• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

DIÁLOGO SOBRE A MÚSICA APLICADA AO CONTEÚDO DE CORROSÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA E DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Autores

Damaceno, M.M. (UFRJ/CEEQUIM) ; Tamiasso-martinhon, P. (DFQ/IQ/UFRJ/CEEQUIM) ; Sousa, C. (DFQ/IQ/UFRJ/CEEQUIM)

Resumo

O propósito deste trabalho é o desenvolvimento de uma ferramenta de ensino que relaciona a ciência e a música, aproximando o conteúdo do estudante. Um experimento com materiais do cotidiano e uma atividade musical para auxiliar no processo de aprendizagem do conteúdo de corrosão foram aplicados e os resultados obtidos produziram uma reflexão didática. Os benefícios da música estreitaram os laços entre aluno, professor e conhecimento. Da mesma forma, através da linguagem musical universal e de objetos do dia a dia, a atividade assumiu uma postura multifuncional que possibilitou o seu emprego também como divulgação científica. O ensino do conceito de corrosão mostrou-se mais efetivo com o aumento do engajamento dos alunos. E questões científicas adjacentes ao tema puderam ser tratadas.

Palavras chaves

Ensino de Química ; Ciência e Arte; Divulgação Científica

Introdução

As metodologias ativas surgem como uma renovação pedagógica que debate sobre a relação professor-aluno. A pesquisa bibliográfica realizada por Peres e Arantes (2021) ilustrou, através da diversidade de programas de divulgação científica e outros, trabalhos em que o estudante é o protagonista que contribuíram para a democratização da ciência, extrapolando os limites da escola. Assis et al. (2020) propuseram um estudo de uma sequência didática para alunos do ensino técnico. Foram realizados experimentos com a temática corrosão que possibilitaram o diálogo e o aprimoramento da argumentação dos estudantes. Outras estratégias podem ser desenvolvidas para o trabalho de conteúdos considerados difíceis para os estudantes. Vasconcellos et al. (2018), realizaram aulas de química com a aplicação de paródias musicais. Foi observado o desenvolvimento da relação entre os alunos e destes com o conteúdo. Bergo (2018) desenvolveu oficinas de música para o ensino de ciências do 6° ano com temas socioambientais. A ciência pode inspirar a arte e esta pode estimular o interesse pela ciência. Dessa forma, a elaboração de uma atividade envolvendo o conceito de corrosão demonstrado em um experimento com materiais do cotidiano aliado à uma atividade musical promove a interação entre discente e docente, contribuindo para a melhor compreensão do conceito de corrosão e produzindo a divulgação científica, com a sua desmitificação. Neste trabalho, foi realizada uma reflexão sobre uma sequência didática em uma aula sobre a corrosão. Um experimento foi seguido por uma atividade envolvendo músicas atuais e posterior ministração do conteúdo científico. Devido aos elementos deste trabalho, que fazem parte da cultura das pessoas, esta atividade adquiriu um caráter de divulgação científica também.

Material e métodos

Os dados obtidos foram retirados do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação da própria autora deste resumo. Foi executada uma sequência didática iniciada pela apresentação da aula, seguida pela execução do experimento com posterior discussão sobre o fenômeno, atividade musical e ministração dos conceitos envolvidos. O experimento de corrosão foi demonstrado para uma turma da 3° série do ensino médio num sistema com latinhas de refrigerante, ácido muriático contendo ácido clorídrico, cordas de violão, arame e um recipiente de vidro. Logo após, os alunos foram convidados a explicar o fenômeno através de músicas escolhidas por eles. Em seguida, um debate sobre o fenômeno ocorrido foi mediado. O conceito científico foi ministrado e houve abertura para uma discussão sobre questões adjacentes ao tema, como a acidez do refrigerante, por exemplo. Para finalizar a aula, foi aplicada uma avaliação qualitativa no formato de questionário com perguntas sobre a atividade realizada, a expectativa sobre o futuro dos estudantes e o conceito de corrosão. Esta atividade foi submetida a um debate pedagógico e foram desenvolvidas considerações em diálogo com docentes do curso de especialização em ensino de química (CEEQUIM-IQ/UFRJ).

Resultado e discussão

A corda de violão sofreu corrosão pelo ácido clorídrico. E também a lata de refrigerante, conforme a foto e as reações da figura 1. Os alunos escolheram duas músicas para explicar o fenômeno observado, a música “Baby Shark” de Pinkfong e a música “Bola de Sabão” do Babado Novo. Segundo as respostas do questionário qualitativo, os alunos demonstraram um aumento no interesse pela disciplina de química, motivados pela atividade descrita neste trabalho. Como consequência, o conteúdo de corrosão foi melhor compreendido. Com a aproximação da cultura do estudante com o conceito abordado, observou-se o desenvolvimento da curiosidade científica nos participantes. As metodologias ativas, como esta ferramenta didática, podem ser incentivadas em cursos de formação continuada de professores. Ao estudar sobre temas atuais, o docente torna-se capaz de oferecer o letramento e a divulgação científica, elementos constituintes da educação científica. Padilha et al. (2021), propõem um indivíduo discente-docente-aprendente, ou seja, aquele que aprende para ensinar e continua a sua procura por conhecimento para produzir práticas pedagógicas reflexivas e promover a democratização da ciência, gerando benefícios para a sociedade, como o combate ao fake news, por exemplo. Estas práticas devem ser elaboradas cuidadosamente, sem deixar de lado o conteúdo científico, fundamental para a escolarização e o desenvolvimento intelectual do indivíduo, (Freitas e Libâneo, 2019).

Experimento

A corrosão da lata de refrigerante e as reações envolvidas neste processo e na corrosão da corda de violão.

Conclusões

A fim de tornar a disciplina de química mais interessante, uma variedade de recursos pode ser utilizada. O livro didático deve estar presente nas salas de aula, mas o seu uso precisa ser complementado. O experimento utilizado concretizou o conteúdo, contribuindo para a sua compreensão. Já a linguagem musical como ferramenta no processo de aprendizagem estreitou a relação entre alunos, professores e conhecimento científico. Devido à sua abrangência, esta atividade pode ser caracterizada como divulgação científica, com a possibilidade de ser aplicada em espaços não-formais de educação.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Referências

ARANTES, S. De L. F; PERES, S. O. Metodologias ativas em programas e projetos de Iniciação
Científica, Educação Científica e Divulgação Científica. Brazilian Jornal of Development, [S. l.], p.13496-13515, 1 fev. 2021. Arquivo PDF.

BERGO, G.S.M. Ciência, Música e Ambiente: Experiências e estratégias transdisciplinares no ensino básico integral modelo GEO. 2018. Dissertação (Mestrado em ensino em Biociências e Saúde) – Programa de pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, [S. l.], 2018. Arquivo PDF.

DI PACE, R. De C. S.; SOUSA, D. G. De; VASCONCELOS , E. da S. Química em tom: Utilização de
paródias como estratégia de ensino e aprendizagem de química. V Congresso Internacional das Licenciaturas, [S. l.], p. 1-11, 3 jul. 2022. Arquivo PDF.

DINIZ, N.de P.; BARROS, D. F. De; ASSIS, A. Aprimoramento da argumentação por meio de
atividades experimentais com abordagem sociocultural no ensino de corrosão. Revista de Educação em Ciências e Matemática , [S. l.], p. 270-288, 3 jul. 2022. Arquivo PDF.

FREITAS, R.A.; LIBÂNEO, J.C. Didática desenvolvimental e políticas educacionais para a escola no Brasil. Linhas Críticas, [S. l.], p. 1-14, 13 fev. 2019. Arquivo PDF.

PADILHA, Tamiles; TAMIASSO-MARTINHON, Priscila; SOUZA, Roseli; ROCHA, Angela; SOUSA, Célia. Diálogos Discente~Docente~Aprendente sobre o combate e a prevenção à Covid-19. Revista Scentiarum Historia, [S. l.], p. 1-9, 4 maio 2021. Arquivo PDF.

SOARES, B. M. C. LATAS DE ALUMÍNIO E SUA INTERAÇÃO COM ALIMENTOS E BEBIDAS. Boletim de Tecnologia e Desenvolvimento de Embalagens, [S. l.], p. 1-5, 3 jul. 2022. Arquivo PDF.

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