Influência do extrato orgânico etanólico da erva de Santa Maria no crescimento das bactérias Bacillus subtilis e Bacillus amyloliquefaciens

ÁREA

Química Ambiental


Autores

Rosa, C.R.J. (UNEMAT) ; Cardoso, F.F.S. (UNEMAT) ; Lima, M.P. (UNEMAT) ; Loss, R.A. (UNEMAT) ; Geraldi, C.A.Q. (UNEMAT) ; Oliveira, K.C.L. (UFMT) ; Guedes, S.F. (UNEMAT)


RESUMO

Atualmente tem sido utilizado extratos de plantas para o controle alternativo dos fitonematoides, entre eles a erva de Santa Maria. Porém, é preciso avaliar se os extratos não possuem ação antimicrobiana e de forma a destruir os controles biológicos benéficos inoculados no plantio. Dessa forma, este estudo teve como objetivo avaliar a ação do extrato etanólico no crescimento das espécies Bacillus subtilis e Bacillus amyloliquefaciens utilizadas na cultura do milho. Foi realizado a avaliação in vitro, utilizando meio BDA e o método de spread plate. Não foi observado halo de inibição, indicando que o extrato pode ser utilizado no controle de fitonematoides, pois não tem atividade antimicrobiana nos bacillus estudados


Palavras Chaves

Chenopodium ambrosioides; Etanol; Controle biológico

Introdução

O milho (Zea mays L.), pertencente à família Poaceae, é uma fonte de energia tanto para alimentação humana como para animal (REIS et al., 2022; NETTA et al., 2022). Com a industrialização, houve aumento de áreas plantadas do milho visando altas das produções, que na última safra de verão 2021/22 atingiu uma produção de 87,4 milhões de toneladas (CONAB, 2022). Com a alta produção, surgiram algumas doenças que tem sido motivo de preocupação dos agricultores, como é o caso da infestação por fitonematoides. Os nematoides são organismos pluricelulares, se desenvolvem em ambientes úmidos e possuem corpo cilíndrico alongado (TEJO et al., 2020). No mundo, mais de 40 espécies e 12 gêneros de nematoides foram relatados como parasitas na cultura do milho (CASELLA, FERREIRA E PINTO, 2006). Uma das formas de controle dos nematoides, são uso de químicos e tem aumentado os estudos para avaliação de extratos biológicos, como da erva de Santa Maria. Porém, é preciso avaliar se os extratos não influenciam nos biológicos inoculados durante o cultivo, como é o caso dos Bacillus, microrganismos promotores de crescimento de plantas que tem se destacado em razão das características multifuncionais como a solubilização de fosfato e outros minerais, além da capacidade de biocontrole de patógenos de plantas (PAIVA et al., 2020). Dessa forma, este estudo teve como objetivo avaliar a ação do extrato aquoso da erva de Santa Maria no crescimento das espécies Bacillus subtilis e Bacillus amyloliquefaciens.


Material e métodos

A obtenção do extrato foi adaptada da metodologia de Amparo et al., (2017). As folhas, flores e frutos da planta foram secas em estufa a 70°C durante 48 horas e triturado no moinho de faca. Em frascos âmbar para evitar a interferência de luminosidade, pesou-se 20 gramas de erva de Santa Maria com adição de 100 mL do solvente etanol PA 99º GL (Synth). O recipiente foi mantido em local seco, ventilado e protegido de exposição a luz por 192 horas. Após o período de maceração, o extrato foi filtrado com papel filtro (filtração a vácuo) e colocado em banho maria a 40°C durante 24 horas para evaporação do solvente. Para ressuspender o material extraído, foi utilizado o Dimetilsulfóxido (DMSO, Synth), na proporção de 0,2 mL para cada grama de rendimento do extrato. Após dissolvido, o extrato foi armazenado congelados até a aplicação. Foram adicionadas a placas de petri 10 mL do meio de cultura BDA (Agar Batata Dextrose). Na sequência, foram adicionados 100 µL de extrato de Chenopodium ambrosioides L. em pequenos poços, mesma quantidade de inóculo da bactéria colocada na superfície do meio de cultura, adotado o método de spread plate. A Figura 1 apresenta um croqui do experimento. Foram padronizadas quatro repetições para melhor confiabilidade dos resultados. As placas foram mantidas em estufas bacteriológicas a 30ºC por cinco dias até a medição dos halos de inibição.


Resultado e discussão

A erva de Santa Maria tem atividade comprovada como inseticida, nematicida e antifúngica, sendo eficaz no controle e redução da população de algumas espécies de nematoides. As substâncias presentes nos extratos têm capacidade de repelir ou causar a morte de insetos ou organismos (SILVA et al., 2022; JACOME et al., 2020). Apesar da ação em outros organismos vivos, o extrato etanólico de erva de Santa Maria não apresentou interferência no crescimento nas espécies de bactérias Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtilis, utilizadas para controle biológico e crescimento vegetal do milho. Jacome et al. (2020) testou extratos de erva de Santa Maria extraídas com solvente hidroalcoólicos em bactérias de espécies Streptococcus mutans e Staphylococcus aureus, e nesses estudos também não houve inibição do desenvolvimento das bactérias. Apesar de ser bactérias diferentes, demonstra uma baixa eficácia do extrato na inibição das bactérias.

Figura 1: Método spread plate utilizado no experimento



Conclusões

Houve crescimento microbiano ao redor dos extratos, demonstrando que o extrato etanólico da erva de Santa Maria não influencia diretamente nos inócuos benéficos utilizados para o cultivo do milho, em especifico das bactérias Bacillus amyloliquefaciens e Bacillus subtilis.


Agradecimentos

A Fundação e Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT), Núcleo Naipce/Unemat e ao CNPq.


Referências

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CARVALHO, P.H. Controle biológico alternativo de Meloidogyne incógnita e M. javanica em tomateiro. 2017. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2017.
CASELA, C.R.; FERREIRA, A.S.; PINTO, N.F.J. Doenças na cultura do milho. 2006. Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Sete Lagoas – MG, 2006.
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SILVA, R.S.; FILHO, A.C.P.M.; VENTURA, H.R.F.B.; CORRÊA, F.R.; VENTURA, M.V.A. Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens aplicados via foliar em sorgo cultivar Nucover 100. Centro Universitário do Sudoeste Goiano, UniBRAS, Rio Verde, Goiás, Brasil, 2022.
SODRÉ, C.R. Milheto na redução da população do nematoide Pratylenchus brachyurus na cultura do milho. 21f. Trabalho de conclusão de curso apresentado como quesito para obtenção do título de bacharel – faculdade evangélica de Goianésia – GO, 2018.
TEJO, D.P.; FERNANDES, C.H.S.; BURATTO, J.S. Fitonematoides e estratégias adotadas em seu controle. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-graduação Stricto senso em agronomia, PR-Brasil, 2020.

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