• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

A IMPORTÂNCIA DE AULAS PRÁTICAS EXPERIMENTAIS SOBRE OS CONTEÚDOS DE FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS E REAÇÕES QUÍMICAS

Autores

Sousa, N.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Modesto, M.J.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Tavares, D.S. (SEDUC-PA)

Resumo

As práticas no ensino de química são essenciais para formação completa dos alunos, pois é necessário entender as aulas teóricas e experimentais, mas nem sempre este método é usado, devido a carência de materiais em laboratórios principalmente de escolas públicas. Com isso, o presente trabalho tem como intuito criar práticas no assunto de reações químicas através de materiais alternativos, a fim de tornar o ensino-aprendizagem mais efetivo para os alunos. As aulas foram feitas em uma escola estadual na região metropolitana de Belém/Pará. Após o experimento foi feito um questionário sobre o interesse dos alunos sobre a prática, na qual 92% dos alunos disseram que gostariam de ter estas aulas novamente, sendo um resultado satisfatório, contribuindo na aprendizagem dos conteúdos de química.

Palavras chaves

Ensino de Química; Ensino-aprendizagem; Materiais alternativos

Introdução

O ensino da química é um desafio que se renova constantemente, pois trata-se uma ciência marcada por novas descobertas, assim como novas aplicações que chegam à vida prática de cada um, devido as abruptas mudanças e carências do mercado. Partimos da hipótese que a utilização de Aulas Práticas e Experimentais são de grande importância para a maior eficácia do processo de ensino aprendizagem da química. Considerando a química como um conhecimento válido à vida do cidadão quando aprendido não apenas de forma teórica, mas com sua aplicação objetiva e pautada pela responsabilidade ético-social. Cardoso e Colinvaux (2000, p. 401) defendem que o estudo da química “deve possibilitar ao homem o desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo ele analisar, compreender e utilizar esse conhecimento no cotidiano”. Logo, as Aulas Práticas e Experimentais atendem expectativas que vão para além de fascinar o estudante, ou quebrar com a monotonia comum das aulas tradicionais, e respondem às principais expectativas sobre educação expressas em lei. Nos referimos a Lei 9394/96 (BRASIL, 1996) quando afirma que a educação “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Também podemos destacar como o ensino Prático e Experimental retira o estudante da passividade, desafiando sua capacidade intelectual e modificando como um todo a dinâmica tradicional de ensino. Catelan e Rinaldi (2018, p. 308) defendem uma “mudança de atitude que esta metodologia proporciona tanto ao estudante quanto ao professor, pois o aprendiz deixa de ser apenas um observador das aulas, passando a argumentar, a pensar, a agir, a interferir e a questionar”. Devemos afirmar que a química quando estudada apenas em seu plano teórico é estudada pela metade. A habilidade de realizar cálculos, por mais excepcional que o estudante seja, não lhe faz alguém hábil nas competências da química. É necessário ir além do saber para o fazer. Pautando nosso trabalho nessas referências, fomos para a sala de aula com o objetivo de trabalhar o ensino teórico da química aliado à sua aplicação prática nos conteúdos de fenômenos físicos e químicos e reações químicas através da utilização de materiais alternativos e reutilizáveis. Explorar da melhor forma possível o ensino por meio de aulas experimentais, e fazer o devido registro deste processo, tendo como resultado o um estudo que apresentasse como as Aulas Práticas e Experimentais podem melhorar o ensino e aprendizado da química como um todo, tornando mais atrativo assim como eficaz ao estudante.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jornalista Rômulo Maiorana, situada no município de Ananindeua-PA. Participaram 38 estudantes do 1º ano do ensino médio, no turno matutino, durante o primeiro semestre de 2022. Este foi realizado em decorrência da disciplina Estágio Supervisionado II, componente curricular do Curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Pará, realizada por duas estagiárias sob a orientação de uma professora regente. No primeiro momento os estudantes assistiram aulas teóricas sobre “Fenômenos Físicos e Químicos” e “Reações Químicas no Ambiente de Sala de Aula”. No segundo momento, com a conclusão das aulas teóricas, os estudantes participaram de aulas experimentais no laboratório da instituição, a fim de colocar em prática os conteúdos trabalhados teoricamente. Durante as aulas experimentais os discentes se dividiram em equipes de 4 a 5 integrantes em cada bancada do laboratório, seguiram um roteiro experimental com as tarefas a serem realizadas, bem como, responderam exercícios contidos no roteiro, referentes ao experimento a ser praticado. Essas aulas foram planejadas para serem executadas com materiais alternativos, de baixo custo, de fácil acesso e boa parte presente no cotidiano dos estudantes, como clipes de papel e frascos de desodorantes roll-on . Os experimentos que os estudantes executaram foram: Fita de Magnésio, Água e Giz, Solução 3 e Vinagre, HCl e Casca de Ovo, Vinagre e NaHCO3, Amônia e Fenolftaleína, Água e Açúcar, Sopro Mágico e Lâmina de Zinco. No terceiro momento, ao final das aulas teóricas e práticas, foi aplicado um questionário para registrar as opiniões dos estudantes a respeito das aulas práticas desenvolvidas no laboratório da escola.

Resultado e discussão

Foi aplicado um questionário com 8 perguntas fechadas, para assim obter-se respostas mais precisas, no qual os 38 estudantes foram entrevistados. Quando questionados sobre “O que você achou do conteúdo de Fenômenos Físicos e Químicos?”. 47% dos estudantes responderam Excelente, 39% Muito Bom, 11% Bom, 3% Regular. Verificamos que a maioria dos discentes teve uma boa aceitação do assunto. Na segunda pergunta questionamos se “Durante a aula experimental, quais as principais evidências de que houve a ocorrência de uma Reação Química você poderia destacar?”, 37% responderam Mudança de Coloração, 29% Liberação de Gás, 26% Emissão de Luz e 8% Mudança de Temperatura. Na terceira pergunta “Qual experimento você mais gostou?”, 38% Amônia e Fenolftaleína, 24% Fita de Magnésio, 13% Solução 3 e Vinagre, 11% Água e Giz, 5% Vinagre e NaHCO3, HCl e Casca de Ovo, Sopro Mágico, Lâmina de Zinco alcançaram 3% cada, Água e Açúcar não atingiu nenhum percentual. Na quarta pergunta “Antes dessa prática experimental, você já havia participado de algum experimento no laboratório da sua escola?”, de acordo com o Gráfico 1, 76% responderam Não, e 24% responderam Sim. Esse resultado evidencia a escassez de práticas experimentais na instituição em questão. Fato que se justifica ao considerarmos a falta de materiais e reagentes, dificultando assim a frequência da elaboração e execução de aulas experimentais. A quinta pergunta “Atividade experimental facilitou na assimilação do conteúdo de fenômenos físicos e químicos?”, de acordo com o Gráfico 2, 71% responderam Sim, bastante, 24% responderam Sim, Pouco, 2% Talvez e 3% Não. O resultado vai de acordo com o pensamento de Borges (2004, p. 12), “a experimentação na sala de aula é sem dúvida um componente importante, pois sabemos que os alunos de ensino médio carregam consigo dificuldades em assimilar conceitos básicos de Química”. Na sexta pergunta “Você acha que esse método deve ser utilizado mais vezes?”, conforme o Gráfico 3, 61% responderam Sim, Sempre, 34% responderam Sim, Às Vezes, 5% responderam Sim, Raramente, e nenhum discente respondeu Não. Quando questionados na sétima pergunta “Que nota você atribui a aula experimental desenvolvida?”, conforme o Gráfico 4, 63% responderam com nota de 9 a 10, 34% responderam com nota de 7 a 8, 3% responderam com nota de 3 a 4, e as notas de 0 a 2 e 5 a 6 totalizaram um percentual de 0%. Na oitava pergunta “Você participaria de mais aulas assim?”, segundo o Gráfico 5, 92% dos estudantes responderam Sim, 5% responderam Talvez, e 3% responderam Não. Através da análise do questionário constatamos a relevância das aulas experimentais para a assimilação dos conteúdos de Fenômenos Físicos e Químicos, e Reações Químicas. Aliado a isso, a observação das aulas práticas no decorrer do estágio também foi essencial, para verificarmos o comportamento e a recepção dos estudantes fora do ambiente de sala de aula, e como eles interagiam entre si, e com a professora regente, ao debater e investigar os fenômenos e reações químicas observadas ao longo do experimentos. Os resultados obtidos, por meio do questionário, nos mostram como os discentes receberam positivamente as aulas experimentais que, apesar da carência de materiais e reagentes, transcorreram de maneira satisfatória; no Gráfico 5, a maioria dos alunos aceitariam participar de mais aulas experimentais, enquanto uma pequena parcela de alunos não participaria. Nessa perspectiva, Ferreira, Hartwig e Oliveira (2010, p. 101) asseguram que “a experimentação no Ensino da Química constitui um recurso pedagógico importante que pode auxiliar na construção de conceitos”. A inserção de atividades práticas no ensino de química desperta o interesse dos estudantes, deixando as aulas mais atrativas, sendo assim uma ferramenta que auxilia positivamente no aprendizado dos mesmos. Na figura 2 observamos algumas aulas experimentais no laboratório da instituição e como os alunos interagiam ao realizarem os experimentos com materiais alternativos.

Figura 1

Gráficos relativos as principais respostas do questionário aplicado aos estudantes.

Figura 2

A) Embalagens de desodorantes roll-on utilizadas como tubos de ensaio; B) Professora orientando os alunos; C) e D) Estudantes nas aulas experimentais.

Conclusões

Portanto, o trabalho desenvolvido verificamos uma boa aceitação de aulas práticas experimentais por parte da maioria dos discentes. Isto posto, observamos também que grande parcela nunca tinha frequentado o laboratório da escola, um dado preocupante e que reflete a realidade de muitas escolas da educação básica, esse dado também nos estimula a refletir, planejar e propor mais aulas experimentais. Apesar das dificuldades enfrentadas por falta e ou escassez de equipamentos e reagentes no laboratório, foi possível desenvolver os experimentos com os alunos, contribuindo assim para a melhoria da compreensão dos conteúdos de fenômenos físicos e químicos e reações químicas.

Agradecimentos

Agradecemos a toda comunidade da Escola Jornalista Rômulo Maiorana e a professora Danúbia Tavares.

Referências

BORGES, K. S. Aprendendo Química com Atividades Experimentais. Monografia (Graduação em Química),Instituto Luterano de Ensino Superior, Itumbiara, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.
9.394/96. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso 17 Set 2022.


CARDOSO, S. P; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química. Química Nova, v. 23, n. 3, p. 401─404, 2000.

CATELAN, S. S., RINALDI, C. Atividade experimental no ensino de ciências naturais: contribuições e contrapontos. Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n. 1, p. 306─320, 2018.

FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. Ensino experimental de química: uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n.2, p. 101─106, 2010.

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