ANÁLISE DOS PARÂMETROS FISICO-QUÍMICOS DO ÓLEO DE PESCADA (Cynoscion sp.)

ÁREA

Físico-Química


Autores

Nogueira, P.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Frazão, F.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Frazão, R.H.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Júnior, F.D.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Azevedo, D.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Mendonça, C.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Marciel, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)


RESUMO

Objetivou-se caracterizar os parâmetros físico-químicos do óleo extraído da pescada (Cynoscion sp.). A extração e caracterização foi realizada no Laboratório do Núcleo de Combustíveis, Catálise e Ambiental (NCCA-UFMA). As análises de caracterização do óleo foram: índice de acidez, iodo, saponificação e peróxidos. Os parâmetros foram avaliados segundo a metodologia descrita no American Oil Chemists’ Society (AOCS). Os valores referente aos parâmetros foram: índice de saponificação (IS) = 330,99 ±1,2, índice de peróxido (IP) = 15,9 ±0,1, índice de acidez (IA) = 2,78± 0,09 mg KOH/g e índice de iodo (II) = 116,6 ± 0,54. Diante disto, pode-se concluir que a maioria dos parâmetros físico-químicos do óleo de peixes marinhos estavam de acordo com as normas de referências nacionais e internacionai


Palavras Chaves

Análise; Índice de acidez; ìndice de iodo

Introdução

Visando a redução de impactos ambientais, os resíduos de pescado podem ser destinados a elaboração de subprodutos não comestíveis. Os resíduos não comestíveis são cabeças, escamas, nadadeiras, peles, vísceras e espinhas. E dentre os subprodutos não comestíveis à base de pescado se tem a farinha, óleo, cola, adubo de pescado e solúvel concentrado de pescado (BRASIL, 2020). O óleo é a principal fonte de ácidos graxos de alto valor nutricional como eicosapentaenoico (C20:5 EPA), docosapentaenoico (C22:5 DPA) e docosahexaenoico (C22: 6 DHA) (MEDEIROS-JUNIOR et al., 2017). O ácido ômega-3 que é proveniente do óleo de peixe, também vem sendo incorporado em suplemento e fortificação pelas indústrias do ramo farmacêutico e alimentício. A matéria-prima oriunda dos recursos pesqueiros têm-se em abundância no Brasil, sendo um ponto favorável. A obtenção do óleo tem em sua composição peixes não viáveis para a economia e/ou resíduos do processamento da indústria da pesca ou resíduos de pescado comercializados em feiras, supermercado e mercados. Muitas tem sido a aplicação do óleo em diversos ramos da indústria. Sua aplicação também tem sido um dos constituintes na produção de ração para animais oriundos da aquicultura, produção de tintas, vernizes, acabamento de couro, substrato de fermentação e usado no preparo de defensivos naturais como inseticidas. O óleo de peixe também apresenta grande potencial biotecnológico para ser utilizado como na produção de biodiesel, em razão da sua composição lipídica e por apresentar um elevado perfil em ésteres metílicos de ácidos graxos de cadeia longa (FRAZÃO et al., 2022). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi analiasar os parâmetros físico- químicos do óleo extraído da pescada (Cynoscion sp.).


Material e métodos

Os resíduos da pescada usados na produção de óleo bruto foram obtidos em uma Unidade de Beneficiamento de Pescado, localizado na Ilha de São Luis-MA.Os experimentos foram realizados no laboratório do Núcleo de Combustíveis, Catálise e Ambiental (NCCA). O óleo bruto foi obtido em um Extrator tipo Soxhlet. Um 1 kg de resíduo foi posto na estufa para secagem por 24 horas a 100°C. Para a extração por Soxhlet foi utilizado 200 g de resíduo seco que foram inseridas em cartuchos de celulose e junto ao cartucho foi colocado um pedaço de algodão para auxiliar no processo de extração. Colocou-se cerca de 700mL de hexano no balão juntamente com esferas de vidro. Inicialmente o sistema é aquecido por uma manta para a evaporação do solvente, que ao ser condensado fica armazenado dentro do Soxhlet em contato com o cartucho, extraindo o óleo do resíduo. Quando o sifão enche, o solvente com o composto dissolvido desce para o balão de destilação novamente. Os ciclos foram efetuados por três horas e trinta minutos. Posteriormente, o balão volumétrico contendo a amostra diluída no solvente foi encaminhado a um rotaevaporador, em contato com um banho maria à 65 °C, para separar o solvente do óleo extraído. A determinação do rendimento do óleo bruto foi feita por diferença de massa, entre o peso da amostra inicial e o peso do óleo após a extração. Os resultados foram expressos em porcentagem (%), em relação ao peso da amostra inicial. As análises de caracterização do óleo foram: índice de acidez, iodo, saponificação, e peróxidos, avaliados segundo a metodologia descrita no American Oil Chemists’ Society (AOCS, 2004). Todas as análises foram realizadas em triplicata.


Resultado e discussão

O rendimento de óleo bruto extraído foi em média 22,5%. Os resultados das análises físico-químicas estão apresentados na Tabela 1. O valor do índice de acidez observado, no presente estudo, para o óleo de pescada foi de 2,78± 0,09 mg KOH /g). Acidez em óleo é um parâmetro de qualidade importante relacionada à presença de ácidos graxos livres (AGL) e outros compostos de ácidos não lipídicos (RUBIO-RODRÍGUEZ et al., 2012). O óleo em estudo apresentou um índice de acidez abaixo do padronizado adotado pelos órgãos de referência CODEX/FAO (2017) e EFSA (2010), e de outros artigos encontrados na literatura (OLIVEIRA, 2015; PINTO, 2009). Diferente de outros autores (BRELAZ, 2019; FELTES et al., 2010; FERNANDES, 2016) que observaram elevado índice de acidez nos óleos estudados. Associaram esses resultados ao armazenamento da matéria prima até o momento do processamento. Indicaram que, para que os óleos tenham melhor qualidade o aproveitamento dos resíduos deve ser o mais breve possível após o processamento dos peixes. Quanto ao índice de iodo, o óleo estudado apresentou 111,6 gI2/100g, sendo que este índice se enquadrou no preconizado adotado pelo órgão de referência MAPA/BRASIL (2020) que estipula para óleos de peixes bruto os valores para índice de iodo até 200 gI2/100g. O óleo estudado apresentou um índice de saponificação de 330,99 ± 0,02 mg KOH/g, o que indica que o óleo apresenta ácidos graxos poli-insaturados em grande proporção. Este valor está de acordo com o preconizado adotado pelas normas de referência supracitadas.

Tabela 1: Análise físico-químicos do óleo de pescada (Cynoscion sp.)



Conclusões

O óleo de extraído da pescada apresentou caracterização fisico-quuimica satisfatória, dentro do padronizado adotado pelas normas de referência. O trabalho é promissor para estudos na área de biotecnologia, visto que o mesmo pode ser uma alternativa a produção de biodiesel, uso na aquicultura, na área de beneficiamento de pescado e fins nutricionais (humano e animal). Alternativa de produção de óleo visou redução de impacto ambiental.


Agradecimentos

Agradecimento a NCCA-UFMA, FAPEMA, CNPq e CAPES


Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. DECRETO Nº 10.468, DE 18 DE AGOSTO DE 2020. Dispõem sobre a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/inspleite/files/2020/10/RIISPOA-ALTERADO-E-ATUALIZADO-2020.pdf>. Acesso em: 26 de março de 2023.
Codex Alimentarius (2017). STANDARD FOR FISH OILS CODEX STAN 329-2017. Disponivel em: <https://www.iffo.net/system/files/Codex%20Standard%20for%20Fish%20Oils%20CXS_329e_Nov%202017.pdf>. Acesso em: 28 de março de 2020.
FAO. 2018. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2018. Cumplir los objetivos de desarrollo sostenible. Roma
http://www.fao.org/3/i9540es/I9540ES.pdf
FELTES, M. M. C., CORREIA, J. F. G., BEIRÃO, L. H., BLOCK, J. M., NINOW, J. L., & SPILLER, V. R. Alternativas para a agregação de valor aos resíduos da industrialização de peixe. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Vol.14, No.6, pp. 669-677, ISSN 1415-4366. 2010
FRAZÃO, F. F.; FRAZÃO, R. H. N.; CHAVES, K. C. C.; ALMEIDA, B. N.;SANCHES, G. J. L.; BASTOS, F. C.; MENDONÇA, C. J. S.; MACIEL, A. P. Extração e caracterização fisico-química do óleo de resíduos de peixes marinhos comercializados em São luis-MA. In: SILVA, C. R. C.; SANTOS, I. L. V. L. Agroecologia e a Preservação do Meio Ambiente 1. ed. Campina Grande: Editora Science, 2022.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. INSTRUÇÃO NORMATIVA No 110, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2020 Publica a lista de matérias-primas aprovadas como ingredientes, adivos e veículos para uso na alimentação animal. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-pecuarios/alimentacao-animal/arquivos-alimentacao-animal/copy2_of_IN1102020LISTADEMATERIASPRIMAS.pdf. Acesso em: 02 de março de 2023.
MEDEIROS-JUNIOR, E. F.; EIRAS, B. J. C. F. & ALVES, M. M. Propriedade físico-química do óleo de vísceras de corvina Cynoscion virescens. ActaFish (2017) 5 (2): i-iv. DOI 10.2312/ActaFish.2017.5.2.i-iv

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