• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

SÍNTESE DE FOTOCATALISADOR A PARTIR DA HETEROJUNÇÃO DE g-C3N4/KNbO3 PARA APLICAÇÃO NA DEGRADAÇÃO DO CORANTE RODAMINA B

Autores

Ferreira, R.K. (IFPA) ; Brito, V.M.L. (IFPA) ; Rodrigues, R.V. (IFPA) ; Mafra, F.M.A. (IFPA) ; Figueira, B.A.M. (UFOPA) ; da Luz, P.T.S. (IFPA) ; Macêdo, E.N. (UFPA)

Resumo

Neste trabalho, foram sintetizados fotocatalisadores a partir da heterojunção de nitreto de carbono grafítico e niobato de potássio. Tais catalisadores tiveram suas atividades catalíticas testadas no corante Rodamina B em presença de luz visível. Na síntese do nitreto de carbono grafítico, foi utilizado como material de partidas a melamina. Para a síntese do niobato de potássio, foi utilizada a via hidrotermal. A heterojunção, foi realizada por um processo de impregnação. A síntese do fotocatalisador pelo método da impregnação mostrou-se eficiente na degradação do corante utilizado, atingindo um rendimento acima de 95 %. As eficiências fotocatalíticas foram avaliadas frente à descoloração da Rodamina B e quantificadas a partir do espectro de absorção do corante.

Palavras chaves

Fotocatálise; Niobato de Potássio; Heterojunção

Introdução

A contaminação do meio ambiente tem sido apontada como um dos maiores problemas da sociedade moderna. Neste contexto insere-se, por exemplo, uma variedade de contaminantes emergentes como metais pesados, agrotóxicos e corantes artificiais que são utilizados por indústrias de diferentes segmentos. Como resultado de uma crescente conscientização deste problema, novas normas e legislações cada vez mais restritivas têm sido adotadas a fim de minimizar o impacto ambiental gerado. Sendo assim, existe hoje a necessidade do desenvolvimento de novos processos de tratamento de efluentes que minimizem a contaminação ambiental. Neste aspecto destacam‐se os Processos Oxidativos Avançados, os quais utilizam da geração de espécies altamente oxidantes, em geral radicais hidroxila, para promover uma degradação mais efetiva do contaminante a ser tratado (BRITO et al., 2012). Uma das tecnologias inseridas dentro dos processos oxidativos avançados é a fotocatálise. A fotocatálise consiste na utilização de um material semicondutor que, na presença de luz, torna-se ativo para promover a degradação de um determinado composto através de sua oxidação ou redução. O fotocatalisador absorve a energia proveniente dos fótons, o que promove sua excitação eletrônica e consequentemente a formação de pares de cargas positivas (lacunas) e negativas (elétrons), as quais promoverão a oxirredução da substância orgânica (NOGUEIRA; JARDIM, 1997). Dentre os fotocatalisadores mais utilizados, destaca-se os nitretos de carbono e perovskitas à base de nióbio. Os nitretos de carbono, como são denominados atualmente, possuem inúmeros alótropos, no entanto, o nitreto de carbono grafítico é considerado o alótropo mais estável. Uma das vantagens de se utilizar catalisadores como nitreto de carbono grafítico é a sua alta estabilidade química, ativação da região visível do espectro e síntese de baixo custo. A obtenção dos nitretos de carbono se dá através da volatilização direta de precursores contendo carbono e nitrogênio previamente ligados entre si, como dicianodiamida, melamina, uréia e tiouréia (MEDEIROS, 2017). Catalisadores com estruturas perovskitas à base de nióbio apresentam boa atividade catalítica, uma vez que apresentam valores de energia de band gap em cerca de 3,08eV e 3,14eV. Entre as diversas aplicações do óxido de nióbio, os niobatos, óxidos de nióbio com óxidos de outros metais, têm apresentado um enorme potencial de aplicação em fotocatálise (NICO et al., 2016). Deste modo, o objetivo deste trabalho é sintetizar um fotcatalisador a partir da heterojunção do g-C3N4 e o KNbO3 (g-C3N4/KNbO3) e aplicá-lo na fotodegradação do corante Rodamina B (Rh-B) em presença de luz na região do visível.

Material e métodos

Os ensaios experimentais foram realizados no Laboratório do Grupo de Pesquisa em Química (LABGPESQ), no Laboratório de Fotocatálise (LABFC) e no laboratório de saneamento do Instituto Federal do Pará, Campus Belém. Para realizar a síntese do nitreto de carbono grafítico, foi utilizado como material de partida a melamina (Sigma-Aldrich, 99%). Para isso, foi adotada a rota descrita por MEDEIROS et al. (2017), onde, aproximadamente, 20g de melamina foram colocados em um cadinho de porcelana semiaberto, sendo em seguida calcinados a 550°C em mufla (Quimis, Q318M21) por 2 horas. Após a calcinação, o material obtido foi cominuído e armazenado com a identificação NIT. Para a obtenção do niobato de potássio, utilizou-se a rota de síntese descrita por SHI et al. (2020). Como precursores do niobato, foram utilizados o pentóxido de nióbio (Nb2O5), doados pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e hidróxido de potássio (Êxodo, 90%). Para a síntese, 13g de Nb2O5 foram adicionados a 100 mL de solução de hidróxido de potássio a 10M, e deixados em agitação por 30 minutos. Em seguida, a mistura foi transferida para um reator hidrotérmico, o qual foi levado à estufa (Quimis, Q317B) e deixado a 200 °C por 15 horas. Posteriormente, o material obtido passou por um processo de filtração e lavagem para reduzir o caráter alcalino. Por fim, o material foi calcinado a 300 °C por 1 hora e denominado como KNO. Após a obtenção do NIT e KNO separados, foi realizada a heterojunção dos dois materiais. Para isso, foi adotada a rota de síntese descrita por SHI et al. (2020), onde uma quantidade pré-determinada de NIT foi inserido em 50 mL de metanol (ACS Científica, 99,8%) sendo deixado em seguida em banho ultrassônico por 30 minutos. Após esse período, foi adicionada à mistura o KNO. O sistema foi deixado sob agitação até a completa evaporação do metanol. O material obtido foi calcinado por 1 hora a 300°C. Foram sintetizados materiais com 3 e 5 % de KNO, sendo estes identificados como 3KNO/NIT e 5KNO/NIT. Os testes fotocatalíticos foram realizados em um fotorreator equipado com duas lâmpadas LED (AVANT, 150W) e um sistema de circulação de ar para evitar o aquecimento no seu interior. Para isso, foi utilizada 100 ml da solução do corante rodamina B (RhB) a uma concentração de 10 mg.L-1. Os estudos cinéticos, foram realizados em um período total de 150 minutos, sendo que durante os 30 minutos iniciais foi realizada a etapa de adsorção no escuro. Na etapa de fotodegradação, alíquotas foram recolhidas em intervalos de 10 minutos. O progresso de degradação fotocatalítica foi monitorado através da medida de espectrofotometria (Hach, DR 3900) na região do visível em um comprimento de onda de 554 nm.

Resultado e discussão

A degradação do corante em função apenas da exposição à radiação (fotólise), sem uso do catalisador, foi quantificada e observou-se que quase não houve diminuição significativa de sua concentração, resultando em uma eficiência de apenas 7,75 %. Em relação ao NIT, pôde-se constatar que o mesmo teve uma eficiência fotocatalítica de 73,49% em 60 minutos e de 97,17% em 120 minutos exposição da amostra na luz branca. Para o KNO, obteve uma eficiência de 7,25%, mostrando que esse material é pouco ativo na região visível do espectro de luz. Por fim, para os materiais heteroestruturados, percebeu-se que 3KNO/NIT apresentou o melhor rendimento, chegando este a 97, 2 % ao final dos 120 minutos de reação. A Tabela 1 e a Figura 1 mostram o rendimento de cada catalisador e o avanço da reação com o passar do tempo. Através delas, constata-se que a heterojunção com 3KNO/NIT apresentou os melhores rendimentos já em um tempo de 60 minutos de reação quando comparado aos demais.

Figura 1

Cinética de fotodegradação da Rodamina B.

Tabela 1

Eficiência dos fotocatalisadores.

Conclusões

A síntese do g-C3N4/KNbO3 pelo método da impregnação, mostrou-se eficiente na obtenção do material pretendido. Pode-se constatar, comparando os materiais sintetizados, que a fotodegradação ocorreu de forma mais satisfatória nos sistemas compostos por NIT e 3KNO/NIT . O fotocatalisador com heteroestrutura de g-C3N4 e KNbO3 exibiu maior atividade fotocatalítica para a oxidação de Rodamina B sob irradiação visível, em comparação com os fotocatalisadores separados. Esses catalisadores atingiram altas eficiências já no período de 60 minutos, sendo que em 120 minutos suas eficiências foram acima de 95 %. Sendo assim, os resultados obtidos a partir da análise de degradação da Rodamina B sugerem que os materiais sintetizados apresentam grande potencial para aplicação em fotodegradação de poluentes ambientais.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao IFPA e Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Grafuação e Inovação pelo apoio à pesquisa e à Fapespa pela auxílio financeiro disponibilizado para realização deste trabalho.

Referências

BRITO, N. N.; SILVA, V. B. M. PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO E SUA APLICAÇÃO AMBIENTAL. Revista eletrônica de engenharia civil. Goiânia, v. 1, n. 3, jan./abr. 2012.

MEDEIROS, T. P. V. NITRETOS DE CARBONO: ESTUDO DE DIFERENTES ROTAS SÍNTÉTICAS, OBTENÇÃO DE MATERIAIS HETEROESTRUTURADOS COM NIÓBIO, CARACTERIZAÇÃO, APLICAÇÕES FOTOCATALÍTICAS E NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL. 2017. 116 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017

NICO, C.; MONTEIRO, T.; GRAÇA, M. P. F. “Niobium oxides and niobates physical properties: Review and prospects,” Progress in Materials Science, vol. 80, pp. 1–37, 2016.

NOGUEIRA, R, F, P.; JARDIM, W, F. A FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA E SUA APLICAÇÃO AMBIENTAL. Química Nova, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 69-72, 04 jul. 1997.

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