• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

ANÁLISE DE VÍDEOS DO YOUTUBE SOBRE POLÍMEROS E BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES QUÍMICAS COMO COMO RECURSO DIDÁTICO COMPLEMENTAR PARA AULAS QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

Autores

Leão, M.F. (IFMT) ; Vasconcelos, D.S. (IFMT) ; Araújo, L.L. (IFMT)

Resumo

As tecnologias e a internet ampliaram as possibilidades educativas. O objetivo do estudo é relatar uma experiência que explorou vídeos do YouTube dentre os recursos digitais disponíveis para os estudantes do Ensino Médio compreenderem Química. Ocorrido em abril de 2021, essa atividade envolveu estudantes de Licenciatura em Química do IFMT Campus Confresa. Foi solicitada a escolha de dois vídeos sobre Polímeros e outros dois sobre Equações Químicas, de diferentes canais do YouTube para compar; metodologias, recursos materiais, tipo de linguagem, etapa do Ensino Médio, duração dos vídeos e escolher o que mais agradou. Logo, os vídeos dos canais Paulo Valim, Marcelão da Química e khan academy foram considerados interessantes e viáveis para serem explorados pelos estudantes em aulas.

Palavras chaves

Ensino de Química; Ferramentas tecnológicas; vídeos educativos

Introdução

Estudar Ciências da Natureza, em específico a Química, para alguns estudantes é considerado algo complexo, por envolver conceitos de difícil compreensão. Isso pode estar atrelado a vários fatores, tais como: o modo de ensino, a linguagem empregada nas aulas, a descontextualização e aos poucos recursos didáticos, materiais e ferramentas utilizados como auxílio ao ensino. O que se observa, em grande parte das escolas brasileiras, é que o ensino de Química geralmente se dá por meio de transmissão e repetição, ou seja, os conceitos científicos são ministrados sem a devida preocupação com a validação dos mesmos pelos estudantes. Essa situação precisa mudar, e, para tanto, é imprescindível ao professor proporcionar situações de aprendizagem envolventes, que explorem diferentes recursos didáticos e fontes de informações. Além disso, o ato educativo está em constantes transformações, o que possibilita refletir sobre novas abordagens para o ensino de Química. Com as mudanças provocadas pelos avanços científicos e tecnológicos, é preciso que as aulas sejam inovadoras e envolventes, que utilizem diferentes linguagens (iconográfica, sonora, textual e outras) para que os estudantes atribuam significado ao que estão estudando, de forma com que eles compreendam os conceitos científicos e os relacionem com situações reais. Para Mazzioni (2013), existem diferentes maneiras e procedimentos disponíveis para o professor ensino. No entanto, é preciso considerar que os estudantes não aprendem de maneira isolada e por conta, ou seja, cada pessoa tem seu ritmo de aprendizagem. Para o autor, a escolha metodológica (estratégias de ensino), a seleção dos conteúdos a serem estudados, a opção pelos recursos e materiais que favoreçam a compreensão dos estudantes são fatores decisivos no desenvolvimento das atividades. Em outras palavras, o autor supracitado defende que o ato educativo envolve importantes elementos, tais como o planejamento pedagógico, a escolha de conceitos e maneiras de abordagens, os recursos e materiais didáticos disponíveis, as maneiras metodológicas de ministrar as aulas, a relação professor e estudantes, a avaliação da aprendizagem, entre tantas outras. Neste sentido, é preciso um repensar sobre o ato pedagógico para que as aulas de Química sejam envolventes e alcancem seus objetivos. Por ser um processo abrangente e envolver diferentes elementos (todos eles importantes), optou-se para focar neste estudo sobre um dos recursos didáticos disponíveis para ensinar Química, que são os vídeos do YouTube. São muitas as opções de materiais pedagógicos disponíveis atualmente, tais como: livros didáticos, textos de jornais, experimentação com materiais alternativos, histórias em quadrinho, modelos didáticos em 3D, softwares.e aplicativos, sites especializados, canais do Youtube com variados vídeos, jogos didáticos e muitos outros. Faz-se um destaque aos recursos tecnológicos que estão cada vez mais presentes no cotidiano dos estudantes. Ou seja, todos esses materiais pedagógicos podem ser empregados nas aulas de Química para tornar o ensino de mais atrativo e facilitar a construção de aprendizagens. O ensino de ciências pode incluir tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) para contribuir na aprendizagem dos estudantes (DOURADO et al., 2014). Essa inserção de tecnologias em sala de aula ou em situações de aprendizagem, se tornou um fenômeno de grande expansão, fazendo com que o momento educativo ganhe mais interesse dos estudantes (DULLIUS, 2012). Ou seja, por meio desses recursos didáticos as aulas são transformadas em ambientes favoráveis à construção de saberes. Cabe ressaltar que existem várias formas de utilizar a tecnologia em favor da sala de aula para o ensino de ciências, como filmes, documentários, artigos de jornais e revistas, pesquisas em slides, pesquisa de campo visitas em laboratório virtual ou real, softwares contendo conteúdos educacionais e muitos outros, ou seja a forma de ensinar está além das aulas somente dentro da sala de aula, e as TDIC são forma de explorar e ir além trazendo aprendizagem para os estudantes e tornando as aulas mais interessantes, despertando neles um processo de aprendizagem muito mais dinâmica (DOURADO et al., 2014). A plataforma YouTube, criada em 2005, disponibiliza vídeos contendo os mais variados tipos de conteúdo. Sua política de funcionamento permite que o usuário publique vídeos com variados assuntos, estilos e tamanhos e é um veículo midiático muito acessado. Nessa linha de pensamento, o YouTube funciona de verdade como um sistema cultural (BURGESS; GREEN, 2009). Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo relatar uma experiência pedagógica que explorou vídeos do YouTube, dentre os recursos digitais disponíveis na internet, para que os estudantes do Ensino Médio compreendam sobre Polímeros e Equações Químicas.

Material e métodos

Ocorrido em abril de 2021, esse estudo descritivo, de abordagem qualitativa, caracteriza-se como um relato de experiência referente a uma atividade proposta como atividade do Programa de Incentivo à Docência (PID), Núcleo Confresa e envolveu estudantes do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com habilitação em Química do IFMT Campus Confresa. O planejamento para o referido mês consistiu na realização de leituras sobre o assunto, na exploração de variados recursos tecnológicos disponíveis para ensinar Química, tais como: Blogs especializados, museus virtuais, páginas existentes nas redes sociais, simuladores computacionais disponibilizados pelo site PhET Coloradodos, e, principalmente, na Escolha de dois canais do YouTube, especializados no ensino de Química. Cabe ressaltar que o assunto estudado foram os recursos pedagógicos viabilizados pelas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC). Para entender melhor esse assunto, foi indicada a leitura de dois artigos, de forma que o primeiro artigo foi intitulado “Tecnologia no Ensino: Por que e como?” (DULLIUS, 2012), e o segundo artigo tem como título “Uso das TIC no ensino de Ciências na Educação Básica: Uma Experiência Didática’’ (DOURADO et al., 2014). Após uma semana reservada para a realização da leitura dos textos e respectivas anotações dos pontos mais interessantes, foi realizada a reunião mensal de formação sobre o assunto. Na oportunidade, os professores formadores apresentaram as definições sobre TDIC, ilustraram recursos pedagógicos que utilizam para ensinar Química e incentivaram que os estudantes explorassem essas inúmeras possibilidades. Como atividade prática solicitada para aquele mês, foi solicitado que cada estudante escolhesse dois canais do YouTube, especializados no ensino de Química, e analisassem dois vídeos, um de cada canal, sobre o mesmo assunto para compará-los. Como critérios para serem observados, determinou-se apresentassem as seguintes características: Metodologias desenvolvidas pelos professores/autores; Recursos/materiais utilizados; Tipo de linguagem empregada; Etapa do Ensino Médio a que se destina o conteúdo; Tempo de duração dos vídeos; e Escolha entre os vídeos o que mais agradou.

Resultado e discussão

Durante as atividades foram explorados de variados recursos tecnológicos (Blogs especializados, museus virtuais, páginas existentes nas redes sociais, simuladores PhET Colorado) mostrou as inúmeras possibilidades de tornar o ensino de Química envolvente e instrutivo. Foram informações, animações, vídeos, reportagens e simulações interativas de assuntos da Química, como forma dos estudantes entenderem melhor os conceitos científicos de maneira mais dinâmica, ou seja, a atividade mostrou que explorar recursos pedagógicos disponíveis pelas tecnologias proporcionam situações de aprendizagem mais interativas, transformando as aulas mais interessante e prazerosas, pois os recursos tecnológicos ajudam na compreensão dos fenômenos científicos quando os professores exploram melhor essas ferramentas saiba utilizá-las a favor do ensino. Sobra a atividade que solicitou a análise de vídeos do Youtube, um primeiro conceito escolhido para a seleção dos vídeos foram os ‘Polímeros’, conforme ilustração a seguir. Um vídeo sobre o assunto foi o intitulado: ‘POLÍMEROS_Conceito e Classificação_Química’, de autoria do professor Paulo Valim (Link: https://youtu.be/OxQ32K84jEM). A metodologia utilizada pelo professor foi a simulação de uma aula, os recursos/materiais utilizados no vídeo foram praticamente quadro branco e pincel. A linguagem empregada pelo professor foi a verbal, predominantemente formal, bem explicativa e mais direcionada aos conceitos químicos envolvidos. Sobre a etapa do Ensino Médio que o vídeo é adequado, considera-se que para o 3° ano, pois é quando os estudantes aprendem sobre Química Orgânica, sem contar que é o momento em que estão se preparando para vestibular e ENEM. O tempo de duração do vídeo foi de 18 minutos e 51 segundos. Outro vídeo selecionado sobre o mesmo assunto foi o 'POLÍMEROS_Introdução, Polímeros de Adição, Polimerização e Copolímeros’, do Canal Marcelão da Química (Link: https://youtu.be/MQxau1D7AVI). A metodologia utilizada pelo professor foi mais dinâmica do que a anterior, pois não ficou restrito a uma videoaula. Neste vídeo foram utilizados variados recurso gráficos para ilustrar o assunto, a exemplo das estruturas moleculares dos plásticos. Também foram utilizadas canetinhas e papel sulfite, além do quadro e giz, ou seja, o professor alternava a postura se colocando em momentos como professor e em momentos como estudante, o que foi bem interessante. A linguagem empregada foi muito explicativa e mesmo com predominância da verbal, foi muito utilizada a linguagem iconográfica, principalmente para detalhar os exemplos. É a mesma a etapa do Ensino Médio que o vídeo se destina (3º ano do Ensino Médio). Um aspecto negativo foi que o tempo de duração do vídeo foi de 53 minutos e 32 segundos, ou seja, um pouco extenso. Acredita-se que as videoaulas, preferencialmente, tenham curta duração, pois há melhor adesão e aderência dos estudantes a aulas que não ultrapassem trinta minutos, sendo recomendável produzir vídeos que tenham entre 5 a 15 minutos de duração (BARRÉRE et al., 2011). Por fim, foi solicitado a escolha entre os dois vídeos, ou seja, indicar aquele que mais agradou. Os dois vídeos são bons e agradaram, pois apresentaram o conteúdo de maneira envolvente e com dados interessantes, o que é bom para estudar. No entanto, consideramos que o segundo vídeo é melhor, por ter uma metodologia mais dinâmica, o que o fez ficar mais interessante, porque o professor utiliza variados recursos e linguagens para demonstrar e explicar os conceitos. Muitas das tecnologias que podem ser exploradas estão disponíveis de forma gratuita e de fácil acesso para todos. Segundo Ferreira e Santos (2016) o uso dessas tecnologias proporciona interatividade entre os estudantes e o objeto em estudo, além da interação deles com o ambiente tecnológico ser algo tranquilo, essas situações de aprendizagem criam um novo ambiente educativo, atrativo e inovador para o desenvolvimento cognitivo. O segundo tema escolhido para a realização da atividade foi “Balanceamento da Equação Química”. Um primeiro vídeo escolhido foi: ‘10. Balanceamento de Equações Químicas por Tentativa [Química Geral]’, do Canal ‘Química com professor Paulo Valim’ (link: https://www.youtube.com/watch?v=z959zZSDb6Q). Sobre a metodologia desenvolvida, o professor simulou uma aula dinâmica, como de cursinho pré-vestibular, na qual explicou como fazer o balanceamento estequiométrico utilizando o método de tentativa. Como recursos materiais, foram utilizados basicamente lousa e giz para a escrita, ou seja, em frente ao quadro ele explica o conteúdo. A linguagem utilizada é a verbal, que em alguns momentos caracteriza-se como não formal. Para o 1° ano do Ensino Médio considera-se ser a etapa para a qual o vídeo é adequado. O tempo de duração do vídeo é de 12 minutos e 54 segundos. Cabe ressaltar que o professor já inicia o vídeo explicando como podemos fazer um balanceamento e o que deve fazer, para ele é necessário que todos os átomos estejam em quantidades iguais desde o início até o final. O seu balanceamento é por um método chamado de Tentativa, ele pega o elemento que tem maior atomicidade, e conserva a massa. O vídeo é bem explicativo e tem uma duração boa, não é tão cansativo, e a sua forma de expressar também é compreensível e traz vários exemplos diferentes. Outro vídeo selecionado sobre o mesmo assunto foi do canal Khan Academy Brasil, ‘Balanceamento de equações químicas’ (link: https://pt.khanacademy.org/science/chemistry/chemical-reactions- stoichiome/balancing-chemical-equations/v/balancing-chemical-equations- introduction). A metodologia empregada no vídeo foi projetar em tela as equações químicas e explicar somente por áudio como proceder para realizar o balanceamento por observação. Quanto aos recursos materiais empregados, é utilizada uma lousa digital, na qual o conteúdo é explicado apenas por voz do autor, mostrando o passo a passo nesta louça. A linguagem predominante é a verbal. Sobre a etapa do Ensino Médio, é a mesma do vídeo anterior (1º ano). O tempo de duração do vídeo é de 5 minutos e 43 segundos. Esse último vídeo explica rapidamente o que é uma Equação Química e como deixar esta equação balanceada, usando um método diferente do Prof. Paulo Valim. Ele também conserva as massas e só muda a maneira de igualar a quantidade de átomos nos reagentes e produtos. O vídeo é bem mais curto que o primeiro, pois apresenta somente um exemplo de balanceamento, utilizando apenas uma equação química. O maior desafio dos professores é fazer o uso da tecnologia de maneira criativa e inovadora para potencializar a aprendizagem dos estudantes, pois nem toda rede de educação oferece equipamentos adequados para a realização dessas aulas, ou seja, nem todos os professores têm acesso aos equipamentos adequados (DULLIUS, 2012). Por isso, a presença de recursos tecnológicos nas escolas é uma garantia da melhoria do ensino, sendo importante que tenha professores preparados e que utilizem essas ferramentas de forma crítica, inovadora na preparação de aulas e conheça bem os recursos que irá usar. Moore e Kearsley (2013) destacam que o vídeo é uma mídia poderosa para estimular o envolvimento dos estudantes por chamar a atenção, devido a linguagem dinâmica que emprega. O vídeo, de acordo com os autores, por ter como mostrar pessoas interagindo, apresenta-se como uma boa mídia para o ensino de aptidões interpessoais, mesmo sendo de caráter educacional ou documental, caseiro ou profissional, é uma mídia que viabiliza informações de várias maneiras. Como ressalta Nascimento e Rosa (2020), essas tecnologias, quando são utilizadas de forma planejada e aliadas às metodologias adequadas, tem favorecido o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias na atualidade.

Vídeos analisados

Ilustração dos vídeos analisados sobre balanceamento de equações químicas.

Conclusões

O estudo possibilitou relatar e refletir sobre os variados recursos pedagógicos viabilizados pelas tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), como ferramentas para a efetivação das competências necessárias na atualidade para os estudantes do Ensino Médio compreenderem a Química. Os blogs especializados, museus virtuais, páginas existentes nas redes sociais e simuladores PhET Colorado foram considerados como recursos pedagógicos que potencializam o ensino de Química, devido ao caráter dinâmico e linguagem atraente que proporcionam. Sobre os vídeos do YouTube que foram analisados, a comparação entre diferentes canais especializados possibilitou comparar metodologias desenvolvidas, recursos materiais utilizados, tipo de linguagem empregada, etapa do Ensino Médio que se destina e tempo de duração dos vídeos, além de escolher entre os vídeos o que mais agradou. Neste texto apenas dois assuntos foram relatados: Polímeros e Balanceamento de Equações Químicas. Os vídeos dos canais Marcelão da Química, Química com professor Paulo Valim e Khan Academy Brasil foram considerados interessantes e viáveis para serem explorados pelos. Em síntese, é possível afirmar que o uso das tecnologias na educação sempre proporciona benefícios para a aprendizagem dos estudantes. A atividade desenvolvida pode ser considerada como motivadora, pois incentivou os futuros professores de Química a empregar tais recursos pedagógicos em suas aulas como forma de diferenciar suas aulas, trazendo coisas novas e assim atrair a atenção dos estudantes. Mas o assunto precisa ser amplamente debatido e proporcionado durante a formação docente, pois utilizar ferramentas tecnológicas em aula ainda é um tabu para muitos professores, sendo que alguns se sentem despreparados e outros, por desconhecimento, consideram que elas só prejudicam as aulas. Como perspectivas para os professores de Química, a análise dos vídeos mostrou que são recursos viáveis para serem explorados em aula.

Agradecimentos

Ao IFMT Campus Confresa, pela formação proporcionada por meio do Programa de Incentivo à Docência (PID).

Referências

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Acesso em: 15 jul. 2022.

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