ÁREA
Iniciação Científica
Autores
Almeida Rodrigues, A.L. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; Rafaella Scheibler, J. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; Carvalho dos Santos, C. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; da Silva Santos, J. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; da Silva Souza, L.G. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; Sampaio Pimentel, S. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM) ; Rodrigues Lôbo, F.E. (IFCE, CAMPUS BOA VIAGEM)
RESUMO
Resíduos oleosos são um dos principais contaminantes da água. O óleo não solubilizado forma uma película, que impede a entrada da luz e oxigênio, afetando organismos aquáticos. A adsorção é uma aliada na remoção de óleos. Esse trabalho objetivou analisar a capacidade adsortiva de algumas plantas da Caatinga. Preparou-se o carvão usando uma autoclave na temperatura de 800°C por 04 horas. Analisou-se a capacidade adsortiva das plantas por meio do teste de avaliação da capacidade de adsorção em solventes orgânicos. O carvão mostrou uma capacidade de adsorção maior que a do material seco, e o Sabiá mostrou uma melhor adsorção obtendo uma capacidade adsortiva de 556%. Notou-se que, as plantas da Caatinga usadas nesse trabalho têm uma excelente capacidade de adsorção envolvendo óleos residuais.
Palavras Chaves
adsorção; plantas; óleo
Introdução
A Caatinga é um dos biomas mais singulares e fascinantes do Brasil, caracterizado por suas paisagens áridas e semiáridas, este ecossistema abrange cerca de 11% do território nacional e 70% da Região Nordeste (SOUSA, 2023). Dessa forma, as plantas Mororó (Bauhinia variegata L), Jurema preta (Mimosa tenuiflora) e Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) nativas da região podem ser utilizadas para a produção de carvão e uso na adsorção. O resíduo do óleo de cozinha, gerado diariamente nos lares, indústrias e comércio, é despejado diretamente nas águas, como em rios e riachos ou simplesmente em pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto causando danos diversos. Esse resíduo poderia ser usado como matéria-prima na fabricação de biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros (NASCIMENTO, Marcelo Rodrigues et al., 2018). Dessa forma, a reciclagem de óleos usados é uma abordagem cada vez mais adotada. Esse processo reduz a demanda por matéria-prima virgem e diminui o impacto negativo associado à produção desses produtos. A adsorção é uma operação de transferência de massa, a qual estuda a habilidade de certos sólidos em concentrar na sua superfície determinadas substâncias existentes em fluidos líquidos ou gasosos, possibilitando a separação dos componentes desse fluído (NASCIMENTO et al,p.14, 2014). Desse modo, a utilização de plantas provenientes da Caatinga e uso na adsorção de óleos residuais é uma área de pesquisa de grande relevância, pois valoriza recursos locais, contribuindo para a economia e mitigação de resíduos oleosos despejados no meio ambiente, favorecendo assim a sustentabilidade da região. Desta maneira, esse trabalho objetivou analisar a capacidade adsortiva de algumas plantas da Caatinga.
Material e métodos
Os procedimentos avaliados nesse trabalho foram realizados no laboratório de Química do IFCE Campus Boa Viagem. O método utilizado foi o “Standard Methods of Testing Sorbent Performance of Adsorbents” baseado nas normas ASTM F716 99, que consiste em um teste de avaliação da capacidade de adsorção em solventes orgânicos, e que foi realizado da seguinte forma: em um recipiente, béquer, colocou-se os solventes a serem testados, no caso o óleo residual, até uma altura de 2 cm. Foi confeccionada uma cesta em tela de aço inoxidável com malha ABNT 200, abertura de 0,075 mm, onde colocou-se 1,00 g do material adsorvente, o material in natura das plantas Mororó, Jurema preta e Sabiá, e a mesma quantidade para os carvões oriundos das mesmas. Esse conjunto foi pesado e colocado no béquer com o solvente, onde permaneceu em contato durante 5 minutos. Após esse tempo, deixou-se escorrer o excesso por 15 segundos e realizou-se uma nova pesagem. Os resultados da capacidade de adsorção foram apresentados em gramas de solvente adsorvido por grama do adsorvente, sendo representados a partir da porcentagem de aumento de massa.
Resultado e discussão
A Tabela 1 apresenta os resultados da capacidade de adsorção para as plantas
secas.
Nota-se, na tabela 1 que a capacidade de adsorção da Jurema preta é de 280%,
tendo aumentado de 1g para 3,80g. O Mororó demonstrou uma capacidade de adsorção
de 340%, aumentando para 4, 40g. O Sabiá apresentou uma capacidade de adsorção
de 351%, aumentado para 4,51g.
Nota-se que as amostras do material seco tiveram uma elevada capacidade de
adsorção. Dentre as plantas testadas o Sabiá teve uma melhor capacidade
adsortiva.
Os resultados da capacidade de adsorção dos carvões são apresentados na tabela
2.
Na tabela 2, o carvão da Jurema preta apresentou uma capacidade adsortiva de
332%, aumentando para 4,32g. O Mororó demonstrou uma capacidade de adsorção de
447%, e massa de 5,47g após processo. O Sabiá apresentou uma capacidade de
adsorção de 556%, com nova massa 6,56g.
Os resultados mostraram que, o material seco obteve uma elevada capacidade de
adsorção, já o carvão apresentou uma excelente capacidade adsortiva. Comparando
com Scheibler (2014) que analisou cinzas de bagaço de cana frente a óleo diesel
e verificou um aumento de 1 g par a 2, 59 g, confirma-se que o uso do carvão de
plantas da caatinga é promissor nos processos de adsorção de óleos. A calcinação
elevou a área superficial dos materiais permitindo que mais óleo adsorvesse à
superfície do adsorvente.
Resultados da capacidade de adsorção dos materiais \r\nsecos.
Resultados da capacidade de adsorção dos carvões
Conclusões
Os resultados deste estudo reforçam que são promissoras as pesquisas que visam a produção de carvão utilizando as plantas Mororó, Jurema preta e Sabiá, oriundas da Caatinga. Visto que seu uso na adsorção de óleos residuais trouxe excelentes resultados. Diante disto, constata-se que são excelentes alternativas a processos adsortivos envolvendo óleos residuais.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Boa Viagem, ao Centro de Inovação e Difusão de Tecnologias para o Semiárido (CIDTS) e à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
Referências
LIMA, A. C. A; MELO, Q. D; NASCIMENTO, F. R; RAULINO, S. G; VIDAL, B. C. Adsorção: aspectos teóricos e aplicações ambientais. Fortaleza: Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará. p. 14, 2014. Coordenação Editorial: Ivanaldo Maciel de Lima.
LIMA, L. A; QUINTELA, L. H. P; RODRIGUES, F. G. M; SCHEIBLER, R. J; SILVA, E. L. Avaliação de bioadsorventes na remoção de poluentes orgânicos. X Encontro Brasileiro sobre Adsorção, 2014.
NASCIMENTO, R. M; NÓBREGA, O. V; SOUZA, O. A. Purificação e caracterização de óleos residuais de frituras domésticas visando reaproveitamento. Anais CONADIS... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/50819>. Acesso em: 27/08/2023 15:59.
SOUSA, Rafaela. Caatinga: resumo, características, fauna, vegetação e clima, 2023. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/caatinga.htm. Acesso em: 24 ago. 2023.