Autores
Silva, E.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA) ; Silva, C.M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA) ; Oliveira, B.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA) ; Valente, J.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA) ; Martins, L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA) ; Lima, F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA)
Resumo
A Castanha do Pará tem grande importância em toda a região amazônica
consequentemente o seu óleo é de suma importância para as áreas de cosmético e
culinária. O presente trabalho tem como objetivo a obtenção do óleo de Castanha
do Pará pela extração por prensagem e a análise qualitativa do óleo obtido,
visando os analisar se os índices de teor do ácido oleico e sobre o índice de
peróxido presente no óleo obtido se encontra dentre os parâmetros estabelecidos
pela a agência nacional de vigilância Sanitária -ANVISA.
Palavras chaves
Castanha do Pará; Extração por Prensagem; ANVISA
Introdução
A Castanha-do-Pará pertence à espécie da família de Lecythidaceae, sendo seu
gênero bertholletia possui um grande valor econômico, social e cultural para as
populações que habitam na região amazônica (SILVA et al., 2013). Diversas
famílias obtêm sua renda a partir da extração e venda deste fruto. Além disso, a
castanha do Pará é utilizada em diversas áreas, seja na produção de alimentos,
de cosméticos ou medicamentos.
A castanheira é uma árvore de grande porte. Conforme (LIMA et al., 2014), sua
altura pode variar de 50 a 60 metros, seu período de floração acontece entre os
meses de agosto à outubro, seu fruto é chamado de ouriço onde no seu interior
pode abrigar de 15 a 24 sementes. Segundo (CHUNHIENG et al., 2008; FREITAS et
al., 2007) Ela se destaca pela sua riqueza em ácidos graxos presentes em seu
óleo. Ainda segundo os autores o óleo de castanha do brasil em maior parte é
constituído pelos ácidos graxos: palmítico, esteárico, oleico e linoleico.
O método utilizado para a extração do óleo foi a frio, onde as amêndoas são
adicionadas em uma prensa hidráulica, onde será apanhado o suco e óleo presente
nas amêndoas. Posteriormente, deve ser separado o óleo da emulsão formada, essa
separação pode ocorrer através da decantação, centrifugação ou destilação
fracionada (Simões, et al., 2007).
O presente trabalho tem como objetivo analisar os índices de acidez e peróxido
segundo os parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), segundo a agência o índice de acidez expresso em teor para
óleos vegetais é de no máximo 0,3% a cada g de ácido óleo /100g de óleo e para
peróxido este valor é de no máximo 10 mEq/Kg.
Material e métodos
O material botânico foi obtido em uma fazenda no município de Santa Isabel do
Pará, no estado do Pará. Em seguida as sementes foram retiradas do ouriço,
quebradas e descascadas. A matéria prima foi embalada e reservada em temperatura
de 24ºC em um ambiente com luminosidade baixa.
Para o procedimento de extração do óleo, no primeiro momento as amêndoas
embaladas foram adicionadas em um recipiente com 1 litro de água e foi feita o
cozimento da castanha por 4 minutos, este cozimento tem como principal motivo
liberar as partículas de óleo que ficam abrigadas nos invólucros celulares e
também auxilia na eliminação de toxinas, isto é possível através do controle de
temperatura que se tem da manta aquecedora.
Posteriormente depois da preparação das amêndoas de castanha, as mesmas foram
pesadas em uma balança analítica para saber o peso de sua biomassa, a seguir a
massa pesada foi envolvida em um pano branco e realizou-se a prensagem no
equipamento de prensagem. Após a obtenção da mistura líquida através da prensa
foi feita a filtração para se alcançar uma amostra mais limpa para análise.
Para o cálculo de rendimento do óleo foi utilizada a seguinte equação: R%=
(M/Bm)*100, onde R%= rendimento do óleo, M= massa do óleo extraído em mL e Bm=
biomassa vegetal (Castanha do Pará utilizada na prensagem) em g. Para as
análises do índices foi usado como referência o trabalho de (Soares, et al.,
2016) os métodos: AOCS Ca 5A 40 para acidez e AOCS Cd 8 53 para peróxido.
Resultado e discussão
A extração obteve 81 mL de óleo de Castanha do Pará, foram utilizadas 173,34g de
amêndoas de castanha, dado esses valores foi possível calcular o valor do
rendimento a partir do seguinte cálculo: R%= (81mL/173,34g)*100, fazendo os
cálculos foi obtido um rendimento de 46,72% de óleo de Castanha do Pará. O
valor está dentro do esperado para a metodologia aplicada na extração, pois se
for levado em conta as perdas que ocorrem durante o processo, seja no pano que
as amêndoas são depositadas antes da extração ou as perdas durante as trocas de
recipientes, este valor é considerado satisfatório e compatível se for comparado
com a literatura, Vilhena et al. (2020) que adotaram a mesma metodologia de
extração para obter o óleo de castanha do Pará e obtiveram um rendimento de 47%.
O resultado da análise do índice de acidez expresso em teor de ácido oleico foi
de 0,26%/ por 100g e na análise do índice de peróxido foi de 4,03 mEq/kg. Esses
valores estão dentro do padrão estabelecido pela a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, os valores estabelecidos pela agencia pode ser comparado
com os resultados obtidos na análise no Quadro 1.
Comparativo dos valores permitidos pela ANVISA com os valores obtidos na análise.
Conclusões
Analisando os resultados pode-se concluir que a extração do óleo castanha-do-pará
por meio da prensagem teve um rendimento dentro das expectativas desejadas se
comparada com outros resultados encontrados em literatura. Nas duas análises de
quantidade tanto no índice de acidez e no índice do peróxido presentes no óleo de
Castanha do Pará estão dentro do padrão permitido pela ANVISA. Os resultados
obtidos neste trabalho e metodologias que foram aplicadas poderam ser utilizados
em analises de futuras pesquisas.
Agradecimentos
A Querida Universidade Federal do Pará, ao Campus Universitário de Ananindeua e a
Faculdade de Química por todo suporte durante a pesquisa.
Referências
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