Autores
Moraes, J.M.B. (IFMA) ; Miranda, J.C.M. (IFMA) ; Melo, R.S.S. (IFMA) ; Pereira, L.N.S. (IFMA)
Resumo
O estudo de fertilidade de solos permite conhecer as condições de acidez,
disponibilidade e relação dos nutrientes e identificação dos cátions e ânions
presentes no solo. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo oferecer aos
estudantes do curso de graduação em Agronomia do Instituto Federal do Maranhão,
Campus São Raimundo das Mangabeiras uma melhor compreensão dos fundamentos da
análise química dos solos. Para isso, foram coletadas amostras de solos em
diferentes locais do próprio campus e encaminhadas ao laboratório. O estudo foi
eficiente em mostrar a necessidade de desenvolver novas estratégias de ensino.
Nota-se também uma grande relação entre os conteúdos abordados em sala de aula,
garantindo assim um nível de maior compreensão conceitual para os alunos.
Palavras chaves
Fertilidade; Solos; Ensino de Química
Introdução
A análise de solos é uma ferramenta indispensável na agricultura, pois detecta
as principais características do complexo sortivo do solo - conjunto de
partículas trocadoras de íons. Além de sugerir recomendações de reposições de
nutrientes para obtenção de melhor produtividade da cultura.
O ensino dos conteúdos de química abordando a análise de solos interliga vários
conceitos tais como: reações de neutralizações, reações de oxidação e redução,
polaridade, forças intermoleculares, equilíbrios químicos, adsorção e troca
iônica, propriedades químicas do solo, cátions e ânions. A capacidade para
manter os cátions no solo é denominada de capacidade de troca catiônica (CTC).
Esses cátions são presos pela argila carregada negativamente e partículas de
matéria orgânica no solo por meio de forças eletrostáticas, sendo facilmente
trocáveis com outros cátions e disponíveis para as plantas. (TEIXEIRA, et al.,
2017)
Assim, como forma de diminuir o distanciamento de áreas e conteúdos correlatos,
este trabalho tem por objetivo oferecer aos estudantes do curso de graduação em
Agronomia do Instituto Federal do Maranhão, Campus São Raimundo das Mangabeiras
uma melhor compreensão dos fundamentos da análise química dos solos.
Material e métodos
A extração de amostras composta foi retirada em pontos específicos do próprio
campus de ensino. Foi realizada a divisão de oito glebas homogêneas levando em
consideração o tipo de cobertura vegetal, relevo, características físicas (cor,
textura e profundidade de perfil) e histórico prévio de utilização da área.
(MARTINHÃO, 2004). As glebas foram demarcadas como cultivo de acerola, cultivo
de maracujá, cultivo de banana, cultivo de batata doce, área da horta, área
pasto curral, área pasto caixa d’água e banco de proteína que foram realizadas
através de um caminhamento em zig-zag conforme as recomendações da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (ROQUIM, 2010).
Quanto à amostragem do solo, a coleta foi realizada de forma que representasse
com maior exatidão possível a gleba a ser avaliada. O equipamento de amostragem
utilizado foi o trado holandês. Todas as coletas foram feitas na mesma
profundidade 0-20 cm. Após isso, as coletas das amostras simples foram
misturadas em um balde onde se retirou aproximadamente 400 gramas de solo,
constituindo assim a amostra composta representando uma gleba. Em seguida, as
amostras foram acondicionadas em sacos plásticos fechados, etiquetadas e
enviadas ao laboratório da empresa Terra Brasileira, situado em Balsas – MA para
análise química (pH, M.O, Al, Ca, Mg, K, P, SB, H+Al, CTC, m% e V%).
Posteriormente, as análises foram interpretadas e discutidas para fins
didáticos.
Resultado e discussão
Com base nas análises das glebas obtidas, podem-se elencar conceitos e
abordagens para o ensino de química que são essenciais da análise do solo para
fins agronômicos. Um conceito bastante empregado é a interação de reações
químicas e potencial hidrogeniônico (pH) que define a acidez ou alcalinidade.
Isso porque a disponibilidade dos nutrientes sofre influência direta no pH do
solo. Para ajustes de correções de pH em solos ácidos é recomendado o processo
de calagem, uso de carbonato de cálcio, conhecido como calcário que em contato
com o solo interage com água e libera íons OH-, que reagem com íons H+,
aumentando o pH. GOEDERT (1995)
Uma análise química de solos permite identificar diferentes cátions, ânions,
acidez potencial (H+ + Al3+), matéria orgânica, soma de bases trocáveis -
somatória de cátions Ca2+, Mg2+ e K+ usada para cálculo de calagem. Os
resultados obtidos (Tabela 1) possui uma ampla informação de conteúdos que podem
ser desenvolvido em sala de aula. É possível prever a importância da CTC dos
íons Ca2+, Mg2+, K+, H+ e Al3+. O valor V que indica a proporção da CTC do solo.
(LOPES, et al., 2004)
Assim, um solo com baixo valor V% significa uma maior adsorção de Al³+ e H+ e
quantidades menores dos cátions básicos. Nestas condições, o solo será ácido e
poderá conter Al3+ em nível de toxidez para a planta, comprometendo o
desenvolvimento radicular das plantas e menor absorção de água e nutrientes.
Outro item importante é o alto índice de saturação por alumínio que limita o
crescimento das raízes e o desenvolvimento das plantas. (RONQUIM, 2010)
Conclusões
A análise de solos como ferramenta didática é fundamental para o ensino
aprendizagem, especialmente para fins de fertilidade. Pois permite prever uma
investigação completa dos macronutrientes e micronutrientes, sendo um fator
importante para o planejamento agrícola. Com base nas análises das glebas
obtidas, podem-se notar uma grande relação de conceitos e abordagens para o
ensino de química que são essenciais da análise do solo a fim de ajudar a
maximizar o resultado de aprendizagem dos alunos do curso de Agronomia.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus
São Raimundo das Mangabeiras.
Referências
GOEDERT, W. J. Calagem e Adubação. Brasília: EMBRAPA-CPAC, 1995.
LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Interpretação da Análise do Solo - Conceitos e aplicações. Boletim Técnico No 2. ANDA, São Paulo. Ed. atual. 2004. 51p.
MARTINHÃO, D. G. S.; LOBATO, E. Cerrado – Correção do Solo e Adubação. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004.
RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010.
TEIXEIRA, P. C et al., Manual de métodos de análise de solo. Editores técnicos. – 3. ed. rev. e ampl. Brasília, DF: Embrapa, 2017.