Autores
Matias, A.C.C. (INPA) ; Ferreira, S.J.F. (INPA) ; Lages, A.S. (INPA) ; Albuquerque, S.D. (INPA) ; Mota, F.A.C. (INPA) ; Miranda, S. (INPA) ; Ferreira, P.R.G. (INPA) ; Abreu, A.C. (INPA)
Resumo
As águas da região da Bacia Hidrográfica do Educando (BHE), sofre forte
influência da indústria, pela Zona Franca de Manaus, e pela precariedade no
esgoto sanitário. Para determinar esses contaminantes o objetivo deste trabalho
é avaliar a presença de sódio e potássio na água superficial, sob influência da
precipitação através de análises químicas. Dado que esta bacia está localizada
na região industrial de Manaus. Para determinar os valores de Na+ e K+ utilizou-
se o método de fotometria de chama. Os resultados demonstraram que as
concentrações de sódio e potássio foram menores no período mais chuvoso em
comparação ao período seco. Baseado nisto, é possível verificar que nos meses de
novembro até abril as concentrações de Na+ e K+ encontram-se mais solvidas em
relação aos meses de seca.
Palavras chaves
Bacia do Educandos; Química ambiental; Precipitação
Introdução
De toda a água doce presente no planeta, cerca 12% encontram-se no Brasil, e
apesar da abundância de água, a distribuição não ocorre de forma homogênea; 68%
dos recursos hídricos estão localizados na região norte do país. Um dos
principais motivos dessa heterogeneidade é atribuído a precipitação anual.
Segundo TUNDISI (2014) a região norte recebe cerca de 3.000 mm de chuva ao ano
em comparação a região nordeste que recebe aproximadamente 600 mm de chuva.
Embora a região norte seja rica em águas doce e abundância de chuvas, as águas
podem sofrer influência de ações antrópicas dos resíduos e poluentes químicos e
biológicos oriundos da indústria e do despejo doméstico. Para impelir a
progressão das ações do homem ao ecossistema, alguns marcadores ambientais são
utilizados para avaliar a exposição de substâncias nocivas ao meio ambiente,
dentre elas: sódio (Na+) e potássio (K+) (PEREIRA 2014).
Em águas naturais o Na+ e o K+ podem ser facilmente detectados, por serem
elementos solúveis em água. O K+ é geralmente encontrado em baixas concentrações
em meio aquático, pois as rochas que contém essa substância são resistentes ao
intemperismo. A alta concentração de ambas as substâncias estão associadas às
ações antropogênicas como despejo de esgoto doméstico, efluentes industriais e
agricultura (CETESB 2013). As águas da Bacia Hidrográfica do Educandos (BHE) em
Manaus, sofrem forte influência da indústria, pela Zona Franca de Manaus, e pela
precariedade no esgoto sanitário. Para determinar esses contaminantes o objetivo
deste trabalho é avaliar a presença de sódio e potássio na água superficial, sob
influência da precipitação através de análises físico-químicas realizadas no
monitoramento ambiental da Bacia Hidrográfica do Educandos.
Material e métodos
Localizado na capital do Amazonas, o Polo Industrial de Manaus está às
proximidades da Bacia Hidrográfica do Educandos (BHE). Conforme a classificação
de köppen, é uma região de clima quente e úmido, com temperaturas médias de
25,6ºC com pluviosidade de aproximadamente 2.300 mm de chuva ao ano. O clima é
marcado pela intensidade de chuvas entre os meses de novembro e abril, e a
estiagem que ocorre entre os meses de junho a outubro (Prance e Lovejoy, 1985
apud NOGUEIRA, 2015). A BHE (figura 1) tem uma área total de 46,14 km², cujo
perímetro corresponde um total de 10,22% do contorno urbano da cidade. Sua área
de drenagem possui uma malha de igarapés que atravessa cerca de 14 bairros em
Manaus (Nogueira, 2015). Nesta região estão localizados os 9 pontos que foram
monitorados.
Procedimento Analítico
Os 9 pontos foram nomeados para análises de Sódio e Potássio, sendo: 1 –
Nascente IFAM, 2 – Borra, 3 – Industriários, 4 – Junção, 5 – Manaus 2000, 6 –
Studio 5, 7 – Cachoeirinha, 8 – Foz 40 e 9 – Mestre Chico (figura 1). As
amostras foram preparadas e lidas no período de março e julho de 2022. As
amostragens foram baseadas nos dados de chuva da agência nacional de água,
buscando identificar os meses mais chuvosos e mais secos. Após coleta foram
condicionadas em recipientes previamente esterilizados e transportados para o
Laboratório de Química Ambiental do INPA. Para determinar os valores de Na+ e K+
utilizou-se o método de fotometria, que identifica os elementos químicos através
da emissão de cor através do contato com uma chama não luminosa, permitindo a
identificação de Na+ e K+. As análises foram realizadas no equipamento Fotômetro
de Chamas FP6410.
Resultado e discussão
Os resultados demonstraram que as concentrações de sódio e potássio foram
menores no período mais chuvoso em comparação ao período seco. Baseado nisto, é
possível verificar que nos meses de novembro até abril as concentrações de Na+ e
K+ encontram-se mais solvidas em decorrência das quantidades de chuvas que
elevam o nível de águas, dispersando as os íons de sódio e potássio (figura 1).
Comparando os dados ao período de estiagem que vai de junho à outubro, os
valores foram mais elevados em virtude da diminuição das chuvas, favorecendo a
concentração dos poluentes nas águas da BHE.
Além disso, a figura 1 demonstra que independente da variação de chuvas as
concentrações são mais elevadas no ponto 5 para Potássio e no ponto 9 para
Sódio. Nesta região a urbanização é mais intensa com a presença de fábricas,
hotéis e shoppings, apresentando valores acima da legislação vigente, tonando as
águas impróprias para uso e consumo, devido a influência antropogênica. No
período chuvoso, a região próxima as fozes (P8 e P9) sofrem maior influência das
águas do Rio Negro, que diluem as águas do igarapé do Foz 40 e Mestre Chico.
Da esquerda para direita: resultados das análises realizadas nos pontos da BHE para K+ e Na+.
Conclusões
Dado o exposto, fora possível observar o efeito da precipitação nas concentrações
de substâncias químicas. A presença de Na e K foram predominantes na estiagem,
cujo as chuvas são mais escassas em comparação a cheia, sugerindo acumulação dos
poluentes nas águas da BHE durante o período seco. Ademais, a intensa atividade
antrópica mesmo atenuada pelas chuvas, encontra-se em grandes concentrações nos
corpos hídricos da região.
Agradecimentos
Agradecemos a equipe IETÉ pelo suporte e logística. Este trabalho é resultado de
projeto de PD&I realizado a partir da parceria INPA/SAMSUNG, com recursos
previstos na Lei nº 8.387 de acordo com o artigo 39 do decreto 10.521/2020.
Referências
CETESB - APÊNDICE D Significado Ambiental e Sanitário das Variáreis de Qualidade. https://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-content/uploads/sites/12/2013/11/Ap%C3%AAndice-D-Significado-Ambiental-e-Sanit%C3%A1rio-das-Vari%C3%A1veis-de-Qualidade.pdf. Acessado em agosto de 2022.
NOGUEIRA, Edileuza de Melo. Caracterização Hidromorfológica da Bacia do Igarapé do Educandos e a correlação com registros de ocorrência da Defesa Civil. Anais XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, João Pessoa-PB, Brasil, 25 a 29 de abril de 2015, INPE.
PEREIRA, Alini Patricia. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA. Trabalho apresentado na disciplina de estágio, do Curso de Técnico em Química. Lajeado – RS. 2014.
TUNDISI, José Galizia. Recursos hídricos no Brasil: problemas, desafios e estratégias para o futuro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2014. ISBN: 978-85-85761-36-3.