• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

RELATO DA MONITORIA EM AULAS EXPERIMENTAIS DE QUÍMICA COM MATERIAIS DE BAIXO CUSTO NO ENSINO REMOTO E HÍBRIDO

Autores

Silva, E.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Medeiros, P.B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Ribeiro, A.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

O ensino de química em aulas práticas muitas vezes necessitam de materiais, equipamentos e reagentes de alto custo que nem sempre estão disponíveis. O objetivo do trabalho foi apresentar uma proposta de elaboração de aulas com materiais de baixo custo para serem utilizados em aulas práticas. Foram realizadas adaptações de experimentos clássicos bem como a criação de roteiros para turmas de graduação. O componente curricular trabalhado foi Laboratório de Química Geral Experimental para uma turma de Engenharia de Energia. As adaptações e criação dos roteiros fizeram parte do programa PGRAD-MONITORIA da Universidade Federal do Pará. Dessa forma, constatou a importância monitoria para os discentes da graduação e das aulas laboratoriais com com materiais de baixo custo.

Palavras chaves

ensino de química; materiais de baixo custo; práticas laboratoriais

Introdução

Muitas vezes no ensino de química as aulas experimentais são vistas como um desafio, seja por falta de espaços adequados, materiais e equipamentos inexistentes ou até mesmo a falta de determinados reagentes. Tal fato ocorre não só no nível fundamental e médio como também no ensino superior. As aulas laboratoriais são de suma importância para o ensino-aprendizagem de química, pois observa-se os conceitos científicos teóricos estudados em sala de aula, analisando como a química se desenvolve e o correlaciona com o cotidiano do aluno, permitindo assim a confirmação dos conceitos técnicos, tornando a interpretação e a fixação dos conceitos mais visíveis e dinâmicos de compreender (ZIMMERMANN, 1993; apud SALESSE, 2012). A monitoria em aulas experimentais se torna cada vez mais necessária, tendo em vista que os monitores compreendem as dificuldades dos alunos em determinados conteúdos e visam adequar práticas e materiais que mais se adequem a essas dificuldades, sejam financeiras, estruturais ou educacionais, a monitoria é uma modalidade de ensino e aprendizagem que contribui para a formação integrada do aluno nas atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de graduação (LINS, et al., 2009). A importância da monitoria nas disciplinas do ensino superior extrapola o caráter de obtenção de um título. Sua importância vai mais além, seja no aspecto pessoal de ganho intelectual do monitor, seja na contribuição dada aos alunos monitorados e, principalmente, na relação de troca de conhecimentos, durante o programa, entre professor orientador e aluno monitor, uma vez que a evasão nos cursos de Química é observada por reprovações em disciplinas situadas nos primeiros anos dos cursos de licenciaturas e bacharéis. (CUNHA, et al., 2001). Assim, este trabalho visou relatar as atividades práticas elaboradas e realizadas no PL3 (Ensino remoto e híbrido) no período da pandemia de COVID-19 que foi, de fato, o primeiro contato das turmas de engenharia de energia com o laboratório de química, trazendo assim vários desafios, como a adaptação e elaboração de roteiros e experimentos importantes para a formação acadêmica do aluno utilizando materiais alternativos que não altere os principais conceitos por trás dos experimentos, deixando assim o custo-benefício da disciplina viável para futuras

Material e métodos

O projeto de monitoria teve como objetivo o auxílio das turmas de engenharia de energia em aulas práticas da disciplina Laboratório de Química Geral Experimental I, na Universidade Federal do Pará – Campus Ananindeua. A experiência ocorreu no período 2021.4, período no qual as aulas práticas estavam sendo retomadas de forma híbrida (Presencial e on-line) em decorrência da pandemia de COVID-19. As turmas de engenharia de energia teriam o primeiro contato com as práticas no laboratório de química e de fato seria o primeiro contato dos alunos de forma presencial no ensino superior. Segundo Silva, et al., (2017) as aulas em laboratório, seja ela com manipulação do material pelo aluno ou demonstrativa, não precisa e nem deve estar ligada à instrumentos caros e sofisticados, mas sim, à sua organização, discussão e análise, possibilitando interpretar os fenômenos químicos e a troca de informações entre os grupos que participa da aula. No primeiro momento, foi analisado os experimentos presentes nos roteiros utilizados em aulas práticas ministrado a turmas passadas de laboratório de química geral experimental I, em seguida, foi feito um levantamento de quais experimentos eram possíveis realizar seguindo o referente roteiro, após esse levantamento, foi feito adaptações de alguns experimentos dos roteiros utilizados nas práticas laboratoriais, como experimentos de pressão, volume, temperatura, titulação ácido-base, filtração simples, entre outros. A priori, foi utilizado materiais disponíveis no laboratório bem como matérias e reagentes de baixo custo e fácil acesso como: bicarbonato de sódio, ácido acético, balões, detergente, seringas e canudos plásticos. Em seguida iniciou-se então uma série de testes utilizando diferentes concentrações dos materiais selecionados, vidrarias que mais se adequassem às adaptações, quantidades de materiais utilizados para melhor realização do experimento e o tempo e velocidade das reações com os materiais substituídos. Tais testes realizados foram de suma importância para identificar quais concentrações, vidrarias e reagentes utilizar visando o melhor aproveitamento dos experimentos, bem como identificar a melhor forma de executar os mesmos com segurança e com confiança e certeza de que ocorreria as reações previstas. Após os testes, identificamos quais materiais, quantidades e concentrações seriam ideal para o sucesso dos experimentos e realizamos as adaptações necessárias nos roteiros substituindo os materiais padrões por materiais e reagentes alternativos selecionados.

Resultado e discussão

Seguindo de acordo com o cronograma do projeto, todas as atividades foram concluídas, desse modo, os objetivos previstos no projeto foram alcançados, primeiramente, houve uma pesquisa sobre os experimentos que iriam ser utilizados com a turma e logo após houve as adaptações necessárias para a realização das aulas e quando necessário a criação de um roteiro para auxiliar os alunos nas práticas laboratoriais. Segundo Barbosa (2011) Às atividades experimentais no ensino de química somente têm relevância na formação dos alunos se houver uma boa elaboração e articulação entre os conceitos teóricos e práticos abordados. Tendo em vista que os alunos poderiam ter dificuldades nas aulas experimentais por ser o primeiro contato com o laboratório, a adaptação dos experimentos foi explicada da forma mais clara possível nos roteiros elaborados, o intuito era sanar o máximo de dúvidas referente aos experimentos, citando os materiais, reagentes e equipamentos a ser utilizados de forma direta, conciliando assim o referencial teórico químico com os experimentos práticos. Os experimentos realizados nas aulas laboratoriais facilitam a compreensão dos conceitos químicos teóricos, auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não-científicas e contribuem para despertar o interesse pela ciência, com isso as disciplinas de laboratórios nos primeiros anos da graduação em cursos como química, física, engenharias é de suma importância. Ao final do componente curricular foram analisados os conceitos que os discentes obtiveram, a turma foi aprovada, como pode ser observado na tabela 1. Dessa forma, o programa PGRAD–MONITORIA foi de extrema importância não só para os monitorados, como também para os monitores, tendo em vista que a monitoria cria oportunidades de aprimorar os conhecimentos na disciplina monitorada, fomentando os alunos e monitores a pesquisa e produção acadêmica. O maior contato com professores agrega maiores níveis de habilidades docentes aos monitores, contribuindo de inúmeras formas na vida profissional e acadêmica do monitor, ou seja, a monitoria se faz expressiva na formação do estudante (BELO; SILVA, 2012).

Quantitativa do Conceito dos discentes.

Fonte da imagem: Autores.

Alguns dos materiais utilizados durante as aulas.

fonte da imagem: Autores

Conclusões

Segundo Freire (1997), para compreender a teoria é preciso experimenta-la. E é nesse contexto que propomos uma atividade pratica aos alunos utilizando materiais alternativos, fazendo com que os mesmos se sintam motivados e interessados pelos conceitos científicos teóricos, instigando assim a pesquisa e produção cientifica especificamente no ensino de ciências, dessa forma, as aulas experimentais faz-se necessária na aprendizagem dos alunos. O programa PGRAD-MONITORIA possibilitou que os monitores realizassem atividades de suma importância para a formação acadêmica dos monitorados e dos monitores, para os monitores, o contato aprofundado na disciplina bem como o início da docência se faz extremamente importante no contexto profissional, para os monitorados, o contato com experimentos de química utilizando materiais alternativos de baixo custo faz a compreensão da química ser mais simples e associada com o cotidiano. Outro fator de suma importância foi a experiência de como desenvolver um material alternativo de custo reduzido para a disciplina laboratório de química geral I, visando auxiliar as práticas laboratoriais futuras e a melhor compreensão da disciplina.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará, Campus Ananindeua e ao programa PGRAD-MONITORIA.

Referências

BARBOSA, E. F. Aulas práticas de química na formação profissional: uma abordagem da importância e alguns aspectos relevantes. Enciclopédia Biosfera, v. 7, n. 12, 2011.
BELO, M. L. M., SILVA, R. N. Experiências e reflexões de monitoria: contribuição ao ensino-aprendizagem. Scientia Plena, v. 8, n. 7, 2012.
CUNHA, A. M., TUNES, E., SILVA, R. R. da. Evasão do curso de química da Universidade de Brasília: a interpretação do aluno evadido. Química Nova, v. 24, n. 2, p. 262-280, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
LINS, L. F. et al. A entrada da monitoria na formação acadêmica do monitor. Jornada de ensino, pesquisa e extensão, IX, 2009.
SALESSE, A. M. T. A experimentação no ensino de química: importância das aulas práticas no processo de ensino aprendizagem. Monografia (Pós-graduação) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, p. 11. 2012.
SILVA, J. N., AMORIM, J. S., MONTEIRO, L. P., FREITAS, H. G. Experimentos de baixo custo aplicados ao ensino de química: contribuição ao processo ensino-aprendizagem. ScientiaPlena. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.14808/10.14808/sci.plena.2017.012701. Acesso em 04 de setembro de 2022.

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