• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO EXTRATO DE PRÓPOLIS

Autores

Souza de Lima, V. (UFPA) ; da Silva Picanço dos Santos, R.C. (UFPA) ; Batista dos Santos, G.G. (UFPA) ; de Meneses Costa Ferreira, L.M. (UFPA) ; Ribeiro Costa, R.M. (UFPA) ; da Silva Carneiro, A. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

A criação de abelhas ou apicultura fornece ao ser humano, além do mel, muito empregado como alimento a milhares de anos, diversos outros produtos, como a cera e a própolis, sendo esta última empregada com diversos fins medicinais. O estudo objetivou realizar uma caracterização físico-química da própolis produzida pelas abelhas do gênero Apis mellifera L., com a finalidade de reconhecer características de uma substância com potencial farmacológico. Foi realizado ensaios de caracterização físico-química e os resultados foram comparados com a literatura existente e as normativas vigentes. O estudo concluiu que existem características físico-químicas que corroboram significativamente para finalidades terapêuticas.

Palavras chaves

Amazônia; Produto de origem animal; produto apícola

Introdução

As abelhas europeias (Apis mellifera L.) produzem a própolis, também chamado de cola de abelha, sendo que esta produção é realizada a partir de resinas vegetais, que são ligadas com a cera, pólen e secreções salivares até formarem a própolis (BERTILLI et al. 2016). A própolis denota papel de importância na defesa química da colmeia, sendo que suas propriedades de defesa podem ser utilizadas em seres humanos, sendo responsáveis por várias bioatividades (ALMUHAYAWI, 2020). As propriedades da própolis decorrem de metabólitos secundários, entres esses, os que mais se destacam são os flavonóides, que possuem características anti- inflamatórias, antivirais e antimicrobianas, dentre outras (OLIVEIRA, 2006). Segundo Da Cruz (2021), existem diversos tipos de própolis, sendo que fatores ambientais como vegetação, clima, estação e espécie da abelha, provocam alterações importantes que podem modificar a estrutura da cola. Assim, o estudo dessa substância denota importância, visto que a mesma traz benefícios para o homem, e, por conseguinte, o presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo físico-químico estatístico das características da própolis, a partir de ensaios de potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), acidez titulável, densidade e teor de umidade.

Material e métodos

As amostras de própolis produzidas por abelhas do gênero Apis mellifera foram cedidas pela Embrapa Amazônia Oriental, sendo coletadas no município de Capitão Poço/PA, Sítio Mel Mel. As amostras foram divididas em porções pequenas, acondicionadas em sacos plásticos e mantidas sob constante refrigeração. Depois foram transportadas ao Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde a própolis bruta foi pulverizada em um turbolizador para diminuição do tamanho das partículas. A Obtenção do extrato deu-se por 200 g de própolis pulverizado, sendo submetido ao processo de maceração em 2 L de solução de álcool de etanol/ água (70/30, v/v) mantidos em frasco âmbar, fechado ao abrigo da luz e em temperatura ambiente por 7 dias. A tintura obtida foi filtrada e submetida ao evaporador rotativo a uma temperatura de 40° C até a evaporação completa do solvente e a obtenção do extrato concentrado de própolis (ANVISA, 2010). Após esse processo, as amostras foram levadas ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde se realizou os ensaios de: CE, que fez uso do condutivímetro calibrado (AKSO, AK51); pH, utilizando pHmetro (PHTEK) previamente calibrado com solução tampão 4 e 7, seguindo a metodologia da Farmacopéia Brasileira 6ª ed; densidade, pelo método do picnômetro; acidez titulável, usando como solução o extrato de própolis 1/10 (amostra/água, v/v), como titulante a solução de NaOH 0,1 mol L-1, como indicador a solução de fenolftaleína; por fim, o teste de umidade foi realizado pelo método gravimétrico. Todos os ensaios foram realizados em triplicata, sendo os resultados tabulados em Microsoft Excel®, e expressos em termos de médias e desvio padrão.

Resultado e discussão

A tabela 01 apresenta o resultado dos ensaios, esses dispostos em médias e desvio padrão. O pH médio encontrado (4,30) aponta acidez como característica do própolis, corroborando com o descrito por De Lima (2010); que encontrou pH de 4,45, o que caracteriza a propriedade antibacteriana, visto que, a maioria dos microrganismos cresce em pH neutro, em torno de 6,5 - 7,0 (BANDEIRA, 1998). Para a CE (0,20 mS/cm) não foram encontrado dados na literatura e nem nas legislações vigentes, todavia segundo Nielen et al. (1992). A condutividade sofre influência direta pela presença de íons, sódio, potássio e cloretos. A densidade média encontrada (0,81 g/mL) foi menor que a descrita por Sousa et al. (2007) que oscilou entre 0,900 a 0,915 g/mL, demonstrando um grau de concentração de massa inferior. A umidade média (99,53 %) se encontra dentro do permitido pela IN. SDA nº 03/2001, que aponta como umidade permitida o quantitativo superior a 95 %. A acidez total titulável é um ensaio realizado para saber a quantidade de ácido de uma amostra que reage com uma base de concentração conhecida, assim, a acidez encontrada foi de 0,24 %, sendo que tal resultado se encontra divergente do apresentado por Pereira (2008), que obteve uma variação de 1,6 % a 4,3 %.

Tabela 1. Resultados obtidos para as variáveis físico-químicas



Conclusões

Os resultados obtidos apontam um importante grau de acidez, que se encontra corroborando com as atividades anti-inflamatórias, antivirais e antimicrobianas atribuídas à própolis, ademais o estudo conclui que o extrato de própolis encontra-se dentro das legislações vigentes e em consonância com a literatura existente.

Agradecimentos

A Embrapa Amazônia Oriental, ao Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica da UFPA e ao Laboratório de Física Aplicada à Farmácia da UFPA.

Referências

ALMUHAYAWI, M. S. Propolis as a novel antibacterial agent, Saudi J. Biol. Sci. 27 (2020) 3079–3086,https://doi.org/10.1016/j.sjbs.2020.09.016.

BANKOVA, V. et al.. Métodos padrão para pesquisa de própolis de Apis mellifera , Journal of Pesquisa Apícola, 58:2, 1-49, DOI: 10.1080/00218839.2016.1222661

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa SDA nº 03, de 19 jan. 2001. Anexo VI - Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de própolis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 jan. 2001.

DE ALMEIDA, E. C.; MENEZES, H. Atividade anti-inflamatória de extratos de própolis: uma revisão. Journal of Venomous Animals and Toxins, v. 8, p. 191-212, 2002.

NIELEN, M.; DELUYKER, H.; SCHUKKEN, Y. H.; BRAND, A. Electrical conductivity of milk: measurement, modifiers, and meta analysis of mastitis detection performance. J. Dairy Sci. 75(2):606-614. 1992.

OLIVEIRA, V. P. de; ESPESCHIT, A. C. R.; PELUZIO, M. C. G. Flavonóides e doenças cardiovasculares: ação antioxidante. 2006.

PEREIRA, D. A. Extração aquosa de própolis e secagem em leito de espuma para uso em alimentos. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2008.

SOUSA, J. P. B. et al. Perfis físico-químico e cromatográfico de amostras de própolis produzidas nas microrregiões de Franca (SP) e Passos (MG), Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, p. 85-93, 2007.

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