• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

LEITURA DAS CONCENTRAÇÕES DE SÓDIO E AÇÚCAR A PARTIR DE RÓTULOS EM PRODUTOS GERALMENTE CONSUMIDOS NO DIA A DIA: UMA APLICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

Autores

Batista, R.G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Botelho, E.V.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Jesus, A.H.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Santos, R.R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Valente, J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Oliveira, B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Moraes, G.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

Este trabalho refere-se a uma exposição realizada na escola EEEFM Luiz Nunes Direito, com o objetivo de dialogar sobre as altas concentrações de sódio e açúcar em alguns produtos consumidos geralmente no dia a dia, e sensibilizar os visitantes sobre os perigos de consumir em excesso esses ingredientes. Além disso, o intuito do trabalho também foi que os alunos compreendessem o conteúdo relacionado a concentrações de soluções por meio desse trabalho. De forma geral, é possível afirmar que o trabalho realizado contribuiu para elevar os entrevistados de um nível de menor para outro de mais conhecimento sobre o assunto. Além de instilar o consumo mais consciente a partir do reconhecimento da concentração de sal e açúcar em produtos industrializados presentes no cotidiano.

Palavras chaves

rótulos/embalagem; ensino de química; contextualização

Introdução

Segundo Silva (2019) “a leitura dos rótulos dos alimentos é uma importante fonte de informação sobre o que estamos consumindo. É nele que encontramos os ingredientes, data de validade e informação nutricional de um determinado alimento”. Realizar a leitura de rótulos colabora em ter consciência e ajuda a manter uma boa alimentação, visto que, auxilia em fazer compras e consumos conscientes (SILVA, 2019). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio, a contextualização tem papel importante no processo de ensino por oportunizar a aproximação dos conteúdos curriculares à realidade sensível dos alunos (BRASIL, 1999). À vista disso, trazer as rotulagens de produtos para fazer uma análise por meio da química com os alunos da educação básica pode ser uma estratégia de contextualização interessante. Consoante (SOARES et al., 2019, p.121) “O ensino de química se mostra fundamental ao desenvolvimento de capacidades intelectuais, estruturação do pensamento e raciocínio, podendo ser efetivo se trabalhado de forma a instigar a percepção de cidadania e o pensamento crítico do estudante, além de estar relacionado a aspectos sociais focados no cidadão e em conhecimentos sociocientíficos”. Dessa forma, foi realizado uma atividade extensionista participativa que envolveu a mobilização ao conceito de misturas e concentrações na leitura de rótulos/embalagens com o objetivo de propiciar reflexões sobre o consumo imoderado de sal e açúcar e sensibilizar os estudantes a um consumo mais consciente.

Material e métodos

Este trabalho foi realizado com 8 estudantes do ensino médio da E.E.E.F.M Luiz Nunes Direito, de Ananindeua-PA. Foi realizada uma exposição interativa a partir das seguintes perguntas disparadoras aos visitantes: “Na composição dos alimentos as quantidades dos componentes ou ingredientes é sempre a mesma?”, “Como podemos ter informações sobre as quantidades relativas dos componentes em um determinado alimento?”, “O consumo imoderado de açúcar pode trazer malefícios à saúde?”, “O consumo imoderado de sal pode trazer malefícios à saúde?” e “Como poderíamos relacionar a quantidade de um componente em uma mistura (solução)?”. Em sequência, foi apresentado um mural com alguns produtos consumidos geralmente no dia a dia, em que de um lado era a parte do sal e a outra, a parte do açúcar. Com isso, foi pedido para que os alunos colocassem em cima das imagens dos produtos com alfinetes, os saquinhos com massa de sal e açúcar já pesados dos produtos que estavam no mural. Logo depois, apresentou-se um cartaz sobre informações do sal (sódio) e açúcar, sobre seus compostos, problemas causados pelos mesmos e o consumo consciente. As perguntas disparadoras usadas inicialmente, além de serem usadas para levantar indícios dos conhecimentos prévios dos participantes em relação ao tema, também, foram retomadas ao final da exposição para oportunizar novas reflexões e avaliar se a experiência contribuiu para novas aprendizagens. Como instrumento de coleta de dados foi montado um questionário composto pelas perguntas disparadoras. Essas perguntas eram abertas e as respostas foram coletadas pelos expositores, sendo a amostra selecionada por acessibilidade (GIL, 2008).

Resultado e discussão

A tabela da Figura 1 indica os percentuais de desempenho da amostra de participantes em resposta às perguntas realizadas ao início e final da exposição. Na primeira pergunta, inicialmente 50% dos alunos erraram, e no final do trabalho 88% acertaram. Em sequência, na segunda pergunta, inicialmente 38% dos alunos erraram e no final 100% acertaram. Já na terceira pergunta, inicialmente 25% dos alunos erraram e no final 100% acertaram. Na quarta pergunta, inicialmente 25% dos alunos erraram e no final 100% dos alunos acertaram. Por último, na quinta pergunta, mostrou que inicialmente 100% dos alunos erraram, e no final do questionário 100% dos alunos acertaram. De acordo com Porto (2013), é de extrema importância que na educação escolar sejam abordados nos assuntos de química a leitura de embalagens e rótulos de alimentos, explicando sobre os mesmos e fazendo com que os alunos sejam conscientes em relação às suas necessidades alimentares. Assim a química, a partir de um diálogo interdisciplinar, assume papel importante em direção a uma educação para a formação de um cidadão consciente na aquisição de bons hábitos alimentares (PORTO, 2013). Wartha et al (2013), afirmam que praticar a contextualização do conteúdo nas aulas com os alunos expressa em primeiro lugar, assumir que para existir conhecimento, precisa haver envolvimento entre sujeito e objeto. Nesse trabalho, a contextualização foi desenvolvida como estratégia através da qual se buscou aproximar os aportes teóricos da química da realidade sensível dos visitantes e isso possibilitou uma aprendizagem mais significativa que deve contribuir para atuação consciente no/sobre o mundo.

Tabela

Avaliação pré e pós questionário

Figura da escola

Foto da interação dos alunos com o trabalho desenvolvido

Conclusões

Considerando os graves riscos que o consumo imoderado de sal e açúcar podem gerar à saúde e o pouco conhecimento inicialmente indicado pelos participantes, pode-se afirmar que o trabalho desenvolvido foi importante e que ações como esta precisam ser ampliadas. Considerando a interação ativa dos participantes e que a maioria dos entrevistados progrediram para um nível de maior conhecimento sobre o conceito de misturas e concentrações, conclui-se que a estratégia de contextualização a partir da leitura de rótulos, também, foi exitosa em articular conceitos estruturados na área de química.

Agradecimentos

À Prof.ª Dr.ª Gleiciane Leal Moraes Aos alunos do ensino médio da escola E.E.E.F.M Luiz Nunes Direito À Universidade Federal do Pará - Campus Ananindeua (CANAN)

Referências

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

SOARES, A. C. et al. A UTILIZAÇÃO DE RÓTULOS NO ENSINO DE QUÍMICA: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DE 2014 A 2019. Revista do Programa de Pós-Graduação em Ensino, v. 3, n. 2, p. 120-141, 2019.

SILVA, Tássia. Análise crítica: A importância de ler os rótulos dos alimentos. Unirio. Disponível em: <http://www.unirio.br/nutricaoesaude/analise-critica-debates-na-midia/analise-critica-a importancia-de-ler-os-rotulos-dos alimentos#:~:text=%C3%89%20nele%20que%20encontramos%20os,do%20consumo%2C%20durante%20as%20refei%C3%A7%C3%B5es.>. Acesso em: 28 de ago. 2022.

PORTO, C. S. ENSINO DE QUÍMICA E EDUCAÇÃO ALIMENTAR: UM TEXTO DE APOIO AO PROFESSOR DE QUÍMICA SOBRE RÓTULO E ROTULAGEM DE EMBALAGENS DE ALIMENTOS. Distrito Federal, p.1-178, julho, 2013.

WARTHA, Edson; SILVA, Erivanildlo; BEJARANO, Nelson. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, v. 35, n. 2, p. 84-91, maio, 2013.

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