• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Desenvolvimento de membranas de poli (ε-caprolactona) e avaliação in vitro para potencial uso como scaffolds na engenharia de tecidos

Autores

Lima, T.P.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Monteiro, A.M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Canelas, C.A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Silva, D.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Cardenas, V.O.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO) ; Brígida, R.T.S.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS - BELÉM/PA) ; Rodrigues, A.P.D.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS - BELÉM/PA) ; Passos, M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)

Resumo

A policaprolactona (PCL) é um dos polímeros mais estudados na engenharia de tecidos, graças às suas propriedades como biodegradabilidade e biocompatibilidade. Sendo assim, esse estudo buscou obter scaffolds de PCL, pela técnica de rotofiação, e determinar sua viabilidade celular para uso como biomaterial. Solução de PCL (20% m/v) foi rotofiada à temperatura ambiente. Em seguida, os materiais foram caracterizados em termo de morfologia, usando microscopia eletrônica de varredura (MEV) e citotoxicidade. Os resultados indicaram formação de mantas micro e macro porosas, com arranjo fibrilar. Ensaios in vitro demonstraram ausência de toxicidade no material, com viabilidade celular de 95% em relação ao controle. Logo, os materiais sugerem uma possível aplicabilidade como biomaterial.

Palavras chaves

Biomateriais; Engenharia de tecidos; scaffolds

Introdução

Biomateriais podem ser compreendidos como dispositivos que auxiliam a recuperação de lesões e/ou doenças que acometem o sistema biológico, sem apresentar toxicidade para o organismo (ARIF et al., 2022). Mesmo sendo um termo moderno, os biomateriais já eram utilizados séculos atrás por povos como os egípcios; um exemplo disso, eram as linhas de sutura oriundas de matéria-prima animal, voltadas para o tratamento de ferimentos cutâneos. Atualmente, existe uma vasta gama de biomateriais, de diferentes tipos (metais, cerâmicas, compósitos e polímeros), podendo ser aplicados como: carreamento de fármacos, próteses, curativos cutâneos, suturas, engenharia de tecidos, regeneração ósseas, scaffolds, etc. Todavia, na engenharia de tecidos um dos materiais mais requeridos são os poliméricos, tendo como destaque a poli (ε- caprolactona) (PCL) (SIDDIQUI et al., 2018). A PCL é um polímero sintético que possui biocompatibilidade, biodegradabilidade, não-toxicidade, boa propriedade mecânica, etc. (FORTELNY et al., 2019; DWIVEDI et al., 2020). Em forma de scaffolds (andaimes), a PCL consegue biomimetizar a matriz extracelular, o que estimula a adesão e proliferação das células. Esses fenômenos são imprescindíveis para que ocorra o processo de regeneração tecidual (DIAS et al., 2022; AMBEKAR; KANDASUBRAMANIAN, 2019). Ademais, a PCL pode ser processada por diferentes técnicas, e uma delas é a rotofiação. O processo de rotofiação é uma técnica de baixo custo, que utiliza a força centrífuga para formação de fibras poliméricas. Portanto, esse trabalho objetivou a obtenção e avaliação in vitro de scaffolds de PCL, obtidas pela técnica de rotofiação, para serem usados como biomaterial na engenharia de tecidos.

Material e métodos

2.1. Preparo da solução de PCL Pellets de PCL foram solubilizados em diclorometano, obtendo uma concentração final da solução de 20% m/v. Inicialmente, a solução foi preparada em um frasco âmbar, à temperatura ambiente, sob agitação magnética constante. Em seguida, após completa solubilização da PCL, a solução foi transferida para um balão volumétrico, e o volume completado com solvente, até a marca de aferição. 2.2. Síntese das fibras de PCL Para realização do processo de rotofiação, foi utilizado como base de estudo o trabalho de Ren et al. (2015). Portanto, após a obtenção da solução polimérica de PCL, a mesma foi adicionada ao sistema rotofiação que, ao ser ligado, expeliu as fibras de PCL na lateral do coletor, formando mantas poliméricas. Após esse processo, as mantas de PCL foram colocadas na estufa por um período de 48 h, em uma temperatura de 40°C, para eliminar possíveis solventes residuais na estrutura no material. 2.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) A morfologia das amostras (porosidade e fibras) foi investigada usando microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM-6610LV (SEM) (Tóquio, Japão), no Centro de Equipamentos e Serviços Multiusuários da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). As amostras foram cobertas com uma fina camada de ouro (equipamento Denton Vacuum, modelo Desk V, Moorestown, NJ, EUA), e avaliadas com tensão de aceleração de 1 kV e aumentos de 500× e 1000×. 2.4. Testes in vitro 2.4.1. Linhagem e condições de cultura Fibroblastos da linhagem 3T3 foram cultivados e incubados com o material PCL por 48 horas. Após esse período foi realizado o ensaio do MTT para determinar a viabilidade celular de acordo com metodologia descrita por Rodrigues et al. (2011).

Resultado e discussão

3.1. Avaliação morfológica dos scaffolds Na Figura 1(A), pode ser observado os scaffolds de PCL cortados na dimensão 1x1 cm. Verificou-se de modo macroscópico a ausência de “beads” (defeitos). Nas ampliações 500x e 1000x (Figuras 1(B) e 1(C), respectivamente) é possível verificar a presença de porosidades nas fibras e entre as fibras, com diâmetros variando de 18,40 a 19,50 μm. Esse resultado demonstrou-se interessante, uma vez que a presença de porosidade nos biomateriais contribui para proliferação e adesão celular. 3.2. Resultados dos ensaios de MTT Após o período de incubação das células com o material foi observada uma viabilidade de 95% destas células quando comparadas ao controle (100%). Portanto, o material não induziu morte celular em fibroblastos após 48 horas de incubação com o scaffold PCL, resultados similares foram encontrados no trabalho de Dias et al. (2022) (DIAS et al., 2022).

Figura 1 - (A) Imagem macroscópica do scaffolds de PCL rotofiadas, (B

Descrição: Na Figura 1(a) são scaffolds de PCL de forma macroscópica. Nas Figuras 1(b) e (c) é apresentado a microscopia eletrônica de varredura.

Conclusões

De posse dos resultados apresentados, os scaffolds de PCL obtidos pela técnica de rotofiação, apresentaram características morfológicas e biológicas interessantes para atuarem como biomaterial em engenharia de tecidos.

Agradecimentos

Agradecimentos a Universidade Federal do Pará, ao Instituto Evandro Chagas, a Universidade Federal de São Paulo e ao Grupo de Desenvolvimento Tecnológico em Biopolímeros e Biomateriais da Amazônia por terem apoiado esse projeto.

Referências

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