JUNIOR, 2006). A química medicinal é popularmente conhecida como a química dos medicamentos, e abrange muitas subáreas, como a Química Computacional, Síntese Orgânica e a Química de Produtos Naturais. Por medicamentos, entende-se como substâncias ou associações de substâncias químicas que possuem propriedades curativas ou preventivas de doenças e enfermidades em seres humanos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). A ação terapêutica de um medicamento é determinada pelo princípio ativo que o contém (LEMOS, 2009). Uma substituição de uma função orgânica de um determinado fármaco pode resultar em uma modificação da atividade biológica da molécula. Do ponto de vista químico, significa dizer que grupos funcionais presentes na estrutura de um fármaco devem ser compatíveis para interagir com os grupos funcionais de enzimas e inibidores presentes no corpo humano. Em organismos vivos, os medicamentos atuam de diversas maneiras: alguns minimizam a sensação de dor, outros induzem a calma ou eliminam a depressão. Outros ainda fazem o oposto, induzindo um sentimento de euforia que, algumas vezes, leva à dependência (ATKINS, 2002). Dessa forma, o presente estudo buscou obter um panorama geral sobre a inserção do tema “química dos medicamentos” no conteúdo das aulas de química do ensino médio em escolas públicas e particulares do estado do Pará.


Material e métodos

Uma pesquisa quantitativa foi realizada a partir da estruturação e criação de um formulário de pesquisa online via Google Forms, sendo possível levantar dados que mostram se houve ou não a abordagem do objeto de estudo em sala de aula e o nível de conhecimento dos alunos em relação a esse tema. O formulário em questão apresentou perguntas discursivas e de múltipla escolha, conforme evidenciado abaixo: Questionário de aplicação 1. Você estuda/estudou em que tipo de instituição de ensino? 2. Você está em que série do Ensino Médio? 3. Quantos anos você tem? 4. Você está tendo (ou teve) aulas de Química regularmente? 5. Você sabe a diferença entre remédio e medicamento? 6. Este assunto foi abordado alguma vez em sala de aula? 7. Você tem interesse em saber mais sobre a Química dos medicamentos? Em seguida, estão dispostas as possíveis alternativas do questionário de aplicação. Alternativas do questionário de aplicação 1. ( ) Pública ( ) Privada 2. ( ) 1° ano ( ) 2° ano ( ) 3° ano ( ) Já concluí o ensino médio 3. Texto de resposta curta 4. ( ) Sim ( ) Não 5. ( ) Sim ( ) Não 6. ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro 7. ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez


Resultado e discussão

O formulário utilizado para a realização desta pesquisa obteve ao todo 27 (vinte e sete) respostas. Os dados apontam os percentuais obtidos em cada pergunta, sendo que, na pergunta 1 (um) do questionário de aplicação, a qual mostrou que 66,7% dos participantes da pesquisa são oriundos de escola pública e 33,3% de instituições privadas. De acordo com os dados obtidos na segunda pergunta, 81,5% das respostas indicaram que já concluíram o ensino médio, 14,8% que estão no 3° ano e 3,7% que estão no 2° ano (Figura 1). Em relação à terceira pergunta do formulário, o público-alvo da pesquisa compreendeu atuais alunos e egressos na faixa etária de 16 a 55 anos de idade. Dentre as respostas obtidas na pergunta 4 (quatro) do questionário de aplicação, 25 alunos (92,6%) indicaram que estão tendo (ou tiveram) aulas de química regularmente, e 2 discentes (7,4%) afirmaram que não. Em relação à quinta pergunta, 21 estudantes (77,8%) evidenciaram que sabem a diferença entre remédio e medicamento, e 6 alunos (22,2%) disseram que não sabem. Nesse sentido, em relação à abordagem deste tema em sala de aula, 59,3% das respostas indicaram que o assunto foi abordado, 37,0% disseram que não, e 3,7% não lembram se foi ou não (Figura 2). Por fim, 85,2% dos participantes afirmam ter interesse em saber mais sobre a química de medicamentos, 11,1% marcaram que talvez tenham interesse, e 3,7% que não. Portanto, é fundamental que este assunto seja desenvolvido em sala de aula, tendo em vista que compreender os fármacos e os princípios-ativos dos medicamentos, é uma diretriz curricular importante para a educação básica em química, garantindo a sua correlação com a realidade dos alunos e o acesso aos conhecimentos técnico-científicos a respeito do tema (SILVA; PINHEIRO, 2013).

Figura 1.

Resposta da pergunta 2 do questionário\r\nFonte: A autora (2023)

Figura 2.

Resposta da pergunta 6 do questionário\r\nFonte: A autora (2023)

Conclusões

A análise dos formulários mostrou que os participantes confirmam que tema “química dos medicamentos” tem sido tratado nas aulas de química do ensino médio e que a grande maioria considera importante a aquisição de conhecimentos a este respeito. Porém, uma parcela significativa disse não ter tido contato com esse assunto em sala de aula. Estes resultados sugerem a importância dos professores, e gestores educacionais, atentarem para a inclusão e desenvolvimento adequado do tema em questão, pois os conhecimentos acerca dos medicamentos pode evitar os malefícios provenientes da automedicação e de seu uso indevido, além de garantir um ensino de química contextualizado e plural.


Agradecimentos

A nossa instituição de ensino UFPA, ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior - Brasil (CAPES) - Programa de Residência Pedagógica. Aos meus pais por todo apoio e ao meu professor orientador.


Referências

ATKINS, P. W. Moléculas. Trad. P. S. Santos e F. Galembeck. São Paulo: Edusp, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em: https://portal.saude.gov.br. Acesso em: 09 jun. 2023.

JUNIOR, C. V; BOLZANI, V. S. Os Produtos Naturais e a Química Medicinal Moderna. Química Nova, v. 29, n. 2, p. 326-337, 2006.

LEMOS, T. Farmacologia para biologia. Org: Tadeu Lemos, Thereza Christina Monteiro Lima. Florianópolis: Biologia/EAD/UFSC, 2009.

SILVA, M. L. M.; PINHEIRO, P. C. A Educação Química e o Problema da Automedicação: Relato de Sala de Aula. Química Nova na Escola, v. 35, n. 2, p. 92-99, 2013.

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