Autores
Damaceno, M.M. (UFRJ/CEEQUIM) ; Tamiasso-martinhon, P. (DFQ/IQ/UFRJ/CEEQUIM) ; Sousa, C. (DFQ/IQ/UFRJ/CEEQUIM)
Resumo
O propósito deste trabalho é o desenvolvimento de uma ferramenta de ensino que
relaciona a ciência e a música, aproximando o conteúdo do estudante. Um
experimento com materiais do cotidiano e uma atividade musical para auxiliar no
processo de aprendizagem do conteúdo de corrosão foram aplicados e os resultados
obtidos produziram uma reflexão didática. Os benefícios da música estreitaram os
laços entre aluno, professor e conhecimento. Da mesma forma, através da
linguagem musical universal e de objetos do dia a dia, a atividade assumiu uma
postura multifuncional que possibilitou o seu emprego também como divulgação
científica. O ensino do conceito de corrosão mostrou-se mais efetivo com o
aumento do engajamento dos alunos. E questões científicas adjacentes ao tema
puderam ser tratadas.
Palavras chaves
Ensino de Química ; Ciência e Arte; Divulgação Científica
Introdução
As metodologias ativas surgem como uma renovação pedagógica que debate sobre a
relação professor-aluno. A pesquisa bibliográfica realizada por Peres e Arantes
(2021) ilustrou, através da diversidade de programas de divulgação científica e
outros, trabalhos em que o estudante é o protagonista que contribuíram para a
democratização da ciência, extrapolando os limites da escola. Assis et al.
(2020) propuseram um estudo de uma sequência didática para alunos do ensino
técnico. Foram realizados experimentos com a temática corrosão que
possibilitaram o diálogo e o aprimoramento da argumentação dos estudantes.
Outras estratégias podem ser desenvolvidas para o trabalho de conteúdos
considerados difíceis para os estudantes. Vasconcellos et al. (2018), realizaram
aulas de química com a aplicação de paródias musicais. Foi observado o
desenvolvimento da relação entre os alunos e destes com o conteúdo. Bergo (2018)
desenvolveu oficinas de música para o ensino de ciências do 6° ano com temas
socioambientais. A ciência pode inspirar a arte e esta pode estimular o
interesse pela ciência. Dessa forma, a elaboração de uma atividade envolvendo o
conceito de corrosão demonstrado em um experimento com materiais do cotidiano
aliado à uma atividade musical promove a interação entre discente e docente,
contribuindo para a melhor compreensão do conceito de corrosão e produzindo a
divulgação científica, com a sua desmitificação. Neste trabalho, foi realizada
uma reflexão sobre uma sequência didática em uma aula sobre a corrosão. Um
experimento foi seguido por uma atividade envolvendo músicas atuais e posterior
ministração do conteúdo científico. Devido aos elementos deste trabalho, que
fazem parte da cultura das pessoas, esta atividade adquiriu um caráter de
divulgação científica também.
Material e métodos
Os dados obtidos foram retirados do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação
da própria autora deste resumo. Foi executada uma sequência didática iniciada
pela apresentação da aula, seguida pela execução do experimento com posterior
discussão sobre o fenômeno, atividade musical e ministração dos conceitos
envolvidos. O experimento de corrosão foi demonstrado para uma turma da 3° série
do ensino médio num sistema com latinhas de refrigerante, ácido muriático
contendo ácido clorídrico, cordas de violão, arame e um recipiente de vidro.
Logo após, os alunos foram convidados a explicar o fenômeno através de músicas
escolhidas por eles. Em seguida, um debate sobre o fenômeno ocorrido foi
mediado. O conceito científico foi ministrado e houve abertura para uma
discussão sobre questões adjacentes ao tema, como a acidez do refrigerante, por
exemplo. Para finalizar a aula, foi aplicada uma avaliação qualitativa no
formato de questionário com perguntas sobre a atividade realizada, a expectativa
sobre o futuro dos estudantes e o conceito de corrosão. Esta atividade foi
submetida a um debate pedagógico e foram desenvolvidas considerações em diálogo
com docentes do curso de especialização em ensino de química (CEEQUIM-IQ/UFRJ).
Resultado e discussão
A corda de violão sofreu corrosão pelo ácido clorídrico. E também a lata de
refrigerante, conforme a foto e as reações da figura 1. Os alunos escolheram
duas músicas para explicar o fenômeno observado, a música “Baby Shark” de
Pinkfong e a música “Bola de Sabão” do Babado Novo. Segundo as respostas do
questionário qualitativo, os alunos demonstraram um aumento no interesse pela
disciplina de química, motivados pela atividade descrita neste trabalho. Como
consequência, o conteúdo de corrosão foi melhor compreendido. Com a aproximação
da cultura do estudante com o conceito abordado, observou-se o desenvolvimento
da curiosidade científica nos participantes.
As metodologias ativas, como esta ferramenta didática, podem ser incentivadas em
cursos de formação continuada de professores. Ao estudar sobre temas atuais, o
docente torna-se capaz de oferecer o letramento e a divulgação científica,
elementos constituintes da educação científica. Padilha et al. (2021), propõem
um indivíduo discente-docente-aprendente, ou seja, aquele que aprende para
ensinar e continua a sua procura por conhecimento para produzir práticas
pedagógicas reflexivas e promover a democratização da ciência, gerando
benefícios para a sociedade, como o combate ao fake news, por exemplo. Estas
práticas devem ser elaboradas cuidadosamente, sem deixar de lado o conteúdo
científico, fundamental para a escolarização e o desenvolvimento intelectual do
indivíduo, (Freitas e Libâneo, 2019).
A corrosão da lata de refrigerante e as reações envolvidas neste processo e na corrosão da corda de violão.
Conclusões
A fim de tornar a disciplina de química
mais interessante, uma variedade de
recursos pode ser utilizada. O livro
didático deve estar presente nas salas de
aula, mas o seu uso precisa ser
complementado. O experimento utilizado
concretizou o conteúdo, contribuindo para
a sua compreensão. Já a linguagem musical
como ferramenta no processo de
aprendizagem estreitou a relação entre
alunos, professores e conhecimento
científico. Devido à sua abrangência,
esta atividade pode ser caracterizada
como divulgação científica, com a
possibilidade de ser aplicada em espaços
não-formais de educação.
Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Referências
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Científica, Educação Científica e Divulgação Científica. Brazilian Jornal of Development, [S. l.], p.13496-13515, 1 fev. 2021. Arquivo PDF.
BERGO, G.S.M. Ciência, Música e Ambiente: Experiências e estratégias transdisciplinares no ensino básico integral modelo GEO. 2018. Dissertação (Mestrado em ensino em Biociências e Saúde) – Programa de pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, [S. l.], 2018. Arquivo PDF.
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