Produção de tintas aquarelas a partir de pigmentos naturais

ÁREA

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química


Autores

Domingues, C.A.P. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Cruz, J.Y.K. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Alves, L. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA) ; Machado, N.B.P. (COLEGIO OBJETIVO ARUJA)


RESUMO

Os pigmentos naturais são utilizados desde os primórdios da humanidade. Entre as principais classes de substâncias, destacam-se as betalaínas, os carotenóides, as clorofilas e os flavonóides. O presente trabalho se propôs a produzir tintas artísticas a partir de pigmentos extraídos de folhas e flores presentes em nosso cotidiano. Para a extração dos pigmentos, foram adaptados alguns procedimentos propostos por BUENO (1998) e os resultados apontam para a obtenção de um material custo acessível, com reduzida formação de resíduo e de baixa toxicidade.


Palavras Chaves

pigmento natural; aquarela; metodo alternativo

Introdução

Pigmentos naturais são utilizados desde as civilizações antigas, tanto para expressar idéias quanto para registrar fatos do cotidiano (CRUZ, 2007). Pinturas realizadas com esse tipo de pigmento também se fazem presente em populações indígenas. Segundo ROCHA (2019), a pintura “feita no rosto e corpo carregam a identidade cultural desses povos”, representa diversas etnias caracterizadas por diversos padrões alterados para cada cultura dentre os povos. Desse modo, o uso de substâncias naturais com a finalidade de pigmentação artística circunda a história da humanidade. Em produtos naturais, os pigmentos podem ser agrupados em diferentes grupos, tais como betalaínas, carotenóides, clorofilas, entre outros. As clorofilas são pigmentos verdes, localizados nos cloroplastos das células vegetais e desempenham a função de absorção de luz, alem de conferir cor aos vegetais (KARP, 2005). Outra classe de substâncias responsáveis pela coloração são os flavonóides. A classificação do tipo de flavonóide, presente em um extrato de planta, esta relacionado à sua solubilidade e reações. Os flavonóides podem ser separados por procedimentos cromatográficos e os componentes individuais identificados, quando possível, por comparação com padrões. As duas classes de flavonóides consideradas como mais importantes são os flavonóis e as antocianidinas (MARÇO, POPPI e SCARMINIO. 2008). O presente trabalho se propôs a produzir tintas artísticas a partir de pigmentos extraídos de folhas e flores presentes em nosso cotidiano, tais como: Dahlia pinnata, Catharanthus roseus, Desmodium paniculatum, Fuchsia hybrida, Peumus boldus, Mangifera indica, Tibouchina, granulosa, Cosmos sulphureus, Begonia erythrophylla e Alstroemeriaceae.


Material e métodos

• Alúmen de Potássio • Carbonato de Sódio • Goma Arábica • Crocosmia aureape • Dahlia pinnata • Catharanthus roseus • Desmodium paniculatum • Fuchsia hybrida • Peumus boldus • Mangifera indica • Tibouchina granulosa • Cosmos sulphureus • Begonia erythrophylla • Alstroemeriaceae • Vidro de relógio • Beakers • Fonte de aquecimento • Filtro • Pincéis • Balança • Almofariz e pistilo Para cada espécie, utilizam-se as folhas ou flores, devidamente pesadas. Adiciona-se a amostra em uma panela e acrescenta-se água à temperatura ambiente até cobrir o material sólido. Em seguida leva-se ao uma fonte de aquecimento (fogo) até a fervura e, nessa condição mantém por 1 hora. Retira-se do aquecimento e separa o sólido (e descarte) do líquido. Com o líquido ainda quente, adiciona-se Alúmen de potássio na proporção de 30 gramas para cada 100 gramas de material sólido utilizado e homogeneizado. Na sequência, pesa-se 15 gramas de carbonato de sódio e dissolve em um recipiente, tampado e o mantém por 24 horas. Após esse período recolhe, por filtração, o material decantado desprezando o líquido. Deixar secar ao ar livre, por 24 horas. Após a secagem, com o auxílio do almofariz e pistilo submete-se o material a uma moagem até a obtenção de um fino pó. Em seguida acrescenta goma arábica em quantidade suficiente para obter o produto.


Resultado e discussão

Para a extração dos pigmentos, foram adaptados alguns procedimentos propostos por BUENO (1998). No inicio, deixamos a amostra vegetal imersa em água por 24 horas, a fim de possibilitar a extração por solubilidade (Figura A). No entanto, foi identificado que o aquecimento melhorava o rendimento da extração, permitindo um sistema mais pigmentado conforme mostra a Figura B. Após a extração, adicionamos o Alumen (para intensificar e auxiliar na fixação do pigmento) e o sistema foi deixado em repouso. Percebemos que a coloração sofria alterações e identificamos o surgimento de mofo. A mudança de cor deve ter ocorrido em função da oxidação da molécula do pigmento, pelo contato cor ar. A fim de preservar o pigmento extraído, adicionamos o carbonato de sódio, que atua como conservante. Após a decantação e filtragem, obtivemos uma pasta (Figura C) que foi dissolvida na goma, para a obtenção da tinta (Figura D)

Extração de pigmento por imersão



Pigmento obtido



Conclusões

Pigmentos extraídos de plantas representam uma alternativa verde ao uso de substâncias sintéticas. Isso porque o processo de extração tem baixo impacto residual e seus produtos apresentam baixa toxicidade. Levando em conta a grande diversidade de vegetais e seus componentes coloridos, os pigmentos naturais podem ser uma alternativa de baixo custo que atende as demandas de pigmentação para segmentos artísticos.


Agradecimentos

Ao nosso mestre Carlos Domingues pela orientação e a oportunidade de aprendizado; ao Colégio Objetivo Arujá pelo espaço e recurso; aos familiares e amigos.


Referências

BUENO, Maria Lucina Busato. Tintas naturais: uma alternativa para a pintura artística. 2. ed. Passo Fundo: EDIUPF, 1998.
CRUZ, António João. Os pigmentos naturais utilizados em pintura. Pigmentos e Corantes Naturais. Entre as artes e as ciências. Évora: Universidade de Évora, p. 5-23, 2007.
KARP, Gerald. Biologia celular e molecular: conceitos e experimentos. Barueri, SP: Manole, 2005.
MARÇO, Paulo Henrique; POPPI, Ronei Jesus; SCARMINIO, Ieda Spacino. Procedimentos analíticos para identificação de antocianinas presentes em extratos naturais. Química Nova, v. 31, p. 1218-1223, 2008.

ROCHA, Rebeca. Pinturas corporais indígenas são marcas de identidade cultural. 15 de jan de 2019. Disponivel em: < https://www.portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/9573-pinturas-corporais-indigenas-sao-marcas-de-identidade-cultural>. Acesso em: 05 de ago de 2023.

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