• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Medições de Solubilidade em Processo de Rerrefino de Óleos de Aeroturbinas

Autores

Dantas, M. (IFRN) ; Lima, B.M. (IFRN) ; Cabral, H.B. (IFRN) ; Almeida, E.F. (IFRN) ; Mota, C.L.S. (IFRN) ; Lima, A.F.S. (IFRN) ; Santos, L.A. (IFRN) ; Farias, J.B. (IFRN) ; Silva, E.P. (IFRN) ; Borges, I.L.D. (IFRN)

Resumo

Este estudo tem como objetivo estudar solventes capazes de serem empregados em rotas reacionais para reutilizar óleos lubrificantes de turbinas de aerogeradores para dar suporte ao crescimento de geração de energia eólica, cujo potencial tem crescido em larga escala atualmente no nordeste do Brasil. O material foi submetido a extração por alguns solventes, obtendo melhores resultados para o etanol (Et-OH) e o isopropílico (ippo), foi clarifificado utilizando argila e foi caracterizado físico-quimicamente juntamente com amostras de lubrificantes novos e usados. Os resultados concluiram que ensaios com o ippo resultaram em um rendimento mais elevado de extração (87%) frente ao Et-OH (56%). Ensaios de IV possibilitaram monitorar produtos de oxidação, aditivos e algumas impurezas.

Palavras chaves

Rerrefino; Aerogeradores; Solubilidade

Introdução

O crescimento da população mundial e do número de automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas e outros tipos de veículos está aumentando, acarretando um maior consumo de combustíveis e lubrificantes. Nessa linha crescente, a potência dos parques eólicos onshore do Nordeste brasileiro vem se destacando, de acordo com análise do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), conforme dados UDOB (2022). O rerrefino do óleo lubrificante usado e contaminado é fortemente incentivado no Brasil por ser a única forma legal de tratar esse resíduo perigoso. No entanto, pouco se conhece sobre os processos utilizados no país e sobre a qualidade desses produtos, principalmente no que concerne à eliminação de contaminantes. Nesse sentido, reutilizar os óleos desses motores é de extrema importância. Estudos de extração líquido-líquido de compostos pouco solúveis em água e solventes orgânicos constituem um desafio em termos experimentais, tendo enorme importância em diversos contextos nas diversas áreas, especialmente no aspecto ambiental. Normalmente, bons solventes apresentam alguma miscibilidade com a alimentação, tornando comum, além de extrair o soluto, favorecer a extração de alguma quantidade da alimentação. Outros fatores que afetam a escolha do solvente são o ponto de ebulição, massa específica, tensão interfacial, viscosidade, corrosividade, inflamabilidade, toxicidade, estabilidade, facilidade de obtenção do solvente e custo. O processo de clarificação da amostra foi realizado através de coluna recheada de argila bentonítica e as amostras foram analisadas via espectrometria na região do infravermelho.

Material e métodos

O pré-tratamento da amostra a ser recuperada foi realizado por um processo de destilação a vácuo do lubrificante degradado para eliminação de água, hidrocarbonetos leves e algumas impurezas. O processo foi realizado no destilador a vácuo automático, equipamento da B/R Instrument, D1160, com nível de vácuo e taxa de destilação controlados e programados através de software do equipamento. As condições foram pressão 5 mmHg e temperatura de 220oC. Foram realizados testes de solubilidade à frio e à quente (65oC) com os seguintes solventes – álcool butílico, etanol, isopropílico, metanol, hexano, clorofórmio e éter de petróleo, obtendo melhores resultados para amostras contendo álcoois etanol e isopropílico. O fluxograma descrito a seguir, mostra o esquema reacional utilizado para recuperação de aerolubrificante usado (LUB_AER 10) para a amostra contendo solvente isopropíplico, mas o mesmo processo foi repetido para o etanol. LUB_AER10 → SOLVENTE IPPO SUMETIDO A HOMOGENEIZAÇÃO (200rpm/30min) → AMOSTRA 1 → CENTIFUGAÇÃO (500rpm/20min) → SEPARAÇÃO DE FASES → DESTILAÇÃO À VÁCUO → SOLVENTE RECUPERADO (MATERIAL COLETADO 1) E LUB_AER10 (MATERIAL COLETADO 2)

Resultado e discussão

O solvente que mostrou melhor clarificação após processo de tratamento foi o IPPO, conforme visto na amostra 1 (figura 1), por possuir caráter polar, ser de fácil recuperação e conseguiu arrastar impurezas adsorvidas na amostra 2 (figura 1). Com a etapa de clarificação com argilas bentoníticas, os resultados atenderam as espectativas, conforme recuperação de lubrificantes utilizados. Os produtos obtidos foram avaliados através de espectrometria de absorção na região de infravermelho (IV), equipamento Shimadzu, amostras prensadas em pastilhas de KBr e espectros na região de 4000 a 450 cm-1. A Figura 2 mostra resultados de IV obtidos para duas argilas naturais a e b – observa-se bandas referentes às hidroxilas estruturais ligadas ao Al+3 com estiramento em 3700-3620 cm-1, bandas entre 3400-3500 cm-1, 1642 cm-1 atribuídas ao modo de vibração de alongamento de água absorvida pelas argilas, 1070 cm-1 referente ao estiramento Si-O da folha tetraédrica e 793 cm-1 pode ser atribuído ao quartzo.







Conclusões

A amostra de óleo rerrefinado apresentou uma tendência na diminuição da concentração de impurezas, especialmente quanto a concentração de metais, que revela um escurecimento na coloração da amostra. O processo de clarificação por coluna de filtração mostrou-se eficiente e ainda possibilitando a recuperação de argilas para serem reutilizadas em outros processos. Análise de IV sugeriu não haver mudança significativa nas estruturas originais das argilas e O resultado da caracterização do LUB_AER 10, via colorimetria, atendeu a portaria ANP no 130, que regulamenta sua comercialização no país.

Agradecimentos

Os autores agradecem a empresa Revtech pela amostra de aerolubrificantes estudadas nesse trabalho, assim como à UFRN pelas análises de Infravermelho.

Referências

CANCHUMANI, G. A. L.Óleos lubrificantes usados: um estudo de caso de avaliação de ciclo de vida de rerrefino no país. Rio de Janeiro: UFRN/COPPE, 2013.
LIMA, A. E. A..; SALES, H. B.; SANTOS, J. C. O.. Argila natural aplicada à clarificação de óleo lubrificante automotivo usado. Cerâmica, vol. 63, 2017.
SALEM, S.; SALEM, A.; BABAEI, A. A. Jounal Ind. Eng. Chemical. 23, 2015, 154.
União Nacional de Bioenergia (UDOB). Disponível em www. udop.com.br/noticia/2022/03/15/parques-eolicos-do-nordeste-em-destaque-no-rio-grande-do-norte-possuem-potencia-superior-a-de-paises-europeus.html>. Acessado 17/09/22.

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