ÁREA
Química de Alimentos
Autores
Medeiros, I.C.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Silva, W.A.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Souza, A.L.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Lima, N.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Aroucha, E.M.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Leite, R.H.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO) ; Melchor, F.B.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO)
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi investigar o efeito de diferentes revestimentos biopoliméricos na qualidade e conservação pós- colheita de frutos de seriguela durante o armazenamento. Para isto, foi realizado um experimento a partir do preparo de soluções filmogênica de quitosana (2%), fécula de mandioca (2%) e a mistura quitosana+fécula. O experimento foi realizado em (DIC), sendo distribuídos em 4x3, com 4 tratamentos (controle, fécula, quitosana, fécula + quitosana) e 3 tempos de armazenamento (0, 3 e 7). Os parâmetros avaliados foram: sólidos solúveis, acidez titulável, relação sólidos solúveis/acidez e cor (C* e H*). Os Sólidos solúveis, relação SS/AT e coloração diferiram entre frutos revestidos e controle. O uso de revestimento comestível retardou amadurecimento de seriguelas.
Palavras Chaves
Passiflora Edulis; Conservação pós-colheita; Sólidos solúveis
Introdução
A seriguela (Spondias purpúrea L.) é uma fruta tropical pertencente à família da Anacardiaceae nativa da América tropical (PINHEIRO et al., 2015). É um fruto climatérico, com elevada perecibilidade após a colheita devido um aumento na taxa respiratória e na produção de etileno, o que proporciona a redução da vida útil pós-colheita dos frutos, tornando-se susceptível ao amolecimento de polpa e como consequência atinge a senescência com rapidez, alterando a aparência e o sabor do fruto (SAUCEDO-VELOZ et al., 2004). Por esse motivo, se faz necessário a adoção de tecnologias pós-colheita que proporcionem aumento de vida útil dos produtos, de modo que mantenha sua qualidade. As embalagens comestíveis e biodegradáveis criam uma barreira a gases (O2, CO2 e vapor de água), diminuem o metabolismo do fruto, atividade microbiana e prolonga a vida útil dos frutos sob refrigeração (MINH et al., 2019). Esses revestimentos são formulados a partir de polímeros naturais, tais como polissacarídeos, proteínas, lipídios e suas combinações. No grupo dos polissacarídeos, incluem-se o amido, a quitosana, o alginato, os derivados de celulose e as pectinas (BALDWIN et al., 2011). Dessa forma, no presente estudo se hipotetiza que o uso de revestimento de polissacarídeo (fécula e quitosana) pode estender a vida útil de prateleira de seriguela e com isso reduzir a perda pós- colheita. E, devido à sua natureza biodegradável em comparação com polímeros sintéticos convencionais, os revestimentos não contribuem para a poluição do ambiente (RODRIGUES, 2017). Levando em consideração o exposto acima, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito de diferentes revestimentos biopoliméricos a base de polissacarideo na qualidade e conservação pós- colheita de frutos de seriguela durante o armazenamento.
Material e métodos
As seriguelas foram colhidas no pomar localizado na zona urbana de Mossoró – RN, após higienizados, ocorreu a análise no laboratório pós-colheita da UFERSA - Campus Mossoró. Os tratamentos foram revestidos com quitosana 2%, fécula de mandioca 2% e a mistura da quitosana com a fécula. No preparo da solução de quitosana foram pesadas 2g de material seco e dissolvido em 100mL de ácido acético a 2% (v/v). As soluções de fécula foram preparadas seguindo a metodologia adaptada de Chiumarelli & Hubinger (2014), onde a mistura de água e fécula foi aquecida até 75°C, sob agitação constante, até a gelatinização da fécula. O revestimento dos frutos ocorreu pelo método dipping. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado (DIC), distribuídos em 4 tratamentos (controle, fécula, quitosana, fécula + quitosana) e 3 tempos de armazenamento (0,3 e 7). Os sólidos solúveis, expresso em oBrix foram determinados a partir do suco das seriguelas, utilizando refratômetro digital modelo PR-100 Palette (AttagoCo. Ltd., Japan); Acidez titulável, determinada através da titulação de 5g de suco, em duplicata, sob a adição de NaOH a 0,02 N, com o auxílio do pHmetro digital. Os resultados foram expressos em % de ácido cítrico, segundo metodologia de IAL (2008). A relação SS/AT foi determinada pela divisão dos valores de sólidos solúveis e acidez titulável. Os parâmetros de cor da casca dos frutos foram: luminosidade, croma e ângulo hue, determinados por reflectometria, utilizando-se um colorímetro CR-10(Konica Minolta®, Japão). Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância pelo teste F (p<0,05) e comparados pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5% de probabilidade do erro. As análises foram realizadas no Software SISVAR (2019).
Resultado e discussão
A análise de variância para atributos de
qualidade da seriguela com diferentes
revestimentos biopoliméricos revelou efeito
significativo entre tratamento e
tempo de armazenamento para teores de SS e
relação SS/AT (FIGURA 1). Os
tratamentos com revestimentos retardaram o
amadurecimento, mantendo maior média
nos frutos do controle. Observou-se decréscimo
nos teores de acidez titulável ao
longo do armazenamento em cada tratamento.
Para Chitarra & Chitarra, (2005) na
maioria dos frutos há decréscimo no teor de
ácidos orgânicos durante o
armazenamento, em decorrência do processo
respiratório ou de sua conversão em
açúcares. A relação SS/AT é um índice
comumente utilizado para a avaliação do
sabor, sendo mais representativa que a medição
isolada de açúcares ou da acidez,
conferindo um equilíbrio entre esses dois
componentes (CHITARRA e CHITARRA,
2005). No âmbito da coloração, os tratamentos
e período de armazenamento tiveram
impacto nos parâmetros (Figura 2). Picos de
croma ocorreram no controle aos 3º e
7º dias, enquanto revestidos não mostraram
efeito. Valores crescente de croma
durante o amadurecimento foi evidenciado por
Maldonado et al. (2014) e Carneiro,
(2019) em que frutos apresentam incrementos
nos valores de croma (C*) com o
avançar do amadurecimento. Quanto ao ângulo
°hue, houve interação entre
tratamento e período. A redução ocorreu em
todos os tratamentos, com menor
redução nos revestidos. Também, observa-se que
não houve diferenças entre os os
revestimentos biopolimericos, ou seja, todas
as formulações utilizadas foram
eficientes em manter conter a perda da cor
verde. A coloração dos frutos é um
dos principais atributos de qualidade, não só
por contribuir para uma boa
aparência, mas também, por influenciar a
preferênc
Conclusões
Os frutos de seriguela revestidos com quitosana, fécula e quitosana+fécula foram eficientes em retardar o processo de amadurecimento do fruto. Os atributos de qualidade, sólidos solúveis, relação SS/AT e coloração dos frutos foram significativamente diferentes alterados com o uso de revestimento comestível em seriguelas.
Agradecimentos
Referências
ALIA-TEJACAL, I. et al. caracterización de frutos de ciruela mexicana (Spondias purpurea L.) del sur de México. Revista Fitotecnia Mexicana, v. 35, n. 5, p. 21- 26, 2012.
ALMEIDA, C. L. F. de; BRITO, S. A.; SANTANA, T. I.; COSTA, H. B. A. C.; JUNIOR, C. H. R. de C.; SILVA, M. V.; ALMEIDA. L. L.; ROLIM, L. A.; SANTOS, V. L.; WANDERLEY, A. G.; SILVA, T. G. Spondias purpurea L. (Anacardiaceae): Antioxidant and Antiulcer Activities of the Leaf Hexane Extract. Hindawi Oxidative Medicine and Cellular Longevity. Recife, Pernambuco, Brazil. v. 2017, 2017.
BALDWIN, E.A.; HAGENMAIER, R.; BAI, J. (Ed.). Edible coatings and films to improve food quality. Boca Raton: CRC Press, 2011.
CARNEIRO, L. C. Revestimentos à base de amido na conservação pós-colheita de pedúnculos de caju anão precoce CCP-76 e goiabas Paluma. Tese de doutorado apresentada no PPGCTA, Pelotas, 2019.
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: Fisiologia e Manuseio. Lavras: UFLA. 785p, 2005.
CHIUMARELLI, M.; HUBINGER, M. D. Evaluation of edible films and coatings formulated with cassava starch, glycerol, carnauba wax and stearic acid. Food Hydrocolloids, v. 38, p.20-27, 2014.
FAUSTINO, C.F. de A., et al. avaliação do comportamento pós-colheita dos frutos do umbuzeiro (Spondias tuberosa L.) submetidos ao revestimento com cera de abelha e fécula de mandioca. Recima 21- Revista Científica Multidisciplinar, v. 4, n. 2, p. 1-28, 2023.
FERREIRA, D. F. SISVAR: A computer analysis system to fixed effects split plot type designs. Revista brasileira de biometria. v. 37, n. 4, p. 529-535, 2019.
FILGUEIRAS, H. A. C. Geração de Técnicas de Conservação Pós-Colheita Para Valorização do Cultivo de Cajá e Ciriguela no Estado do Ceará. Embrapa Agroindústria Tropical. Fortaleza/CE, 2001.
FREIRE, E. C. B. S.; SILVA, F. V. G.; SANTOS, A. F. S.; MEDEIROS, I. F. Avaliação da qualidade de ciriguela (spondias purpurea, l) em diferentes estádios de maturação. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 6, n. 2, p. 27–40, 2011.
KOHATSU, D. S.; BOLANHO, B. C.; ZUCARELI, V.; GENARO, K. C.; MARTINS, F. B. Aplicação de biofilme em fruto de ciriguela: efeito na conservação e no potencial antioxidante. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, v. 34, n. 2, 2017.
LÓPEZ, A.P., VELOZ, C.S., GALARZA, M. de L.A., LÚA, A.M. Efecto del grado de madurez en la calidad y vida postcosecha de ciruela mexicana (Spondias purpurea L.). Revista Fitotecnia Mexicana, v. 27, n. 2, p. 133-139, 2004.
MALDONADO, A. Y. I.; ALIA, T. I.; NÚÑEZ, C. C. A.; JIMÉNEZ, H. J.; PELAYO, Z. C.; LÓPEZ, M. V.; ANDRADE, R. M.; BAUTISTA, B. S.; VALLE, G. S. Postharvest physiology and technology of Spondias purpurea L. and S. mombin L. Scientia horticulturae, v. 174, p. 193–206, 2014.
MINH, N. P., et al. Application of edible coating to extend shelf life of custard apple (Annona squamosa) fruit during storage. Journal of Global Pharma Technology, v. 11, n. 1, 14-20. 2019.
MINOLTA CORP. Precise Color Communication: Color Control from Feeling to Instrumentation. Osaka: MINOLTA Corp. Ltda., 2007.
MOTTA, J. D. et al. Índice de cor e sua correlação com parâmetros físicos e físico-químicos de goiaba, manga e mamão. Com. Sci., v.6, n.1, p.74-82. 2015.
OLIVEIRA, V. R. L.; SANTOS, F. K. G.; LEITE, R. H. L.; AROUCHA, E. M. M.; SILVA, K. N. O. Use of biopolymeric coating hydrophobized with beeswax in post-harvest conservation of guavas.. Food Chemistry, 259:55-64, 2018.
PANAHIRAD, S., et al. Applications of carboxymethyl cellulose-and pectin-based active edible coatings in preservation of fruits and vegetables: A review. Trends in Food Science & Technology, 110, 663–673, 2021.
PINHEIRO, J. M. das; RODRIGUES, M. L. M.; PARAIZO, E. A.; FONSECA, S. N. A.; MIZOBUTSI, G. P.; LOPES, E. P. Caracterização pós-colheita de seriguela em diferentes estádios de maturação. In: Congresso Brasileiro de Processamento mínimo e Pós-colheita de frutas, flores e hortaliças, 001. Anais... Aracaju-SE, 2015.
RODRIGUES, M. Z. Obtenção de Revestimentos Comestíveis a Base de Pectina Como Veículo Para Micro-organismos Probióticos e Aplicação em Cenoura e Goiaba Minimamente Processadas. 2017. 100f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2017.