Autores
Tashiro, F.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Góes, K.D.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Guilhon-simplicio, F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Sousa, (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Silva, B.J.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS)
Resumo
A psoríase desenvolve diversos processos danosos na pele do indivíduo. Atualmente,
a busca pela utilização de cosméticos naturais, aliados ao potencial biogenético
amazônico contribuem alternativas na melhora das lesões provocadas pela psoríase.
Assim sendo, esta pesquisa visou desenvolver um protótipo dermocosmético com
ativos amazônicos como auxiliar no tratamento. Foi realizado um levantamento
bibliográfico, os extratos foram testados quanto às atividades antioxidante e
fotoprotetora, faltando apenas testes anti-inflamatórios. O protótipo foi
formulado e em seguida, foram realizados testes de estabilidade preliminar (pH,
centrifugação e características organolépticas). Com isso, espera-se desenvolver
um protótipo multifuncional estável, que contribuirá com o tratamento das lesões.
Palavras chaves
ativos amazônicos; estabilidade; pele
Introdução
A psoríase é uma doença inflamatória crônica, não infecciosa, caracterizada
principalmente por lesões em formas de placas eritematosas, escamosas e elevadas
que acometem a pele, unhas e articulações. É uma doença autoimune com parte da
etiologia ainda desconhecida (MICHALEK, LORING, JOHN, 2017).
Sua patogênese complexa expõe que sua característica inicial está voltada a
ativação do sistema imune adaptativo, recrutando diversas linhagens de células,
como: dendríticas, queratinócitos, células NK e macrófagos, que por sua vez,
secretam citocinas como IL-12 e IL-23 que induzem a diferenciação de células T
imaturas em TH1 e TH17 aumentando a proliferação de queratinócitos, elevando a
expressão de mediadores angiogênicos e moléculas de adesão, permitindo um
infiltrado de células imunes na lesão, provocando inflamações (HERDEN, KRUEGER;
BOWCOCK, 2015; ARMSTRONG, READ, 2020;).
O desenvolvimento de cosmecêuticos (cosméticos capazes de modificar a estrutura
biológica da pele) vem crescendo vertiginosamente, uma vez que se alinha a
desafios bioeconômicos e de saúde. Dada a necessidade de novos tratamentos para
pacientes com psoríase e o alto potencial biológico da Região Amazônica, torna-
se atrativo o desenvolvimento de um protótipo dermocosmético multifuncional que
auxilie no tratamento da desta doença a partir de insumos vegetais amazônicos
(JOSHI; PAWAR, 2015; DORNI et al., 2017).
Este estudo propõe o desenvolvimento de um protótipo dermocosmético
multifuncional, utilizando espécies amazônicas, como auxiliar no tratamento das
lesões provocadas pela psoríase. Serão produzidas combinações destas espécies
que possuam propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e fotoprotetoras à
formulação, e esse protótipo de dermocosmético será avaliado quanto à
estabilidade físico-química.
Material e métodos
Pesquisa e seleção de espécies vegetais - A seleção das espécies vegetais
ocorreu por meio de um levantamento em bases de dados virtuais (SciELO,
Periódicos Capes, Microsoft Academic Search) sobre estudos com espécies vegetais
amazônicas que possuem potencial ação anti-inflamatória, antioxidante e
fotoprotetora.
Produção dos extratos vegetais - Os métodos de extração e secagem dos extratos
vegetais seguiram o disposto pelos resultados obtidos durante a etapa de
levantamento bibliográfico.
Caracterização dos extratos vegetais – Os extratos vegetais foram submetidos a
confirmação de autenticidade e integridade por CG-MS. Suas atividades
antioxidantes foram determinadas pelos métodos de DPPH e ABTS+. Além disso,
foram avaliados seus potenciais fotoprotetores pelo método de Determinação do
Fator de Proteção Solar, descrito por Mansur e colaboradores (1986).
Manipulação da base cosmética - A formulação da base semissólida consistiu em
testes de incorporação dos extratos vegetais em dois veículos: gel
hidroalcoólico e cold cream, dispostos no Formulário Nacional da Farmacopeia
Brasileira 2ª edição (BRASIL, 2012), nas concentrações de 5 e 10% do blend das
espécies selecionadas para estudo.
Estabilidade preliminar e características organolépticas - A análise preliminar
ocorreu pela observação das características organolépticas cor, o odor e
consistência. Além disso, a formulação foi submetida ao teste de centrifugação,
e pela medição do pH.
Análise estatística dos testes in vitro - Os resultados desta pesquisa foram
apresentados com média ± erro padrão da média e os ensaios foram realizados em
triplicata com utilização de padrões para valores de referência e amostras
branco como linha de base.
Resultado e discussão
Seleção de espécies vegetais - Após triagem dos dados, quatro espécies para
utilização na formulação, considerando sua atividade, segurança e método de
extração/secagem aos quais apresentassem menor risco ao seu usuário portador de
psoríase. Sendo assim, a pesquisa decorreu com a utilização dos óleos Andiroba
(Carapa guianensis), Copaíba (Copaifera reticulata Ducke), Buriti (Mauritia
flexuosa) e Acaí (Euterpe oleracea).
Caracterização dos extratos vegetais - A análise dos óleos vegetais por CG-MS
demonstraram a integridade do óleo de andiroba e adulteração do óleo de copaíba,
portanto, este último não foi utilizado nos demais fases de manipulação do
protótipo dermocosmético. Atividade antioxidante demonstrou ótima atividade do
açaí, com percentual de inibição de 54,9 ± 1,2 e o buriti com 15,8 ± 0,7 pelo
método do DPPH. Teste de FPS mostrou o açaí com potencial fotoprotetor de FPS
23,05 ± 0,010 devido seus compostos fenólicos (DA SILVA, FRARE, 2019).
Manipulação da base cosmética – A formulação em Cold Cream apresentou
instabilidades após a incorporação dos blend, com visível separação de fases
logo após a incorporação, assim sendo, inviável para a formulação do produto. O
gel hidroalcoólico, gerou características sensoriais e de estabilidade
satisfatórias na concentração de 5%. Suas características organolépticas foram:
odor - alcoólico; cor – marrom esverdeado; consistência – veículo gel.
Teste de Centrifugação e pH - O teste de centrifugação demonstrou que a
formulação em gel 5% manteve estas características descritas anteriormente,
sendo assim aprovada. A análise do pH pós incorporação do blend vegetal,
apresentou leitura de pH em 7,38. O trabalho de Flor, Mazin e Ferreira (2019), o
pH ideal de formulações cosméticas estão entre 5,5 – 6,5.
Conclusões
Os resultados pós formulação demonstram que esta demonstra potencial a um produto
comercializável de grande apelo regional, entretanto, as demais etapas de
avaliação da atividade anti-inflamatória, fotoprotetora, estabilidade e segurança
precisam ser executadas, assim como melhoria de sua aparência estética.
Uma vez que o meio científico encontra-se retomando suas atividades após um longo
período pandêmico, algumas análises não puderam ser concluídas até a elaboração
deste documento, no entanto, no aguardo de sua conclusão para submissão em
revistas científicas.
Agradecimentos
Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
CNPq, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM e à
Universidade Federal do Amazonas – UFAM pelo fornecimento dos recursos.
Referências
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