• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

OS IMPACTOS AMBIENTAIS ENVOLVIDOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DA BAUXITA: UMA ANÁLISE DEMOGRÁFICA DA CONCEPÇÃO ESTUDANTIL

Autores

Lima, A.D.N. (UFPA) ; Araújo, A.C.S. (UFPA) ; Nascimento, J.P.S. (UFPA) ; Santos, K.A. (UFPA) ; Marinho, C.V.S. (UFPA) ; Alves, C.N. (UFPA)

Resumo

A Natureza vem sendo degradada por diversos fatores, dentre eles a extração de minério vem se mostrando uma forte aliada nesse processo. Diante disto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com atividade de campo a fim de fazer um levantamento das concepções de estudantes sobre os impactos ambientais envolvidos na produção da lama vermelha proveniente da industrialização da bauxita. A amostra consistiu de 98 estudantes de instituições públicas de educação básica e superior dos municípios de Belém, Barcarena e Abaetetuba, no estado do Pará. A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário com perguntas fechadas. Os resultados indicaram que os estudantes da educação básica e superior acreditam que o principal impacto é a contaminação de águas e solo.

Palavras chaves

Alumínio; Meio-ambiente; Resíduos

Introdução

A bauxita faz parte da matéria prima essencial para a cadeia de produtos da indústria do alumínio, porém sua exploração resulta em impactos ambientais, os quais quando não avaliados e identificados com antecedência podem gerar graves condições de degradação ambiental (Carlos et al., 2012). A origem do minério afeta diretamente na quantidade de impurezas do minério, ocasionando alterações no aspecto físico do minério. Um único depósito de bauxita pode haver minérios com diferentes aspectos físicos e cores (CONSTANTINO et al., 2002). Em Barcarena, a empresa Hydro Alunorte é responsável pelo refinamento da bauxita e produção da alumina (Al2O3), e da Alumínio Brasileiro S.A. (Albrás), também situada nesta cidade, é a indústria que produz alumínio primário (HENRIQUES; PORTO, 2013). Para produzir a alumina é usado o processo de refinamento chamado de Bayer (Al2O3). Neste, é adicionada uma grande quantidade de solução de soda cáustica(NaOH). Este processo resulta na produção de alumina pura, gerando uma grande quantidade de resíduos líquidos chamados de lama vermelha (ARAÚJO; NAVES; VIEIRA, 2015). Esta lama vermelha é composta por óxidos de Al (17,42%), Fe (51,65%), Ti (7,49%), Si (4,44%), Na (3,36%), Mg (0,64%) e Ca (1,78%) (RIVAS MERCURY, 2010). Adicionalmente, óxidos de K, Pb, Cu, Ni, V, Ga, P, Mn, Mg, Zn, Th, Cr, Nb, etc, podem conter como elementos-traço de acordo com a região de extração da bauxita (LIBERATO et al., 2012). O ensino ambiental conseguiu desenvolver uma nova prática que explica os processos de poluição e degradação da natureza e foi capaz de desenvolver novos produtos que conseguiram unir eficácia e sustentabilidade em sua formulação (DANTAS, 2015).

Material e métodos

Esta é uma pesquisa de levantamento quali-quantitativa, já que se utilizou de elementos qualitativos e quantitativos (GIL, 2008). Trata-se de uma pesquisa de opinião básica que pretende ampliar o conhecimento sobre os saberes interdisciplinares envolvidos neste trabalho. Em relação aos objetivos, a pesquisa é exploratória, pois trata de um estudo inicial na área de trabalho selecionada, realizada bibliograficamente e com atividades de campo realizada com a colaboração de estudantes de escolas públicas de educação básica dos municípios de Belém e Abaetetuba, e também contou com a participação de alunos que cursaram graduação em química em uma universidade pública com campi nos municípios de Belém e Barcarena. No total, foram entrevistados 98 estudantes de instituições públicas de educação básica e ensino superior dos municípios de Belém, Abaetetuba e Barcarena, todas as cidades pertencentes ao estado do Pará. Utilizou-se a análise de dados com base em estatística descritiva, para a elaboração de gráficos. Além disso, empregou-se estatística não paramétrica – o teste G – para identificar a presença de diferença significativa entre as médias dos parâmetros estudados.

Resultado e discussão

Os resultados dos questionários foram descritos em gráficos, para a melhor observação da opinião dos entrevistados. A indústria do alumínio gera inúmeros resíduos tóxicos para o meio ambiente, dentre esses, a lama vermelha. Sobre o principal impacto da mesma, o gráfico da figura 1, demonstra que para os entrevistados a mortandade de peixes é o principal impacto para o meio ambiente. Outro questionamento é sobre a reutilização da lama vermelha, que de acordo com as respostas, seriam utilizadas na indústria cerâmica como mostra a figura 2. No entanto, sua alcalinidade acentuada encarece a descontaminação desse tipo de resíduo(RIVAS MERCURY, 2010). Sem a descontaminação, não é possível essa reutilização. A Figura 3 mostra a opinião dos entrevistados sobre o principal impacto dos gases poluentes provenientes da industrialização da bauxita, a maior preocupação dos estudantes segundo as respostas é com a chuva ácida, fenômeno que provoca inúmeros efeitos na fauna, flora, prejudicando a saúde das pessoas, a produção de alimentos, etc. A figura 4 mostra a opinião dos entrevistados em relação à pergunta: o que a indústria de alumínio deveria oferecer à comunidade de seu entorno? E a maior preocupação desses estudantes é com a implantação de um sistema de monitoramento, com o intuito de alertar a comunidade diante de um desastre ambiental. A maior preocupação desses estudantes é com a implantação de um sistema de monitoramento, com o intuito de alertar a comunidade diante de um desastre ambiental.

Figura 1 e 2

Fonte: pesquisa de campo

Figura 3 e 4

Fonte: pesquisa de campo

Conclusões

As pesquisas apontam que os estudantes entrevistados acreditam que o principal impacto da extração de bauxita para a produção de alumina é a contaminação das águas e do solo nos arredores e de como as fábricas responsáveis lidam com os moradores dos arredores, para alertar a comunidade diante de um desastre ambiental. Isso porque as comunidades que vivem no entorno dessas fábricas sofrem com problemas respiratórios, doenças de pele, doenças cardíacas, dentre outras enfermidades. Esta pesquisa leva-nos a concluir que medidas que melhore a vida da população local ali presente sejam tomadas.

Agradecimentos

A equipe experimental do LPDF em especial a mestranda Juliana Pires e a doutoranda Ana Araújo, a nossa instituição de ensino UFPA e a minha mãe.

Referências

BPR - Biblioteca da Presidência da República - Inauguração da Fábrica da Alunorte. 2015. Disponivel em: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/fernando-henrique-cardoso/discursos-1/1o-mandato/1995-2-semestre%20/73%20-%20Inauguracao%20da%20Fabrica%20da%20Alunorte%20-%20Barcarena%20-%20Para%20-%2020-10-1995.pdf/at_download/file Acesso em: 21 ago. 2015

ABNT NBR 10004. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Classificação de resíduos sólidos. 2ª Ed. 2004.

ALMEIDA, D. S. G.; SILVA, F. A. N. G.; SANTOS, C. G. M.; MEDEIROS, M. E.; SAMAPAIO, J. A.; CARRIDO, F. M. S. Estudo de beneficiamento químico e físico e caracterização de bauxitas do Pará. HOLOS, Ano 28, Vol5. 2012.

ARAUJO, F. P.; NAVES, F. L.; VIEIRA, V. M. M. Estudo da lama vermelha como meio de reação fenton no tratamento de efluentes da indústria textil. Blucher Chemical Engineering Proceedings, v. 1, n. 2, p. 7947-7954, 2015.

ALMEIDA, D. S. G.; SILVA, F. A. N. G.; SANTOS, C. G. M.; MEDEIROS, M. E.; SAMAPAIO, J. A.; CARRIDO, F. M. S. Estudo de beneficiamento químico e físico e caracterização de bauxitas do Pará. HOLOS, Ano 28, Vol5. 2012.

CARLOS, J. et al. AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA MINERAÇÃO de BAUXITA NO SUL de MINAS GERAIS.

RIVAS MERCURY, J. M. et al. Estudo do comportamento térmico e propriedades físico-mecânicas da lama vermelha. Revista Matéria, v. 15, n. 3, p. 445-460, 2010.

SAMPAIO, J. A.; NEVES, C. H. B. Bauxita – MSL Minerais S.A. Centro de Tecnologia Mineral (CETEM). Ministério da Ciência e Tecnologia. Coordenação de Inovação Tecnológica (CTEC). Rio de janeiro. Dezembro. 2002.

SAYLAN, Charles; BLUMSTEIN, Daniel. The Failure of Environmental Education. University of California Press. 2011.

HYDRO. Hydro Alunorte - Alumina do Norte do Brasil S/A. AnnualReport – 2014. Disponível em: <http://www.hydro.com/en/Investor-relations/Reporting/Annual-report-2014/>. Acesso em: 21 ago. 2015.

LIBERATO, C. C.; ROMANO, R. C. de O.; MONTINI, M.; GALLO, J. B.; GOUVEA, D.; PILEGGI, R. G. Efeito da calcinação do resíduo de bauxita nas características reológicas e no estado endurecido de suspensões com cimento Portland. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 12, n. 4, p. 53-61, out./dez. 2012.

DANTAS, D. L. et al. As Principais Abordagens da Temática Meio Ambiente no Ensino de Química. Blucher Chemistry Proceedings, v. 3, n. 1, p. 56-62, 2015.

Patrocinador Ouro

Conselho Federal de Química
ACS

Patrocinador Prata

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Patrocinador Bronze

LF Editorial
Elsevier
Royal Society of Chemistry
Elite Rio de Janeiro

Apoio

Federación Latinoamericana de Asociaciones Químicas Conselho Regional de Química 3ª Região (RJ) Instituto Federal Rio de Janeiro Colégio Pedro II Sociedade Brasileira de Química Olimpíada Nacional de Ciências Olimpíada Brasileira de Química Rio Convention & Visitors Bureau