• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

NOVOS INDICADORES NATURAIS ÁCIDO-BASE NO ENSINO DE EQUILÍBRIO QUÍMICO

Autores

Corrêa, J.R. (UFRR) ; de Lima, R.C.P. (UERR) ; Teles, V.L.G. (UFAM) ; Medeiros, I.J.S. (IFRR) ; Rizzatti, I.M. (UFRR)

Resumo

O objetivo deste trabalho foi investigar novos indicadores ácido-base naturais para aplicação em atividades experimentais e na contextualização do equilíbrio ácido-base. Foram testados extratos alcóolicos e aquosos dos frutos Buriti (Mauritia flexuosa), Camu-camu (Myrciaria dubia) e Dão (Ziziphus mauritiana), em soluções de HCl e NaOH em pH 1 a 14, e em produtos com características ácidas e básicas presentes em nosso cotidiano. Os extratos do fruto de camu-camu apresentou melhor resultado como indicador ácido-base devido à maior distinção entre as cores nos diferentes valores de pH. Logo, este extrato de indicador ácido-base pode ser utilizado em aulas experimentais para abordar o conteúdo de equilíbrio ácido-base, promovendo a contextualização do ensino de química.

Palavras chaves

ácido-base; Amazônia; indicador

Introdução

As atividades experimentais são uma ferramenta metodológica que permite ao aluno investigar, questionar, discutir, argumentar para a construção do conhecimento científico. Nessa direção, Del Pino e Lopes (1997), destacam que o ensino de química eficiente e significativo deve abordar conteúdos que reflitam a realidade cotidiana dos estudantes, sem deixar de lado a experimentação, adotando-a como uma metodologia que pode ser praticada com materiais de fácil aquisição. Na busca de novos indicadores naturais ácido-base e apresentar possibilidades para o ensino de química contextualizado aliada à diversidade de plantas da região Amazônica, em especial de Roraima, este trabalho tem como objetivo investigar os frutos das espécies vegetais Camu-camu (Myrciaria dubia), Buriti (Mauritia flexuosa) e Dão (Ziziphus mauritiana), que contém antiocianinas. O Camu-camu (Myrciaria dubia) é uma espécie arbustiva de origem Amazônica que ocorre naturalmente às margens de lagos e rios (RIBEIRO; MOTA; CORRÊA, 2002), com frutos globosos de superfície lisa e brilhante, com coloração variando de vermelho-escuro a púrpuro-negro, quando maduros (MAEDA et al., 2006). É consumido in natura e possui alto teor de vitamina C. O Dão (Ziziphus mauritiana), nativo da Índia, pertence à família Rhamnaceae, com frutos também conhecidos como “maçã do pobre” e jujuba, são muito populares no estado de Roraima, apresentam casca fina, lisa e quando maduros são de coloração que tendem do amarelo ao alaranjado. O fruto do buriti é muito na região, seja na forma de vinho ou consumido puro, com farinha ou qualquer outro complemento. Este fruto é muito nutritivo, em seu vinho percebe-se a presença de um grande teor de óleo natural, que é comestível, e possui elevados teores de vitaminas A (VIEIRA et. al., 2011).

Material e métodos

Primeiramente foi realizada a obtenção dos extratos alcóolicos e aquosos dos frutos camu-camu, dão e buriti para elaboração da escala de pH. Os extratos dos frutos do camu-camu, buriti e dão. Para a extração alcóolica do camu-camu, os frutos foram macerados com o auxílio do almofariz e o pistilo em 100 mL de álcool, em seguida, acrescentou-se 200 mL de água em um erlenmeyer de 250 mL, onde permaneceu em repouso por 24 horas. Na extração com água, os frutos foram novamente macerados, colocados em um bequer de 1L, acrescentou-se 300 mL de água e deixou-se em ebulição por aproximadamente 15 minutos. Após resfriamento, este extrato foi testado nas soluções de HCl e NaOH, com variações de escala de pH (1 a 14), já distribuídas nos tubos de ensaio. O extrato alcóolico de buriti foi obtido a partir da maceração de 5 frutos, que foram cortados com casca e polpa e macerados em 100 mL de álcool. Após, o extrato foi transferido para um erlenmeyer de 250 mL e foram adicionados mais 200 mL de água, onde permaneceu em repouso por 24 horas. Para obtenção do extrato aquoso do buriti, cortaram-se cinco frutos com casca para cozimento em 300 mL de água, até aparecimento da cor amarelada na água. Após a extração, deixou-se esfriar para posterior teste na escala de pH. No caso do vinho de buriti, pipetou-se uma alíquota de 40mL, adicionaram-se 20 mL de álcool para preparo do indicador. Para a obtenção do extrato alcóolico e aquoso de dão, seguiu-se o mesmo procedimento realizado para o camu-camu. Todos os extratos alcoólicos obtidos foram armazenados em erlenmeyers de 250 mL e permaneceram em repouso durante 24 horas antes de realizar os testes, enquanto os extratos aquosos foram testados imediatamente à temperatura ambiente.

Resultado e discussão

O extrato alcoólico do camu-camu não apresentou bons resultados como indicador natural de pH, pois não apresentou mudança de coloração nos diferentes valores de pH. Acredita-se que esse fato deve ter sido em razão do tempo que o extrato ficou armazenado. Desta foram, o extrato foi refeito e testado sem deixar de repouso, obtendo bons resultados nos dois métodos de extração. O extrato apresentou coloração rosa em meio ácido, em pH 7 apresentou coloração próximo de um rosa quase transparente, evoluindo para coloração verde em pH básico em meio básico, e em pH 14, assumiu coloração amarelada. Nos produtos do cotidiano também se notou essa mesma variação de coloração. A escala de cores também foi a mesma para o extrato aquoso de camu-camu. Apesar do extrato poder ser utilizado como indicador natural de pH, ele apresenta estabilidade baixa, ou seja, para a atividade experimental, o extrato deve ser preparado no mesmo dia, para garantir a sua eficiência enquanto indicador ácido-base. Os extratos alcóolico e aquoso de Buriti não apresentaram resultados positivos enquanto indicador natural de pH, pois não apresentou variação de coloração em meio ácido e básico, apresentando apenas uma graduação de cor pouco perceptível. Para o indicador ácido-base do vinho de buriti, apesar de apresentar uma coloração mais intensa, no entanto não houve variação como o esperado entre as diferentes escalas de pH. Tanto o extrato alcóolico quanto aquoso de dão apresentou menor eficiência para agir como indicador ácido-base, pois durante o preparo dos extratos percebeu-se que a maior viscosidade deste extrato interferia no processo de filtração. Assim, em todos os testes, seus extratos não apresentaram mudança de cor.

Conclusões

Das plantas estudadas e avaliadas, apenas duas não demonstraram potencialidade para o emprego como indicadores naturais de pH em sala de aula (buriti e o dão). Observou-se também que o camu-camu é um indicador com caráter ácido enquanto o sara tudo apresenta caráter básico. Os indicadores naturais de pH de camu-camu se mostrou eficiente para experimentos envolvendo ácidos, bases e equilíbrio químico.

Agradecimentos



Referências

DEL PINO, J. C. Y LOPES, C. V. M. Uma Proposta para o Ensino de Química Construída na Realidade de Escola. Espaço da Escola, 25(4), p. 43-54. 1997.
MAEDA, R. N.; PANTOJA, L.; YUYAMA, L. K. O.; CHAAR, J. M. Estabilidade de ácido ascórbico e antocianinas em néctar de camu-camu (Myrciaria dubia (HBK) McVaugh). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 2, p. 313-316, 2007.
RIBEIRO, S. I.; MOTA, M. G. C.; CORRÊA, M. L. P. Recomendações para o cultivo do camucamuzeiro no Estado do Pará. Embrapa Amazônia Oriental. Circular técnica, 2002.
VIEIRA, D. A.; FACÓ, L. R.; CECY, A. BURITI: UM FRUTO DO CERRADO CONSIDERADO UMA PLANTA DE USO MÚLTIPLO. Cenarium Pharmacêutico, Brasília, n. 4, p.11-22, nov. 2011.

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