ÁREA
Iniciação Científica
Autores
Ramos, M.S.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Silva, S.R.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Costa, T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Santos, M.B.H. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA)
RESUMO
O objetivo da pesquisa foi identificar adulteração em mel de abelha produzido na da Paraíba por meio de análises físico-químicas. Foram adquiridas 22 amostras de mel de apicultores localizados no interior do Estado da Paraíba. O intuito de avaliar a autenticidade das amostras de mel, três testes de identificação de adulterantes foram conduzidos: Lund, Fiehe e Lugol. Todas as análises foram realizadas em triplicata, seguindo as diretrizes metodológicas estabelecidas nas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. De acordo com os resultados dos testes de controle de adulterantes, nas 22 amostras de mel analisadas, foi constatado que seis apresentaram indícios de adulteração. Esses resultados podem estar relacionados à prática de alimentação artificial adotada por alguns produtores de mel.
Palavras Chaves
Apicultores; Fiehe, Lugol e Lund; amostras adulteradas
Introdução
O mel é um alimento natural composto por açúcares, como frutose, glicose e sacarose (Rolim et al., 2018). Estudos têm evidenciado que o mel possui propriedades medicinais, incluindo propriedades antioxidantes, antimicrobianas, terapêuticas e até probióticas (Gonçalves; Alves Filho; Menezes, 2005). De acordo com Vidal (2022), o mel proveniente da região Nordeste se destaca pela baixa contaminação por pesticidas e resíduos de antibióticos. Além disso, a baixa umidade do ar na região contribui para a reduzida incidência de doenças nas colmeias, o que elimina a necessidade de medicamentos. No entanto, alguns produtores adotam a prática de alimentação artificial das abelhas. Essa estratégia é recomendada em condições ambientais adversas, quando há ausência de flores para coleta de néctar e as reservas de alimentos na colônia são insuficientes. A alimentação artificial é frequentemente fornecida após a coleta do mel ou durante períodos de escassez de recursos naturais. Geralmente, esse tipo de alimentação envolve soluções à base de açúcar, açúcar invertido, xarope de milho ou até mesmo xarope de frutas (Melek et al., 2018). No entanto, essa prática pode levar à adulteração do mel. De acordo com Mendes (2009), para verificar as adulterações no mel, é possível utilizar os testes de Lund, Lugol e Fiehe. O teste de Lund indica a presença de substâncias albuminoides, que são componentes normais do mel; o teste de Lugol identifica adulterações causadas por xaropes, glicose ou superaquecimento; e o teste de Fiehe revela adulterações devido à presença de amido e dextrina, que não estão presentes no mel puro. Fundamentada nessas informações, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a pureza das amostras de mel por meio de três testes de detecção de adulterantes: Lund, Fiehe e Lugol.
Material e métodos
Nessa pesquisa, foram adquiridas 22 amostras de mel de apicultores localizados no interior da Paraíba. Essas amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Química Analítica do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, onde foram armazenadas e conservadas à temperatura ambiente. Para avaliar a pureza dos méis, três testes para identificação de adulterantes foram conduzidos: Lund, Fiehe e Lugol. Cada análise foi realizada em triplicata. Esses testes seguiram as diretrizes metodológicas delineadas nas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (2008) e os procedimentos detalhados são os seguintes: Para o teste de Lund, 2 g da amostra de cada mel foram pesados em uma proveta de 100 mL e diluídos em 20 mL de água. Em seguida, foi adicionado 5 mL de uma solução de ácido tânico a 0,5%, e água foi acrescentada até atingir 40 mL. A mistura foi deixada em repouso por 24 horas. A presença de um precipitado, cuja quantidade varia entre 0,6 mL e 3,0 mL, indica um resultado positivo. Na reação de Fiehe, foram pesados 5 g de cada amostra de mel, aos quais foram adicionados 5 mL de éter etílico. A mistura foi agitada vigorosamente e a camada etérea foi transferida para um tubo de ensaio. Em seguida, adicionou-se 0,5 mL de solução clorídrica de resorcina, deixando em repouso por 10 minutos. Um resultado positivo é caracterizado pela observação de uma coloração vermelho intensa Para a determinação utilizando o método de Lugol, 10 g da amostra de cada mel foram pesados em um béquer e diluídos em 20 mL de água destilada. A amostra foi aquecida em banho-maria por uma hora e, em seguida, resfriada à temperatura ambiente. Após o resfriamento, 0,5 mL da solução de Lugol foi adicionada. Um resultado positivo é indicado pela presença de uma coloração azul intensa.
Resultado e discussão
Analisando o Quadro 1, verifica-se que as amostras de mel A1, A6, A13, A14, A15
e
A21 obtiveram resultados negativos no teste de Lund, indicando ausência de
albuminoides, que são substâncias naturalmente presentes na composição do mel.
Essa ausência sugere indícios de adulteração por diluição ou perdas durante o
processamento do produto (Richter et al., 2011; Felix, 2019).
Ao observar os dados do Quadro 1 em relação ao teste de Fiehe, é notável que as
amostras A11, A13, A14, A15 e A21 apresentaram presença de HMF
(Hidroximetilfurfural), um composto que se forma devido à presença da resorcina
em meio ácido, possivelmente resultante da adição de glicose comercial ou
superaquecimento das amostras (Ribeiro; Starikoff, 2019).
Ainda com base nos resultados do Quadro 1, nota-se que o teste de Reação de
Lugol indicou resultado positivo para as amostras A6, A13, A14, A15 e A21. Esse
resultado confirma alterações em relação aos parâmetros estabelecidos na
legislação, sugerindo a adição de amido ao mel (Felix, 2019; Ribeiro; Starikoff,
2019).
Os resultados obtidos a partir dos três testes para \r\nidentificação de adulterantes (Lund, Fiehe e Lugol), \r\nrealizados nas amostras de mel puro.
Conclusões
Com base nos resultados obtidos nas análises físico-químicas, que incluíram os três testes de controle de adulterantes (Lund, Fiehe e Lugol), aplicados às amostras de mel, é possível afirmar que, das vinte e duas amostras analisadas, seis apresentaram indícios de adulteração. Esses resultados podem decorrer da prática de alimentação artificial adotada por alguns produtores de mel.
Agradecimentos
À Universidade Federal da Paraíba, à Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), ao Centro de Ciências Agrárias e ao Departamento de Química e Física.
Referências
FELIX, M. D. G. Análises físico-químicas para determinação da qualidade de méis da Paraíba. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Química) - Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2019.
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