Autores
Souza de Lima, V. (UFPA) ; da Silva Picanço dos Santos, R.C. (UFPA) ; Batista dos Santos, G.G. (UFPA) ; de Meneses Costa Ferreira, L.M. (UFPA) ; Ribeiro Costa, R.M. (UFPA) ; da Silva Carneiro, A. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
A criação de abelhas ou apicultura fornece ao ser humano, além do mel, muito
empregado como alimento a milhares de anos, diversos outros produtos, como a cera
e a própolis, sendo esta última empregada com diversos fins medicinais. O estudo
objetivou realizar uma caracterização físico-química da própolis produzida pelas
abelhas do gênero Apis mellifera L., com a finalidade de reconhecer
características de uma substância com potencial farmacológico. Foi realizado
ensaios de caracterização físico-química e os resultados foram comparados com a
literatura existente e as normativas vigentes. O estudo concluiu que existem
características físico-químicas que corroboram significativamente para
finalidades terapêuticas.
Palavras chaves
Amazônia; Produto de origem animal; produto apícola
Introdução
As abelhas europeias (Apis mellifera L.) produzem a própolis, também chamado de
cola de abelha, sendo que esta produção é realizada a partir de resinas vegetais,
que são ligadas com a cera, pólen e secreções salivares até formarem a própolis
(BERTILLI et al. 2016). A própolis denota papel de importância na defesa química
da colmeia, sendo que suas propriedades de defesa podem ser utilizadas em seres
humanos, sendo responsáveis por várias bioatividades (ALMUHAYAWI, 2020). As
propriedades da própolis decorrem de metabólitos secundários, entres esses, os
que mais se destacam são os flavonóides, que possuem características anti-
inflamatórias, antivirais e antimicrobianas, dentre outras (OLIVEIRA, 2006).
Segundo Da Cruz (2021), existem diversos tipos de própolis, sendo que fatores
ambientais como vegetação, clima, estação e espécie da abelha, provocam
alterações importantes que podem modificar a estrutura da cola. Assim, o estudo
dessa substância denota importância, visto que a mesma traz benefícios para o
homem, e, por conseguinte, o presente trabalho teve como objetivo realizar um
estudo físico-químico estatístico das características da própolis, a partir de
ensaios de potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), acidez
titulável, densidade e teor de umidade.
Material e métodos
As amostras de própolis produzidas por abelhas do gênero Apis mellifera foram
cedidas pela Embrapa Amazônia Oriental, sendo coletadas no município de Capitão
Poço/PA, Sítio Mel
Mel. As amostras foram divididas em porções pequenas, acondicionadas em sacos
plásticos e mantidas sob constante refrigeração. Depois foram transportadas ao
Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde
a própolis bruta foi pulverizada em um turbolizador para diminuição do tamanho
das partículas. A Obtenção do extrato deu-se por 200 g de própolis pulverizado,
sendo submetido ao processo de maceração em 2 L de solução de álcool de etanol/
água (70/30, v/v) mantidos em frasco âmbar, fechado ao abrigo da luz e em
temperatura ambiente por 7 dias. A tintura obtida foi filtrada e submetida ao
evaporador rotativo a uma temperatura de 40° C até a evaporação completa do
solvente e a obtenção do extrato concentrado de própolis (ANVISA, 2010). Após
esse processo, as amostras foram levadas ao Laboratório de Física Aplicada à
Farmácia da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde se realizou os ensaios de: CE,
que fez uso do condutivímetro calibrado (AKSO, AK51); pH, utilizando pHmetro
(PHTEK) previamente calibrado com solução tampão 4 e 7, seguindo a metodologia da
Farmacopéia Brasileira 6ª ed; densidade, pelo método do picnômetro; acidez
titulável, usando como solução o extrato de própolis 1/10 (amostra/água, v/v),
como titulante a solução de NaOH 0,1 mol L-1, como indicador a solução de
fenolftaleína; por fim, o teste de umidade foi realizado pelo método
gravimétrico. Todos os ensaios foram realizados em triplicata, sendo os
resultados tabulados em Microsoft Excel®, e expressos em termos de médias e
desvio padrão.
Resultado e discussão
A tabela 01 apresenta o resultado dos ensaios, esses dispostos em médias e desvio
padrão. O pH médio encontrado (4,30) aponta acidez como característica do
própolis, corroborando com o descrito por De Lima (2010); que encontrou pH de
4,45, o que caracteriza a propriedade antibacteriana, visto que, a maioria dos
microrganismos cresce em pH neutro, em torno de 6,5 - 7,0 (BANDEIRA, 1998). Para
a CE (0,20 mS/cm) não foram encontrado dados na literatura e nem nas legislações
vigentes, todavia segundo Nielen et al. (1992). A condutividade sofre influência
direta pela presença de íons, sódio, potássio e cloretos. A densidade média
encontrada (0,81 g/mL) foi menor que a descrita por Sousa et al. (2007) que
oscilou entre 0,900 a 0,915 g/mL, demonstrando um grau de concentração de massa
inferior. A umidade média (99,53 %) se encontra dentro do permitido pela IN. SDA
nº 03/2001, que aponta como umidade permitida o quantitativo superior a 95 %. A
acidez total titulável é um ensaio realizado para saber a quantidade de ácido de
uma amostra que reage com uma base de concentração conhecida, assim, a acidez
encontrada foi de 0,24 %, sendo que tal resultado se encontra divergente do
apresentado por Pereira (2008), que obteve uma variação de 1,6 % a 4,3 %.
Conclusões
Os resultados obtidos apontam um importante grau de acidez, que se encontra
corroborando com as atividades anti-inflamatórias, antivirais e antimicrobianas
atribuídas à própolis, ademais o estudo conclui que o extrato de própolis
encontra-se dentro das legislações vigentes e em consonância com a literatura
existente.
Agradecimentos
A Embrapa Amazônia Oriental, ao Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica da
UFPA e ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia da UFPA.
Referências
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