Síntese e Caracterização Espectroscópica do Complexo [Zn(AT)2](CH3COO)2, Onde AT= Ácido Tartárico

ÁREA

Iniciação Científica


Autores

Braga, J.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, S.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ferreira, T.A.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; da Silva, W.M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Pinheiro, S.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)


RESUMO

De modo geral, os metalofármacos são fármacos que contém metal em sua composição. Assim, a busca de novos medicamentos que auxiliem no tratamento de várias doenças é a grande conquista do futuro. Para tanto, novos compostos são sintetizados com fins biológicos, como os complexos inorgânicos. O objetivo deste trabalho foi sintetizar o complexo [Zn(AT)2](CH3COO)2, onde AT é o ligante Ácido Tartárico, e caracterizá-lo por espectroscopia eletrônica na região do ultravioleta e visível (Uv-Vis). Contudo, a síntese foi realizada e o composto obtido. O espectro de Uv- Vis apresentou uma banda em 340 nm atribuída à transição eletrônica do ligante AT para o centro metálico de Zn (II). O composto mostra-se promissor para estudos dentro da área biológica.


Palavras Chaves

Complexo; Zinco; Ácido Tartárico

Introdução

O ácido tartárico é um ácido de origem natural, também pode ser obtido pela reação de anidrido maléfico com peróxido de hidrogênio (NASCIMENTO, 2019). Esse ácido comporta-se como agente antioxidante, e tem proporcionado resultados satisfatórios pelas suas múltiplas funcionalidades e de possuir uma química favorável à complexação com diversos centros metálicos (CHEN et al., 2018). Tem muitas aplicações, como um agente de acidificação, antioxidante, bem como usos nas indústrias de alimentos, panificação e farmacêutica (LOURENÇO et al., 2018). Pode ser obtido industrialmente pelo aquecimento de uma solução de NaOH com ácido L-tartárico. O íon Zn (II) desempenha várias funções bioquímicas, pois é componente em milhares de enzimas, como desidragenase, anidrase carbônica, enzimas do sistema nervoso central entre outros. Além disso, participa na divisão celular e processos fisiológicos (MAFRA; MARIA, 2004). A química bioinorgânica é um ramo da inorgânica que abrange pesquisas envolvendo íons metálicos. No qual, esses íons são metais de transição, considerando a configuração eletrônica desses metais, boa parte deles se oxidam com facilidade, tornando o estudo sobre suas aplicações mais interessantes. Esses metalofármacos podem atuar em tratamentos de diversas doenças, tais como a doença de Alzheimer (DA), como anticâncer, antibacterianos, antifúngicos e antidepressivos (CHEN; BROWNE, 2018). Os complexos inorgânicos estão presentes na maioria dos processos químicos que envolvem espécies inorgânicas em temperaturas não muito elevadas (FARIAS, 2009; NASCIMENTO, 2019). Assim, o objetivo deste trabalho é a síntese do complexo [Zn(AT)2](CH3COO)2 e a caracterização do espectro na região do Uv- Vis. A perspectiva é a utilização deste composto para fins biológicos.


Material e métodos

Para a síntese do complexo, foi utilizado uma proporção de 1:2 metal-ligante, onde dissolveu-se 0,0300 g de acetato de zinco (II) dihidratado e 0,077 g do ligante tartarato de sódio e potássio, ambos em 20 mL de água destilada. Após as dissoluções, adicionou-se as soluções em um balão de fundo redondo, primeiramente o sal metálico e depois o ligante. Processou-se a reação por 20 minutos com agitação e em temperatura ambiente, em seguida acrescentou-se 3 gotas de trietilamina e a reação processou por 2 horas. Após este tempo o composto foi precipitado em um erlenmeyer contendo 100 mL de etanol gelado, posteriormente, foi mantido em refrigeração (-6 oC) por 48 h. O complexo foi obtido filtrando a solução em funil de placa porosa, seco e armazenado em dessecador sob vácuo. O espectro eletrônico na região do Ultravioleta e Visível (Uv-Vis) foi adquirido utilizando-se um equipamento de espectrofotômetro SHIMADZU UV-1800 e uma cubeta de quartzo de 1 cm de diâmetro e capacidade máxima de 3,0 mL. O espectro foi obtido dissolvendo o composto no solvente água destilada e a varredura foi realizada de 200 a 800 nm.


Resultado e discussão

A síntese se processou a partir da reação obtendo um composto de coloração branca. Ao final da reação o composto foi precipitado e então isolado. Ao realizar o teste de solubilidade, o composto mostrou-se solúvel em água, o que torna muito promissor, uma vez que, muitas das reações biológicas acontecem nesse solvente. O ligante inicialmente tartarato de sódio e potássio ao ser dissolvido em água se transforma em ácido tartárico, do qual após a transformação, o mesmo se coordena ao centro metálico. A espectroscopia de absorção molecular da radiação ultravioleta e visível é largamente utilizada para a identificação e determinação de diversas espécies inorgânicas e envolve a faixa de comprimento de onda que varia de 190 a 800 nm (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2009). O espectro dos compostos de coordenação de metais de transição envolve transições entre os orbitais d dos metais e muitas vezes demonstra a relevância da ação do ligante sobre o metal (MIESSLER; FISCHER; TARR, 2014). As mudanças que ocorrem do espectro do ligante livre e do espectro do complexo é devido aos deslocamentos batocrômicos e/ou alargamento de bandas (LYRA et al., 2010). O ligante tartarato de sódio e potássio livre de coordenação possui uma banda em 206 nm atribuída às transições intraligantes do tipo n→π* e também ao grupo cromóforo do ácido tartárico (ARAÚJO, 2016). O espectro eletrônica na região do ultravioleta e visível do complexo [Zn(AT)2](CH3COO)2 apresentou uma banda de baixa absorção em 340 nm, pouca definida, atribuída à transição eletrônica do ligante ácido tartárico com o íon metálico Zn (II).

Conclusões

O complexo foi sintetizado e sua análise realizada por espectroscopia na região do ultravioleta e visível onde se observa uma banda em 340 nm, de baixa absorção, atribuída à interação entre o ligante e o centro metálico. O complexo se mostra promissor em estudos para fins biológicos, pois apresenta em sua estrutura o íon Zn (II) e uma molécula orgânica natural, ácido tartárico, onde ambos, separadamente, já possuem suas bioatividades.


Agradecimentos

Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Laboratório de Química Inorgânica (LQUIN).


Referências

ARAÚJO, C. R. M.; SANTOS, V. L. A.; GONSALVES, A. A. Acetilcolinesterase - AChE: Uma Enzima de Interesse Farmacológico. Revista Virtual de Quimica, v. 8, n. 6, p. 1818–1834, 2016.

CHEN, J.; BROWNE, W. R. Photochemistry of iron complexes. Coordination Chemistry Reviews, v. 374, p. 15–35, 2018.

CHEN, T. et al. Experimental and theoretical investigations of tartaric acid isomers by terahertz spectroscopy and density functional theory. Spectrochimica Acta - Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v. 205, p. 312–319, 2018.

FARIAS, R. F. Química de coordenação fundamentos e atualidades. 2. ed. Campinas: Átomo, 2009.

LOURENÇO, A. S. et al. Voltammetric determination of tartaric acid in wines by electrocatalytic oxidation on a cobalt(II)-phthalocyanine-modified electrode associated with multiway calibration. Analytica Chimica Acta, n. Ii, p. 29–37, 2018.

LYRA, M. A. M. et al. Ferramentas analíticas aplicadas à caracterizaçã o de complexos de inclusão fármaco-ciclodextrina. Revista de Ciencias Farmaceuticas Basica e Aplicada, v. 31, n. 2, p. 117–124, 2010.

MAFRA, D.; MARIA, S.F.C, Importância do Zinco na nutrição humana, Universidade de São Paulo, 2004.

MIESSLER, G. L.; FISCHER, P. J.; TARR, D. A. Química inorgânica. 5. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

NASCIMENTO, M. C. SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO COMPLEXO Bis-[Fe(AT)2(H2O)4](SO4)2, ONDE AT=ÁCIDO TARTÁRICO. 2019. 38 f. TCC (Graduação) - Curso de Licenciatura em Química, CCT, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2019.

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de Análise Instrumental. [s.l.] Bookman, 2009.

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