Autores
Lima, A.D.N. (UFPA) ; Araújo, A.C.S. (UFPA) ; Nascimento, J.P.S. (UFPA) ; Santos, K.A. (UFPA) ; Marinho, C.V.S. (UFPA) ; Alves, C.N. (UFPA)
Resumo
A Natureza vem sendo degradada por diversos fatores, dentre eles a extração de
minério vem se mostrando uma forte aliada nesse processo. Diante disto, foi
realizada uma pesquisa bibliográfica com atividade de campo a fim de fazer um
levantamento das concepções de estudantes sobre os impactos ambientais envolvidos
na produção da lama vermelha proveniente da industrialização da bauxita. A amostra
consistiu de 98 estudantes de instituições públicas de educação básica e superior
dos municípios de Belém, Barcarena e Abaetetuba, no estado do Pará. A coleta de
dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário com perguntas
fechadas. Os resultados indicaram que os estudantes da educação básica e superior
acreditam que o principal impacto é a contaminação de águas e solo.
Palavras chaves
Alumínio; Meio-ambiente; Resíduos
Introdução
A bauxita faz parte da matéria prima essencial para a cadeia de produtos da
indústria do alumínio, porém sua exploração resulta em impactos ambientais, os
quais quando não avaliados e identificados com antecedência podem gerar graves
condições de degradação ambiental (Carlos et al., 2012). A origem do minério
afeta diretamente na quantidade de impurezas do minério, ocasionando alterações
no aspecto físico do minério. Um único depósito de bauxita pode haver minérios
com diferentes aspectos físicos e cores (CONSTANTINO et al., 2002). Em
Barcarena, a empresa Hydro Alunorte é responsável pelo refinamento da bauxita e
produção da alumina (Al2O3), e da Alumínio Brasileiro S.A. (Albrás), também
situada nesta cidade, é a indústria que produz alumínio primário (HENRIQUES;
PORTO, 2013).
Para produzir a alumina é usado o processo de refinamento chamado de Bayer
(Al2O3). Neste, é adicionada uma grande quantidade de solução de soda
cáustica(NaOH). Este processo resulta na produção de alumina pura, gerando uma
grande quantidade de resíduos líquidos chamados de lama vermelha (ARAÚJO; NAVES;
VIEIRA, 2015). Esta lama vermelha é composta por óxidos de Al (17,42%), Fe
(51,65%), Ti (7,49%), Si (4,44%), Na (3,36%), Mg (0,64%) e Ca (1,78%) (RIVAS
MERCURY, 2010). Adicionalmente, óxidos de K, Pb, Cu, Ni, V, Ga, P, Mn, Mg, Zn,
Th, Cr, Nb, etc, podem conter como elementos-traço de acordo com a região de
extração da bauxita (LIBERATO et al., 2012). O ensino ambiental conseguiu
desenvolver uma nova prática que explica os processos de poluição e degradação
da natureza e foi capaz de desenvolver novos produtos que conseguiram unir
eficácia e sustentabilidade em sua formulação (DANTAS, 2015).
Material e métodos
Esta é uma pesquisa de levantamento quali-quantitativa, já que se utilizou de
elementos qualitativos e quantitativos (GIL, 2008). Trata-se de uma pesquisa de
opinião básica que pretende ampliar o conhecimento sobre os saberes
interdisciplinares envolvidos neste trabalho. Em relação aos objetivos, a
pesquisa é exploratória, pois trata de um estudo inicial na área de trabalho
selecionada, realizada bibliograficamente e com atividades de campo realizada
com a colaboração de estudantes de escolas públicas de educação básica dos
municípios de Belém e Abaetetuba, e também contou com a participação de alunos
que cursaram graduação em química em uma universidade pública com campi nos
municípios de Belém e Barcarena. No total, foram entrevistados 98 estudantes de
instituições públicas de educação básica e ensino superior dos municípios de
Belém, Abaetetuba e Barcarena, todas as cidades pertencentes ao estado do Pará.
Utilizou-se a análise de dados com base em estatística descritiva, para a
elaboração de gráficos. Além disso, empregou-se estatística não paramétrica – o
teste G – para identificar a presença de diferença significativa entre as médias
dos parâmetros estudados.
Resultado e discussão
Os resultados dos questionários foram descritos em gráficos, para a melhor
observação da opinião dos entrevistados.
A indústria do alumínio gera inúmeros resíduos tóxicos para o meio ambiente,
dentre esses, a lama vermelha. Sobre o principal impacto da mesma, o gráfico da
figura 1, demonstra que para os entrevistados a mortandade de peixes é o
principal impacto para o meio ambiente.
Outro questionamento é sobre a reutilização da lama vermelha, que de acordo com
as respostas, seriam utilizadas na indústria cerâmica como mostra a figura 2. No
entanto, sua alcalinidade acentuada encarece a descontaminação desse tipo de
resíduo(RIVAS MERCURY, 2010). Sem a descontaminação, não é possível essa
reutilização.
A Figura 3 mostra a opinião dos entrevistados sobre o principal impacto dos
gases poluentes provenientes da industrialização da bauxita, a maior preocupação
dos estudantes segundo as respostas é com a chuva ácida, fenômeno que provoca
inúmeros efeitos na fauna, flora, prejudicando a saúde das pessoas, a produção
de alimentos, etc.
A figura 4 mostra a opinião dos entrevistados em relação à pergunta: o que a
indústria de alumínio deveria oferecer à comunidade de seu entorno? E a maior
preocupação desses estudantes é com a implantação de um sistema de
monitoramento, com o intuito de alertar a comunidade diante de um desastre
ambiental.
A maior preocupação desses estudantes é com a implantação de um sistema de
monitoramento, com o intuito de alertar a comunidade diante de um desastre
ambiental.
Fonte: pesquisa de campo
Fonte: pesquisa de campo
Conclusões
As pesquisas apontam que os estudantes entrevistados acreditam que o principal
impacto da extração de bauxita para a produção de alumina é a contaminação das
águas e do solo nos arredores e de como as fábricas responsáveis lidam com os
moradores dos arredores, para alertar a comunidade diante de um desastre
ambiental. Isso porque as comunidades que vivem no entorno dessas fábricas sofrem
com problemas respiratórios, doenças de pele, doenças cardíacas, dentre outras
enfermidades. Esta pesquisa leva-nos a concluir que medidas que melhore a vida da
população local ali presente sejam tomadas.
Agradecimentos
A equipe experimental do LPDF em especial a mestranda Juliana Pires e a doutoranda
Ana Araújo, a nossa instituição de ensino UFPA e a minha mãe.
Referências
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