Utilizando a Química como ferramenta para a Educaćão Ambiental

ÁREA

Química Ambiental


Autores

Xavier Rocha, V. (IFRJ) ; Ian, L. (IFRJ) ; Nazar de Souza, A.P. (UERJ) ; Viana Silva, O.C. (IFRJ) ; Ribas Vendramel, S.M. (IFRJ)


RESUMO

Este trabalho promoveu educação ambiental de alunos do ensino médio combinando atividades teóricas e práticas na área de química e meio ambiente. Nas atividades teóricas foram tratadas questões associadas ao saneamento básico e os impactos que ações antrópicas exercem na qualidade das águas. Nas atividades práticas foram coletadas águas do canal em frente ao colégio e analisadas por parâmetros físico- químicos e microbiológico, os quais compõem o Índice de Qualidade das Águas (IQA). Os resultados obtidos a partir de pesquisas de opinião realizadas com os alunos do colégio sugerem que a combinação das atividades práticas e teóricas realizadas melhoraram a compreensão dos alunos sobre a relação da química com as questões ambientais, sobre saneamento básico e seus efeitos na qualidade da água.


Palavras Chaves

educação; meio ambiente; IQA

Introdução

As ações antrópicas têm gerado uma crise ambiental e que traz consequências que são sentidas pelas pessoas cotidianamente e pelos ecossistemas de água doce, sendo aqueles que mais sofrem degradação no planeta. Essa degradação é fruto de diversas ações humanas que afetam rios e córregos em função do crescimento populacional desordenado e da ocupação não planejada dos espaços urbanos, sem infraestrutura adequada trazendo uma série de problemas socioambientais. A poluição das águas é um destes problemas e que tem parte de sua origem na falta de saneamento básico (MEC, 2007b; ANA,2013b; ALMEIDA, 2014). Na crise ambiental atual a educação ambiental entra como base de transformação e, realizar vivências práticas associadas ao contexto local aproxima o conhecimento científico ao cotidiano dos alunos e pode contribuir com o aumento da capacidade crítica e das percepções das pessoas em relação aos problemas socioambientais, estimulando mudanças na maneira de pensar e de agir desses indivíduos, Sato e Carvalho (2005 apud Fragoso e Nascimento, 2018) Este trabalho buscou desenvolver atividades teóricas e práticas de educação ambiental com alunos do ensino médio de um colégio estadual, tendo como principal objetivo despertar um olhar crítico destes alunos sobre problemas socioambientais relacionados à falta de saneamento básico e qualidade da água, além de mostrar a relação entre a química e o meio ambiente. Para envolver os alunos nas atividades práticas de química foram realizadas coletas da água de um canal em frente ao colégio e análises de qualidade da água através de parâmetros de relevância ambiental que compõem o índice de qualidade das águas (IQA) e que resultam em um valor global de qualidade das águas, sendo de mais fácil entendimento para o público em geral, ANA (2022a).


Material e métodos

A combinação de atividades teóricas e práticas foi realizada em um colégio estadual da cidade do Rio de Janeiro em três encontros, nos meses de outubro e novembro de 2022, com duração de três horas no turno da manhã em cada dia, tendo como público alvo alunos do 1° ano do ensino médio com idades entre 14 e 16 anos. Nas atividades teóricas foi apresentado aos alunos, a partir de aulas expositivas e vídeos, assuntos que tratam do saneamento básico e dos possíveis impactos que as atividades humanas exercem na qualidade das águas, na saúde, na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente. Para demonstrar alguns destes conceitos na prática, foram realizadas coletas da água do canal que se encontra em frente ao colégio e foram analisados parâmetros físico-químicos e microbiológico, os quais compõem o Índice de Qualidade das Águas (IQA). Os parâmetros avaliados e métodos utilizados foram: oxigênio dissolvido, temperatura, pH, turbidez, sólidos, nitrogênio e fósforo pelo Standard Methods (APHA, 2005), DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) pela ABNT (NBR 12614) e coliformes fecais conforme orientações do kit comercial Alfakit. Parte das análises de alguns parâmetros foram realizados in situ com a participação dos alunos e os demais, que não foram factíveis de serem realizados in situ, foram realizados em laboratório com seus procedimentos gravados em vídeo e posteriormente apresentados aos alunos nos encontros seguintes realizados no colégio. Para avaliar a contribuição das atividades práticas para o processo de educação ambiental foi realizada uma pesquisa de opinião a respeito do conhecimento dos alunos nos conteúdos abordados no projeto antes de seu início e após a finalização das atividades.


Resultado e discussão

Para o cálculo do IQA das águas coletadas no canal em frente ao colégio, foram utilizados os resultados brutos obtidos para os oito parâmetros físico-químicos e um microbiológico, conforme apresentado na Tabela 1. O resultado encontrado para o IQA das águas do canal foi de 39,36 e, segundo a classificação utilizada para o Estado do Rio de Janeiro, valores de IQA entre 26 e 50 (Figura 1) são correspondentes a águas de qualidade ruim. Para avaliar os efeitos das atividades práticas para a educação ambiental dos alunos foram aplicadas duas pesquisas de opinião. A pesquisa de opinião inicial composta de perguntas discursivas e objetivas foi aplicada antes do início das atividades no colégio e avaliou os conhecimentos prévios dos alunos sobre os assuntos que seriam abordados. A pesquisa de opinião final, também composta por perguntas discursivas e objetivas, foi aplicada uma semana após o término das atividades teóricas e práticas realizadas no colégio e avaliou os mesmos temas da primeira pesquisa. Na comparação dos resultados obtidos para as perguntas que abordaram o mesmo contexto nas pesquisas de opinião inicial e final foi possível fazer algumas inferências sobre o quanto os alunos absorveram do conhecimento transmitido durante o trabalho. Ao comparar os resultados das duas pesquisas foi possível identificar uma melhora da compreensão dos alunos na maior parte do conteúdo apresentado. Os resultados mostraram que as atividades práticas contribuíram para um melhor entendimento dos participantes sobre química, saneamento básico e sobre como a qualidade do meio ambiente interfere sobre suas vidas e também sobre como suas atitudes cotidianas interferem no meio ambiente levando boa parte dos alunos a fazer uma auto reflexão sobre suas ações em relação ao meio ambiente.

Figura 1 -

Classificação da qualidade das águas obtida pelo \r\ncálculo do IQA.\r\n

Tabela 1

Resultados brutos dos parâmetros físico-químicos e \r\num microbiológico utilizados no cálculo do IQA.\r\n

Conclusões

As atividades práticas de química para a análise da qualidade de água in situ com participação direta dos alunos em algumas das análises, possibilitou uma mudança na condição habitual de aprendizagem e se mostrou uma ferramenta importante para: sensibilizar sobre os problemas ambientais, trazer novos aprendizados e reflexões, valorizar o conhecimento científico, incentivar mudanças na forma de pensar e agir e estimular mudanças na percepção dos participantes para problemas socioambientais presentes na própria região onde estudam e que estão refletidos na qualidade da água do canal.


Agradecimentos

Ao IFRJ pelo apoio aos projetos de pesquisa e extensão.


Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO - ANA (Brasil). Portal da qualidade das águas. Indicadores de qualidade - índice de qualidade das águas (IQA).Disponível em: <http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx>.Acesso em: 24 de jun.2022a.


AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO - ANA (Brasil). Ministério do Meio Ambiente; PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Cuidando das águas: soluções para melhorar a qualidade dos recursos hídricos. 2. ed. Brasília: ANA, 2013. 157 p., il. Inclui bibliografia. ISBN 9788582100189. Disponível em: <https://biblioteca.ana.gov.br/sophia_web/acervo/detalhe/60542>. Acesso em: 17 abr. 2023b.


ALMEIDA, L.S. Ocupação habitacional das áreas de rios e mananciais em face da preservação de recursos hídricos: exercício regular de um direito ou violação de um princípio de direito fundamental?Jus,abril 2014.Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/27947/ocupacao-habitacional-das-areas-de-rios-e-mananciais-em-face-da-preservacao-de-recursos-hidricos>. Acesso em 21 jul. 2022.


FRAGOSO, E.; NASCIMENTO, E. C. M. (2018). A Educação Ambiental no Ensino e na Prática Escolar da Escola Estadual Cândido Mariano – Aquidauana/MS. Ambiente &Amp; Educação, 23(1), 161–184.Disponível em: <https://periodicos.furg.br/ambeduc/article/view/6988/5298>.Acesso em: 01 jun. 2023.


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC (Brasil). Vamos cuidar do Brasil : conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Educação Ambiental : UNESCO, 2007. 248 p.Vários colaboradores.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2022b.


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