Autores
Batista, R.G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Botelho, E.V.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Jesus, A.H.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Santos, R.R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Valente, J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Oliveira, B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Moraes, G.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
Este trabalho refere-se a uma exposição realizada na escola
EEEFM Luiz Nunes Direito, com o objetivo de dialogar sobre as
altas concentrações de sódio e açúcar em alguns produtos
consumidos geralmente no dia a dia, e sensibilizar os
visitantes sobre os perigos de consumir em excesso esses
ingredientes. Além disso, o intuito do trabalho também foi que
os alunos compreendessem o conteúdo relacionado a
concentrações de soluções por meio desse trabalho. De forma
geral, é possível afirmar que o trabalho realizado contribuiu
para elevar os entrevistados de um nível de menor para outro
de mais conhecimento sobre o assunto. Além de instilar o
consumo mais consciente a partir do reconhecimento da
concentração de sal e açúcar em produtos industrializados
presentes no cotidiano.
Palavras chaves
rótulos/embalagem; ensino de química; contextualização
Introdução
Segundo Silva (2019) “a leitura dos rótulos dos alimentos é
uma importante fonte de informação sobre o que estamos
consumindo. É nele que encontramos os ingredientes, data de
validade e informação nutricional de um determinado alimento”.
Realizar a leitura de rótulos colabora em ter consciência e
ajuda a manter uma boa alimentação, visto que, auxilia em
fazer compras e consumos conscientes (SILVA, 2019).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino
médio, a contextualização tem papel importante no processo de
ensino por oportunizar a aproximação dos conteúdos
curriculares à realidade sensível dos alunos (BRASIL, 1999). À
vista disso, trazer as rotulagens de produtos para fazer uma
análise por meio da química com os alunos da educação básica
pode ser uma estratégia de contextualização interessante.
Consoante (SOARES et al., 2019, p.121) “O ensino de química se
mostra fundamental ao desenvolvimento de capacidades
intelectuais, estruturação do pensamento e raciocínio, podendo
ser efetivo se trabalhado de forma a instigar a percepção de
cidadania e o pensamento crítico do estudante, além de estar
relacionado a aspectos sociais focados no cidadão e em
conhecimentos sociocientíficos”.
Dessa forma, foi realizado uma atividade extensionista
participativa que envolveu a mobilização ao conceito de
misturas e concentrações na leitura de rótulos/embalagens com
o objetivo de propiciar reflexões sobre o consumo imoderado de
sal e açúcar e sensibilizar os estudantes a um consumo mais
consciente.
Material e métodos
Este trabalho foi realizado com 8 estudantes do ensino médio
da E.E.E.F.M Luiz Nunes Direito, de Ananindeua-PA. Foi
realizada uma exposição interativa a partir das seguintes
perguntas disparadoras aos visitantes: “Na composição dos
alimentos as quantidades dos componentes ou ingredientes é
sempre a mesma?”, “Como podemos ter informações sobre as
quantidades relativas dos componentes em um determinado
alimento?”, “O consumo imoderado de açúcar pode trazer
malefícios à saúde?”, “O consumo imoderado de sal pode trazer
malefícios à saúde?” e “Como poderíamos relacionar a
quantidade de um componente em uma mistura (solução)?”.
Em sequência, foi apresentado um mural com alguns produtos
consumidos geralmente no dia a dia, em que de um lado era a
parte do sal e a outra, a parte do açúcar. Com isso, foi
pedido para que os alunos colocassem em cima das imagens dos
produtos com alfinetes, os saquinhos com massa de sal e açúcar
já pesados dos produtos que estavam no mural. Logo depois,
apresentou-se um cartaz sobre informações do sal (sódio) e
açúcar, sobre seus compostos, problemas causados pelos mesmos
e o consumo consciente.
As perguntas disparadoras usadas inicialmente, além de serem
usadas para levantar indícios dos conhecimentos prévios dos
participantes em relação ao tema, também, foram retomadas ao
final da exposição para oportunizar novas reflexões e avaliar
se a experiência contribuiu para novas aprendizagens.
Como instrumento de coleta de dados foi montado um
questionário composto pelas perguntas disparadoras. Essas
perguntas eram abertas e as respostas foram coletadas pelos
expositores, sendo a amostra selecionada por acessibilidade
(GIL, 2008).
Resultado e discussão
A tabela da Figura 1 indica os percentuais de desempenho da
amostra de participantes em resposta às perguntas realizadas
ao início e final da exposição. Na primeira pergunta,
inicialmente 50% dos alunos erraram, e no final do trabalho
88% acertaram. Em sequência, na segunda pergunta, inicialmente
38% dos alunos erraram e no final 100% acertaram. Já na
terceira pergunta, inicialmente 25% dos alunos erraram e no
final 100% acertaram. Na quarta pergunta, inicialmente 25% dos
alunos erraram e no final 100% dos alunos acertaram. Por
último, na quinta pergunta, mostrou que inicialmente 100% dos
alunos erraram, e no final do questionário 100% dos alunos
acertaram.
De acordo com Porto (2013), é de extrema importância que na
educação escolar sejam abordados nos assuntos de química a
leitura de embalagens e rótulos de alimentos, explicando sobre
os mesmos e fazendo com que os alunos sejam conscientes em
relação às suas necessidades alimentares. Assim a química, a
partir de um diálogo interdisciplinar, assume papel importante
em direção a uma educação para a formação de um cidadão
consciente na aquisição de bons hábitos alimentares (PORTO,
2013).
Wartha et al (2013), afirmam que praticar a contextualização
do conteúdo nas aulas com os alunos expressa em primeiro
lugar, assumir que para existir conhecimento, precisa haver
envolvimento entre sujeito e objeto. Nesse trabalho, a
contextualização foi desenvolvida como estratégia através da
qual se buscou aproximar os aportes teóricos da química da
realidade sensível dos visitantes e isso possibilitou uma
aprendizagem mais significativa que deve contribuir para
atuação consciente no/sobre o mundo.
Avaliação pré e pós questionário
Foto da interação dos alunos com o trabalho desenvolvido
Conclusões
Considerando os graves riscos que o consumo imoderado de sal e
açúcar podem gerar à saúde e o pouco conhecimento inicialmente
indicado pelos participantes, pode-se afirmar que o trabalho
desenvolvido foi importante e que ações como esta precisam ser
ampliadas. Considerando a interação ativa dos participantes e
que a maioria dos entrevistados progrediram para um nível de
maior conhecimento sobre o conceito de misturas e
concentrações, conclui-se que a estratégia de contextualização
a partir da leitura de rótulos, também, foi exitosa em
articular conceitos estruturados na área de química.
Agradecimentos
À Prof.ª Dr.ª Gleiciane Leal Moraes
Aos alunos do ensino médio da escola E.E.E.F.M Luiz Nunes
Direito
À Universidade Federal do Pará - Campus Ananindeua (CANAN)
Referências
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 6º Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SOARES, A. C. et al. A UTILIZAÇÃO DE RÓTULOS NO ENSINO DE QUÍMICA: UM ESTUDO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DE 2014 A 2019. Revista do Programa de Pós-Graduação em Ensino, v. 3, n. 2, p. 120-141, 2019.
SILVA, Tássia. Análise crítica: A importância de ler os rótulos dos alimentos. Unirio. Disponível em: <http://www.unirio.br/nutricaoesaude/analise-critica-debates-na-midia/analise-critica-a importancia-de-ler-os-rotulos-dos alimentos#:~:text=%C3%89%20nele%20que%20encontramos%20os,do%20consumo%2C%20durante%20as%20refei%C3%A7%C3%B5es.>. Acesso em: 28 de ago. 2022.
PORTO, C. S. ENSINO DE QUÍMICA E EDUCAÇÃO ALIMENTAR: UM TEXTO DE APOIO AO PROFESSOR DE QUÍMICA SOBRE RÓTULO E ROTULAGEM DE EMBALAGENS DE ALIMENTOS. Distrito Federal, p.1-178, julho, 2013.
WARTHA, Edson; SILVA, Erivanildlo; BEJARANO, Nelson. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, v. 35, n. 2, p. 84-91, maio, 2013.