Autores
Maciel, G.M. (INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA) ; da Silva, R.A. (INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA) ; Silva, M.G. (INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA)
Resumo
Neste trabalho foram desenvolvidos lenços umedecidos com álcool isopropílico 75% e
aromatizados com óleo volátil de cascas de tangerina com vistas à higienização das
mãos. O óleo foi obtido por meio de destilação por arraste a vapor e foi
adicionado à solução alcoólica, para então ser incorporado aos protótipos de
lenços. Foram realizados testes de higienização das mãos e avaliação
microbiológica, por meio do swab teste, para verificação da eficiência do produto.
Os resultados mostraram que os lenços produzidos foram capazes de higienizar as
mãos, considerando que não foram observadas UFC (Unidades Formadas de Colônias)
nas placas-teste correspondentes.
Palavras chaves
assepsia; óleos essenciais; sanitizantes
Introdução
A utilização de soluções sanitizantes à base de álcool etílico e álcool
isopropílico é uma alternativa eficaz no processo de higienização das mãos e de
superfícies e assim fornece uma proteção contra uma eventual contaminação
microbiológica. Devido à recente situação de pandemia da COVID-19, o uso destas
soluções foi largamente incentivado, considerando a comprovação experimental da
eficácia destes agentes. Estudos demonstraram que o álcool etílico é uma
substância eficiente para eliminação do vírus Sars-CoV-2, sendo altamente
indicado nos processos de desinfecção das mãos e de outras superfícies, como
bancadas, mesas e outros objetos. É oportuno destacar ainda que a utilização
destes agentes minimizam outras contaminações microbianas, recorrentes em nossa
sociedade (ALDERMAM, 2020). Os lenços umedecidos sanitizantes à base de álcool
são alternativas para higienização das mãos, especialmente quando não estão
disponíveis outros métodos de higiene, como a lavagem com água e sabão (SEQUINEL
et al., 2020). A ação dos álcoois presentes nestes produtos está relacionada à
desnaturação das proteínas dos microrganismos e o consequente colapso da
membrana celular, inviabilizando-os. Esta inativação é devida ao desarranjo
estrutural que o agente sanitizante causa na estrutura molecular do vírus ou da
bactéria, como rompimento de forças de interação intermoleculares que atuam na
estrutura protéica destes organismos (LIMA et al., 2020). Neste trabalho
desenvolveram-se lenços umedecidos com álcool isopropílico e aromatizados com
óleo volátil extraído de cascas de tangeria (Citrus reticulata). A
avaliação da eficácia do material para assepsia das mãos foi realizada por meio
de swab teste, por meio da contagem de microrganismos totais e comparação com
grupos controle.
Material e métodos
O óleo volátil de cascas de tangerina foi obtido por meio do método de
destilação por arraste a vapor, tipo Clevenger, para uso posterior na solução
alcoólica a ser aplicada nos lenços umedecidos. Para tanto, preparou-se solução
de álcool isopropílico 75%, conforme preconizado na Farmacopeia Brasileira.
Adicionou-se a esta solução o óleo volátil obtido, na proporção de 0,4%. Com
esta solução preparada, selecionou-se 4 tipos de materiais (papel de filtro, TNT
- tecido não tecido – material sintético prolipropileno, tecido em algodão cru e
flanela) para produção dos lenços umedecidos, recortados e com aproximadamente
40 cm2 de área. Para cada um destes materiais, adicionou-se 2,5 mL do álcool
isopropílico 75% aromatizado com óleo essencial de tangerina, exceto para o
recorte de flanela, que recebeu 5 mL. Os lenços umedecidos foram embalados à
vácuo em embalagens laminadas e guardadas, para testes microbiológicos de
assepsia das mãos. As análise microbiológicas foram feitas de acordo com a
metodologia proposta por Silva et al. (2021), baseado no swab teste de mãos.
Após a higienização das mãos com os lenços umedecidos produzidos, realizou-se a
coleta com swab estéril, para posterior contagem das unidades formadoras de
colônia (UFC). Realizou-se uma coleta em mão não higienizada por quaisquer
métodos.
Resultado e discussão
A formulação de álcool isopropílico 75% aromatizado com óleo volátil de cascas
de tangerina apresentou a retenção do aroma desejado e este foi incorporado às
amostras de lenço desenvolvidas. Verificou-se que, decorridos 34 dias da
produção e embalagem, os lenços mantiveram sua umidade, tornando-o viável para o
teste microbiológico de assepsia das mãos. Após o plaqueamento do material
coletado das mãos teste e do tempo necessário de incubação (48h), não verificou-
se o desenvolvimento de Unidades Formadoras de Colônias nas placas
correspondentes. Por outro lado, observou-se o crescimento de 73 UFC/mL na placa
correspondente ao swab teste da mão não higienizada. Com base nestes resultados,
pode-se inferir que a adição do óleo volátil não prejudicou as propriedades
sanitizantes do álcool, podendo inclusive, ter potencializado tais efeitos.
Portanto, foi possível desenvolver lenços umedecidos em diferentes bases
(materiais) e estes produtos, nas condições experimentais estabelecidas,
demonstraram eficiência na eliminação de microrganismos na superfície das mãos.
Conclusões
O uso do óleo essencial como aromatizante permitiu a elaboração de lenços
umedecidos com álcool isopropílico com odor mais agradável e os lenços produzidos
foram capazes de higienizar as mãos, conforme delineamento experimental seguido.
Agradecimentos
Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal pela bolsa de Iniciação ao
Desenvolvimento Tecnológico (PIBITI/FAPDF) e ao Instituto Federal de Brasília,
pela taxa de bancada.
Referências
ALDERMAN, B. WEBBER, K. DAVIES, A. An audit of end-of-life symptom control in patients with corona virus disease 2019 (COVID-19) dying in a hospital in the United Kingdom. Palliative Medicine, v.34, n.9, p. 1249-1255, 2020.
LIMA, M.L.S.O., ALMEIDA, R.K.S., FONSECA, F.S.A., GONÇALVES, C.C.S. Química dos saneantes em tempos de covid-19: você sabe como isso funciona? Química Nova, São Paulo, v. 43, n.5, p. 668-678, 2020.
SEQUINEL, R., LENZ, G.F., SILVA, F.J.L.B., SILVA, F.R. Soluções à base de álcool para higienização das mãos e superfícies na prevenção da Covid-10: compêndio informativo sob o ponto de vista da química envolvida. Química Nova, v. 43, n. 5. p. 679-684, 2020.
SILVA, N., JUNQUEIRA, V.C.A., SILVEIRA, N.F.A., TANIWAKI, M.H., GOMES, R.A.R., OKAZAKI, M.M., IAMANAKA, B.T. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. 6 ed. São Paulo: Blucher, 602 p. 2021.