Mudanças de cor e perda de massa em seriguelas revestidas com coberturas de carragenina e cera de carnaúba

ÁREA

Química de Alimentos


Autores

Santiago, F.L.S. (UFERSA) ; de Medeiros, C.E.S. (UFERSA) ; Carvalho, S.A.M. (UFERSA) ; Souza, R.L.S. (UFERSA) ; Aroucha, E.M.M. (UFERSA) ; Gomes dos Santos, F.K. (UFERSA) ; de Lima Leite, R.H. (UFERSA)


RESUMO

Nesse estudo, comparou-se dois tipos de coberturas, contendo carragenina e cera de carnaúba, a fim de estabelecer qual teria melhores resultados no que se refere à conservação de seriguelas. A coloração dos frutos, segundo os parâmetros de cor L, C e H, e a perda de massa foram analisadas durante quatro dias de armazenamento em temperatura de 24 ºC. Os resultados mostraram que a aplicação de uma cobertura contendo 2% de carragenina e 0,06% de cera de carnaúba é capaz de retardar o aparecimento da cor amarelada nas seriguelas e reduzir a perda de massa em comparação a frutos sem cobertura.


Palavras Chaves

Pós-colheita; Spondias; Conservação de alimentos

Introdução

A seriguela é uma fruta originária do México e América Central. Por se adaptar bem ao clima tropical encontrou no Nordeste do Brasil um local favorável ao seu cultivo. O consumo desse fruto é extremamente aconselhado devido à grande quantidade de fibras e de vitaminas que o compõe, inclusive a seriguela se destaca pela capacidade de prevenção de doenças como o câncer e pela absorção de ferro, combatendo a anemia. É possível ingerir o fruto de diversas formas, sendo mais comumente encontrado in natura ou como polpa, geleia, farinha, entre outros (MENDONÇA; VIEITES, 2019). A conservação pós-colheita de frutas e hortaliças é um desafio que quando vencido com êxito reduz os desperdícios destes alimentos, o que traz implicações sociais importantes. A aplicação de coberturas biopoliméricas sobre frutas é uma tecnologia capaz de prolongar o tempo disponível para a comercialização destas. Esta tecnologia é barata e evita o emprego de embalagens plásticas não biodegradáveis, sendo, portanto, atrativa por motivos econômicos e ambientais (BELTRAN et al., 2021). Coberturas a base de carragenina e de ceras vêm sendo empregadas na conservação de diversas frutas com resultados promissores (DWIVANY et al., 2020; MEINDRAWAN et al., 2018; NGUYEN et al., 2021; WANI et al., 2021). Dessa forma, este trabalho buscou identificar se coberturas contendo carragenina e cera de carnaúba são capazes de afetar o amadurecimento de seriguelas durante o armazenamento pós- colheita.


Material e métodos

O estudo foi realizado no Laboratório de Tecnologia Pós-Colheita da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) campus central Mossoró/RN. Os frutos foram adquiridos, higienizados e mantidos em temperatura ambiente - 24°C. Foram aplicados dois tipos de cobertura nos frutos, uma composta por carragenina 2% e outra formada por carragenina 2% e cera de carnaúba 0,06% (em relação à massa total da mistura filmogênica). Paralelamente, adotou-se uma amostra de controle que não foi submetida à aplicação de coberturas. Os frutos foram analisados, em relação à cor, na região medial dos frutos, nos dias 0, 2, 3 e 4 da pesquisa. As medidas de cor foram realizadas com auxílio de um colorímetro (CR - 10 da Konica Minolta Sensing Inc.). Foram medidos os parâmetros de luminosidade ou brilho (L), cromaticidade (C) e tonalidade (H). Na pesquisa também foram feitas análises de perda de massa. Diariamente, as amostras foram pesadas, a fim de quantificar essas perdas percentualmente.


Resultado e discussão

A Figura 01 apresenta as evoluções dos parâmetros de cor (L, C e H) para as seriguelas durante o experimento. A partir da observação da evolução dos dados de cromaticidade (C), percebe-se que no dia 0 a amostra coberta pelo biofilme de carragenina 2% possuía o maior valor nesse parâmetro (49,40), enquanto a amostra coberta pelo biofilme de carragenina 2% + cera mostrava o menor valor nesse parâmetro (46,85). Com a coleta de dados no dia 2, nota-se uma queda no valor da amostra de controle e um aumento no valor da amostra carragenina 2% + cera, aproximando-as. Entretanto, a partir desse dia a amostra de controle apresenta um grande aumento em comparação às outras amostras, fazendo com que nos dias 3 e 4 possua o maior valor registrado. Acompanhando o comportamento da amostra de controle, a amostra carragenina + cera também apresentou um crescimento nos valores analisados nos dias 3 e 4, mas bem menos acentuado. Por fim, a amostra carragenina 2% teve um desenvolvimento mais constante e no parâmetro cromaticidade terminou a pesquisa com o menor valor. Tendo em vista o amadurecimento dos frutos, todos obtiveram valores finais maiores que os iniciais. No gráfico do ângulo de tonalidade (H), percebe-se que no primeiro dia as amostras estão com valores próximos. A partir do dia 2 nota-se que a amostra de controle se comporta variando negativamente, tendo o maior módulo de variação entre as amostras até o fim da pesquisa, no dia 4, chegando a 76,5°. As amostras com biofilmes apresentaram um comportamento mais constante durante a pesquisa, porém observou-se no dia 3 que a amostra carragenina 2% teve maior angulação que a amostra carragenina 2% + cera, invertendo o quadro inicial. Com a obtenção dos dados no dia 4, observou-se uma variação negativa nas duas amostras com coberturas, mas a disposição se manteve a mesma do dia anterior. Os ângulos de tonalidade de todas as amostras, durante todo o estudo, orbitaram sempre na região do verde para o amarelo. A partir do comportamento do gráfico de luminosidade ou brilho (L), nota-se que a amostra controle apresentou variações negativas e positivas durante a pesquisa, enquanto as outras amostras apresentaram uma tendência de comportamento mais constante. No dia 0, a amostra de carragenina 2% obteve o maior valor e a amostra de carragenina 2% + cera obteve o menor. No dia 2, todas as amostras apresentaram uma diminuição, sendo a maior queda da amostra controle. Todavia, no dia 3, a amostra controle apresentou um aumento súbito no seu valor de luminosidade, ultrapassando as outras duas amostras e ao final do estudo, no dia 4, terminou com o maior valor de luminosidade, mesmo com o comportamento de queda observado em todas as amostras no último dia. A perda de massa dos frutos durante o tempo de armazenamento é apresentada na Figura 02. Nota-se que a amostra de controle apresentou do início ao fim da pesquisa a maior perda. Na última aferição, percebe-se que a amostra carragenina 2% se aproxima do valor da amostra de controle e que a amostra carragenina 2% + cera, em relação à perda de massa, do início ao fim da pesquisa apresentou a menor perda. Após o quarto dia a amostra controle perdeu em torno de 20% de sua massa inicial enquanto que a amostra com coberturas de carragenina mostrou uma perda de 19,4% e a de carragenina/cera teve uma perda de 16%.

Figura 01

Variação dos parâmetros e cor (L, C e H) de seriguelas \r\ndurante o armazenamento

Figura 02

Perda de massa de seriguelas durante o armazenamento

Conclusões

O experimento mostrou que a utilização de coberturas de carragenina são capazes de retardar a mudança de cor de seriguelas armazenadas em temperatura de 24ºC. Além disso, a aplicação de uma cobertura mista de carragenina e cera de carnaúba é capaz de reduzir a perda de massa de seriguelas armazenadas nas condições do estudo.


Agradecimentos

Os autores agradecem à Universidade Federal Rural do Semi-Árido campus Mossoró/RN pelo financiamento da pesquisa.


Referências

BELTRAN, M. et al. Food Plastic Packaging Transition towards Circular Bioeconomy: A Systematic Review of Literature. Sustainability, v. 13, e3896, 2021.

DWIVANY, F.M. et al. Carrageenan Edible Coating Application Prolongs Cavendish Banana Shelf Life. International Journal of Food Science, e8861610, 2020.

MENDONÇA, V. Z.; VIEITES, R. L. Physical-chemical properties of exotic and native Brazilian fruits. Acta Agronómica, v. 68, n. 3, pp. 175-181, 2019.

MEINDRAWAN, B. et al. Nanocomposite coating based on carrageenan and ZnO nanoparticles to maintain the storage quality of mango. Food Packaging and Shelf Life, v. 18, pp. 140–146, 2018.

NGUYEN, T.H. et al. Edible coating of chitosan ionically combined with κ-carrageenan maintains the bract and postharvest attributes of dragon fruit (Hylocereus undatus). International Food Research Journal, v.28, n. 4, pp. 682 – 694, 2021.

WANI, S.M. et al. Effect of gum Arabic, xanthan and carrageenan coatings containing antimicrobial agent on postharvest quality of strawberry: Assessing the physicochemical, enzyme activity and bioactive Properties. International Journal of Biological Macromolecules, v. 183, pp. 2100–2108, 2021.

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