Qualidade da Água Subterrânea no Entorno do Aterro Sanitário de Marituba-PA.

ÁREA

Química Ambiental


Autores

Soares, R. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Medeiros, A. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Silva, M. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Faial, K. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Mendes, R. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS)


RESUMO

Aterros sanitários são considerados fontes de poluição das águas subterrâneas pela alta carga de poluentes presente no chorume. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade da água subterrânea utilizada para consumo humano, através da análise de metais pesados, no aterro sanitário de Marituba, estado do Pará, Brasil. Foram coletadas 32 amostras de água subterrânea na estação seca e chuvosa. As análises foram realizadas por ICPMS e foram determinados os metais Al, Fe, Ni, Pb, Hg, As, Sb, U, Ba, Cr e Cd. Os resultados demonstraram que as águas estão dentro dos padrões de potabilidade da legislação brasileira, exceto para algumas amostras onde o Alumínio foi excedente. Foram encontradas concentrações traço de metais altamente tóxicos, indicando uma contaminação pelo lixiviado do aterro.


Palavras Chaves

aterro sanitário; metais; qualidade da água

Introdução

A presença de metais pesados na água é decorrente de processos naturais, mas os níveis de concentração são incrementados por atividades antropogênicas. A poluição do solo e de sistemas aquáticos por metais pesados acima de níveis aceitáveis é um fator que afeta a qualidade do meio ambiente e constitui risco eminente de intoxicação ao homem (ZHIYONG et al, 2016). Os metais pesados existem naturalmente no ecossistema, e nas águas subterrâneas a sus presença é indesejável porque muitos deles têm efeitos tóxicos, mesmo em baixas concentrações. A contaminação das águas superficiais e subterrâneas por traços de metais resulta em danos a qualidade da água que é prejudicial à saúde humana e ao ecossistema aquático (ASARE-D0NKOR et al, 2016). A combustão de combustíveis fósseis, lixiviados de lixões, efluentes da mineração, efluentes industriais depositados no meio ambiente, centros de serviços automotivos, escoamento superficial e produtos químicos industriais são as principais fontes antropogênicas de metais residuais e podem ser responsáveis pelas altas concentrações de metais encontrados no ambiente. (BRINDHA et al, 2020) A vulnerabilidade da qualidade de águas subterrâneas em torno de aterros sanitários de RSU, geralmente é compreendida pela avaliação do impacto da poluição por lixiviados; pela comparação ou classificação de aterros municipais (HUSSAIN et al, 2019) O município de Marituba, pertencente a RMB, abriga o Aterro Sanitário de Marituba que recebe cerca de 40,5 mil toneladas de lixo da região. Com a proximidade do aterro de centros urbanos, ocorreram vários impactos negativos gerados pela implementação do aterro são diversos.


Material e métodos

O município de Marituba, onde está localizado o aterro sanitário, possui uma população estimada de 133.685 pessoas e uma extensão territorial de 103,214Km2. (IBGE 2020). O Aterro Sanitário de Marituba é o destino final do Resíduo Sólido Urbano (RSU) da Região Metropolitana de Belém (RMB), Estado do Pará. Foram coletadas 32 amostras distribuídos em 16 pontos de coleta nos meses de maio (período chuvoso) e outubro (período seco) de 2022. Conforme os seguintes critérios pré-estabelecidos: (a) amostra de água para consumo exclusivamente residencial; (b) fonte de água por captação subterrânea; (c) pontos com localização nas proximidades do aterro sanitário de Marituba. As distâncias da área que compreende o aterro sanitário para os pontos de coleta trabalhados variam de 1,16km a 3,30km. As amostras de água foram coletadas dos locais de amostragem garrafas de polietileno de alta densidade pré-lavadas com uma solução de ácido nítrico (HNO3) a 10%. Alíquotas de amostras de água foram filtradas através de filtros de seringa não pirogênicos de 0,45 µm e armazenadas em frascos de polipropileno de 50 mL, em seguida acidificar a amostra com HNO3 65% para pH ≤ 2. Em seguida, as amostras foram colocadas em caixas térmicas e transferidas para o laboratório de Química Ambiental e Saúde do Instituto Evandro Chagas. Os metais foram analisados através da técnica utiliza a técnica de Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP MS), Modelo 7900 Agilent. O método utilizado segue o protocolo adaptado do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 23o ed. Washington, 2017 (3125 B).


Resultado e discussão

Os níveis médios de traços de metais geralmente não mostraram diferenças significativas entre as águas subterrâneas durante as estações seca e chuvosa, quase a totalidade dos metais analisados apresentaram concentrações abaixo dos limites aceitáveis estabelecidos pela Resolução Nº 396/2008 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) do Brasil, com exceção do alumínio, cujo limite estabelecido pela Resolução é 200 µg L-1. As concentrações do alumínio variaram entre < LD a 378,01 µg L-1 nas duas estações do ano e foram elevados pontos S1, S6 e S15 (estação chuvosa) e nos pontos S1, S2, S3, S4, S6, S15 e S16 (estação seca), localizadas aproximadamente 1 km do aterro sanitário excedendo o limite exigido para água de consumo estabelecido pelo CONAMA. Segundo a OMS, as concentrações de alumínio dissolvido em águas com valores de pH quase neutros geralmente variam de 10 a 50 µg L-1, mas aumentam para 500 a 1000 µg L-1em águas mais ácidas ou ricas em matéria orgânica. Estas elevadas concentrações de Alumínio encontradas podem estar relacionadas a ocorrência naturais e/ou antropogênica. Além disso, elevadas concentrações de Alumínio encontradas podem estar relacionadas a ocorrência naturais, em função da formação geológica da área de estudo tem como principal perfil litoestratigráfico a argila, que em águas de pH ácido acabam por reagir e liberar Alumínio nas águas subterrâneas. No entanto, vale ressaltar que apesar dos metais tóxicos como arsênico, chumbo, cromo, mercúrio e cádmio não serem encontrados acima dos limites máximos de contaminantes, podem ter efeitos tóxicos mesmo em concentrações muito baixas

Conclusões

O município de Marituba possui como principal fonte de abastecimento de água as águas subterrâneas. Os resultados das concentrações de metais pesados são considerados um alerta: a presença de Al, Ni, As, Pb, Cd, Hg mesmo que em concentrações traço e em algumas amostras demonstra uma contaminação desses poluentes por atividade antropogênica. É necessário um monitoramento mais robusto com mitigação de impactos afim de preservar esses mananciais e controlar os poluentes para que futuramente as águas continuem próprias para consumo.


Agradecimentos

Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)


Referências

ASARE-DONKOR, N.K., BOADU, T.A., ADIMADO, A.A. Evaluation of grounwater and surface water quality and human risk assessment for trace metals in human settlements around the Bosomtwe Crater Lake in Ghana. SPINGERPULS, 5(1): 1812, 2016.

BRINDHA, K., PAUL, R., WALTER, J., TAN, M.L., SINGHh, M.K. Trace metals contamination in groundwater and implications on human health: comprehensive assessment using hydrogeochemical and geostatistical methods. ENVIRONMENTAL GEOCHEMISTRY HEALTH. 2020; 42(11): 3819–3839.

HUSSAIN, S.; REHMAN, M.H.; KHAMAN, T.; SHEER, A.; KEBIN, Z.; JIAJUN, Y. Health Risk Assessment of Different Heavy Metals Dissolved in Drinking Water. Int. J. Environ. Res. Public Health 2019, 16(10), 1737.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades: Marituba. Rio de Janeiro, 2020.

ZHIYONG, H.; HAINING M.; GUOZHONG, S.; LI, H.; LUOYU, W.; QINGQING, S. A review of groundwater contamination near municipal solid waste landfill sites of China. SCIENCE TOTAL ENVIRONMENTAL, v. 569-570, p. 1255-1264, 2016.

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