ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO ÓLEO DE ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl.) NA MEDICINA: uma revisão

ÁREA

Química Medicinal


Autores

Dias, C.P. (UFPA) ; Rodrigues, B.S. (UFPA) ; Maia, H.S. (UFPA)


RESUMO

A Andiroba (Carapa guianensis Aubl.), é uma espécie de uso múltiplo, utilizada há muitos anos por populações residentes da região amazônica. Na medicina popular, o óleo extraído de suas sementes se destaca como produto principal. Desse modo, essa revisão objetivou analisar em artigos indexados nas bases de dados (PubMed, ScienceDirect, SciElo, Google Acadêmico e Portal de Periódicos da Capes) as principais utilizações do óleo de Andiroba na medicina. Para isso, foram escolhidas publicações realizadas entre o ano de 2006 a 2023. A partir da consulta, 16 artigos apontaram que o óleo de Andiroba está sendo amplamente utilizado como: anti-inflamatório, analgésico, antibacteriano, antifúngico, antialérgico, antimalárico, antioxidante e cicatrizante. Logo, é eficaz no tratamento de doenças.


Palavras Chaves

Carapa guianensis Aubl.; Espécie; Óleo

Introdução

A floresta amazônica possui a maior biodiversidade do mundo. Sua cobertura vegetal é composta por aproximadamente 14.003 de espécies (CARDOSO et al., 2017; NONATO et al, 2018). Dentre as quais, destaca-se a Andiroba (Carapa guianensis Aubl.), espécie pertencente à família Meliaceae (RIBEIRO et al., 2021). A sua ocorrência se dá em toda a região amazônica, podendo ocorrer também, no sul da América Central, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Paraguai, nas ilhas do Caribe e África tropical, de preferência em várzeas e faixas alagáveis ao longo dos cursos d'água, ou em locais bem drenados de terra firme (SOUZA et al., 2006). Na língua indígena, a palavra Andiroba significa “sabor amargo ou gosto amargo”, característica atribuída aos limonóides presentes nos galhos, troncos e sementes das andirobeiras (SOUZA et al., 2019). As árvores possuem porte mediano, podendo chegar até 30 m de altura e 120 cm de diâmetro. A casca é grossa e amarga e desprende-se em placas. As folhas são compostas, por 80 a 110 cm de comprimento, com 12 a 18 folíolos em tonalidade verde-escuro, apresentando forma oval-oblonga, extremidade apical curta, textura macia, superfície plana e margens completas, medinho de 15 a 30 cm de comprimento. Os frutos são cápsulas globosas, deiscente de quatro valvas que ao cair no chão liberam cerca de 4 a 12 sementes, pesando em média 21g cada (SOUZA et al., 2006). Seu período de frutificação é anual, variando de acordo com cada Estado (CARVALHO, 2014). Segundo Souza et al. (2018), a Carapa guianensis Aubl. é apontada pelos povos amazônicos como uma das espécies mais conhecidas e valiosas da região, sendo utilizada na indústria madeireira, em construções de casas, moveis e embarcações. Na indústria cosmética, na produção de xampus, loções, cremes e sabonetes, e na medicina popular, cujo produto principal é o óleo extraído de suas sementes, podendo este, tratar uma variedade de doenças (FERREIRA; UETA, 2022; NONATO et al.2018; OLIVEIRA, 2018). Diante do exposto, esse trabalho teve por objetivo investigar as principais utilizações do óleo de Andiroba na medicina, a partir de uma revisão bibliográfica, em artigos publicados no período de 2006 a 2023.


Material e métodos

A presente pesquisa foi desenvolvida a partir de uma revisão bibliográfica exploratória/descritiva, conforme a metodologia reportada por Ferreira e Ueta (2022), porém passando por algumas modificações. Sendo assim, esta consistiu em três etapas, como ilustrado no fluxograma 1. A primeira etapa, partiu da seguinte pergunta central: quais as principais utilizações do óleo de Andiroba na medicina? Após isso, na segunda etapa, realizou-se uma busca por trabalhos científicos elaborados durante o período de 2006 a 2023, nas bases de dados (PubMed, ScienceDirect, SciElo, Google Acadêmico e Portal de Periódicos da Capes), sendo encontrado 30 trabalhos, os quais foram lidos cuidadosamente e posteriormente selecionados 16 (terceira etapa) para análise do assunto.


Resultado e discussão

Através da busca nas bases de dados, um total de 30 artigos indexados, relacionados a Carapa guianensis Aubl. foram encontrados. Contudo, a partir da leitura destes, observou-se que nem todos faziam uma abordagem aprofundada acerca do assunto central. Dessa forma, dos 30 encontrados, 14 foram excluídos e 16 selecionados para essa revisão. Assim sendo, os autores Souza et al. (2006), relatam em seu trabalho que a Andiroba é uma planta de uso múltiplo, utilizada há muitos anos na medicina popular, por combater diversas enfermidades, podendo ser usado partes da planta como: a casca do caule, folhas, flores, sementes, o óleo das flores e o óleo das sementes para este fim (FERREIRA; UETA, 2022; BRITO et al., 2013). Dentre as diversas partes da planta, a literatura reporta que óleo extraído das sementes da Andiroba é um dos produtos mais utilizados na área medicinal. Isto porque, o mesmo possui ampla atividade biológica, apresentando propriedades: anti-inflamatória, analgésica, antibacteriana, antifúngica, antialérgica, antimalárica, antioxidante e cicatrizante. Logo, possuí eficácia no tratamento de contusões, feridas, hematomas, úlceras de herpes, artrite, reumatismo, infecções de ouvido, e ainda como repelente contra picada de insetos (SOUZA et al., 2018; HIGUCHI et al., 2017; POÇA et al., 2020). O óleo das sementes da Andiroba apresenta coloração amarelo claro viscoso e sabor amargo. Quando extraído em temperaturas inferiores a 25°C solidifica-se e rancifica-se com facilidade. É rico em ácidos graxos, bem como o Ácido oleico, palmítico, esteárico e linoleico (fração saponificável), e geralmente contém cerca de 2 a 5% de material não saponificável, tais como os limonóides (tetranortriterpenoides): 7-desacetoxi-7-oxo-gedunina, Carapanolide J, andirobina (figura 1(A-C), 6α-acetoxigedunina, gedunina, angolensato de metila, andirolide A-Y e carapanosinas, que são as substâncias responsáveis pelo amargor e pelos principais efeitos medicinais presentes na planta (FERREIRA; UETA, 2022; NONATO et al., 2018; SOUZA et al., 2021; SILVA, 2018; SILVA et al., 2023, GOMES et al., 2023).

Fluxograma 1

Etapas utilizadas na revisão bibliográfica

Figura 1 (A-C)

Limonóides do tipo gedunina presentes no óleo de Carapa guianensis Aubl. Adaptado de \r\nSILVA et al. (2023)

Conclusões

A partir da análise dos 16 artigos publicados entre o período de 2006 a 2023, constatou-se que a Andiroba (Carapa guianensis Aubl.) é uma espécie de suma importância para a sociedade em geral, visto que, apresenta um grande valor industrial e medicinal. No que tange a medicina popular, todas as partes da planta possuem alguma utilidade. No entanto, entre os trabalhos usados para essa revisão, observou-se que o óleo extraído das sementes da Andiroba, é o produto que possui o maior destaque, e isso se deve ao fato do mesmo apresentar ampla atividade biológica. Logo, possui propriedades fundamentais, que lhe confere eficiência para o tratamento de uma diversidade de doenças.


Agradecimentos

Expressamos nossos agradecimentos à Deus. Pois sem ELE, jamais teríamos conseguido desenvolver esse trabalho, e a Universidade Federal do Pará/Campus Universitário de Ananindeua (UFPA/CANAN).


Referências

BRITO, N.B. et al. Efeitos do óleo de andiroba (Carapa guianensis) na função hepática de ratos submetidos à isquemia e reperfusão normotérmica do fígado. Rev. Col Bras. Cir. V.40, n.6, p. 476-479, 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rcbc/a/zkC59nT6h66dbyKX4ybR7qM/abstract/?lang=pt>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

CARDOSO, D. et al. Amazon plant diversity revealed by a taxonomically verified species list. PNAS, v. 114, n. 40, p. 10595-700, out, 2017. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/163362>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. EMBRAPA, V.5, 2014. Disponível em:< Downloads/Especies-Arboreas-Brasileiras-vol-5red%20(1).pdf>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

FERREIRA, S.M.B; UETA, A.Y. Análise do potencial terapêutico do óleo das sementes da Andiroba-Carapa guianensis Aublet. Universidade Cruzeiro do Sul-Campus Paulista, São Paulo, 2022. Disponível em: <https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/analise-do-potencial-terapeutico-do-oleo-das-sementes-de-andiroba-carapa-guianensis-aublet.htm>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

GOMES, J.T. The chromatographic constitution of andiroba oil and his healing effects, compared to the LLLT outcomes, in oral mucositis induced in golden Syrian hamsters: a new treatment option. Oncotarget, v.14, p.23-29, 2023. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9836383/>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

HIGUCHI, K. et al. Carapanosins A–C from seeds of andiroba (Carapa guianensis, Meliaceae) and their effects on lps- activated NO production. Molecules, v. 22, n. 3, p. 1-9, 2017. Disponível em: < https://www.mdpi.com/1420-3049/22/3/502>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

NONATO, O.C.S. et al. IDENTIFICANDO OS USOS TERAPÊUTICOS DA Carapa guianensis. ENCICLOPEDIA BIOSFERA. V. 15, n.28, 2018. Disponível em: <https://www.conhecer.org.br/enciclop/2018B/BIO/identificando.pdf>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

OLIVEIRA, I.S.S. Análise do uso da andiroba (Carapa guianensis Aubl) na perspectiva do conhecimento tradicional e científico, da proteção intelectual e da atividade anti-Leishmania do óleo e frações / IARA DOS SANTOS DA SILVA OLIVEIRA. 2018. 123 f.

POÇA, J.J.G. Efeitos da andiroba (Carapa guianensis) no edema articular e na deambulação de camundongos com artrite experimental induzida por zymosan. Revista Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiras. v.7, n.1, p.1906-1917, 2020. Disponível em: <http://www.interdisciplinaremsaude.com.br/Volume_28/Trabalho_139_2020.pdf>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

RIBEIRO, C.D.B. et al. O uso medicinal de Carapa guianensis Aubl. (Andiroba). Research, Society and Development, v.10, n.15, 2021. Disponível em:<https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/22815>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

SOUZA, C.R. et al. Andiroba (Carapa guianensis Aubl.). Embrapa, 2006. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/681495/1/Doc48A5.pdf>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

SILVA, L.R. Propriedades físico-químicas e perfil dos ácidos graxos do óleo da Andiroba. Nativa, v.6, n.2, p.147-152, mar-abr, 2018. Disponível em: <https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/nativa/article/view/4729>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

SILVA, V.P. et al. Bioactive limonoids from Carapa guianensis seeds oil and the sustainable use of its by-products.Curr Res Toxicol, v.4, 2023. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10068018/>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

SOUZA, R.L. et al. Extração e comercialização do óleo de andiroba (Carapa guianensis Aublet) na comunidade da Ilha das Onças, no município de Barcarena, Pará, Brasil. INTERAÇÕES, Campo Grande-MS, v.20, n.3, p. 879-889, Jul-Set, 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/inter/a/gKhmR8JJGNrbtDjT6mgG5DD/abstract/?lang=pt>.Acesso em: 26 de julho de 2023.

SOUZA, R.L. et al. Chemical profile of manually extracted andiroba oil (Carapa guianensis Aubl., Meliaceae) from Mamangal community, located in Igarapé-Miri, Pará, Brazil. Scientia Plena, v. n.17, p. 127201, 2021. Disponível em<: Downloads/6021-Texto%20do%20Artigo-28211-1-10-20220108%20(1).pdf>. Acesso em: 26 de julho de 2023.

SOUZA, R.L. et al. óleo de andiroba: extração, comercialização e usos tradicionais na, comunidade mamangal, Igarapé-Miri, Pará. Biodiversidade, v.18, n.1, 2019. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/biodiversidade/article/view/8236>. Acesso em: 26 de julho de 2023.








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