Autores
Zanetoni, V.A.L. (IFMT) ; Leão, M.F. (IFMT)
Resumo
Essa intervenção objetivou promover a participação dos estudantes como
protagonistas na realização experimental, discutir e refletir sobre o processo que
interpõem a compreensão de reações inorgânicas. Envolveu uma turma de 1° ano do
Ensino Médio, em 2019. Foram desenvolvidas atividades experimentais e pesquisas,
no intuito de interpretar as reações e suas aplicações no cotidiano. Os resultados
indicaram que estratégias sistematizadas favorecem a participação dos estudantes
nas aulas, potencializam a resolução de problemas e compreensão dos conceitos.
Logo, conclui-se que práticas diversificadas e inovadoras que visam (re)significar
o ensino de Química tem se mostrado primordiais, por consequência, a utilização da
experimentação se apresenta como facilitadora no processo educativo.
Palavras chaves
Aprendizagem; Ensino de Química; Experimentação
Introdução
A dinâmica da sala de aula envolve interações didáticos pedagógicas que é
preciso recorrer às contribuições teóricas, práticas e que estejam presentes nas
vivências diárias dos estudantes. Assim, faz-se necessário encontrar os
delineamentos metodológicos para a realização de atividades experimentais
investigativas de modo envolve-los efetivamente no processo educativo, e que por
sua vez, tenham relação e sentido para suas vidas.
Salienta-se que nas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, essa modalidade
pressupõe organização do processo educativo baseada na formação do estudante
desde o pensar e compreender as exigências da vida social; que sistematize como
princípio educativo trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da
emancipação humana (BRASIL, 2013).
Desse modo, diante aos desafios que se apresentam nessa etapa de escolarização
no que diz respeito a apropriação de conhecimentos científicos pode ser
efetivada por meio de práticas experimentais, norteada por contextos que
relacione teorias e saberes com suas vivências, em oposição a metodologias pouco
ou nada dinâmicas e sem significado para os estudantes (BRASIL, 2013).
Além disso, salienta-se, também, que é imperioso considerar a investigação
científica como o caminho para estabelecer a significação dos conhecimentos
referentes aos processos que envolvem a evolução, as transformações da matéria e
energia (SEDUC/MT, 2021).
Nesse viés, Chassot (2014) afirma ser imprescindível por meio do conhecimento
químico que os estudantes possam aprender ler melhor o mundo, para além disso,
também sejam prudentes diante as transformações mais favoráveis de nossos
ambientes natural e artificial.
Conforme preconiza o DRC/MT-EM a importância de que os professores durante o
processo de mediação propiciem meios para que os estudantes organizem e
articulem os conhecimentos que envolvem os fenômenos naturais e os recursos
tecnológicos, possibilitando desenvolver processos de argumentação e reflexão
sobre os fenômenos naturais, a partir da seleção de informações presentes em
redes sociais, livros, aulas experimentais, dentre outros (SEDUC/MT, 2021).
Nesse propósito, é pertinente aos professores promover atividades que possam
despertar em seus estudantes o interesse, a curiosidade e o gosto de aprender,
para isso o trabalho com base em temas problematizadores do contexto dos
estudantes, de maneira a relacioná-los com suas práticas vivenciadas (MONTEIRO,
2016).
Nessa perspectiva, a experimentação tem sido bastante admitida no ensino de
Química, visto que essa Ciência trabalha, sobretudo, com os materiais e suas
transformações. Todavia, a experimentação por si própria não assegura a
aprendizagem dos conceitos químicos (FERREIRA; CÔRREA; SILVA, 2019).
Ademais, para que a função dos experimentos seja atingida, o professor precisa
ter clareza e compreensão sobre as formas de abordagem da experimentação na
Educação Básica, de maneira que sua condução seja eficiente no processo de
ensinar. Dessa forma, para as possibilidades de procedimentos experimentais no
ambiente escolar propõe-se que sejam não apenas demonstrativos, mas que possam
ser realizados pelos próprios estudantes e ter viés de confirmação ou de
investigação da problemática a ser estudada.
De acordo com Carvalho (2013), o problema experimental proposto precisa ser bem
planejado e de preferência que faça parte da cultura social dos estudantes, que
possa envolvê-los, permitir que exponham seus conhecimentos já estruturados e
despertar seu interesse na busca de uma solução sobre o assunto. Além do mais, o
material didático deve ser instigante para despertar a atenção deles, de fácil
manuseio para que possam utilizar e chegar a uma solução da questão.
Diante do exposto, justificou-se fundamentalmente o estudo das reações químicas
proposto por meio da experimentação desenvolvida junto ao componente escolar
Química na Educação Básica, por proporcionar aos estudantes do Ensino Médio
concepções acerca da compreensão dos conceitos teóricos e práticos desse
conteúdo, haja vista que, as transformações químicas se fazem presentes em seu
cotidiano nas mais diversas atividades corriqueiras. Além de, potencializar o
uso de recursos acessíveis para realização de experimentos no ensino de química.
Logo, o presente texto aborda um relato de experiência acerca das Reações
Inorgânicas a partir experimentação com o intuito de mediar a aprendizagem dos
estudantes baseado em estratégias que aproxime os conceitos científicos e suas
aplicações cotidiana. Portanto, objetivou-se promover a participação ativa dos
estudantes como protagonistas na realização experimental, discutir e refletir
sobre o processo que interpõem a compreensão do mencionado conteúdo, e
consequentemente, a efetivação de saberes.
Material e métodos
O presente relato de experiência baseou-se no desenvolver da atividade
experimental investigativa utilizou-se ações pedagógicas que envolveram
teorização, experimentação e informações representacionais (pesquisa). A
atividade envolveu estudantes de uma turma de 1° ano do Ensino Médio, da escola
Estadual Antonio Cristino Côrtes, de Barra do Garças-MT, no ano de 2019.
Para iniciar, ocorreram leituras individuais do livro didático. Foi solicitado
que descrevessem em seus cadernos sua compreensão prévia em relação a reação
química e apresentassem ao menos uma exemplificação aplicada na sua vivência. Na
sequência, ocorreu a socialização dessas anotações, momentos de troca de
experiências para a conceituação introdutória do assunto abordado.
Em seguida, foi descrito no quadro a representação de algumas reações com a
linguagem química convencionadas (Reagentes → Produtos) introduziu o modelo das
equações químicas no sentido de descrever a transformação, utilizou-se a
nomenclatura e as fórmulas química das substâncias envolvidas.
Em outro momento, a turma foi dividida em grupos para execução de dois
experimentos selecionados envolvendo as reações química, empregou-se materiais e
reagentes de fácil aquisição e manipulação, sendo: 1°) Bicarbonato de sódio com
vinagre (ácido acético diluído); 2°) Oxirredução: Palha de aço em meio ácido
(vinagre). Os estudantes receberam um roteiro de estudos com a descrição dos
materiais e reagentes a serem utilizados. Assim, foram instigados a pensar e
elaborar os procedimentos para a realização da prática, na sequência, observar e
anotar possíveis evidências de uma reação.
Nesse ponto, utilizou-se de anotações descritivas para discriminar as principais
considerações em relação aos procedimentos, dispor os reagentes envolvidos por
meio da representação de equação para cada uma das reações propostas, e ainda,
supor quais substâncias que poderiam ser formadas.
Quanto a execução prática foi realizada pelos próprios estudantes com a mediação
da professora, no que diz respeito, auxilia-los na manipulação experimental,
levantar os questionamentos sobre o assunto. Destarte, pretendeu-se com essas
ações possibilitar aos estudantes levantar hipóteses a serem testadas para a
compreensão e resolução do problema em questão.
Posteriormente, no laboratório de informática, foram realizadas investigações
para relacionar com as observações experimentais, confrontar os dados e analisá-
los, de modo, a sistematizar a leitura, interpretação, e consequentemente, a
descrição química das substâncias envolvidas nas reações propostas na aula
anterior.
Por fim, cada grupo elaborou um relatório descritivo pormenorizado em relação a
experiência, constituindo-se das caracterizações macroscópicas evidenciadas para
cada reação manipulada na aula prática, e ainda, complementou-se com os
conceitos teóricos analisados no levantamento de informações pertinentes as
reações com base na pesquisa em sites educativos.
Resultado e discussão
Os relatórios da atividade experimental investigativa possibilitaram constatar
análises realizadas pelos estudantes sobre as reações químicas. Todos eles
continham a sequência de estudos que realizaram e as descobertas que tiveram
sobre o assunto em estudo. Nesse sentido, é possível perceber que a
experimentação investigativa é viável para ser desenvolvida em sala de aula, ou
seja, é uma alternativa metodológica disponível aos professores de Química para
promover a participação ativa dos estudantes como protagonistas na realização
experimental, discutir e refletir sobre o processo que interpõem a compreensão
das reações químicas e a efetivação de saberes.
Dessa forma, os estudos apontam contribuições significativas, no processo
educativo uma vez que se evidenciou o interesse e participação ativa dos
estudantes no decorrer de cada etapa proposta. Inicialmente as manifestações e
as descrições teóricas dos participantes durante a socialização de seus
conhecimentos prévios sobre o assunto em sala de aula demonstraram-se de maneira
simplicista e a princípio percebida como um sistema complexo.
Segundo a proposta de Carvalho (2013), ao iniciar uma Sequência de Ensino
Investigativo (SEI), seja qual for o problema proposto, se faz necessário
estabelecer etapas, de modo que, seja oportunizado aos estudantes suscitar e
investigar suas hipóteses, transpor de atividades manipulativas à intelectual
configurando suas considerações e concepções debatidas com seus pares e com o
professor. Essa situação investigativa segue ilustrada conforme figura abaixo,
na qual os estudantes, formando pequenos grupos realizam interações com o objeto
de estudo e entre si.
Nesse viés, no que se refere, a execução dos experimentos percebeu-se o
envolvimento evidenciado pela curiosidade e o comprometimento dos estudantes
diante a possibilidade de serem os protagonistas de seus estudos ao serem
instigados a pensar, relatar e evidenciar os caminhos e observações
identificadas com base na realização prática.
Cabe dizer que, os grupos solicitaram que pudessem repetir cada prática para de
fato constatar todas as evidencias de transformação percebidas e anotadas. Esse
momento foi marcado pelo entusiasmo e atenção dos participantes, no sentido de
conseguir perceber as possíveis evidencias do ocorrido em cada experimento.
Nessa ocasião, pontua-se ser fundamental que o professor faça interrogações aos
estudantes pertinentes a abordagem do assunto para resolver o problema,
considera-se e justifica-se as principais ações que levam a solução do problema
(CARVALHO, 2013).
Conforme Chassot (2014), o comprometimento daqueles que exercem os ensinamentos
educacionais por intermediação da Química precisam considerar alternativas para
uma ampla exposição deste componente curricular, e ainda, da sua relevante
dimensão social no mundo contemporâneo.
Já o que diz respeito, a investigação teórica para descrição das reações
químicas com base as representações simbólicas e conceituação. Notou-se nesse
ponto a superação dos desafios em relação a compreensão do assunto observado no
início da intervenção, uma vez que, nitidamente os estudantes fizeram as
leituras em sites, dialogavam e relacionavam os conceitos com a experimentação.
Cabe enfatizar que, além desse momento a constatação do aprendizado dos
estudantes foi também confirmado por meio do relatório descritivo solicitado e
entregue a professora. Nas palavras Chassot (2014), não é pertinente que apenas
se faça a transmissão de conhecimentos químicos, para além disso, enfatiza-se
que esses saberes sejam instrumentos para melhor se fazer educação.
Enfim, a estratégia utilizada considerou o nível representacional (simbólico)
para modelar as equações que representam as reações químicas, as quais puderam
ser exploradas a partir de materiais e reagentes alternativos e acessíveis no
ambiente escolar, dispondo da aplicação de tecnologias acessíveis na elaboração
do conhecimento. Assim sendo, apresentou-se como procedimento facilitador para
expressar e estudar mecanismos de reações inorgânicas, posto que auxiliou a
interpretação do que ocorre nas transformações química em nível macroscópico,
subatômico, representacional, assim como, o conhecimento vinculado a sua
aplicabilidade. Outra figura a seguir ilustra o desenvolvimento da atividade e o
envolvimento dos estudantes, que participaram ativamente de todo o processo
instrutivo, proporcionado por essa situação de aprendizagem.
De acordo com Maldaner (2003), nessa etapa da formação dos estudantes
utilizando-se da simbologia química que representam as substâncias, é
considerável entender determinadas particularidades da matéria de forma que as
noções introdutórias se organizem. Desse modo, sejam capazes de refletir a
transformação química em termos de conservação de átomos e de interatividade
para a constituição de novas substâncias.
Diante do exposto, os depoimentos apresentados pelos estudantes tanto
corresponderam o quão significante foi o desenvolvimento da experimentação para
o entendimento em relação as reações, como também para a utilização de
ferramentas diversificadas como facilitadoras do seu aprendizado.
Os resultados foram positivos e motivam a continuidade de atividade dessa
natureza, com ênfase em estratégias diversificadas no processo de ensinar. Logo,
a intervenção aporta resultados satisfatórios que contribuíram para que
sejam fidelizadas estratégias diversificadas de ensino relativas às reações
químicas e favorecedoras do desenvolvimento teórico científico com base na
experimentação vinculado ao contexto vivenciado pelos estudantes, bem como, a
integração destes como atores na construção dos saberes.
A realização de pesquisas e reflexões teóricas sobre os fenômenos observados é muito importante, pois possibilita relacionar teoria e prática.
Realizar experimentos químicos por meio da utilização de materiais concretos possibilita ao estudante relacionar as reações inorgânicas com cotidiano.
Conclusões
A experimentação investigativa desenvolvida em aulas de Química pode ser uma
possibilidade de estudo que potencializa a compreensão das reações inorgânicas
teoricamente previstas nos planejamentos escolares. Essa atividade aproxima
saberes científicos a realidade dos estudantes e propicia significados do que se
aprende, além do mais, promove sua participação ativa no processo de aprender.
Verificou-se, portanto, que essa atividade despertou o interesse dos estudantes
para elaborarem suas próprias concepções, o que os levou a ler e reler os
conteúdos e as explicações encontradas nos livros e sites, além de desafiá-los
ao uso de recursos tecnológicos disponíveis, de fácil utilização e manipulação
que fomentam o conhecimento.
Essa estratégia pedagógica levou-os a interagirem diretamente com o objeto em
estudo, isto posto, desencadeou o aprofundamento do conteúdo por meio da
atividade experimental investigativa sobre reações inorgânicas e, por
conseguinte, a efetivação do seu aprendizado. O trabalho em grupo favoreceu a
dialogicidade entre estudantes e professora durante a realização das etapas no
desenvolvimento do experimento, uma vez que as discussões foram intensificadas,
na busca e aprofundamento sobre aspectos e conceitos envolvidos no assunto
abordado.
Como pôde ser observado, esta intervenção pedagógica oportunizou ao estudante
conhecer caminhos diferentes em busca da construção do conhecimento, por
consequência, a consolidação de sua aprendizagem. Além do mais, é pertinente
dizer o papel estratégico da professora como mediadora desse processo, por
desafiar os estudantes a elaborar seus procedimentos de estudo, dispondo das
condições e recursos necessários para a sua realização. Por fim, conclui-se que
a proposta apresentada demonstrou aos estudantes e professora uma possibilidade
dinâmica e motivadora para se empregar no ensino de Química.
Agradecimentos
Ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino (PPGEn IFMT/UNIC), pelos
aprendizados proporcionados.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília, MEC, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 30 ago. 2022.
CARVALHO, A. M. P. de (org.). Ensino de ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. 6. Reimpr. da 1. ed. São Paulo, Editora Cegage Learning, 2013.
CHASSOT, A. A Ciência através dos tempos. 3 ed. São Paulo, Moderna, 2014.
FERREIRA, S.; CÔRREA, R.; SILVA, F. C. Estudo dos roteiros de experimentos disponibilizados em repositórios virtuais por meio do ensino por investigação. Ciência Educação, Bauru, v. 25, n. 4, p. 999-1017, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/LJNmpSH8XwzCB84JLFkCqdj/. Acesso em: 02 set. 2022.
MALDANER, O. A. A Formação Inicial e Continuada de Professores de Química –Professores /Pesquisadores. Ijuí: UNIJUÍ, 2003.
MONTEIRO, E. D. de N. Sequência didática, com abordagem CTSA, para o estudo das funções orgânicas. Niterói – RJ 2016. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/4774/Dissertacao%20Ejane.pdf?sequence=1. Acesso em: 02 set. 2022.
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