Autores
Silva, G.N. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Falcão, M.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Oliveira, R.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Santos, T.A.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Santos, J.C.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Mendes, C.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Carmo, C.W.D. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Rodrigues, M.R.M. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Chaves, D.C. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI)
Resumo
A cidade de Zé Doca - MA está inserida na área de cobertura
vegetal da microrregião Pindaré no estado do Maranhão e faz
parte da área territorial da Amazônia Legal, que apresenta
vegetação característica de mata de transição Amazônia-Cerrado
e grande potencial extrativista para geração de emprego e
renda. A implementação de tal atividade passa pelo
conhecimento sumário de suas características, o que permitiria
uma coordenação das ações a serem desenvolvidas no local. A
exploração de essências a partir de extratos vegetais para
utilização na indústria de cosméticos, perfumaria, indústria
de alimentos e de fármacos é um exemplo de aproveitamento
sustentável dos recursos naturais viáveis para a região.
Palavras chaves
bioprospecção; transição cerrado-amazôni; sustentabilidade
Introdução
A área territorial da Amazônia Legal instituída pela Lei no.
1.806/53 corresponde a cerca de 61% do território brasileiro e
abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso,
Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins e, parcialmente, o Estado
do Maranhão (SUDAM, 2020). O estado do Maranhão apresenta uma
grande diversidade de ecossistemas, traduzidos por diferentes
condições de vegetação, clima e solos que incluem vegetação
savânica e floresta ombrófila incluindo trecho de transição
entre os biomas Cerrado e Amazônia. Já o Cerrado maranhense,
reúne uma grande variedade de microambientes e grande
quantidade de espécimes em sua fauna e flora que permitem que
a população local explore o extrativismo para sustento,
tratamento de enfermidades, geração de renda e artesanato
(CARRAZZA, 2012; COUTRIM, R.L., SOUZA, L.H., 2018). Trabalhos
de levantamento botânico e prospecção fitoquímica são capazes
de apontar alternativas para manejo sustentável e redução dos
impactos do aproveitamento comercial da flora e da fauna de
uma região como, por exemplo, ao identificar terpenóides em
extratos de óleos essenciais com potencial para aproveitamento
na produção de aromatizantes. Este estudo objetivou a
catalogação de espécies vegetais da região de mata de
transição cerrado-amazônia estabelecida na cidade de Zé Doca -
MA através de levantamento botânico realizado nas dependências
do Núcleo Avançado Campus Zé Doca do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, uma área de
25 hectares de mata preservada. A proposta do estudo objetivou
ainda proporcionar uma visão geral do potencial que a área
possui para exploração dos recursos naturais de forma
sustentável pelo aproveitamento direto de materiais e
substâncias encontradas no local e o potencial para
desenvolvimento
Material e métodos
Para fins de coleta e herborização de material botânico foram
utilizados instrumentos de segurança pessoal, tesouras de
poda, GPS e aparelho para registro fotográfico, prensas de
secagem e aparato para confecção de exsicatas. O levantamento
botânico foi realizado nas dependências do Núcleo Avançado
Campus Zé Doca do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão – IFMA por meio de varredura da área
para localização das espécies presentes no local para
posterior coleta, herborização e produção de exsicatas. O
levantamento das espécies presentes na região ocorreram por
trimestre, visando observar a ocorrência de novas espécies
vegetais com base na vegetação local, a umidade, e as estações
predominantes, apresentando a presença de espécies locais e
ocorrências de espécies novas no local. O período de coleta
ocorreu de dezembro de 2021 a junho de 2022.
No ato da coleta, considerando que as espécies herborizadas
perdiam muitas propriedades para identificação em aplicativos
e chaves botânicas, foram realizados registros fotográficos
das espécies antes e no ato da coleta. Para identificação das
espécies foram utilizadas chaves de identificação e os
softwares e aplicativos de identificação de material botânico
iNaturalistⓇ e Google LensⓇ.
Resultado e discussão
A Partir de técnicas apropriadas, as amostras colhidas foram
prensadas em papelão e folhas de jornal, produzindo então as
exsicatas, uma técnica realizada a fim de estudar o potencial
das plantas a serem estudadas, bem como suas identificações
que ocorreram a partir de chaves botânicas.
Dezenove espécies foram coletadas, identificadas e
herborizadas, conservando sua estrutura interna para posterior
depósito e estudo em herbários da UEMA Campus Caxias, ao qual
também foram realizadas as exsicatas de cada espécie,, como
também a sua ficha de identificação, contendo seus dados como
gênero e espécie, localidade, potencial de extração quando
possível.
As espécies botânicas coletadas e identificadas no
levantamento botânico apresentou uma grande diversidade de
características, algumas com propriedades e potenciais
estudados com base na literatura e outras espécies que se
apresentaram com poucos estudos, sugerindo-se então a
necessidade de realizar estudos visando conhecer as
propriedades das espécies e o seus usos potenciais, bem como
seus benefícios e malefícios ao meio ambiente e as diferentes
populações que com as mesmas interagem. As espécies
identificadas em chaves de identificação botânica estão
distribuídas em 24 famílias: Havendo entres elas, espécies com
maior potencial de extração de óleos essenciais e de estudos
clínicos como a espécie Turnera subulata a qual, recentemente,
estudos associaram efeitos positivos atribuídos ao gênero a
maiores concentrações de arbutina, composto biológico
encontrado em diferentes partes da planta (SOUZA, et al.
2016). Verificou a diminuição da secreção de citocinas,
observado em tratamentos com Turnera difusa ou Turnera
ulmifolia em diferentes modelos de inflamação in vivo
relatados como efeitos positivos dessas plantas.
Conclusões
A proposta de catalogação de espécies em áreas de mata na
cidade de Zé Doca - MA (microrregião do Pindaré, mesorregião
do oeste maranhense) é uma proposta pioneira capaz de
caracterizar a área e dar embasamento a estudos posteriores
idealizados por novos pesquisadores de instituições de ensino
e pesquisa localizados na região ou advindos outros estados ou
de instituições internacionais. Um grande número de espécies
nativas foram identificadas e muitas delas merecem atenção
especial e estudos focados na sua composição química e
utilização visto que o conhecimento popular mostrou-se
promissor.
Agradecimentos
Agradecemos ao IFMA – Campus Zé Doca pela disponibilidade de
instrumentos e insumos laboratoriais e a Pró-Reitoria de
Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação – PRPGI por fomentar a
pesquisa com a oferta de bolsa de estudos.
Referências
CARRAZZA, L.R. Manual tecnológico aproveitamento integral do fruto e da folha do Babaçu. 2a edição ed. Brasília, Brasil: Instituto sociedade, população e natureza, 2012.
COUTRIM, R. L.; SOUZA, L. H. Identificação de árvores de potencial medicinal nativas dos biomas caatinga e cerrado na Bahia. Geopauta, v. 2, n. 2, p. 38-45, 2018.
SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA): 2020-20123 / Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. - 1ª ed. amp. – Belém: SUDAM, 2020.
SOUZA, N.C. et al. Turnera subulata Anti-Inflammatory Properties in Lipopolysaccharide-Stimulated RAW 264.7 Macrophages. Journal of Medicinal Food. 19 (10) 2016.
MARIANO, G.M.D. Avaliação dos efeitos antinociceptivo e anti-inflamatório de extrato, frações e compostos de Borreria verticillata (L.) G. Mey (Vassourinha de botão). Trabalho para obtenção de grau em mestre. 2017. (Dissertação em Ciências Fisiológicas) - Instituto De Ciências Fisiológicas Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro. Rio de Janeiro. 2017.