Autores
Sousa, N.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Modesto, M.J.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Tavares, D.S. (SEDUC-PA)
Resumo
As práticas no ensino de química são essenciais para formação completa dos alunos,
pois é necessário entender as aulas teóricas e experimentais, mas nem sempre este
método é usado, devido a carência de materiais em laboratórios principalmente de
escolas públicas. Com isso, o presente trabalho tem como intuito criar práticas no
assunto de reações químicas através de materiais alternativos, a fim de tornar o
ensino-aprendizagem mais efetivo para os alunos. As aulas foram feitas em uma
escola estadual na região metropolitana de Belém/Pará. Após o experimento foi
feito um questionário sobre o interesse dos alunos sobre a prática, na qual 92%
dos alunos disseram que gostariam de ter estas aulas novamente, sendo um resultado
satisfatório, contribuindo na aprendizagem dos conteúdos de química.
Palavras chaves
Ensino de Química; Ensino-aprendizagem; Materiais alternativos
Introdução
O ensino da química é um desafio que se renova constantemente, pois trata-se uma
ciência marcada por novas descobertas, assim como novas aplicações que chegam à
vida prática de cada um, devido as abruptas mudanças e carências do mercado.
Partimos da hipótese que a utilização de Aulas Práticas e Experimentais são de
grande importância para a maior eficácia do processo de ensino aprendizagem da
química. Considerando a química como um conhecimento válido à vida do cidadão
quando aprendido não apenas de forma teórica, mas com sua aplicação objetiva e
pautada pela responsabilidade ético-social. Cardoso e Colinvaux (2000, p. 401)
defendem que o estudo da química “deve possibilitar ao homem o
desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo ele
analisar, compreender e utilizar esse conhecimento no cotidiano”.
Logo, as Aulas Práticas e Experimentais atendem expectativas que vão para além
de fascinar o estudante, ou quebrar com a monotonia comum das aulas
tradicionais, e respondem às principais expectativas sobre educação expressas em
lei. Nos referimos a Lei 9394/96 (BRASIL, 1996) quando afirma que a educação
“tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Também podemos destacar como o ensino Prático e Experimental retira o estudante
da passividade, desafiando sua capacidade intelectual e modificando como um todo
a dinâmica tradicional de ensino. Catelan e Rinaldi (2018, p. 308) defendem
uma “mudança de atitude que esta metodologia proporciona tanto ao estudante
quanto ao professor, pois o aprendiz deixa de ser apenas um observador das
aulas, passando a argumentar, a pensar, a agir, a interferir e a
questionar”.
Devemos afirmar que a química quando estudada apenas em seu plano teórico é
estudada pela metade. A habilidade de realizar cálculos, por mais excepcional
que o estudante seja, não lhe faz alguém hábil nas competências da química. É
necessário ir além do saber para o fazer.
Pautando nosso trabalho nessas referências, fomos para a sala de aula com o
objetivo de trabalhar o ensino teórico da química aliado à sua aplicação prática
nos conteúdos de fenômenos físicos e químicos e reações químicas através da
utilização de materiais alternativos e reutilizáveis. Explorar da melhor forma
possível o ensino por meio de aulas experimentais, e fazer o devido registro
deste processo, tendo como resultado o um estudo que apresentasse como as Aulas
Práticas e Experimentais podem melhorar o ensino e aprendizado da química como
um todo, tornando mais atrativo assim como eficaz ao estudante.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Jornalista Rômulo Maiorana, situada no município de Ananindeua-PA. Participaram
38 estudantes do 1º ano do ensino médio, no turno matutino, durante o primeiro
semestre de 2022.
Este foi realizado em decorrência da disciplina Estágio Supervisionado II,
componente curricular do Curso de Licenciatura em Química da Universidade
Federal do Pará, realizada por duas estagiárias sob a orientação de uma
professora regente.
No primeiro momento os estudantes assistiram aulas teóricas sobre “Fenômenos
Físicos e Químicos” e “Reações Químicas no Ambiente de Sala de Aula”. No segundo
momento, com a conclusão das aulas teóricas, os estudantes participaram de aulas
experimentais no laboratório da instituição, a fim de colocar em prática os
conteúdos trabalhados teoricamente.
Durante as aulas experimentais os discentes se dividiram em equipes de 4 a 5
integrantes em cada bancada do laboratório, seguiram um roteiro experimental com
as tarefas a serem realizadas, bem como, responderam exercícios contidos no
roteiro, referentes ao experimento a ser praticado. Essas aulas foram planejadas
para serem executadas com materiais alternativos, de baixo custo, de fácil
acesso e boa parte presente no cotidiano dos estudantes, como clipes de papel e
frascos de desodorantes roll-on . Os experimentos que os estudantes executaram
foram: Fita de Magnésio, Água e Giz, Solução 3 e Vinagre, HCl e Casca de Ovo,
Vinagre e NaHCO3, Amônia e Fenolftaleína, Água e Açúcar, Sopro Mágico e Lâmina
de Zinco.
No terceiro momento, ao final das aulas teóricas e práticas, foi aplicado um
questionário para registrar as opiniões dos estudantes a respeito das aulas
práticas desenvolvidas no laboratório da escola.
Resultado e discussão
Foi aplicado um questionário com 8 perguntas fechadas, para assim obter-se
respostas mais precisas, no qual os 38 estudantes foram entrevistados. Quando
questionados sobre “O que você achou do conteúdo de Fenômenos Físicos e
Químicos?”. 47% dos estudantes responderam Excelente, 39% Muito Bom, 11% Bom, 3%
Regular. Verificamos que a maioria dos discentes teve uma boa aceitação do
assunto. Na segunda pergunta questionamos se “Durante a aula experimental,
quais as principais evidências de que houve a ocorrência de uma Reação Química
você poderia destacar?”, 37% responderam Mudança de Coloração, 29% Liberação de
Gás, 26% Emissão de Luz e 8% Mudança de Temperatura. Na terceira pergunta “Qual
experimento você mais gostou?”, 38% Amônia e Fenolftaleína, 24% Fita de
Magnésio, 13% Solução 3 e Vinagre, 11% Água e Giz, 5% Vinagre e NaHCO3, HCl e
Casca de Ovo, Sopro Mágico, Lâmina de Zinco alcançaram 3% cada, Água e Açúcar
não atingiu nenhum percentual. Na quarta pergunta “Antes dessa prática
experimental, você já havia participado de algum experimento no laboratório da
sua escola?”, de acordo com o Gráfico 1, 76% responderam Não, e 24% responderam
Sim. Esse resultado evidencia a escassez de práticas experimentais na
instituição em questão. Fato que se justifica ao considerarmos a falta de
materiais e reagentes, dificultando assim a frequência da elaboração e execução
de aulas experimentais.
A quinta pergunta “Atividade experimental facilitou na assimilação do conteúdo
de fenômenos físicos e químicos?”, de acordo com o Gráfico 2, 71% responderam
Sim, bastante, 24% responderam Sim, Pouco, 2% Talvez e 3% Não. O resultado vai
de acordo com o pensamento de Borges (2004, p. 12), “a experimentação na sala de
aula é sem dúvida um componente importante, pois sabemos que os alunos de ensino
médio carregam consigo dificuldades em assimilar conceitos básicos de Química”.
Na sexta pergunta “Você acha que esse método deve ser utilizado mais vezes?”,
conforme o Gráfico 3, 61% responderam Sim, Sempre, 34% responderam Sim, Às
Vezes, 5% responderam Sim, Raramente, e nenhum discente respondeu Não. Quando
questionados na sétima pergunta “Que nota você atribui a aula experimental
desenvolvida?”, conforme o Gráfico 4, 63% responderam com nota de 9 a 10, 34%
responderam com nota de 7 a 8, 3% responderam com nota de 3 a 4, e as notas de 0
a 2 e 5 a 6 totalizaram um percentual de 0%. Na oitava pergunta “Você
participaria de mais aulas assim?”, segundo o Gráfico 5, 92% dos estudantes
responderam Sim, 5% responderam Talvez, e 3% responderam Não.
Através da análise do questionário constatamos a relevância das aulas
experimentais para a assimilação dos conteúdos de Fenômenos Físicos e Químicos,
e Reações Químicas. Aliado a isso, a observação das aulas práticas no decorrer
do estágio também foi essencial, para verificarmos o comportamento e a recepção
dos estudantes fora do ambiente de sala de aula, e como eles interagiam entre
si, e com a professora regente, ao debater e investigar os fenômenos e reações
químicas observadas ao longo do experimentos. Os resultados obtidos, por meio do
questionário, nos mostram como os discentes receberam positivamente as aulas
experimentais que, apesar da carência de materiais e reagentes, transcorreram de
maneira satisfatória; no Gráfico 5, a maioria dos alunos aceitariam participar
de mais aulas experimentais, enquanto uma pequena parcela de alunos não
participaria.
Nessa perspectiva, Ferreira, Hartwig e Oliveira (2010, p. 101) asseguram que “a
experimentação no Ensino da Química constitui um recurso pedagógico importante
que pode auxiliar na construção de conceitos”. A inserção de atividades práticas
no ensino de química desperta o interesse dos estudantes, deixando as aulas mais
atrativas, sendo assim uma ferramenta que auxilia positivamente no aprendizado
dos mesmos. Na figura 2 observamos algumas aulas experimentais no laboratório da
instituição e como os alunos interagiam ao realizarem os experimentos com
materiais alternativos.
Gráficos relativos as principais respostas do questionário aplicado aos estudantes.
A) Embalagens de desodorantes roll-on utilizadas como tubos de ensaio; B) Professora orientando os alunos; C) e D) Estudantes nas aulas experimentais.
Conclusões
Portanto, o trabalho desenvolvido verificamos uma boa aceitação de aulas práticas
experimentais por parte da maioria dos discentes. Isto posto, observamos também
que grande parcela nunca tinha frequentado o laboratório da escola, um dado
preocupante e que reflete a realidade de muitas escolas da educação básica, esse
dado também nos estimula a refletir, planejar e propor mais aulas experimentais.
Apesar das dificuldades enfrentadas por falta e ou escassez de equipamentos e
reagentes no laboratório, foi possível desenvolver os experimentos com os alunos,
contribuindo assim para a melhoria da compreensão dos conteúdos de fenômenos
físicos e químicos e reações químicas.
Agradecimentos
Agradecemos a toda comunidade da Escola Jornalista Rômulo Maiorana e a professora
Danúbia Tavares.
Referências
BORGES, K. S. Aprendendo Química com Atividades Experimentais. Monografia (Graduação em Química),Instituto Luterano de Ensino Superior, Itumbiara, 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.
9.394/96. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso 17 Set 2022.
CARDOSO, S. P; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química. Química Nova, v. 23, n. 3, p. 401─404, 2000.
CATELAN, S. S., RINALDI, C. Atividade experimental no ensino de ciências naturais: contribuições e contrapontos. Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n. 1, p. 306─320, 2018.
FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n.2, p. 101─106, 2010.