Autores
Barbosa, A.K.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARA)  ; Silva, H.D.F.R. (INSTITUTO FEDERAL DO PARA)  ; Pereira, M.A.R. (INSTITUTO FEDERAL DO PARA)  ; Porfírio, R.N.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARA)
Resumo
A busca por alternativas que busquem facilitar a explanação de conceitos químicos 
no ensino médio vem sendo um desafio. O Miriti (Mauritia flexuosa), por ser leve e 
resistente, foi usado como matéria-prima para a construção de um mediador 
semiótico que vise facilitar conceitos relacionados aos ácidos nucléicos. O miriti 
foi adquirido no mercado do ver-o-peso em Belém-PA, e com ele foram confeccionados 
modelos em 3-D da estruturação e das substâncias químicas que formam o DNA e RNA. 
Assim, o objetivo desde trabalho consiste em analisar de forma quali-quantitativo 
a percepção de alunos inseridos no ensino médio diante do recurso confeccionado. 
Observou-se que ocorreu aumento dos curiosidade e interesse dos alunos pelo 
conteúdo e recurso utilizado. 
Palavras chaves
Ensino de Química; Ensino de Química; Ensino de Química
Introdução
O miriti, o qual também é conhecido como isopor da Amazônia, é uma palmeira da 
região que possui nome cientifico de Mauritia flexuosa, fazendo parte do 
cotidiano de muitos ribeirinhos do estado do Pará, sobretudo dos habitantes do 
município de Abaetetuba; município o qual foi nomeado como “a capital mundial do 
brinquedo de miriti” (RIBEIRO, LOBATO, 2019; RODRIGUES, LEAO, PEREZ, 2017). Essa 
palmeira pode ser utilizada de diversas maneiras: sendo fonte de alimento como 
sucos, picolés, mingau, entre outros; das folhas são produzidos artesanatos como 
tapetes, bolsas, sacolas, bijuterias, dentre outros; por fim, o caule é 
utilizado para construção de pontes ou trapiches para os ribeirinhos (SANTOS, 
PEREIRA, LIMA, 2019). E dentro do contexto educacional, alguns trabalhos já 
foram realizados utilizando o miriti, desde o seu uso para construção de recurso 
didático para deficientes visuais (REIS, SILVA, SA, 2020), ao seu uso 
sustentável como matéria prima e ferramenta didática no ensino (ROCHA et al, 
2019). 
No âmbito educacional a importância dada para a preservação e conservação da 
flora teve aumento após a inclusão da temática sobre meio ambiente no campo 
educacional (RAMOS et al, 2020). O uso da matéria-prima para construção dos 
brinquedos de miriti é uma pratica sustentável pois a sua extração não 
compromete a vida útil da palmeira, além disso, o material é muito resistente e 
pode durar bastante tempo quando mantido longe da umidade, é valido ressaltar 
que quando o miriti é descartado ele se decompõe na natureza de forma mais 
rápida quando comparado com materiais de plástico, dentre outros (REIS, SILVA E 
SA, 2020).
Dessa forma, é possível levar o miriti para o contexto educacional em discursões 
acerca da educação ambiental, fazer relações do miriti com diversas disciplinas 
ministradas no ensino médio; e também o professor poderá utiliza-ló como 
mediador semiótico, sendo ele o recurso o qual o professor utilizará para 
transmitir o conhecimento aos alunos. Os mediadores semióticos são todos os 
objetos construídos pelo homem com a finalidade de facilitar a compreensão da 
realidade.
Visando proporcionar maior entendimento aos alunos durante a explanação de 
conteúdos da disciplina de Química, em especifico ao assunto “ácidos nucleicos”, 
o objetivo deste trabalho consiste em analisar de forma quali-quantitativa a 
percepção dos alunos de uma turma de ensino médio técnico do Instituto de 
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Belém quanto ao uso de um 
recurso alternativo de ensino para sua aprendizagem os quais possuam elementos 
culturais inseridos na região amazônica no recurso a ser utilizado.
Material e métodos
O recurso alternativo de ensino utilizado, construído com miriti, foi elaborado 
e confeccionado conforme a metodologia descrita por BARBOSA e PORFÍRIO (2021). O 
recurso alternativo de ensino foi levado ao IFPA-Campus Belém e expostas as 
estruturas em 3-D do DNA e RNA, a uma turma do 3º ano do ensino técnico em 
química, composta por 17 alunos. Após isso, verificou-se através de um 
questionário informações a cerca da disciplina já estuda pelos discentes, sobre 
percepção deles quanto ao modelos em 3-D a eles mostrados, quanto ao 
conhecimento de cada um quando se tratava do assunto DNA e RNA abordado no 
curso, como a forma abordada sobre o tema aferiram os seus conhecimentos, o 
impacto de recursos alternativos de ensino para o seu aprimoramento da 
aprendizagem e qual o impacto de um recurso alternativo do tipo apresentado 
construído com uma matéria prima da matriz amazônica. As perguntas propostas no 
questionário estão expostas na tabela 1.
Tabela 1 – Perguntas aplicadas no questionário
1.	Você já estudou o conteúdo envolvendo DNA e RNA? Se sim, em qual 
disciplina?
2.	Você consegue identificar pontos sobre o assunto DNA e RNA abordado?
3.	Você já utilizou algum recurso físico ou virtual para facilitar a sua 
compreensão durante seus estudos sobre Ácidos Nucleicos?
4.	Se não utilizou, você acredita que a utilização de um recurso que mostre 
as estruturas dos ácidos nucleicos em 3-D, poderia ajudar você a compreender 
esse assunto?
5.	Durante a sua jornada escolar, foi utilizado algum tipo de recurso feito 
com materiais regionais?
6.	Você considera importante para a formação ter contato com elementos que 
façam parte da cultura e flora da região amazônica, em específico do Estado do 
Pará?
7.	Você já ouviu falar ou conhece algo sobre o Miriti?
8.	Os modelos em 3-D apresentados, ajudariam no aprimoramento do seu 
conhecimento e entendimento sobre os ácidos nucleicos?
Fonte: Autor, 2022
Resultado e discussão
Nos dias atuais diversas instituições de ensino possuem diferentes recursos para 
demostrar estruturas químicas, sejam por simulação computacional, por kits 
específicos para montagem de estruturas, porém a diferença na utilização dos 
modelos citados para o modelo confeccionado está agregada no valor cultural 
atribuído na construção das estruturas de miriti. Para os paraenses, a relação 
cultural é construída com os brinquedos de miriti ainda quando são crianças. Com 
o passar do tempo, principalmente por conta dos avanços tecnológicos e a 
globalização, alguns elementos culturais são esquecidos ou passam a não ser 
lembrados com o devido valor que deveria ser atribuído a aquele elemento da 
cultura. 
Foi possível constatar forma clara no momento e posteriormente a análise, que 
enquanto os alunos observavam e tateavam o recurso didático que houve um 
aguçamento da curiosidade sobre a diversidade ecológica presente na região 
amazônica, a atenção em como são, funcionam, em como  os ácidos nucleicos estão 
presentes na vida dos seres, aumentando o interesse dos alunos pelo assunto 
abordado, e pelo material utilizado. Deste modo, propõe-se que a utilização 
desse recurso educacional alternativo construído a partir do miriti possa 
auxiliar professores na explanação de conteúdos atrelados a química e a 
bioquímica para facilitar o entendimento dos discentes. A interação dos alunos 
com o recurso alternativo de ensino pode ser visualizada na figura 1.
O questionário aplicado na turma foi respondido por 17 alunos, e o resultados 
obtidos podem ser visualizados na figura 2. Todos alegaram ter estudado DNA e 
RNA na disciplina de bioquímica do ensino médio, reforçando que retiveram 
informações a cerca desse conteúdo também nas disciplinas de Química e Biologia. 
Entretanto, 64,7% da turma assinalou que não conseguia lembrar de pontos 
específicos sobre o conteúdo envolvendo ácidos nucleicos, por conta do tempo que 
se passou pela pandemia, enquanto os outros 35,3% da turma lembrava do que foi 
trabalhado em sala de aula. 
De acordo com esse questionário, cerca de 58,8% dos alunos não utilizaram algum 
recurso alternativo de ensino que visasse o reforço da aprendizagem sobre o 
conteúdo ácidos nucléicos, enquanto 41,2% dos estudantes utilizaram em seus 
estudos recursos visuais (vídeo aulas), modelos moleculares ou jogos lúdicos. Os 
alunos relataram que não conseguiam lembrar de forma clara naquele momento do 
conteúdo estudado, talvez por não terem utilizados reforços de aprendizagem como 
os apresentados a eles. Tantos os alunos que tiveram dificuldade em lembrar do 
conteúdo quanto os que atestaram lembrar da temática, foram unânimes em afirmar 
que o uso do recurso didático alternativos mostrado, poderia ter lhes 
proporcionado um aprofundamento mais rápido e significativo, uma vez que, eles 
podem tocar e ver a estrutura do DNA e RNA de forma presencial.
A cerca das estruturas expostas e disponibilizadas para a turma, todos alegaram 
que durante a jornada escolar, não haviam utilizado algum recurso facilitador de 
aprendizagem confeccionado com materiais regionais, e que gostariam de ter um 
contato maior com elementos regionais que façam parte da cultura e flora da 
região amazônica, como o uso do Miriti. Vale ressaltar que 94,1% dos alunos da 
turma já conheciam o miriti, mas não conheciam esse tipo de aplicação. Todos os 
alunos alegaram que o recurso apresentado ajudaria na sua compreensão e 
entendimento acerca do conteúdo.

Exposição das recurso de miriti aos alunos

Resultado das perguntas apresentadas no questionário aplicado.
Conclusões
O trabalho mostrou que grande parte da turma não se recordava do conteúdo 
ministrado sobre ácidos nucléicos, indicando um ponto de possível aprimoramento 
durante o processo de ensino-aprendizagem que poderá ser efetivo mediante o uso de 
recursos didáticos estruturais em 3-D como o apresentado nesse trabalho. Como 
percebido no momento da exposição e apresentação do modelo em 3-D do DNA e RNA, 
quando houve um aguçamento da curiosidade e aumento do interesse dos alunos pelo 
assunto abordado, o que leva a pensar que, é possível construir e empregar 
recursos alternativos regionais como proposta de aprimoramento do ensino e na 
construção do saber empregando mediadores típicos da cultura local. Dessa forma, 
pode concluir que é viável a verificação do uso de recursos alternativos de ensino 
utilizando elementos culturais a partir de matrizes amazônicas para o 
aprimoramento da aprendizagem e mudança de paradigma, particularmente relacionados 
ao tema sobre ácidos nucléicos.
Agradecimentos
Ao Laboratório de Tecnologia (LABTEC), situado no Instituto Federal do Pará (IFPA) 
– Campus Belém.
Referências
BARBOSA, A.K.S.; PORFÍRIO, R.N.S. MEDIADORES SEMIÓTICOS: CONSTRUINDO UM RECURSO ALTERNATIVO DE ENSINO COM MIRITI (MAURITIA FLEXUOSA) PARA AULAS DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA. In: Anais do Simpósio Latinomericano de Química: “Los desafíos de la investigación en América Latina". Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/slaq2021/372235-MEDIADORES-SEMIOTICOS--CONSTRUINDO-UM-RECURSO-ALTERNATIVO-DE-ENSINO-COM-MIRITI-(MAURITIA-FLEXUOSA)-PARA-AULAS-DE->. Acesso em: 28 dez. 21.
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RIBEIRO, J.O.S.; LOBATO, L.S. BRINQUEDO DE MIRITI, ARTE E CURRÍCULO: alquimia decorrente de experiência etnográfica outra. Atos de Pesquisa em Educação, [S.L.], v. 14, n. 3, p. 1092, 18 dez. 2019. Fundação Universidade Regional de Blumenau. 
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