• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Avaliação da atividade larvicida por óleos não convencionais da Amazônia.

Autores

da Silva Cardoso, R. (UNIFAP) ; Maciel Ferreira, I. (UNIFAP) ; de Jesus Silva Matos, M. (UEAP) ; Soares da Silva, L. (IFAP) ; de Nazare de Oliveira, A. (UNIFAP)

Resumo

A região Amazônica é uma fonte de oleaginosas vegetais (quantitativa e qualitativa) e que são utilizadas pela população local para tratar diferentes doenças (Sarquis et al., 2021). Entre esses óleos, o óleo a partir das sementes de andiroba já foi relatado como repelente contra o Aedes aegypti (De Mendonça et al., 2005). Neste sentido, ampliar o estudo da ação de outros óleos não convencionais da região Amazônica, tais como, os das espécies Acrocomia sp., Astrocaryum sp. é de extrema importância. A extração dos óleos, foi realizada por meio de soxhlet, utilizando n-hexano, a partir dos óleos extraídos realizou- se a reação de transesterificação para análise que foi realizada por cromatografia gasosa acoplado a um espectrômetro de massa (CG/EM). Logo após, feita aplicação larvicida.

Palavras chaves

Analise; Óleos Vegetais ; Aplicação Larvicida

Introdução

O Brasil é detentor da maior diversidade de plantas do planeta, estão distribuídas em diversos biomas como a floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Caatinga, esses biomas possuem características distintas como o solo e o clima (SCARIOT et al., 2010). Entre as diversas matrizes de oleaginosa encontradas na região temos Astrocaryum sp., (Tucumã) e Acrocomia sp., (Mucajá), essas espécies possuem gorduras e óleos ricos em ácidos palmítico e oleico (BORA et al., 2001). A caracterização das propriedades físico-química desses óleos e gorduras é importante para promover sua aplicação industrial (PEREIRA et al., 2019). Extratos e óleos oriundos de espécies vegetais tem sido preferencialmente utilizado como fontes alternativas para os inseticidas sintéticos no controle de insetos, pois alguns são seletivos e tem poucos efeitos a organismos não-alvo e ao meio ambiente (SHARMA, MOHAN, & SRIVASTAVA, 2009). A Organização Mundial da Saúde em 2019, afirmou que doenças transmitidas por vetores, como dengue, febre amarela, Zika, Chikungunya, entre outras, representam mais de 17% das doenças infecciosas no mundo. Diante disso, o presente estudo utilizou óleos de diferentes espécies de palmeiras da região Amazônia no intuito de prospectar compostos potencialmente larvicida contra as larvas de 3º instar de Ae. aegypti, como alternativa aos inseticidas sintéticos.

Material e métodos

Os frutos das espécies vegetais utilizadas, foram coletados no Campus da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), localizado no bairro Marco Zero do Equador. Após a coleta os frutos foram lavados com água corrente para higienização e em seguida, eles foram armazenados em estufa a 50ºC no período de 5 dias para secagem. Então, os mesocarpos dos frutos foram submetidos a extração por Soxhlet para obtenção do óleo bruto das espécies utilizadas neste trabalho. A transesterificação é uma reação química reversível entre um ácido carboxílico e um álcool, produzindo éster e água (QUESSADA et al., 2010). A quantidade usada foi de 1g dos respectivos óleos e 3 mL Etanol, 15% de catalizador (Calb- lipase), em agitação magnética por 24 horas. Após esse tempo a reação foi submetida a uma extração em um funil de separação. As análises fisico-quimica foram realizadas por cromatografia gasosa acoplado a um espectrômetro de massa (CG/EM). Para o teste larvicida preliminar em Ae. aegypti, foi utilizado a colônia Rokeffeller. As larvas foram obtidas no Laboratório de Artrópodes (ARTHROLAB) da UNIFAP. Foram realizadas três repetições com 10 larvas cada o controle negativo consistiu na solução de DMSO a 5% sem o ativo. A mortalidade larval foi determinada após 24h e 48h de incubação à temperatura de 25 ºC e umidade de 75%. As larvas foram consideradas mortas quando não responderam a nenhum estímulo ou não se moveram na superfície da solução, em comparação com as observadas no controle. O bioensaio foi realizado de acordo com WHOPES, 2005.

Resultado e discussão

Entre os óleos testados, o óleo de Mucajá apresentou melhor atividade contra as larvas de Aedes aegypti, com taxa de 23, 16 e 13% em concentrações de 80, 40 e 20 μg/mL respectivamente. O óleo de Tucumã, apresentou viabilidade larvicida muita baixa em comparação ao do mucajá, nem na mais alta concentração de 80 μg/mL. A porcentagem de mortalidade das larvas foi realizada em período de 48 h após exposição às concentrações das soluções aplicadas. Vale destacar que a ação larvicida está diretamente relacionada com a composição química dos óleos testados, o óleo de mucajá apresentou majoritariamente o ácido palmítico com 20%, enquanto o óleo o óleo extraído dos frutos de tucumã apresentou majoritariamente na sua composição química o ácido oleico com 72%, porcentagem da leitura das amostras no sistema de cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (GC/MS).

Conclusões

Estes resultados, preliminares demonstram que pode ocorrer viabilidade larvicida em Aedes aegypti a partir do óleo de mucajá, visto que dentre os óleos testados foi o que apresentou melhor atividade biológica da pesquisa. Outros estudos estão sendo realizados para potencializar a ação larvicida a partir do óleo de mucajá, como a reação de amidação e síntese nanoemulsão, pois este óleo é de fácil acesso e aquisição na região Amazônica.

Agradecimentos

A Fundação Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), em especial ao Laboratório de Biocatalise e síntese Orgânica do Curso de Licenciatura em Química e parceiros.

Referências

BORA, P.S., NARAIN, N., ROCHA, R. V. M., DE OLIVEIRA MONTEIRO, A. C., DE AZEVEDO MOREIRA, R. Caracterización de las fracciones Protéicas y Lipídicas de pulpa y semillas de Tucumã (Astrocaryum vulgare Mart.). Cienc. Tecnol. Aliment., 3 (2):111-16, 2001.
DE MENDONÇA, Fernando AC et al. Atividades de algumas plantas brasileiras contra larvas do mosquito Aedes aegypti. Fitoterapia , v. 76, n. 7-8, pág. 629-636, 2005.
OMS - Organização Mundial de Saúde. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Décima Revisão, vol. I. 2019.
PEREIRA, C. M. S.; ASSIS, W. S. & ARAÚJO, C. S. O manejo da Andiroba e a contribuição para a preservação ambiental: o caso do Grupo de Trabalhadoras Artesanais e Extrativistas (GTAE) do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira (PAE)-PA. Cadernos de Agroecologia, 10 (3), 1-7, 2019.
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SCARIOT, A. Panorama da Biodiversidade Brasileira. Conservação da Biodiversidade: Legislação e Políticas Públicas. Brasília, Camâra dos Deputados. 2010.
SHARMA, P.; MOHAN, L.; SRIVASTAVA, C. N. Amaranthus oleracea and Euphorbia hirta: natural potential larvicidal agents against the urban Indian malaria vector, Anopheles stephensi Liston (Diptera: Culicidae). Parasitology Research, v. 106, n. 1, p. 171–176, 2009.
WHOPES, Guidelines for laboratory and field testing of mosquito larvicides, World Heal. Organ. (2005) 1–41.

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