Autores
Soares Ferreira, P. (INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA)  ; Simenremis Pereira, N. (INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA)
Resumo
As aulas experimentais são uma das estratégias na contextualização do ensino. 
Portanto, este trabalho tem como objetivo a possibilidade de construção de um 
roteiro experimental simples que poderá ser realizado na disciplina de 
laboratório de análise instrumental para o curso de licenciatura em química ou 
técnico em química onde permite a avaliação qualitativa e quantitativa de 
paracetamol (PCM) em formulações farmacêuticas contendo cafeína, através da 
técnica de cromatografia líquida de alta eficiência. As separações 
cromatográficas foram feitas em uma coluna NST 18 100Å, 200 mm x 4,6mm x 10μm), 
usando fase móvel metanol e água (40:60, v/v), em modo de eluição isocrático com 
o fluxo 1 mL/min e detecção ultravioleta em 264 nm. Tendo como resultado 491,32 
mg de uma formulação de 500 mg PCM.
Palavras chaves
Roteiro Experimental; HPLC; Ensino de química
Introdução
       Sabe-se que de acordo com as Diretrizes Curriculares para o Ensino 
Superior de Química, os currículos da atualidade foram feitos com o intuito de 
contemplar as demandas dos alunos para que haja uma formação profissional 
consciente das necessidades que o mercado apresenta e o torne especializado nas 
subáreas de atuação no qual ele tem interesse (BRASIL, 2001). Aprovado em 
06/11/2011, o parecer Nº 303/2001 que relata as diretrizes para os cursos de 
Química (bacharelado e licenciatura plena) estabelece que os licenciandos em 
química precisam ter uma formação sólida, geral e abrangente no que diz respeito 
aos campos da Química, além de possuir conhecimento das técnicas para utilização 
de laboratórios. Ainda, segundo o documento, o licenciado em Química deve ter a 
habilidade para trabalhar em laboratórios de química e utilizar seus 
conhecimentos em experimentação como recurso didático (BRASIL, 2001). 
 	De uma forma geral, o processo de ensino-aprendizagem em química não é 
uma tarefa simples, pois, por um lado, o ensino da química muitas vezes é 
retratado pelos alunos, tanto do Ensino Superior quanto do Médio, como algo 
desinteressante, sem sentido e que exige esforço de memória (MORTIMER, 1999) e, 
por outro, tem-se a necessidade de fazer com que o ensino da ciências seja 
interessante para os estudantes. Para isso,  é vital que o processo de ensino-
aprendizagem seja o mais interdisciplinar possível, interligando assuntos que 
estejam presentes na realidade do aluno com o meio social onde ele está 
inserido. Para resolver essas questões, o docente precisa assumir o papel de 
mediador do ensino e não mais do detentor de todo o saber, desenvolvendo no 
aluno a capacidade de tomada de decisões (SANTOS e SCHNETZLER, 1996). É 
importante que o professor consiga interligar o conhecimento científico com o 
conhecimento prévio do aluno, seja por meio de discussões, observações, tendo 
como consequência uma maior interação entre os alunos e motivando-os a buscar 
razões e explicações para os fenômenos que acontecem à sua volta.  Um dos meios 
de motivação e de estratégia eficiente na contextualização do ensino e no 
desenvolvimento de um aluno interessado são as aulas experimentais no meio 
escolar que apresentam diversas funções, tais como: a de ilustrar um princípio, 
desenvolver atividades práticas, testar hipóteses ou propor métodos até mesmo de 
cunho investigativo (IZQUIERDO E COLS, 1999). Muitas dessas aulas são realizadas 
na educação básica com roteiros em ambiente apropriados para laboratório ou de 
forma demonstrativa (MASSENA; GUZZI FILHO; SÁ, 2013). 	
      A  experimentação no ensino de Química (seja no ensino superior ou médio) 
torna-se um elo que pode convergir dois pontos desafiadores no processo de 
ensino: (1) o de tornar as aulas mais interessantes e motivadoras; (2) o de 
propor uma formação de qualidade para os profissionais de química. Portanto, as 
atividades experimentais devem fazer parte do processo de ensino, pois elas 
permitem discutir, buscar resultados, formular hipóteses, estimular o senso 
crítico, desenvolver motivação e aptidão interdisciplinar (DOMINGUES, 2018). A 
atividade prática possibilita aos estudantes o contato com  fenômenos químicos, 
permitindo a este a construção de seus próprios conhecimentos por meio de suas 
observações, lógicas e linguagens (SANTOS; MARQUES; SANTOS, 2010).	
 	Os experimentos utilizados no processo de ensino permitem observações 
dos efeitos macroscópicos e são essenciais no entendimento e na aprendizagem dos 
conceitos químicos (FROZZA, E.; PASTORIZAI, B. S, 2021). Tais práticas 
experimentais não devem ser utilizadas de formas isoladas, mas juntamente com as 
disciplinas teóricas para que os discentes possam compreender melhor os 
conceitos e fenômenos de química, articulando a compreensão do macroscópico, e 
submicroscópico e o simbólico (JOHNSTONE 1982, APUD FROZZA, 2021). 
 	 	Considerando a discussão acima, este presente trabalho tem como 
objetivo discutir a possibilidade de construção de um roteiro experimental 
simples que poderá ser aplicado na disciplina de laboratório de análise 
instrumental para o curso de licenciatura em química ou técnico em química. Esta 
prática de laboratório permite a avaliação qualitativa e quantitativa de  
paracetamol em formulações farmacêuticas contendo cafeína, utilizando a técnica 
de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Ao se pensar na 
contextualização desta aula, o docente poderá abordar assunto de áreas como 
Química Orgânica, Química Análitica e Bioquímica, além de ser possível 
interligar o conteúdo teórico e prático com o cotidiano dos alunos, pois tanto a 
indústria farmacêutica quanto seus produtos fazem parte do dia a dia da 
sociedade. 	
Material e métodos
2.1. Materiais utilizados
	10 tabletes de tylenol dc, paracetamol (padrão), metanol (fase móvel), 
água mili-Q (fase móvel),  espátula, vidro de relógio, almofariz e pistilo, 12 
balões volumétricos de 25 mL, 2 Balão volumétrico de 100 mL, filtro de membrana 
Millipore de tamanho de poro de um 0,45 μm, seringa. 
2.2. Preparação das soluções padrão de cafeína e paracetamol 
 	Pesar 0,01 g do padrão de cafeína (CF) e 0,06 g de paracetamol (PCM) em 
uma balança analítica, em seguida transferir para os seus respectivos balões 
volumétricos de 100 mL. Adicionar 70 mL da fase móvel (água/metanol 80:20 v/v) e 
deixar agitando durante 1h. Levar as soluções para o banho ultrassônico para a 
melhor dissolução das drogas por 15 min. Após esse período, completar até o 
menisco dos balões com a fase móvel. Obtendo, dessa forma duas soluções com 
concentrações correspondentes a 600 µg/mL de paracetamol e 100 µg/mL de cafeína. 
 	A partir da solução estoque de paracetamol, preparar, por meio de 
diluições, sete soluções com concentrações na faixa de 15–240 μg/mL para 
obtenção da curva de calibração. Prepare uma solução de cafeína 40 ppm a partir 
da solução estoque de 100 µg/mL de cafeína. Filtre todas as soluções com um 
filtro de membrana Millipore de tamanho de poro de um 0,45 μm utilizando uma 
seringa. Desgaseificar todas as todas as amostras utilizando o banho 
ultrassônico.
2.3 Preparação da amostra
	Triturar 10 tabletes de comprimido de tylenol dc até obter um pó fino e 
homogêneo que contém 5000 mg de PCM e 650 mg de CF. Logo em seguida, transferir 
a amostra para um balão volumétrico de 100 mL e adicionar 70 mL da fase móvel 
(água/metanol) 80:20 v/v. Deixar agitar por 1h e em seguida levar até o banho 
ultrassônico por 15 min para a completa extração das drogas. Completar o menisco 
com a fase móvel. Após esse procedimento, realizou-se duas diluições, ambas em 
balão de 50 mL. Na primeira diluição, pipete 5 mL da solução da amostra obtida 
anteriormente. Já na segunda diluição, pipete 125 μg/mL da alíquota anterior e 
em seguida dissolva na fase móvel (água:metanol) 80:20, para obter, por fim, 
concentração de 5 μg/mL de paracetamol e 0,65 μg/mL de cafeína. 
 	Em seguida, filtre a amostra em um filtro de membrana Millipore de 
tamanho de poro de um 0,45 μm utilizando uma seringa e reserve para posterior 
injeção de 20 µL no HPLC. Desgaseificar todas as amostras utilizando o banho 
ultrassônico.
2.4 Condições cromatográficas 
	A coluna cromatográfica de fase reversa C18 - modelo: NST 18 100Å, 200 
mm x 4,6mm x 10μm em uma taxa de fluxo de 1mL/min e injeção de volume de 20 μl. 
O sistema aplicado foi no modo isocrático e a temperatura da coluna foi mantida 
na temperatura ambiente, enquanto a detecção de UV foi definida em 264 nm.
Resultado e discussão
Visando verificar a separação do paracetamol na formulação farmacêutica 
analisada e determinar quantitativamente a respectiva concentração de princípio 
ativo presente no medicamento, injetou-se 20 μL dos padrões de paracetamol com o 
fluxo de metanol-água (20:80 v/v) e taxa de fluxo de 1 mL/min. Posteriormente ao 
tempo de espera para cada corrida, 15 minutos, foi possível obter os 
cromatogramas para as soluções padrão de paracetamol e da amostra de tylenol dc, 
em que são relacionados o tempo de retenção (min) em função da intensidade da 
absorbância (mAU). Os resultados estão apresentados nas figuras 1 e 2 dispostas 
a seguir. 
A Figura 1a e Figura 1b mostram os cromatogramas das soluções padrão de 
paracetamol 240 ppm e cafeína 40 ppm. O paracetamol apresentou um tempo de 
retenção igual a 3,941 minutos enquanto que a cafeína apresentou o tempo de 
retenção em 6,583 minutos. Esse tempo de retenção se refere a utilização da fase 
móvel água- metanol (80:20 v/v) e taxa de fluxo de 1,0 mL/min. No entanto, ao 
alterar a fase móvel  para 60:40 (água:metanol) com fluxo de 0,8 mL/min e  o 
tempo de retenção foi alterado conforme pode ser visto na Figura 1c e 1d. É 
possível verificar que, nestas condições, o  tempo de retenção do paracetamol e 
cafeína foi de 4,397 minutos e 5,583 minutos respectivamente. A Figura 1e mostra 
o cromatograma da amostra de medicamento obtido nas mesmas condições 
cromatográficas dos padrões das figuras 1c e 1d (fase móvel água/metanol (60:40 
v/v) com fluxo de 0,8 mL/min). Observe que a resolução dos picos não é a ideal, 
pois a separação do paracetamol da cafeína não foi completa. Uma melhor 
resolução dos picos  foi obtida com a fase móvel água/metanol (80:20 v/v) com 
fluxo de 1 mL/min como pode ser visualizado na Figura 2.	
	A Figura 2a mostra o cromatograma da formulação farmacêutica estudada. 
Observe que o tempo de retenção do paracetamol e cafeína na amostra é 3,946 min 
e 6,567 minutos, respectivamente. Esses tempos de retenção são os mesmos 
apresentados pelas soluções padrão de paracetamol e cafeína obtidos nas mesmas 
condições cromatográficas da amostra (Figura 1a e 1b), confirmando a composição 
do medicamento. 
É possível verificar também que ao utilizar a fase móvel água/metanol (80:20 
v/v) com fluxo de 1mL/min, obteve-se uma melhor resolução dos picos do 
cromatograma quando comparado com o cromatograma obtido com a fase móvel 
água/metanol (60:40 v/v) com fluxo de 0,8 mL/min (Figura 1e) . A Figura 2b 
mostra a curva de calibração construída a partir das soluções padrão de 
paracetamol cuja concentrações variam de 15–240 ppm. A equação que representa a 
curva de calibração equivalente a  f(x) = 35121,2x+156648 e possui um valor de 
R2 igual a 0,99484, o que mostra uma boa linearidade. Após a extração com 
solvente, diluição adequada e análise, a amostra de medicamento apresentou um 
quantidade de paracetamol equivalente a 491,32 mg, o que corresponde a 98,2% do 
princípio ativo presente na formulação. 	

a e b)solução PCM e CF com fase móvel 80:20 v/v;c e d)solução de PCM e CF com fase móvel 60:40 v/v;e)amostra de medicamento com fase móvel 60:40 v/v

a)Cromatograma da amostra de Tylenol dc com a fase móvel (80:20 v/v) e fluxo 1 mL/min;b)curva de calibração do paracetamol obtida nas mesmas condições
Conclusões
A quantidade de paracetamol encontrada em um comprimido de Tylenol dc foi de 491 
mg, o que corresponde a 98,2% do princípio ativo no comprimido. Isso mostra que o 
método possui uma boa especificidade, rapidez e simplicidade. Apesar de não 
validado, é possível seguir esta metodologia como um roteiro experimental para 
aula de laboratório de análise instrumental. Este roteiro permite abordar 
conteúdos de três áreas da Química: orgânica, análise instrumental e bioquímica, 
além de permitir a contextualização do conteúdo com o dia a dia do aluno. Cabe ao 
docente analisar se é possível fazer a análise qualitativa e quantitativa em uma 
única aula ou se divide em dois momentos distintos a fim de explorar ao máximo os 
conceitos e conteúdos que podem ser abordados nesta prática.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e 
ao Instituto Federal de Brasília (IFB) pelo suporte financeiro. 
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química, Brasília, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1303.pdf < Acesso em: 30 de agosto de 2022.>
 	DOMINGUES, Lucas Fernandes. Teoria e Prática na Formação Profissional do Técnico em Química. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 05, Vol. 03, pp. 116-130, Maio de 2018. ISSN:2448-0959
 	FROZZA, E.; PASTORIZAI, B. S. “A Química é uma área experimental!”: discursos sobre a experimentação em um curso. Ciência e Natura, Santa Maria, v. 43, e5, p. 1-26, 2021. DOI 10.5902/2179460X43465. Available at: https://doi.org/10.5902/2179460X43465)
	IZQUIERDO, M.; SANMARTÍ, N. e ESPINET, M. Fundamentación y diseño de las prácticas escolares de ciencias experimentales. Enseñanza de las Ciencias, v. 17, n. 1, p. 45-60, 1999
 	JOHNSTONE, A. H, Macro and micro-chemistry. School Science Review, Hatfield, UK, v. 64, n. 227, p. 377-379, 1982.
 	MASSENA, ELISA PRESTES, GUZZI FILHO, NEURIVALDO JOSÉ DE E SÁ, LUCIANA PASSOS, Produção de casos para o ensino de Química: uma experiência na formação inicial de professores. Química Nova. 2013, v. 36, n. 7, pp. 1066-1072.
 	MORTIMER, EDUARDO FLEURY, MACHADO, ANDRÉA HORTA E ROMANELLI, LILAVATE IZAPOVITZ, A proposta curricular de química do Estado de Minas Gerais: fundamentos e pressupostos. Química Nova. 2000, v. 23, n. 2, pp. 273-283.
 	SANTOS, W.F.; MARQUES, D.I.D.; SANTOS, M.S.F. Formação continuada de professores de química: práticas experimentais e jogos lúdicos como alternativa metodológica. In: ENCONTRO DE EXTENSÃO DA UFPB, 12., 2010. Anais... Bananeiras: UFPB, 2010.
   	SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Função Social: o que significa ensino de química para formar cidadão? Química Nova na Escola, n.4, nov. 1996.









 
  
  
  
  
  
  
 