Autores
Trindade Valente, J. (UFPA) ; Sousa Oliveira, B. (UFPA) ; Felix da Silva, E. (UFPA) ; Magno da Costa da Silva, C. (UFPA) ; da Cruz Batista, R.G. (UFPA) ; Palheta Rodrigues Chaves, J. (UFPA) ; Costa da Silveira de Sousa, R. (UNINTER) ; Damasceno Botelho, E.V. (UFPA) ; Lima da Silva, A. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O xarope de urucum (Bixa orellana L.) é uma formulação farmacêutica a base de mel
e
extrato de urucum, que apresenta propriedades antioxidantes, antimicrobianas e
anti-inflamatórias. A caracterização desse xarope favorece um controle de
qualidade para o consumo. O objetivo deste foi realizar a caracterização físico-
química por meio do pH,condutividade elétrica, viscosidade e umidade. Foi
possível analisar os resultados
comparando-os com dados obtidos em trabalhos publicados de xaropes de plantas
medicinais, de mesma matriz de base (mel), pois não existe na literatura oficial
do
xarope de urucum. O produto se mostrou ácido (pH = 3,43) e viscoso (546,29 cSt )
Palavras chaves
Amazônia; Produto de origem vegeta; controle de qualidade
Introdução
A espécie B. orellana L., conhecido popularmente como urucum, pela fácil extração
do
seu fruto este é utilizado como corante alimentício, bem elucidado neste contexto
sua
utilização passa a integrar outra finalidade. Xarope de urucum é uma forma
farmacêutica utilizada por via oral, rico em carotenoides, tocoferóis,
flavonoides,
vitamina A, fósforo, magnésio, cálcio e potássio, que lhe conferem propriedades
antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias, sendo, por isso, utilizado
na
medicina tradicional para doenças pulmonares (REIS, 2021; RÊGO, 2008). Este
xarope
já está em uso na China, graças à exportação realizada por Terezinha Rêgo uma
pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão que consolidou o uso desta via
enteral, a fim de valorizar os benefícios promovidos. Este trabalho teve como
objetivo
analisar os parâmetros físico-químicos do xarope de urucum, de forma a contribuir
para
um controle de qualidade. Foram analisadas cinco amostras provenientes de
ervanaria
localizada em Belém do Pará. Os parâmetros analisados foram: pH, condutividade
elétrica, viscosidade e umidade. Os resultados foram analisados e comparados com
dados obtidos de xaropes de plantas medicinais, elaborados coma mesma base (mel)
que
o xarope de urucum, por não existirem dados suficientes do xarope de urucum na
literatura.
Material e métodos
Para realização da investigação físico-química foram adquiridas cinco amostras de
xarope de urucum (Bixa orellana L.) em uma ervanaria da cidade de Belém/Pará,
contendo limão, alho, eucalipto, romã, calêndula, gengibre; própolis, guaco,
angico,
hortelã, sucupira, óleo de pequi; óleo de copaíba, andiroba e néctar de urucum
(composição descrita no rótulo). Tais amostras foram adquiridas no mês de maio de
2022, sendo levadas ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia (LAFFA) da
Faculdade de Farmácia da UFPA, onde foram desenvolvidas as análises seguindo
metodologias oficiais, adaptadas (AOAC, 1998; BRASIL, 2011). Para a análise do pH
se utilizou um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7 em diluição
da amostra de 1:10 (v/v); para a condutividade elétrica (CE) se utilizou a mesma
solução preparada a leitura de pH, sendo a CE executada através de um
condutivímetro
portátil (para Instrutherm, CD 880) calibrado com solução padrão de condutividade
146,9 μS/cm; a viscosidade foi realizada através do escoamento do xarope através
do
orifício do viscosímetro tipo copo Ford 6, sendo o tempo de escoamento convertido
para viscosidade pela equação correspondente. A umidade foi determinada se
pesando
cerca de 2 g de amostra em cápsulas de porcelana previamente aferidas, que foram,
então, levadas a secura completa em estufa a 105º C. Os dados foram tratados em
planilhas em Excel 2010 e expressões em termos de média e desvio padrão.
Resultado e discussão
Os resultados encontrados podem ser verificados na Tabela 1. A média encontrada
para
o pH foi de 3,23 sendo um pH ácido, porém a literatura estabelece para esta forma
farmacêutica um pH de 4,3 (BRANDÃO, 2001). No entanto os valores encontrados
estão maiores dos que os obtidos para o xarope de jucá, o qual foi de 2,84 (REIS,
2019),
porém menor do que o encontrado para o xarope de cupim que foi de 4,3 (FRANÇA,
2018). Um pH básico, aumenta a possibilidade de contaminação microbiólogica,
enfatizando assim que o pH encontrado favorece o não crescimento microbiano, de
acordo com que Madigan et al. (2016) defende. Em relação à condutividade
elétrica, as
amostras apresentaram média de 0,25 mS/cm próxima da encontrada para o xarope de
jucá de 0,23 mS/cm (REIS, 2019). A viscosidade, segundo a literatura oficial para
xarope, deve ser de 190 cSt (BRANDÃO, 2001), e as amostras do xarope analisado
apresentam um resultado muito acima do encontrado na literatura com média geral
de
546,29 cSt. A viscosidade influência na maior estabilidade, sendo que soluções
com
maior concentração de açúcar, como o xarope analisado, tendem a proteger a
amostra
contra ataques de microrganismos, pois não há água suficiente para sua
proliferação
(OLIVEIRA, 2017). A umidade média foi de 41,38 %, sendo esse valor superior ao
encontrado por França (2018) que foi de 22,23 % em xarope de cupim. Maior umidade
significa ser um meio mais favorável ao desenvolvimento de microrganismos que
podem deteriorar o produto.
Conclusões
Os resultados observados indicam que o xarope de urucum apresenta boa
estabilidade frente aos microrganismos, pois é um meio ácido, de baixa umidade e
de elevada
viscosidade, fatores que dificultam a proliferação microbiológica.
Agradecimentos
Referências
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Arlington, 16th Edition, 1998.
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Disponível em: <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2013/04/controle-da-
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