O ENSINO DE QUÍMICA PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA COM O USO DAS TDIC: elaboração, produção e divulgação de recursos, aplicativos e plataformas.

ÁREA

Ensino de Química


Autores

Mendes, G.H.L. (UEMA) ; Santos, A.J.S. (UEMA) ; Silva, A.N.S. (UEMA) ; Soares, P. (UEMA)


RESUMO

Este trabalho é fruto da realização de uma pesquisa de extensão, que surgiu da necessidade de aprofundar os conhecimentos da disciplina Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Química da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Teve por objetivo inicial analisar o uso das TDICs em aulas de química e culminou coma produção de um Guia de Recursos Tecnológicos para o ensino de Química. Preliminarmente, realizou-se uma busca dos principais recursos, como aplicativos, plataformas, sites e simuladores gratuitos, fazendo um filtro destes e adequando-os aos conteúdos de química. Posteriormente foram elaboradas e ministradas aulas de química com uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDICs. Para avaliar suas potencialidades e limitações aplicou-se um questionário, via Google Forms.


Palavras Chaves

Guia de Recursos; TDICs; Ensino

Introdução

A qualidade no processo de ensino e aprendizagem sempre foi e será o foco de toda e qualquer instituição educacional, planejado através de todo o corpo docente e gestão escolar. No entanto, o ano de 2020 foi atípico, pois fomos expostos ao vírus SARS-CoV-2 e acometidos pela doença infecciosa conhecida como Covid-19. Essa exposição nos proporcionou uma era pandêmica onde o comércio, indústrias e demais estabelecimentos, os quais não eram vistas como essenciais, fecharam as portas por um determinado tempo, tudo isso para tentar mitigar os casos de infecção do vírus. Dentre os ambientes que tiveram as suas portas fechadas, temos as instituições educacionais, ou seja, creches, escolas, universidades, cursos preparatórios para vestibulares. E nesse contexto, a educação precisou se adaptar à nova realidade imposta, abrindo portas e janelas para uma nova metodologia de ensino-aprendizagem com o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDICs. As TDICs foram inseridas no ambiente escolar de forma rápida e brusca. É uma ferramenta de ensino que já era utilizada antes da pandemia, porém que se tornou essencial para o desenvolvimento das atividades educacionais durante a pandemia. O ponto crucial nessa adaptação do ensino tradicional para o moderno com o uso das TDICs, são os docentes que não possuem nenhum tipo de formação com a área tecnologia, por exemplo, os professores que não tem muita familiaridade com o uso de ferramentas tecnológica, ou até mesmo aqueles que têm um conhecimento básico, mas não sabem levá-los para a sala de aula. De acordo com Cantini (2006, p. 876): O professor, como agente mediador no processo de formação de um cidadão apto para atuar nessa sociedade de constantes inovações, tem como desafios incorporar as ferramentas tecnológicas no processo de ensino e aprendizagem, buscando formação continuada, bem como mecanismos de troca e parcerias quanto à utilização destas. Essa realidade foi muito bem-vista nos momentos mais cruciais da pandemia, onde as ferramentas de tecnologias digitais foram amplamente utilizadas por docentes e discentes. Os cursos de formação em tecnologias foram cruciais para a superação das barreiras impostas pelo ensino remoto. No entanto, como o retorno das atividades educacionais presenciais, nota-se ainda que muitos docentes e discentes apresentam dificuldades de conciliar o uso das tecnologias ao seu processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, a presente pesquisa teve por objetivo, elaborar, produzir e divulgar recursos, aplicativos e plataformas que auxiliem os docentes no ensino de Química, através de um Guia de Recursos Tecnológicos, a fim de oferecer um suporte didático-pedagógico às atividades docentes, além de avaliar o uso de alguns destes recursos em sala de aula.


Material e métodos

Para o desenvolvimento desta pesquisa optou-se pela abordagem qualitativa com caráter exploratório. Segundo Gil (2019) essas pesquisas têm como finalidade proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, sendo o planejamento flexível, pois levam em consideração os mais variados aspectos do fenômeno estudado. Para tal, o trabalho foi dividido em 2 etapas. Na primeira etapa foi realizada uma busca dos principais recursos tecnológicos para suporte em aulas de química, tais como aplicativos de dispositivos móveis, plataforma e sites de internet e simuladores, desde que disponibilizados gratuitamente. Realizou-se um filtro dos principais recursos adequando-os às suas temáticas e relacionando-os aos conteúdos em química para posterior aplicação em sala de aula e elaboração do Guia de Recursos. O desencadeamento dessa etapa se deu a partir da realização da disciplina Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Química, do curso de Química Licenciatura da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, em que foram apresentadas diversas ferramentas e recursos para auxiliar no desenvolvimento das aulas de química. Na ocasião, eram os próprios alunos, através de microaulas que apresentam o uso didático-pedagógico do uso das TDICs em aulas de química. Aproveitando o engajamento dos alunos e pensando em aprofundar a temática da pesquisa para além da Universidade, conseguimos a realização de um Projeto de Extensão, onde se deu inicio a segunda etapa. Neste contexto, visitamos algumas escolas situadas ao redor da UEMA, para ter um campo de pesquisa. Alguns pontos foram importantes para escolher a escola-campo: ter uma mínima estrutura de recursos, tais como computadores, data show e rede de internet com acessibilidade a todos os envolvidos. O projeto foi desenvolvido na escola de ensino médio, da rede pública estadual de ensino da região metropolitana de São Luís, MA, situado no bairro Cidade Operária. Ainda nesta etapa os pesquisadores realizaram visitas e acompanhamentos das aulas de química durante três semana, também foi observada a estrutura da escola e como otimizá-la para o desenvolvimento da pesquisa. Em seguida, os pesquisadores fizeram o planejamento e aplicação aulas de química com o auxílio da TDICs, sempre com a contribuição do orientador do projeto e sob o acompanhamento do professor regente. Para avaliar as potencialidades e limitações do uso destes recursos em sala de aula aplicou-se um questionário para 32 alunos, estruturado com perguntas fechadas e abertas, disponibilizado no Google Forms logo após a realização das intervenções. Para finalizar o projeto foi elaborado um Guia de Recursos Tecnológicos, reunindo alguns dos principais aplicativos, simuladores e plataformas usados para o ensino de química, tabulados e testados, tanto ao longo da disciplina de Tecnologias Aplicadas como no incurso do projeto de pesquisa.


Resultado e discussão

Durante o período de atuação na escola, percebendo-se a escassez do uso de recursos de tecnologia bem como a insuficiente formação dos docentes na área, foi elaborado um Guia de Recursos Tecnológicos para a utilização de TDICs nas aulas de química, cujo objetivo é dar suporte didático-pedagógico para a realização das atividades em sala de aula. A utilização de tecnologias digitais vem provocando reflexões relativas à forma de ensinar e de aprender, sendo assim, compreender esse cenário bem como as ferramentas utilizadas na sala de aula é de grande utilidade para o docente, pois conforme Leite (2020), são muitos os recursos e estratégias que se utilizam TDICs como suporte para a construção de conhecimento. Como instrumento de coleta de dados aplicou-se um questionário, que nos ajudou a compreender a percepção dos alunos quanto ao uso da tecnologia na escola. Os alunos em questão eram de uma turma do 2º ano do ensino médio – na faixa etária de 16 a 18 anos de idade. As perguntas em relação aos alunos abordaram sobre acessibilidade (considerando internet e recursos) bem como uso e vantagens das tecnologias em sala de aula. No total, participaram da avaliação 32 discentes. Quando questionados sobre quais aparelhos utilizam para acessar a internet de maneira geral, todos os alunos, ou seja, 100%, responderam utilizar o celular. Além disso, 25% informaram utilizar além do celular o notebook, 9% usam o computador de mesa além do celular e 3% utilizam um tablet além do celular. Nota-se que a maioria dos discentes possuem como único recurso de acessibilidade para suas atividades do cotidiano, incluindo as acadêmicas, o celular. Esse comportamento vai de encontro aos dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua 2021, a pesquisa revelou que o telefone celular foi apontado como o dispositivo mais utilizado pelos estudantes para acessar a internet, um total de 97,9%, embora seja utilizado para diversos fins. Sobre a disponibilidade de internet na escola, observou-se uma baixa cobertura e baixo sinal da rede, pois nem todos os pontos da escola tinham acesso, principalmente nas salas de aula, não sendo possível, por exemplo, explorar recursos simples como os aplicativos no próprio celular dos alunos. Desta maneira, procuramos otimizar alguns espaços, como o da biblioteca para a aplicação das aulas. Diante disso, quando perguntados sobre como acessam a internet na escola, 40,6% dos alunos informaram utilizar a rede de conexão (wi-fi) da escola, 25% recorrem à conexão de dados próprio, enquanto que 15,6% utilizam tanto a rede da escola como a conexão de dados própria, já 18,8% simplesmente não tem acesso à internet dentro da escola. O acesso à internet ainda é um grande desafio para os estudantes de escolas públicas, conforme dados do PNAD Contínua, em 2021, 3,6 milhões de estudantes não tinham acesso à internet, destes 94,7% eram oriundos de escola pública (IBGE, 2021). Embora estejamos na era tecnológica, o que vemos ainda são muitas escolas no período analógico, aonde as políticas públicas de acessibilidade não chegaram. As escolas encontram-se carentes do investimento em internet, tecnologia e modernização, mesmo sendo uma importante ferramenta de desenvolvimento acadêmico e social. Análogo a isso, os dados do Censo escolar de 2021, divulgado pelo Instituto Nacional de Educação e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), tendo como fonte de dados às escolas de ensino médio da rede estadual do Maranhão, mostra que apenas 33,2% dos alunos da rede possuem internet disponível para acesso de uso geral, enquanto que 33,3% têm esse acesso à internet para ensino e aprendizagem na escola. Essa realidade revela os desafios de se trabalhar com as TDICs na sala de aula, pois a utilização das ferramentas tecnológicas, na maioria dos casos, depende de uma internet de boa qualidade e acessibilidade, algo não encontrado no campo de pesquisa. Isso pode ser constatado pelas respostas dos alunos quanto à qualidade de acessibilidade da internet na escola, para 62,5% se manifestaram insatisfeitos, 18,8% ruim, 9,4% regular, 9,4% bom e 0% muito satisfeito. Os alunos também responderam se seus professores costumam utilizar os recursos de tecnologia em suas aulas, 46,9% responderam que sim. Outros 53,1% responderam que a minoria. O exercício da docência é cheio de desafios, especialmente nesse contexto tecnológico. Logo, para incluir as tecnologias em sua metodologia de ensino, o professor deve estar disposto a assumir um novo papel, promovendo aulas interativas e envolventes. Fazer com que o espaço da sala de aula não esteja limitado ao ensino de domínio tradicional. De acordo com Tajra (2008), o professor precisa se capacitar para que consiga aliar os recursos de tecnologia com a sua proposta de ensino. No próprio questionário os alunos responderam que o uso das TDICs acaba tendo uma grande importância pela dimensão representativa, auxiliando na compreensão dos fenômenos estudados. Finalizando o questionário os alunos foram interrogados sobre como a tecnologia ajudaria no processo de aprendizagem dos assuntos de química. De acordo com as respostas, obtivemos relatos alinhados com as percepções e análise crítica a respeito da temática, dentre as respostas, foi relatado que “A principal vantagem oferecida pela tecnologia nas aulas de química está relacionada a simulações, que auxiliam as representações de conceitos e condições científicas, melhorando as condições de aprendizagem.” (Aluno 1). Para o aluno 2, “Seria de grande valor, pois é muito bom poder utilizar da tecnologia como meio de ensino, a internet da escola nem sempre é boa, o que complica muito nosso desempenho, pois precisamos utilizá-la, muita das vezes para fazer pesquisas e outras coisas. Na nossa escola não temos laboratório de ciências, e isso prejudica muito nosso desenvolvimento, seria ótimo ter um espaço destinado a pesquisas.” Tal pensamento vai de encontro às dificuldades encontradas no decorrer da aplicação do projeto que escancara a realidade presente na maioria das escolas da rede pública. como resultado final do projeto foi elaborado um Guia de Recursos Tecnológicos, reunindo alguns dos principais aplicativos, simuladores e plataformas usados para o ensino de química, tabulados e testados, tanto ao longo da disciplina de Tecnologias Aplicadas como no incurso do projeto de pesquisa.

Acesso ao Guia

QR Code de acesso ao Guia.

Compilados do guia

Apresentação do Guia de Recursos Tecnológicos.

Conclusões

Podemos compreender que o espaço escolar é essencial para a educação das crianças e jovens. E para que ocorra melhor essa educação e que todos consigam adquirir tal conhecimento, é importante a implementação de novos recursos, de maneira a deixar as aulas mais dinâmicas, acessíveis e que ocorra mais interações aluno-professor. Desta forma, as TDICs são essenciais dentro das salas de aula, pois além de proporcionar uma nova experiência de ensino para os professores, os alunos têm um contato e uma visão melhor de como utilizar a tecnologia para a sua aprendizagem. No entanto, alguns obstáculos encontrados precisam ser superados, pois entendemos que essas dificuldades são recorrentes nas escolas da rede pública. Aspectos como estrutura e assistência tecnológica, condições de uso, formação e capacitação para docentes e discentes, uma estrutura de conexão de internet bem elaborada e iniciativa da gestão pública em investir nos recursos de tecnologia. Compreendemos a partir desse projeto que muitos são os desafios encontrados nas escolas, mas que as TIDCs podem ser utilizadas como ferramentas metodológicas para tornar os conhecimentos mais significativos na vida do aluno. Diante da realidade investigada em que os docentes pouco utilizavam os recursos em sala de aula como suporte pedagógico, surgiu a ideia de elaborar, produzir e disponibilizar um Guia de Recursos Tecnológicos para o Ensino de Química, considerando alguns aplicativos, plataformas e simuladores gratuitos, disponibilizados na internet e nas lojas virtuais.


Agradecimentos

A primeiramente à Deus por minha vida, família e amigos, à UEMA pelo ambiente criativo e amigável que me proporcionou e ao professor Alan Jhones, pela orientação acadêmica, apoio e confiança.


Referências

BEURENREN, E.; BALDO, A. Formação cidadã dos alunos da educação básica, na promoção do conhecimento científico nas ciências da natureza, utilizando os recursos da web 2.0. Anais do Ciecitec, 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Resumo Técnico: Censo Escolar da Educação Básica 2021. Brasília, DF: Inep, 2021.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD contínua TIC 2021, IBGE 2021. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. acesso em: 17 mai. 2023.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

LEITE, B. S. Tecnologias no Ensino de Química: teoria e prática na formação docente. Curitiba: Appris, 2015.

LEITE, B. S. Aplicativos para aprendizagem móvel no ensino de química. Revista Científica Foco Unicamp. v.13, p. 1-21, 2020.
SCHUARTZ, Antonio Sandro; SARMENTO, Helder Boska de Moraes. Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) e processo de ensino. Revista Katálysis, v. 23, p. 429-438, 2020.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: novas ferramentas para o professor na atualidade. 7ª Ed. São Paulo: Érica, 2008.

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