• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE PRACAXI (Pentaclethra Macroloba (WILLD.) KUNTZE): UM POTENCIAL PARA PRODUÇÃO DE COSMÉTICOS.

Autores

Leite, W.C. (UFPA) ; Gomes, E.M.M.D.S. (UFPA) ; Santos, T.P. (UFPA) ; Silva, E.S. (UFPA) ; Coelho, S.M. (UFPA) ; Martins, R.B.P. (UFPA) ; Nascimento, J.P.S. (UFPA) ; Alves, C.N. (UFPA)

Resumo

O sumo do Pracaxi (Pentaclethra Macroloba) é um poderoso hidratante dermatológico, o que promove uma alta busca por produtos a partir desse óleo. O principal método de coleta desse óleo é pela extração por prensagem mecânica, o que possibilita uma quantidade considerável. O presente trabalho tem como objetivo a análise físico-química deste óleo, passando por testes de verificação de qualidade a partir de titulações. Tendo resultados de acidez em quantidades significativas para as amostras comparado aos autores e se é encontrado através do cálculo de índice de saponificação a quantidade necessária para a neutralização. Portanto, se foram encontrados três resultados vigentes aos dados e cálculos feitos postos em uma tabela de características físico-química, para fins de futuros trabalhos.

Palavras chaves

físico-química; Pracaxi; Pentaclethra macroloba

Introdução

Popularmente conhecida como Pracaxi a Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze, é pertencente à família Fabaceae. Segundo (DANTAS et al., 2017), esses leguminosos são abundantes na região amazônica e a altura de suas árvores podem chegar a 14 m DAP (Diâmetro na Altura do Peito) de até 59 cm (SILVA; DURIGAN, 2018). Seus frutos são como vagens, onde apresentam coloração verde escuro, no entanto, quando ocorre seu processo de maturação esta coloração torna-se marrom escuro, assim como suas sementes. CONDÉ, 2013 afirma que ao prensar as sementes secas deste vegetal, ocorre uma rápida extração de óleo. O método de prensagem a frio é um dos processos de extração de óleos e gorduras mais antigos. O procedimento para a extração do óleo de Pentaclethra macroloba foi realizado no Laboratório de Fármacos da Universidade Federal do Pará. O sumo deste vegetal oleaginoso é de suma importância para as indústrias farmacêuticas. O óleo de Pracaxi é composto por variados ácidos graxos, onde as porcentagens maioritárias são de 53% ácido oleico e 16% ácido behênico, além disso, apresentam ácidos linoleico e lignocérico (OLIVEIRA et al, 2019). Com a presença destes componentes, este óleo apresenta grande potencial industrial, sendo utilizado demasiadamente na produção de medicamentos, cosméticos, manteigas capilares e sabões (MATTIAZZI, 2014). Para que ocorra a produção destes produtos, é necessário realizar experimentos voltados para o controle de qualidade do óleo. Logo, para que seja feita a sua utilização, faz-se necessário um controle de qualidade do mesmo, visando os índices de saponificação e acidez. Mediante a este cenário, o presente trabalho visa analisar a partir de metodologias físico-químicas o óleo de Pracaxi, tornando-o viável para a produção de cosméticos.

Material e métodos

As amostras de Óleo de Pracaxi foram cedidas pelo Laboratório de Fármacos da Universidade Federal do Pará. Onde o método de extração utilizado foi por prensagem mecânica, tal processo permite com que diminua a umidade da amostra apresentando teores significativos ao óleo extraído (KAZMI, 2012). As análises presentes foram determinadas através da metodologia Ca 5a-40 (AOCS, 2003). Para início da análise físico-química, pesou-se 1g de óleo de Pracaxi e adicionado a 25mL de solução álcool etílico a 99,8% , procedimento realizado em triplicata. Logo, ocorreu a titulação com solução de Hidróxido de Sódio 0,1M, como indicador utilizou-se fenolftaleína. Para compreender os resultados obtidos nesta análise, o volume em mililitros de NaOH consumidos pela massa em gramas das amostras analisadas, pode-se compreender a partir das Equações (1): AGL%=V . N .28,2/M (1) Onde: AGL% = porcentagem de Ácidos Graxos Livres; V = volume de NaOH gastos (mL); N = normalidade de NaOH; 28,2 = constante para Ácido Oleico; M = massa da amostra (g). Como relatado anteriormente, foram estudados pelos parâmetros analíticos físico- químicos os índices de acidez e saponificação do óleo vegetal em questão. Logo, para determinação do índice de saponificação, diluiu-se 2g da amostra de óleo em 25mL de solução de KOH 4% e foi aquecido em manta aquecedora num resíduo de resina para que fosse em temperatura controlada durante o processo, em que assim permaneceu por uma hora no sistema de refluxo. Posteriormente foi realizada a titulação com HCl 0,5M e fenolftaleína como indicador. O procedimento foi realizado em triplicata e também para amostra em branco (PINHO et al., 2001). O cálculo do índice de saponificação é apresentado pela Equação (2): IS=B-A. F . N . 56,1/M (2) Onde: IS = Índice de Saponificação (mg KOH/g); B = volume de HCl para o Branco (mL); A = volume de HCl para a amostra (mL); F = fator de correção de HCl; N = normalidade de HCl; m = massa da amostra (g); 56,1 = constante. Para ser obtido o índice de acidez foi utilizada a mesma metodologia, no entanto para adquirirmos o resultado foi necessário realizar a titulação a partir da padronização de NaOH 0,1M. Os valores se deram a partir da Equação (3), em miligramas de KOH por gramas de graxos livres. IA=V . M . 56,1/M (3) Onde: IA = Índice de Acidez; V = volume de NaOH; M = concentração molar; 56,1 = constante do fator de correção de KOH.

Resultado e discussão

A acidez do óleo de pracaxi está relacionada com a natureza e a quantidade do mesmo, sendo resultado da degradação da estrutura celular, quando o óleo entra em contato com enzimas libera ácidos graxos. Sendo assim, pode haver influência da maturação, estocagem, qualidade e tipo de extração. (AZEREDO ET AL., 2014). Através metodologia Ca 5a-40 (AOCS, 2003) foi identificado a percentagem para cada amostra em que se foi feito o procedimento, tendo nos resultados dos cálculos a primeira amostra como menor percentual de 0,48% e a segunda amostra com 0,55% como maior. CÁLCULOO DE PORCENTAGEM DE ÁCIDO GRAXOS LIVRES (%) O cálculo necessário para o cálculo necessário para calcular o percentual de AGL% presente nas três amostras é um percentual de 0,48% na primeira amostra, 0,56% na segunda amostragem e 0,55% na terceira. (OLIVEIRA et al, 2019) diz que no ácido graxos do pracaxi tem a distribuição de ácidos, sendo a sua porcentagem maior de 53% ácido oleico e 16% ácido behênico, além disso, apresentam ácidos linoleico e lignocérico, como mostra na figura 1 abaixo. Processos de esterificação de ácidos graxos tem importância para a produção de biodiesel ao possibilitarem rotas tecnológicas baseadas em matérias-primas de elevada acidez, porém estas não devem apresentar alto custo 18-21 Para Ramos et al. (2016) O índice de acidez é o número de miligramas de hidróxido de potássio necessários para neutralizar os ácidos graxos livres (AGL), que ocorrem em 1g de óleo ou gordura (HARTMAN e ESTEVES, [s.d.]). ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO (MGKOH/G) Para se achar o índice se foi usado o cálculo do autor PINHO et al., 2000, que se dá a quantidade necessária para a obtenção de neutralização do ácido para que se faça a saponificação e afins. A base utilizada se é o KOH para a neutralização é importante para trabalhos futuros de saponificação. Os resultados de Índice de Saponificação (mgKOH\g) das amostras se deram: 0,282 mgKOH/g na primeira, 0,286 mgKOH/g na segunda amostragem e 0, 237 mgKOH/g na triplicata. Na neutralização o rendimento percentual obtido é maior para matérias-primas e maior teor de acidez, visto que nesta reação o hidróxido reage com os ácidos graxos torna o óleo de pracaxi básico. Os processos de neutralização proporcionaram nas condições experimentais utilizadas, uma redução significativa de acidez e teor de peróxidos, melhorando a qualidade das matérias-primas para sua utilização na síntese de biodiesel. A seguir na tabela todos os rendimentos calculados para a caracterização físico- química. O método desenvolvido pela EMBRAPA (2015) e realizado em triplicata. Antes de iniciar o procedimento, é verificado o volume de NaOH necessário para neutralizar cada amostra com base no índice de acidez das matérias-primas, o resultado do índice de acidez condizente de cada amostra tem relação com a porcentagem de ácidos graxos. Foi obtido nos resultados que a primeira amostra se mostra mais ácido com 3,89 de acidez e a segunda amostra menos ácida com 4,46 de acidez. O que diferencia os tipos de óleo é o número de etapas de refinamento pelas quais ele passa. Isso altera a acidez, ou seja, a qualidade. Quanto menor o índice de acidez, mais benefícios ele terá (RAMIREZ et al., 2006).

Figura 1- Composição de Ácidos Graxos do Óleo de Pracaxi

Tabela da composição de Ácidos Graxos do Óleo de Pracaxi. Fonte: Morais; Costa et tal., 2013.

Tabela 1- Características Físico-Química

Tabela do rendimento da caracterização Físico- química do óleo de Pentaclethra macroloba. Fonte: Autor, 2022.

Conclusões

Portanto, perante os dados e aos resultados expostos no nível de acidez do óleo de pracaxi bruto extraído no LPDF, possui um índice de acidez baixo, para a quantidade de cada uma das 3 amostras em comparação a indicada por outros autores. Entretanto, o processo de neutralização para a saponificação demonstrou-se adequado para reduzir o índice de acidez do óleo e torná-lo adequado para a produção. Entre os agentes neutralizantes utilizados neste trabalho, o mais indicado é o hidróxido de potássio por apresentar maior rendimento e resultar em um óleo com menor índice de acidez e no cálculo de índice de saponificação foi achado o valor ideal para se neutralizar o óleo de pracaxi nas três amostras presentes e para futuros trabalhos com os óleos. O que leva à conclusão que o óleo extraído, é de boa qualidade e está apto para uso externo conforme as normas e padrões estabelecidos pela ANVISA.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará, ao Instituto de Ciências e Exatas Naturais, a orientador Cláudio Nahum e a supervisora Juliana Pires que nos auxiliou em todos os processos, muito obrigada.

Referências

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