ÁREA
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Domingues, C.A.P. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Manso, B.R. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Izumi, G.K.M. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Ito, M.M.N. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA)
RESUMO
A Jabuticaba é o fruto obtido da jabuticabeira (Plinia cauliflora) - árvore nativa da mata atlântica e conhecida no Brasil – e amplamente consumida por suas propriedades organolépticas. As cascas deste fruto contêm diversos compostos fenólicos e antocianinas - sendo esta ultima responsável por sua tonalidade característica. O presente trabalho objetiva extrair os componentes pigmentosos (antocianinas) da casca da jabuticaba para a produção de cosméticos. Para tanto, foi dissolvido o pó obtido da trituração das cascas desidratadas e o resultado aponta para cosméticos com boa cobertura pigmentada.
Palavras Chaves
PIGMENTO NATURAL; ANTOCIANINA; JABUTICABA
Introdução
Pela diversidade de solos e condições climáticas, o Brasil apresenta condições ecológicas para produzir frutas de qualidade e com grande variedade de espécies, sendo o terceiro maior produtor mundial de frutas. (FACHINELLO, 2009). Entre as frutas produzidas no país, destaca-se a Jabuticaba - obtida da jabuticabeira (Plinia cauliflora) - árvore nativa da mata atlântica e amplamente conhecida no Brasil, sendo encontrada em matas, praças públicas, em canteiros de avenidas e até em estacionamentos (WAGNER JÚNIOR, DANNER, CITADIN, 2022, p. 11). O consumo de jabuticaba se justifica por suas propriedades organolépticas, sendo mais freqüente a ingestão da polpa, devido à presença de açucares, minerais e seu alto teor de umidade (FARIAS, 2017). Apesar de comestível, a casca deste fruto tende a ser desprezada. Alem do valor nutritivo, sua casca contém diversos compostos fenólicos e antocianinas - sendo esta ultima responsável por sua tonalidade característica (TEXEIRA et al, 2008) - que podem ser aproveitados para outros segmentos, como na elaboração de cosméticos e fármacos. As antocianinas são pigmentos naturais encontrados em flores, frutos, folhas, caules e raiz de plantas e desempenham diferentes funções nos vegetais onde são encontrados (CASTAÑEDA, 2009). Esses pigmentos são compostos pertencentes ao grupo de flavonóides, e se caracterizam por apresentarem cadeia policíclica, formada pela junção de três anéis aromáticos, de formula geral [C6 – C3 – C6]. Assim, o presente trabalho objetiva extrair os componentes pigmentosos da fração descartada deste fruto (cascas da jabuticaba) para produção de cosméticos.
Material e métodos
• Jabuticaba; • Faca; • Tudo de ensaio; • Bastão de vidro; • Almofariz e pistilo; • Liquidificador; • Estufa de ar; • Casca da jabuticaba; • Vidro de relógio; • Assadeira/forma; • Becker; • Plástico filme; • Pincéis. • Base de unha incolor • Gloss incolor Com o auxilio de uma faca, separamos a casca da polpa do fruto e descartamos a polpa. Em seguida, lavamos as cascas (Amostra) em água corrente, retirando os vestígios da polpa e secamos, com auxilio de um pano. Na sequência, deixamos as cascas ao ar livre por cerca de 3 horas (ate evaporar a água). Após a secagem, acondicionamos a Amostra em uma assadeira e levamos a estufa, por 22 horas à 60ºC, para desidratação. Após esse período e, com auxilio de almofariz e pistilo, trituramos as cascas ate obter um pó. Em seguida, colocamos a Amostra em um liquidificador, coletando o pó que se depositava na tampa. Por fim, o pó obtido foi dissolvido no cosmético (Gloss e Base de unha).
Resultado e discussão
No inicio, foi efetuada a dissolução do pó (obtido após a trituração com o
almofariz) nos cosméticos. No entanto, o cosmético não apresentou boa cobertura
pigmentosa (Figura 1a). Isso se deve ao fato dessa trituração gerar grãos de
elevado tamanho, que dificultam a formação de um filme e/ou dissolução nos
materiais utilizados. Para contornar esse fato, após a trituração, efetuamos uma
peneiração utilizando meia-calça. Com isso, obtivemos um cosmético com melhor
cobertura. No entanto, utilizar o liquidificar possibilitou um cosmético de
melhor resultado/cobertura pigmentada (Figura 1b). Esse melhor desempenho deve-
se ao fato do uso do liquidificador permitir a obtenção de um pó com menor
granulometria, fato esse que contribui para melhorar a solubilidade e
recobrimento após aplicação.
Após obtenção do pó, dissolvemos a Amostra em base de unha transparente e o
recobrimento atingiu uma cobertura homogênea, conforme Figura 2.
Gloss preparado utilizando o pó obtido da casca da \r\njabuticaba
Esmalte produzido pela dissolução do pó da casca de \r\nJabuticaba
Conclusões
O presente trabalho permite obter um pigmento natural, utilizando um método de baixo custo, relativamente simples e que possibilita a produção de cosméticos com resultados similares aos produtos industrializados. No entanto, por se tratar de um pigmento natural, apresenta baixa toxicidade e impacto ambiental. Por fim, cabe sinalizar que a proposta deste trabalho pode ser uma alternativa verde para a indústria de pigmentos, reutilizando uma fração descartada - cascas, alem de diminuir os resíduos, possibilita explorar as potencialidades das moléculas naturais presentes na casca deste fruto.
Agradecimentos
Ao nosso orientador, Carlos Alberto Pereira Domingues, por nos proporcionar conhecimento, além de sua paciência e empenho. Também aos nossos responsáveis pelo incentivo e apoio.
Referências
FACHINELLO, José Carlos. Fruticultura: fundamentos e práticas. Embrapa Clima Temperado, 2009.
WAGNER JÚNIOR, Américo; DANNER, Moeses Andrigo; CITADIN, Idemir. Jabuticabeiras. 2022.
TEXEIRA, L. N.; STRINGHETA, P. C.; OLIVEIRA, FA de. Comparação de métodos para quantificação de antocianainas. Revista Ceres, v. 55, n. 4, p. 297-304, 2008.
FARIAS, David de Paulo. JABUTICABA: CARACTERIZAÇÃO DO FRUTO, SUAS FRAÇÕES E CINÉTICA DE SECAGEM. 2017.
CASTAÑEDA, Leticia Marisol Flores. Antocianinas: o que são? onde estão? como atuam. Porto Alegre, 2009.