• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Avaliação da Atividade Antioxidante de extratos aquoso e etanólico de folhas de Paubrasilia echinata (Pau-Brasil)

Autores

Stelle, Y. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG)) ; Cruz, T.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG)) ; Gonçalves, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG)) ; Granato, D. (UNIVERSITY OF LIMERICK) ; Marques, M.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (UEPG))

Resumo

O objetivo principal desse trabalho foi avaliar o potencial antioxidante e anti- hemolítico dos extratos aquoso e etanólico de folhas de Paubrasilia echinata, bem como a identificação parcial de sua composição química. Foram quantificados os teores de compostos fenólicos totais (CFT), flavonoides totais (FT) e clorofila total (CT). A atividade antioxidante foi avaliada pelos métodos de inibição do radical DPPH, capacidade de redução de ferro (FRAP), capacidade redutora total (CRT) e quelação de metais de transição (Fe2+ e Cu2+). Os dois extratos apresentaram atividade antioxidante e anti-hemolítica, sendo o extrato etanólico o mais rico em compostos fenólicos e com maior atividade antioxidante. A proteção frente a eritrócitos fragilizados foi similar.

Palavras chaves

Paubrasilia echinata; Antioxidante; Extratos

Introdução

Paubrasilia echinata (Leguminosae – Caesalpinoideae), anteriormente denominada Caesalpinia echinata, é o nome científico do Pau-Brasil. Teve seu nome alterado devido a diferenças morfológicas e genéticas (GAGNON et al., 2016). É símbolo do país que carrega em parte seu nome. Pela grande exploração conduzida pelos portugueses, corre o risco de extinção se não houverem esforços direcionados a sua preservação (MARQUES; BORGES, 2020). A exploração se deveu principalmente à resistência de sua madeira, que foi utilizada na produção de instrumentos musicais e fabricação de móveis, podendo ser caracterizada como a primeira atividade econômica no Brasil. (AGUIAR; PINHO,1986; MARQUES; BORGES, 2020). A coloração vermelha da resina do Pau-Brasil também despertou interesse e foi utilizada como corante na indústria têxtil. A substância responsável pela cor é a brasileína, produto da oxidação da brasilina ou brasilin, que é o principal constituinte do extrato bruto da madeira de Paubrasilia echinata. Os dois compostos são fenólicos e reconhecidos por sua capacidade antioxidante (REZENDE et al., 2004; GOMES et al., 2014). Foi popularmente utilizado como cicatrizante e no tratamento de diarreias e disenteria. Atividades antimicrobianas, antifúngicas, antitumorais, anti- inflamatórias e antioxidantes foram avaliadas através de alguns estudos (GOMES et al., 2014; GRANJEIRO, 2009; SHEN et al., 2007). A análise do levantamento bibliográfico demonstra que são escassos os relatos de atividade antioxidante e de composição química de extratos de folhas de Paubrasilina echinata. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar o potencial antioxidante, a composição química e a atividade anti-hemolítica de extratos aquoso e etanólico de folhas de Pau-Brasil.

Material e métodos

Folhas de Pau-Brasil foram coletadas de um espécime localizado em Ponta Grossa – Paraná (25º04’39.3’’S 50º11’15.4’’W), secas à temperatura ambiente e trituradas. Os extratos foram obtidos por infusão em etanol e água ultrapura. Para a composição química, foram realizados os ensaios de flavonoides totais (FT) (HERALD et al., 2012), compostos fenólicos totais (CFT) (MARGRAF et al., 2015) e teor de clorofila total (CT) (PARNIAKOV et al., 2015). A capacidade antioxidante foi avaliada pelo sequestro do radical DPPH (2,2- difenil-2-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995), FRAP (Capacidade de redução do Ferro) (GRANATO et al., 2015), quelação de Fe2+ e Cu2+ (SANTOS et al., 2017), e Capacidade Redutora Total (CRT) (BERKER et al., 2013). Para análise de bioatividades, eritrócitos de amostras sanguíneas, fornecidas pelo HUCG-UEPG foram isolados por lavagens consecutivas em tampão (PBS 5 mmol/L, NaCl 154 mmol/L, pH 7,4), centrifugados a 700xg por 10 minutos até sobrenadante límpido, o hematócrito foi ressuspenso e diluído até 12,5%. Os eritrócitos isolados foram submetidos a condições isotônicas e hipotônicas, em presença e ausência dos extratos, sendo a hemólise acompanhada em 540 nm (ZHANG et al., 2019). Todos os ensaios foram realizados em triplicata, sendo os resultados expressos em média ± desvio padrão. Foram realizados os testes de Brown-Forsythe, ANOVA e matrizes de correlação de Pearson, para relacionar estatisticamente composição química, atividade antioxidante e bioatividades dos extratos (software Statistica® v. 13.3).

Resultado e discussão

Os resultados podem ser observados abaixo (Tabela 1), expressos em massa de padrão equivalente por grama de extrato. O extrato obtido com solvente de maior polaridade (aquoso) foi o que obteve maior rendimento de extração. O extrato etanólico apresentou maior teor de CFT (166,05 mg AGE/g), sendo o extrato que também apresentou maior teor de CT (7,20 m/g), essa última medida se justifica pelo fato da clorofila poder atuar como pró-oxidante, ou seja, antagonicamente aos objetivos desse trabalho. Os extratos aquoso e etanólico apresentaram teores de FT estatisticamente não diferentes entre si, 93,48 e 95,85 mgCE/g, respectivamente Ambos os extratos demonstraram potencial ação antioxidante, com destaque paretanólico, que obteve os melhores resultados para DPPH (275 mg AAE/g), FRAP (324,21 mg AAE/g) e CRT (265,42 mg CE/g). Apenas o extrato aquoso apresentou atividade quelante de Fe2+, e também a maior quelação de íons Cu2+. Os resultados de atividade antioxidante corroboram com os de composição química, sendo o extrato etanólico o mais rico em compostos antioxidantes, os fenólicos, e com maior ação antioxidante. Essa correlação se confirma estatisticamente, tanto DPPH quanto FRAP foram significativamente correlatos (p ≤ 0,05) aos compostos fenólicos. Os extratos também apresentaram potencial atividade anti- hemolítica em condições hipotônicas, sendo o valor de H50, estatisticamente não diferente para os dois extratos, 0,417% de NaCl para o aquoso, e 0,416% para o etanólico. Tais resultados foram inferiores ao H50 do controle (0,490%), no qual não há presença de extrato.

Tabela 1



Conclusões

Os extratos de folha de Paubrasilia echinata analisados demonstram elevado potencial antioxidante, bem como atividade anti-hemolítica. Em destaque a atividade antioxidante e composição química apresentada pelo extrato etanólico, com maior teor de compostos fenólicos totais, maiores valores de inibição frente ao radical DPPH, redução de ferro e capacidade redutora total. Já o extrato aquoso foi mais eficiente frente à quelação de metais de transição. Ambos extratos demonstraram ação protetora de eritrócitos submetidos a estresse osmótico.

Agradecimentos

À CAPES e ao CNPq pelo fomento, à Universidade Estadual de Ponta Grossa, ao Hospital Universitário Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, ao Programa de Pós-Graduação em Química da UEPG e à equipe do LAQUA.

Referências

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